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2.1. Objetivo Geral

Avaliar o tecido mamário em mulheres na pós-menopausa usuárias de isoflavona de soja.

2.2. Objetivos Específicos

2.2.1. Avaliar o efeito da isoflavona da soja sobre a densidade mamária pela mamografia.

2.2.2. Avaliar o efeito da isoflavona da soja sobre o parênquima mamário pela ultrassonografia.

PEQUENA QUANTIDADE (< 25%) DE TECIDO FIBROGLANDULAR

3. PUBLICAÇÃO

Avaliação do Tecido Mamário em Mulheres na Pós-Menopausa Usuárias de Isoflavona da Soja: Estudo Randomizado, Duplo-cego e Placebo Controlado

Evaluation of Breast Tissue in Postmenopausal Women Users of Soy Isoflavone: Randomized, Double-blind, and placebo-controlled clinical trial

Armando Delmanto1, Jorge Nahas Neto2, Gilberto Uemura³, Eduardo Carvalho Pessoa³, Paulo Traiman¹, Eliana Aguiar Petri Nahas2

1 Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de

Medicina de Botucatu – UNESP.

2 Setor de Climatério & Menopausa da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP.

3 Centro de Avaliação em Mastologia (CAM) da Faculdade de Medicina de Botucatu -

Resumo

Objetivo: Avaliar o efeito da isoflavona da soja sobre o tecido mamário em mulheres

na pós-menopausa.

Métodos: Trata-se de estudo clínico, prospectivo, randomizado, duplo-cego,

placebo controlado, envolvendo 80 mulheres na pós-menopausa com sintomas vasomotores, idade entre 45 a 70 anos, acompanhadas no Ambulatório de Climatério e Menopausa da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp, de janeiro de 2005 a dezembro de 2006. Na randomização, 40 pacientes receberam 100 mg isoflavona da soja/dia (duas cápsulas de 125 mg de extrato seco de glicine Max) e 40 pacientes placebo (duas cápsulas de lactose) durante 10 meses. A densidade mamária (DM) foi avaliada pela mamografia e o parênquima mamário pela ultrassonografia de mamas no início e após dez meses de seguimento. Para análise estatística foram utilizados o teste t-Student, ANOVA, teste de Mann-Whitney e teste do Qui-Quadrado.

Resultados: Na comparação das características clínicas iniciais entre os grupos de

usuárias de isoflavona e placebo, não houve diferenças significantes, com valores médios de idade de 55,1±6,0 e 56,2±7,7 anos, tempo de menopausa de 6,6±4,8 e 7,1±4,2 anos e IMC de 29,7±5,0 e 28,5±4,9 kg/m2, respectivamente (p>0,05).

Concluíram o estudo, 32 pacientes sob isoflavona e 34 no grupo placebo. Na comparação da densidade mamográfica entre os momentos inicial e final, não houve diferença estatisticamente significativa. Na avaliação do parênquima mamário pela ultrassonografia, não houve diferença entre os grupos. Na comparação entre os momentos dentro de cada grupo, não foram constatadas diferenças significativas nos parâmetros da mamografia e ultrassonografia.

Conclusão: No período de 10 meses, o uso de isoflavona de soja não modificou o

tecido mamário, avaliado pela mamografia e ultrassonografia, em mulheres na pós- menopausa.

Abstract

Objective: To evaluate the effect of soy isoflavone on breast tissue in

postmenopausal women.

Methods: This study is a prospective, randomized, double-blind, placebo-controlled

trial involving 80 postmenopausal women with vasomotor symptoms, aged 45-70 years, followed in Climacteric and Menopause Clinic of the Botucatu Medical School- UNESP, from January 2005 to December 2006. At randomization, 40 patients received 100 mg of soy isoflavone/day (two capsules of 125 mg standardized soy extract, Glicine max) and 40 patients, placebo (two capsules of lactose) for 10 months. The breast density was evaluated by mammography and breast parenchyma by ultrasound, at baseline and after ten months of follow-up. The Student t-test, ANOVA, Mann-Whitney and Chi-Square were used in the statistical analysis.

