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Objetivo geral e objetivos específicos

2. INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

2.1 Metodologia

2.1.2 Objetivo geral e objetivos específicos

Depois de identificar o tema a estudar, a população-alvo e a sua problemática, segue-se a identificação dos objetivos, gerais e específicos. “Os objetivos deverão ser extraídos diretamente a partir dos problemas levantados e das conceções teóricas em relação ao tema.” (Dias, 2010, p. 41).

Para Fortin (2009, p. 100) “O objetivo de um estudo é um enunciado declarativo que precisa as variáveis-chave, a população alvo e a orientação da investigação. Indicam o tipo de investigação a empreender, ou seja, denominar, descrever fatores, explorar ou examinar relações, predizer, avaliar os efeitos …”

Os objetivos descrevem o que pretendemos investigar, podendo-se inferir que são um elemento-chave do projeto, uma vez que envolve a definição de metas a serem alcançadas pelo processo de planeamento da investigação.

Rubio e Varas (2004, p. 190; Dias, 2008, p. 119 & 2010 p. 41, 42) diferenciam dois tipos de objetivos, gerais e específicos: os primeiros agrupam-se de modo temático e coerente sobre o que se pretende alcançar com a investigação empírica, podendo ser designados como pontos de partida e caraterizados como genéricos. Os segundos implicam desmontar cada objetivo geral em objetivos mais claros e concisos, podendo ser pequenas metas a que o investigador se propõe atingir, ajudando a alcançar os objetivos gerais.

Neste sentido delineou-se o objetivo geral da investigação, que consiste em

compreender a perspetiva dos doentes em tratamento de hemodiálise sobre o apoio social formal e informal e identificar possíveis relações entre o apoio e as consequências físicas, sociais e psicológicas.

No que se refere aos objetivos específicos apresentam-se:

 Caraterizar a nível sociodemográfico e de contexto os doentes em tratamento de hemodiálise do CHTV e da Beirodial -Centro Médico e Diálise de Mangualde;

 Verificar a duração ao longo da vida do tratamento de HD;

 Identificar a frequência de contato com os membros da rede social;

 Analisar a perceção sobre o apoio social recebido (formal e informal);

 Apurar a perceção sobre os benefícios/apoios oferecidos pelo Estado (apoios sociais formais);

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 Relacionar os benefícios/apoios oferecidos pelo Estado com as consequências sociais e psicológicas do tratamento;

 Apurar a confiança dos doentes nos sistemas de saúde (Centro de Diálise, Hospital, Centro de Saúde);

 Identificar a perceção dos doentes sobre as consequências físicas, sociais e psicológicas do tratamento.

2.1.3 Hipóteses

As hipóteses surgem para comprovar as proposições da teoria, utilizando-se o termo “hipótese” por se referir a uma afirmação de correlação entre diversos fenómenos e variáveis. Estas distinguem-se da teoria, uma vez que são verificáveis de modo experimental, enquanto a teoria não (Dias, 2009, p. 51, 52).

Quivy e Campenhoudt (1992, p. 111) afirmam que as hipóteses “apresentam-se sob a forma de proposições de resposta às perguntas postas pelo investigador. Constituem, de algum modo, respostas provisórias e relativamente sumárias que guiarão o trabalho de recolha e análise dos dados e que terão, por sua vez, de ser testadas, corrigidas e aprofundadas por ele.”

Estas constituem a melhor forma de orientar com ordem e rigor uma investigação. Implicam o espírito de descoberta que está inerente a qualquer trabalho científico, que juntamente com a reflexão teórica pressupõem o comportamento do que está a ser estudado. Segundo Fortin (2009, p. 102) “As hipóteses são a base da expansão dos conhecimentos quando se trata de refutar uma teoria ou de a apoiar.” Estas nascem dos resultados das investigações científicas, da experiência, da observação ou da intuição do investigador, contudo Rubio e Varas (2004, p. 181) chamam à atenção para a consistência teórica e empírica, para não se propor hipóteses superficiais ou absurdas.

A elaboração de hipóteses requer diversas formas de pensamento, indutivo e dedutivo: no método indutivo, o investigador pode estabelecer as ligações entre os fenómenos e constituir uma base para a formulação de hipóteses através das relações precisas observadas na realidade; no método dedutivo, as hipóteses são geradas a partir das relações existentes na teoria baseadas em princípios científicos gerais (Fortin, 2009, p. 102). No presente estudo, tanto o método indutivo como o método dedutivo estiveram presentes na formulação das hipóteses, uma vez que contribuíram para a sua formulação

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a revisão da literatura sobre o tema em estudo, bem como a experiência tida com a população-alvo.

