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1. Identificar exemplos de justiça e injustiça citados espontaneamente pelas professoras e suas justificativas;

2. Investigar o conceito das professoras a respeito do valor moral da justiça; 3. Averiguar se as professoras consideram que ensinam o valor moral da justiça

em suas práticas pedagógicas e as justificativas;

4. Verificar como as professoras ensinam o valor moral da justiça e as justificativas emitidas para a referida prática;

5. Comparar os juízos das professoras do 1º e do 5º ano no que diz respeito a cada um dos objetivos específicos anteriormente mencionados.

Após a explicitação dos objetivos, apresentamos, a seguir, o “Método” que utilizamos em nosso estudo.

5 Além dos objetivos específicos apresentados, outros quatro integraram o nosso projeto de pesquisa (Apêndice A). Os referidos objetivos tratam da justiça retributiva propriamente dita (Estudo 4) e da justiça retributiva envolvendo a responsabilidade coletiva e comunicável (Estudo 5), e foram investigados por meio de situações hipotéticas. Ressaltamos que a análise destes dados será realizada após a defesa da dissertação, com a possibilidade de ser apresentada em forma de artigo e/ou em congressos.

52 6. MÉTODO

6.1 Participantes

Participaram deste estudo 23 professoras de escolas municipais de ensino fundamental, localizadas em bairros de classe baixa da cidade de Vitória, Espírito Santo. Nossa amostra foi composta por dois grupos de profissionais: 11 professoras de 1º ano6 e 12 de 5º ano do ensino fundamental.

Inicialmente, nossa meta era entrevistar 30 docentes, 15 de cada ano escolar. No entanto, deparamos-nos com uma dificuldade em encontrar participantes para a pesquisa, sobretudo no que diz respeito a professoras do primeiro ano, pois, em alguns bairros, este ano escolar ainda estava localizado nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei). Por sua vez, encontramos outros entraves no que se refere à adesão de participantes, os quais são apresentados no capítulo “Resultados e

discussão” da presente dissertação.

Com relação às características da amostra pesquisada, optamos pelo sexo feminino devido ao fato de que a maioria dos profissionais que lecionam para o ensino fundamental é mulher, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep (2011). Por sua vez, a escolha dos anos escolares foi fundamentada na teoria piagetiana sobre o desenvolvimento cognitivo e moral (Piaget, 1932/1994; 1964/1998). Assim, consideramos relevante entrevistar professoras que lecionam para alunos de 1º ano, os quais apresentam aproximadamente seis anos de idade, já que estes, conforme a teoria piagetiana, podem se encontrar no estágio pré-operatório e na fase da heteronomia. Da mesma forma, os alunos de 5º ano, que possuem aproximadamente 10 anos, podem estar vivenciando uma fase de transição da heteronomia para a autonomia e o estágio operatório-concreto. Tendo em vista que um dos nossos objetivos é comparar os dados de professoras que lecionam para diferentes anos do ensino fundamental, avaliamos esta característica como importante para analisarmos se os juízos das

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O ensino fundamental com duração de nove anos passou a vigorar nas escolas do estado do Espírito Santo no início do ano de 2009. No entanto, a implantação desta nova sistemática de ensino está ocorrendo de forma parcial e gradativa. Em nosso estudo, adotamos a nomenclatura “ano” em lugar de sua equivalente: “série”.

53 participantes modificam-se em razão da tendência de desenvolvimento cognitivo e moral que seus alunos encontram-se.

Elegemos, ainda, as escolas públicas de ensino fundamental por serem estas as que recebem a maioria dos alunos brasileiros (Inep, 2011). Além disso, como menciona La Taille (2013), muitas vezes, os alunos de escolas públicas dependem essencialmente do espaço escolar como meio de formação, de acesso à cultura. A instituição escolar representa, portanto, para muito de seus alunos, a única chance de sair da miséria, da violência, da ignorância, etc. O referido autor assinala que os alunos de escolas particulares costumam possuir capital financeiro, intelectual e social bem mais do que aqueles de instituições públicas. Nesse sentido, selecionamos escolas públicas localizadas em bairros de classe baixa. Finalmente, entre a rede municipal e estadual de ensino, escolhemos a rede municipal, pois esta possui 52 estabelecimentos que ofertam o ensino fundamental no município de Vitória, enquanto a rede estadual possui apenas cinco estabelecimentos, conforme dados da Secretaria da Educação (2010).

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Realizamos entrevistas individuais, tendo como referência o método clínico piagetiano (Alencar & Ortega, 2003; Carraher, 1998; Delval, 2002; Piaget, 1932/1994, 1926/2005).

O instrumento de coleta de dados está dividido em três Estudos. O primeiro corresponde ao estudo da concepção de justiça das professoras. Já o segundo trata da investigação sobre a motivação das docentes para o ensino do referido valor. Finalmente, o terceiro diz respeito ao ensino do valor moral da justiça por parte das entrevistadas em suas práticas pedagógicas. Gostaríamos de mencionar que nosso roteiro de entrevista contém, antes das perguntas dos Estudos propriamente ditos, questões que abarcam a caracterização das docentes, a saber: a) idade; b) número de filhos; c) formação universitária; d) tempo de formação universitária; e) formação na pós-graduação; f) tempo que trabalha na escola; g) disciplina que ministra; h) regime de contratação; i) número de escolas que trabalha e j) carga horária de trabalho semanal.

Utilizamos entrevista semiestruturada uma vez que esta, conforme afirma Delval (p.148, 2002), é o tipo de entrevista “que se costuma usar na prática habitual do método clínico quando já temos alguns conhecimentos dos problemas e queremos explorá-los de maneira mais completa”. Além disso, esse tipo de entrevista possibilita a realização de uma entrevista mais profunda que permita a comparação entre os sujeitos (Delval, 2002).

Apresentamos, então, a seguir, o instrumento aplicado em nossa pesquisa (Estudos 1, 2 e 3).

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