Results: In comparison of baseline clinical characteristics between the isoflavone

and placebo groups, there were no significant differences, with mean age of 55.1 ± 6.0 and 56.2 ± 7.7 years, duration of menopause 6.6 ± 4.8 and 7.1 ± 4.2 years and BMI 29.7 ± 5.0 and 28.5 ± 4.9 kg/m2, respectively (p> 0.05). Concluded the study, 32 patients on isoflavone and 34 in the placebo group. In comparison in mammographic density (MD) between moments, baseline and final, there was no difference statistically significant. In the evaluation of breast parenchyma by ultrasound, there was no difference between groups. In comparing the moments within each group, there were no significant differences in the parameters of mammography and ultrasound.

Conclusion: In 10 months, the use of soy isoflavone did not affect breast tissue, as

Introdução

Atualmente, muito se tem estudado sobre as alternativas à terapia hormonal (TH) convencional em mulheres na pós-menopausa (Nedrow et al, 2006). Dentre estas, estão as isoflavonas da soja (NAMS, 2011). Durante os últimos 20 anos uma grande quantidade de pesquisas sobre os efeitos benéficos do consumo de soja e seus derivados tem sido realizada (Messina, 2010). As isoflavonas da soja são modestamente eficazes no controle das ondas de calor, como demonstrado em vários estudos em mulheres na pós-menopausa (Nahas et al, 2004; Nahas et al, 2007; NAMS, 2011). Pesquisas mostram que a suplementação da soja no alívio dos sintomas vasomotores parece ser segura em relação à mama (Nahas et al, 2004; Palacios et al, 2010; Manella et al, 2011). Além disso, o elevado consumo de isoflavona da soja está associado com redução do risco de câncer de mama em vários estudos epidemilógicos (Wu et al, 2008; Goodman et al, 2009; Lee et al, 2009; Cho et al, 2010; Zhang et al, 2010; Andres et al, 2011; Dong & Qin, 2011). Isto é observado principalmente em populações asiáticas onde as taxas de câncer de mama são três vezes menores devido ao alto consumo de soja (Messina et al, 2006; Trock et al, 2006). Apesar dos dados epidemiológicos, os resultados dos estudos de intervenção disponíveis são escassos (Messina & Wood, 2008). Até o momento não foram descritos grandes ensaios clínicos randomizados de longo prazo, com o poder de avaliar o risco do câncer de mama e uso de isofalvona da soja. Não está claro se as isoflavonas de diferentes fontes alimentares diminui o risco de câncer de mama (Hopper et al, 2010).

A densidade mamária pode ser considerada um biomarcador do efeito de um tratamento sobre o tecido mamário (Atkinson & Bingham, 2002). A mesma é

influenciada pela reposição exógena de hormônios por tempo prolongado (Kerlikowske et al, 2010). O uso de estrogênios associados com progestagênios aumenta o risco de erro na classificação (falso positivo) pela mamografia de rastreamento, por influenciar negativamente aumentando a densidade mamária (Njor et al, 2011). Em 2010, por meio de uma meta-análise, avaliou-se o efeito da isoflavona sobre a densidade mamária (Hooper et al, 2010). Entre os estudos incluídos, dois empregavam a isoflavona da red clover (Atkinson et al, 2004; Powles et al, 2008), três avaliaram mulheres na pré-menopausa (Maskarinec et al, 2002 e 2004; Tice et al, 2005), e apenas três analisaram a isoflavona de soja sobre a densidade mamária em mulheres na pós-menopausa (Marini et al, 2008; Verheus et al, 2009; Maskarinec et al, 2009). Apesar da escassa literatura, evidências indicam que o consumo de isoflavona de soja parece não aumentar a densidade mamográfica em mulheres na pós-menopausa, como relatado com a TH (Hooper et al, 2010, Kerlikowske et al, 2010; Njor et al, 2011). Ainda, é possível que a exposição por longo prazo possa oferecer alguma proteção contra o câncer de mama.

Baseado neste contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da isoflavona da soja sobre a densidade mamária pela mamografia e sobre o parênquima mamário pela ultrassonografia em mulheres na pós-menopausa.