É através da observação da realidade que se podem estabelecer ligações entre os fenómenos e assim formular as hipóteses, sendo a relação entre esses o objeto de estudo empírico.

Nesse sentido traçaram-se as hipóteses específicas que irão ser verificadas através do presente estudo:

H1 – O sexo, a idade, a residência, o estado civil e os rendimentos têm influência na perceção dos doentes em relação ao apoio social;

H2 – O tempo de realização de hemodiálise tem influência na perceção dos doentes em relação ao apoio social;

H3 – Os doentes institucionalizados têm uma perceção diferente em relação ao apoio social;

H4 - A frequência de contatos com a rede social tem influência na perceção dos doentes em relação ao apoio social;

H5 - A perceção dos doentes em relação ao apoio social está relacionada com as consequências físicas;

H6 - A perceção dos doentes em relação ao apoio social está relacionada com as consequências sociais;

H7 - A perceção dos doentes em relação ao apoio social está relacionada com as consequências psicológicas;

H8 - A perceção dos doentes em relação ao apoio social varia em função da confiança que os doentes hemodialisados têm dos sistemas de saúde;

H9 – Existe uma relação significativa entre a perceção dos doentes em relação ao apoio social formal e os benefícios usufruídos por eles;

H10 - A perceção dos doentes em relação ao apoio social formal, varia com a satisfação do transporte para as sessões de hemodiálise.

Concluindo com Quivy e Campenhoudt (1992, p. 139) dir-se-á que construir uma hipótese trata-se de “explicitar a lógica das relações que unem os conceitos evocados na problemática.” Normalmente não se constrói uma única hipótese, mas sim um conjunto de hipóteses que se articulam entre si e que se integram na problemática que se está a estudar.

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2.1.4 Identificação das variáveis

O termo variável é largamente utilizado na linguagem das ciências sociais. Tal acontece visto a investigação nestas áreas ser muitas vezes de difícil execução devido à quantidade de aspetos relevantes a ter em conta.

Uma variável é uma característica ou dimensão da realidade que pode assumir diferentes valores. É um fator que varia, que se altera consoante as situações, para diferentes objetivos e assuntos.

Assim, as variáveis são qualidades, propriedades ou caraterísticas de objetos, de pessoas ou de situações que são estudadas numa investigação (Fortin, 2009). Estas podem ser classificadas de diferentes maneiras segundo a sua utilização numa investigação. Algumas podem ser manipuladas, outras controladas.

Na realização de uma investigação é essencial fazer a identificação e operacionalização das variáveis, bem como estabelecer as relações entre elas.

As variáveis surgem a partir da operacionalização dos conceitos teóricos, sendo caraterizadas como sendo qualidades, características, medíveis, quantificáveis, podendo variar no tempo. Estas permitem agrupar e diferenciar, ordenar, distribuir e relacionar objetos, pessoas, ou qualquer outro elemento (Dias, 2009, p. 59; Rubio & Varas, 2004, p. 182, 183).

Para responder à questão de investigação, atingir os objetivos que foram formulados e aceitar ou rejeitar as hipóteses é necessário identificar as variáveis em estudo.

Definem-se assim dois grupos:

Variáveis independentes – são aquelas que afetam a outra variável (dependente), é o fator que contribui para certo efeito. Geralmente são os fatores manipulados pelo investigador na tentativa de observar a influência exercida sobre a outra variável, isto é, explicam dado acontecimento.

Variáveis dependentes – são aquelas que sofrem a influência das variáveis independentes ou as variáveis explicadas. Estas contêm em si fenómenos, acontecimentos, fatores a ser estudados e explicados, uma vez que são influenciáveis e condicionados pelas variáveis independentes.

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Temos assim as seguintes variáveis independentes:

 Caraterísticas Sociodemográficas: sexo, idade, residência, estado civil e rendimentos;

 Tempo de realização de HD;

 Domicílio;

 Frequência de contato com a rede social;

 Consequências físicas;

 Consequências sociais;

 Consequências psicológicas;

 Confiança nos sistemas de saúde;

 Benefícios usufruídos;

 Satisfação com o transporte para as sessões de HD. As variáveis dependentes são:

 Perceção do apoio social informal;

 Perceção do apoio social formal.

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