Métodos

1. Desenho do Estudo e Seleção da Amostra

No presente estudo, empregou-se dados a partir de um estudo clinico prospectivo, randomizado, duplo-cego e placebo-controlado, para avaliar a eficácia da isoflavona da soja em mulheres na pós-menopausa (Nahas et al, 2007). O grupo populacional foi constituído de 80 mulheres na pós-menopausa, acompanhadas no Ambulatório de Climatério e Menopausa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP de janeiro de 2005 a dezembro de 2006. O cálculo do tamanho amostral foi embasado no estudo de Nahas et al (2004) que encontraram melhora dos sintomas vasomotores em 40% dos casos tratados com isoflavona de soja. Considerando a razão de um caso para um controle, intervalo de confiança de 95% e um erro tipo II de 10% (poder do teste de 90%), foi estimado a necessidade de avaliar 40 pacientes por grupo. Foram incluídas no estudo mulheres com: (1) idade ≥ 45 anos; (2) data da última menstruação há pelo menos 12 meses; (3) valores de FSH superior a 40 mIU/ml; e (4) presença de sintomas vasomotores (mínimo de 5 ondas de calor por dia). E não incluídas aquelas com: (1) dieta vegetariana, macrobiótica ou rica em soja; (2) história de doenças crônicas do trato gastrointestinal; (3) uso de terapêutica hormonal ou de fitoestrogênios até seis meses antes do estudo; (4) antecedente pessoal de doença cardiovascular ou tromboembolismo; (5) antecedente pessoal de câncer de mama, mamoplastia redutora ou prótese mamária; (6) antecedente pessoal de câncer de endométrio; (7) história de hepatopatias agudas; (8) etilistas. Foram esclarecidos, para as pacientes selecionadas, os objetivos e procedimentos a que seriam submetidas e solicitadas

as assinaturas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), exigência da resolução nº 196/outubro/1996 do Conselho Nacional de Saúde, após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Botucatu – UNESP (Anexo 1).

Preliminarmente, todas as pacientes foram submetidas à anamnese, exame físico geral, especial e ginecológico. Na anamnese geral foram obtidos os seguintes dados: idade, menarca, idade e tempo de menopausa, paridade, pressão arterial, tabagismo, peso, altura, circunferência da cintura. Todos os sujeitos da pesquisa realizaram colpocitologia oncótica, exames bioquímicos, função tireoidiana, mamografia e ultrassonografia transvaginal e mamária. Após esse período de seleção, as pacientes recrutadas foram randomizadas em seqüência de numeração pré-estabelecida, em dois grupos:

- Grupo ISO: 40 usuárias de isoflavona (Glycine max). - Grupo PL: 40 usuárias de placebo

Um processo de randomização computadorizado foi realizado empregando um software estatístico específico. O pesquisador e as pacientes não tiveram conhecimento prévio dos referidos grupos e das diferentes numerações, apenas o farmacêutico responsável. Assim, 40 pacientes receberam 100 mg de isoflavona da soja, referentes a duas cápsulas ao dia de 125 mg de extrato seco de

Glycine max L. (Menop , Ativus Farmacêutica, Brasil), por via oral, divididas em

duas tomadas, durante dez meses. O extrato padronizado contém aproximadamente 50% de genisteína e 35% de daidzeína. As outras 40 pacientes receberam duas cápsulas ao dia, por via oral, de lactose. As cápsulas eram idênticas e apresentavam as embalagens numeradas em código pelo farmacêutico para impedir a identificação do grupo em teste pelos participantes do estudo. Todas participantes foram instruídas a retornar as embalagens vazias ou não, para determinação da aderência

ao tratamento. O tempo de seguimento foi de dez meses; 32 pacientes no grupo isoflavona e 34 no grupo placebo finalizaram o presente estudo (Figura 1).

Figura 1- Fluxograma do estudo

2. Metodologia

2.1. Avaliação antropométrica

Foram obtidos os seguintes dados para avaliação antropométrica: peso, altura, índice de massa corpórea (IMC=peso/ altura2) e circunferência da cintura (CC). Para mensuração do peso, utilizou-se balança antropométrica eletrônica, tipo plataforma da marca Filizola®, graduada a cada 100g, capacidade até 150 kg, com precisão de 0,1 kg, com a paciente descalça e com o mínimo de roupa. A estatura foi determinada em estadiômetro vertical afixado a balança, com precisão de 0,1cm, sendo a paciente orientada a manter-se em posição ortostática, com braços ao lado

do corpo, cabeça orientada a frente, descalça, mantendo os pés juntos e em inspiração profunda. Foram empregados os critérios da World Health Organization de 2002 para classificação das pacientes, conforme o IMC: menor que 18,5kg/m2

como baixo peso, de 18,5-24,9kg/m2 normal, de 25-29,9kg/m2 sobrepeso, de 30- 34,9kg/m2 obesidade grau I, de 35-39,9kg/m2 obesidade grau II e 40kg/m2

obesidade grau III. Para a medida da CC foi empregado o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, por meio de fita métrica inextensível milimetrada e com escala de 0,5cm, da marca Lange®, com a paciente na expiração em posição ortostática; sendo considerada aumentada para mulheres, acima de 88 cm (NCEP, 2001).

2.2. Avaliação Mamária

2.2.1. Mamografia

A densidade mamária foi avaliada por meio de mamografia, que foi realizada em dois momentos da pesquisa: inicial (basal) e aos dez meses de intervenção (final). Para avaliação de possíveis mudanças da densidade mamária foi utilizada a classificação do Colégio Americano de Radiologia (CAR), baseada no

Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®) (D’Orsi et al, 2003),

categorizada em:

1. Mama quase inteiramente lipossubstituída; menos de 25% de tecido denso; 2. Mama com densidade fibroglandular difusa – moderadamente densa; de 25-

50% de tecido denso;

4. Mama extremamente densa; maior que 75% de tecido denso.

Na classificação das 160 mamografias foram avaliadas as incidências médio-laterais oblíquas e crânio-caudais de ambas as mamas quanto ao padrão de densidade, sendo realizada uma média global da densidade mamográfica. Para realização das mamografias foi utilizado mamógrafo de alta resolução, tipo Senographe 600T (GEE , USA), com radiação de fuga próximo a 1 mGy e

processador de filmes Kodak (USA). Todas foram executadas seguindo técnicas padronizadas, com duas incidências de raios, a crânio-caudal e a oblíqua. A classificação da densidade mamográfica foi realizada por único avaliador, blindado quanto à data do exame e grupo do estudo.

2.2.2. Ultrassonografia

A avaliação do parênquima mamário foi realizada por meio da ultrassonografia mamária nos momentos inicial (basal) e aos dez meses de intervenção (final). Para eventuais mudanças do tecido fibroglandular foi utilizada e sugerida a seguinte classificação:

1. Pequena quantidade (até 25%) de tecido fibroglandular, 2. Moderada quantidade (25%-50%) de tecido fibroglandular; 3. Grande quantidade (>50%) de tecido fibroglandular.

Na quantificação do tecido fibroglandular, segundo classificação proposta, foram avaliados os quadrantes superiores (lateral e medial), a região retromamilar e os quadrantes inferiores (lateral e medial) de ambas as mamas. Assim, durante o

exame ultrassonográfico foi avaliada a quantidade de tecido fibroglandular em cada uma dessas regiões e realizada a média global para classificação. Para realização da ultrassonografia foi utilizado o aparelho Logic 5 (GEE , USA) com transdutor

multifrequencial de 7,5 a 12 MHz para imagem das mamas. Todos os exames de ultrassonografia mamária foram realizados pelo mesmo examinador, com experiência em patologia mamária sem conhecimento dos dados das pacientes.

2.3. Avaliação Laboratorial

Foram avaliados os valores de FSH, LH e estradiol nos momentos basal e dez meses. As dosagens foram realizadas pelo Sistema Elecsys 2010 (Roche

Diagnostics , Mannheim, Germany), que utiliza imunoensaio por

eletroquimioluminescência. Segundo critérios dos métodos, considera-se menopausa valores de FSH entre 25,0 a 134,8 mIU/ml, LH entre 7,7 a 58,5 mIU/ml e estradiol < 10,0 a 39,5 pg/ml. Para a realização dos exames laboratoriais, as pacientes foram orientadas a realizar jejum de 12 horas. Por meio de punção venosa, em sistema fechado a vácuo (Vacutainer®, England), a amostra de sangue para as dosagens foi coletada em tubo com gel separador e centrifugada a 3000rpm por dez minutos, para obtenção do soro, seguida de análise imediata. As amostras sangüíneas para dosagens do fator de crescimento insulino-like (IGF-I) foram coletadas nos momentos basal e final, e estocadas a -70ºC. Foi empregado o imunoensaio, Human IGF-I quantikine Kit, R&D , pela técnica de ELISA (Enzime-

Linked ImmunoSorbent Assay), em fase sólida. A taxa de sensibilidade deste ensaio

Ao final do estudo, os níveis plasmáticos de isoflavonas foram medidos para avaliar a sua biodisponibilidade após a administração oral do extracto de soja padronizado e a aderência ao tratamento. As concentrações plasmáticas de genisteína e daidzeína, foram determinadas empregando-se o método de HPLC (High-Performance Liquid Chromatographic) acoplado a detector eletroquímico (Shimadzu , Japão). As amostras de sangue (0,5 ml) foram recolhidas em tubos de polipropileno contendo 50 ul de heparina (50,000 UI). Após centrifugação a 3000 × g, a 4 ◦ C durante 10 min, cada amostra foi armazenada a - 80ºC até à análise. Este método de análise de concentrações plasmáticas de isoflavona foi previamente descrito com alta sensibilidade e reprodutibilidade (Frank et al, 1998). As concentrações plasmáticas de genisteína e daidzeína foram expressas em mmol/dl. O limite de detecção do ensaio foi < 2mmol/dl.

2.4. Análise Estatística

A partir dos dados foram construídas tabelas das variáveis segundo grupo de mulheres na pós-menopausa usuárias de isoflavona (n=32) ou placebo (n=34). Para análise dos dados foram calculados as médias e desvio padrão para as variáveis quantitativas e a mediana para as variáveis qualitativas. Para comparação entre os grupos em relação às características quantitativas (clínicas, antropométricas e bioquímicas) foi empregado o Teste t-student. Na comparação entre grupos e tempos para as variáveis IMC, CC, e valores de estradiol e IGF-1 empregou-se o modelo de ANOVA de dois fatores com interação de medidas repetidas. Para as variáveis categóricas (densidade mamária e parênquima mamário) na comparação entre grupos foi utilizado o Teste de Mann-Whitney; na comparação entre momentos

o Teste de Tendência de Qui-Quadrado; e nas variações das classificações no tempo o Teste de Wilcoxon pareado. Foi realizada análise multivariada por regressão logística binária, considerando-se um nível de significância p<0,05 e intervalo de confiança (IC) de 95%, com cálculo da respectiva odds ratio (OR), para se observarem as possíveis associações existentes entre a densidade mamográfica (variável dependente) e as variáveis influentes do risco para aumento da densidade (variáveis independentes). Foram testadas todas as variáveis (características clínicas, antropométricas e bioquímicas) através do ajuste do modelo de regressão logística múltipla utilizando procedimento “stepwise” para as variáveis que apresentaram diferença significativa. Os testes estatísticos foram bilaterais e o nível de significância adotado foi de 5%. As análises foram realizadas utilizando-se

Statistical Analyses System (SAS), versão 9.2, pelo Grupo de Apoio à Pesquisa

(GAP) da Faculdade de Medicina de Botucatu que deu o atendimento metodológico e conduziu os procedimentos estatísticos.

Resultados

As características clínicas, antropométricas e laboratoriais iniciais, das pacientes na pós-menopausa, usuárias de isoflavona ou placebo, foram submetidas à comparação estatística, e estão representadas na Tabela 1. Verificou-se que os grupos foram homogêneos para todas variáveis analisadas, sem diferença significativa em relação à idade, idade da menarca, idade e tempo da menopausa, paridade, uso prévio de TH, IMC, CC e dosagem sérica de FSH, estradiol e IGF-1 (p>0,05).

Em relação ao efeito do tempo e à interação entre tempo e tratamento, quando analisadas as variáveis IMC, CC, estradiol e IGF-1, que poderiam interferir na densidade mamária, não houve diferença estatisticamente significativa na comparação entre o grupo tratado e placebo (Tabela 2).

Quando comparada à densidade mamária pela mamografia entre os grupos de pacientes usuárias de isoflavona e placebo, nos momentos inicial e final, não houve diferença estatisticamente significativa (Tabela 3). Com relação ao parênquima mamário avaliado pela ultrassonografia de mamas, nos momentos inicial e final, em mulheres usuárias de isoflavona e placebo, não houve diferença entre os grupos (Tabela 4). Na comparação entre os momentos dentro de cada grupo, também não foram constatadas diferenças significativas nos parâmetros da mamografia e ultrassonografia (Tabela 5).

Na análise multivariada em função das variáveis clínicas e laboratoriais relacionadas com a densidade mamária, observou-se associação significativa apenas entre a densidade mamográfica e o IMC (OR 0,75; IC 95% 0,65-0,87) e a

CC (OR 0,89; IC 95% 0,84-0,95), ou seja, quanto maior o peso, menor o padrão da densidade mamária, sendo as mamas mais lipossubstituídas (Tabela 6).

Na comparação dos valores plasmáticos de daidzeína e genisteína entre os grupos ao final do estudo, o nível sérico dessas substâncias foi maior e estatisticamente significativo nas pacientes usuárias de isoflavona comparativamente as pacientes do grupo controle (Tabela 7).

Tabela 1. Comparação das características clínicas e laboratoriais iniciais entre as 80

mulheres na pós-menopausa, usuárias de isoflavona da soja (n=40) ou placebo (n=40) (valores médios ± desvio padrão).

Parâmetros Isoflavona (n=40) Placebo (n=40) Valor de p*

Idade (anos) 55.1 ± 6.0 56.2 ± 7,7 0.461 Idade da menarca (anos) 12.2 ± 1.6 12.8 ± 1.5 0.106 Idade menopausa (anos) 48.4 ± 3.7 47.7 ± 3.5 0.258 Tempo menopausa (anos) 6,6 ± 4,8 7,1 ± 4,2 0.356 Paridade (nº filhos) 2,9 ± 1,7 2,4 ± 1,8 0.167 Uso TH prévio (anos) 1.6 ± 2.4 2.2 ± 3.2 0.315 IMC (kg/m2) 29.7 ± 5.0 28.5 ± 4.9 0.251 CC (cm) 93.9 ± 12,1 92.1 ± 10,8 0.462 FSH (mUI/ml) 68.1 ± 24.5 66.9±22.9 0.811 E2 (pg/ml) 22.4 ± 4.5 22.6 ± 5.2 0.887 IGF-1 ( IU/ml) 116.7 ± 47.5 126.2 ± 54.5 0.410

TH, terapia hormonal; IMC, índice de massa corporal; CC, circunferência da cintura; E2, estradiol; TSH, hormônio estimulador da tireóide; T4, tiroxina; IGF-1, fator de crescimento

insulino-like -1.

Tabela 2. Comparação entre os grupos (isoflavona, n=32 e placebo, n=34) quanto

ao índice de massa corpórea (IMC), circunferência da cintura (CC) e dosagens de estradiol (E2) e fator de crescimento insulino-like -1 (IGF-1) no momento inicial e aos 10 meses de intervenção (valores médios ± desvio padrão).

Tempo Valor de p*

Parâmetros Tratamento Basal 10 meses Grupo Tempo Interação

IMC (kg/m2) Isoflavona 29.7±5.0 29.5±5.0 Placebo 28.5±4.9 28.2±4.9 0.113 0.763 0.992 CC (cm) Isoflavona 93.9±12,1 91.7±12.4 Placebo 92.1±10,8 89.5±10.6 0.264 0.212 0.919 E2 (pg/ml) Isoflavona 22.4±4.5 21.6±3.3 Placebo 22.6±5.2 23.1±5.7 0.305 0.806 0.408 IGF-1( IU/ml) Isoflavona 116.7±47.5 110.5±45.7

Placebo 126.2±54.5 121.6±58.7 0.221 0.517 0.922

IMC, índice de massa corporal; CC, circunferência da cintura; E2,estradiol; IGF-1, fator de crescimento insulino-like -1.

*Valores para o grupo de tratamento, efeito de tempo e interação entre tratamento e tempo. Diferença significativa se p<0,05 (ANOVA)

Tabela 3. Comparação da classificação da densidade mamográfica (DM 1, 2,3,4)

pela mamografia nas pacientes na pós-menopausa, usuárias de isoflavona (n=32) e placebo (n=34), entre os grupos nos momentos inicial e final.

Variável Grupo Mediana Valor de p*

Isoflavona 1.5 0.238 DM inicial Placebo 2.0

Isoflavona 1.0 0.393 DM Final Placebo 2.0

DM, densidade mamográfica.

Tabela 4. Comparação da quantificação do parênquima mamário (PM 1,2,3) pela

ultrassonografia nas pacientes na pós-menopausa usuárias de isoflavona (n=32) e placebo (n=34), entre os grupos nos momentos inicial e final.

Variável Grupo Mediana Valor de p*

Isoflavona 2.0 0.207 PM inicial Placebo 2.0 Isoflavona 2.0 0.058 PM Final Placebo 2.0

PM, parênquima mamário.

Tabela 5. Comparação da classificação da densidade mamográfica (DM 1,2,3,4)

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