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1. Compreender de que forma se desenvolve a identidade feminina nessas mulheres em situação de violência doméstica.

2. Analisar o processo de vitimização mãe-filha na contextualização psicossociocultural.

3. Avaliar em que medida a relação, identidade feminina e violência doméstica, desencadeia o TEPT.

METODOLOGIA:

Para alcançar os objetivos propostos neste estudo foi realizado o método de pesquisa qualitativa, com base observacional e entrevistas semi- estruturadas com roteiro prévio para que pudesse averiguar quais as características presentes nas condições existentes com relação à violência intrafamiliar (Minayo et al, 1998).

Seleção das entrevistadas

A seleção das participantes ocorreu através de pacientes em atendimento no ambulatório do PROVE/UNIFESP-EPM (Universidade Federal de São Paulo- Escola Paulista de Medicina) Rua Botucatu, 416 Vila Clementino, que é referência para o tratamento de violência e do TEPT do Departamento de Psiquiatria. Também foram encaminhadas pacientes com autorização prévia da Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher- Centro, Rua Bittencourt Rodrigues, 200 Centro / S.P., provenientes da coleta de dados da pesquisa intitulada Vítimas de Violência Doméstica nos Aspectos

Psicofisiológicos, Percepção e Memória Emocional destas Mulheres, de

autoria da psicóloga Adriana Cristine Fonseca Mozzambani.

A saturação por temas foi a referência principal para interromper as entrevistas, ou seja, o grupo foi fechado quando novas entrevistas não acrescentaram dados novos em relação aos temas abordados. (BARDAN,2007)

Critérios de inclusão:

-Mulheres vítimas de violência doméstica com idade entre 25 e 50 anos Critérios de exclusão:

-Mulheres usuárias de álcool e outras drogas

-Mulheres portadoras de esquizofrenia ou de deficiências intelectual e visual.

Considerações Éticas

Os sujeitos de pesquisa receberam informações sobre o objetivo do contato e sobre a pesquisa. Antes de iniciar a entrevista, cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP), na data de 27 de julho de 2007 com o no.1088/07 do CEP.

Foi estabelecido horário e dia possível por parte das participantes no comparecimento à entrevista, significando respeito pelas atividades das informantes. Além disso, após o término da pesquisa a cada participante foi dada a possibilidade de atendimento em psicoterapia pela própria entrevistadora/psicóloga e atendimento psiquiátrico quando necessário no mesmo ambulatório por entender a gravidade da situação em que estas

necessidade de se desenvolver um atendimento preventivo/profilático no sentido de evitar as repetições do quadro de violência inclusive aos filhos existentes nestes ambientes familiares.

O procedimento ao anonimato e a confidencialidade das informações obtidas no processo da pesquisa foi garantido a cada participante pelo uso de codinome (nome fictício) para a transcrição da entrevista.

Operacionalidade

Período:

O período para a realização das entrevistas/coleta de dados foi de Agosto de 2007 a Janeiro de 2009. Foi um período de duração maior devido à dificuldade de aderência dessas mulheres.

Coleta de Dados:

Antes de iniciar efetivamente a coleta de dados, cada entrevistada passou por encontros iniciais para a apresentação e familiarização da pesquisadora/entrevistadora com o intuito de possibilitar a elas um conforto para expor suas histórias de sofrimento e de violência vivenciada.

Anteriormente às entrevistas, foram utilizados instrumentos (escalas) que avaliaram o grau do quadro da violência doméstica:

que mede a presença de sintomas desse transtorno e de outras variáveis associadas ao seu desenvolvimento. São utilizadas em estudos de seguimento de vítimas de traumas como desastres (incêndios, terremotos, etc.); violência (estupros, assaltos) e acidentes graves e em estudos realizados em centros especializados no atendimento de veteranos de guerras ou de pessoas expostas a atividades violentas (polícia, bombeiros, etc.). É comum também a utilização dessa escala como medida de mudanças na sintomatologia em estudos de tratamento de TEPT. (Blake, et.al,1995)

Entrevista de Trauma Precoce (Early Trauma Inventory – versão brasileira (autorizada por Aline Ferri Schoedl e Marcelo Feijó de Mello): entrevista feita para avaliar algumas experiências infantis que atualmente causam impactos na vida do sujeito. As perguntas são direcionadas a questões gerais da infância, bem como perguntas específicas sobre acontecimentos vividos ao longo da vida que apontem a presença de violência. (Bremer, et.al, 2000)

SCID I (Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV): trata-se de entrevista clínica psiquiátrica semi-estruturada, aplicada por profissional de saúde mental treinado na mesma, permite o diagnóstico psiquiátrico das patologias do eixo I, segundo os critérios da DSM-VI (SPITZER, et.al,1992). A aplicação deste foi em parceria com a psiquiatria do PROVE.

universo da violência intrafamiliar, sem entretanto, ser dirigida tal qual o roteiro. As perguntas utilizadas são as seguintes:

- Conte sobre como foi sua infância.

- Como foi a transição da infância para a adolescência para você? - Como era a sua relação com o seu pai?

- Como era a sua relação com a sua mãe? - Como é para você ser mulher?

- Como é sua relação com o masculino?

Registros dos Dados

O registro dos dados efetuou-se com a gravação digital das entrevistas e a transcrição fora realizada por uma profissional de jornalismo, capacitada e renomada, Eliana Pace, que no final de todas as transcrições fez a devolução de todo o material que está arquivado em CD. Foi feita também uma revisão de cada entrevista transcrita como um critério de fidedignidade aos relatos das mesmas.

Somou-se um total de 11 (onze) participantes as quais duas desistiram de continuar o processo da pesquisa por decidirem não querer falar do assunto devido ao grau do trauma da violência sofrida.

Paralelamente foi elaborado um diário de campo que procurou-se observar aspectos verbais e não verbais referidos de cada participante que foram anotadas e observadas no transcorrer da entrevista e também de todo o processo da pesquisa. Que apesar de serem aspectos subjetivos foram

utilizados pela importância desses conteúdos para a análise de dados de cada caso.

Análise dos Dados

A primeira etapa da análise dos dados foi feita uma pré-análise, também, chamada de “leituras flutuantes” (Turato, 2003), momento em que foram feitas leituras e releituras para um contato inicial com todo o material com o objetivo de assimilação e proximidade maior com os conteúdos presentes, pelas observações e pelos relatos das participantes nas entrevistas e com o auxílio do diário de campo.

Como uma segunda etapa consistiu da análise individual dos casos e análise comparativa que estabeleceu semelhanças, padrões, diferenças para a criação das categorias e subcategorias de acordo com critérios de relevância e de repetição baseados na literatura já existente.

A possibilidade de estudar essas mulheres em situação de violência requereu uma análise que considerou as significações externas e internas do que seja a violência doméstica para cada uma delas, um processo de elaboração constante deste conjunto de representações simbólicas que estão implicadas: histórico-sociocultural e psiquicamente neste feminino. Para então, construir uma reflexão sobre alguns dos aspectos possíveis existentes para a formação do feminino em mulheres vítimas de violência doméstica.

Na fundamentação teórica desta análise utilizou-se da psicologia analítica como um caminho para a compreensão dos significados simbólicos e de referências contextuais histórico-sociais. Para o entendimento psicológico, utilizei-me de alguns autores importantes que tratam de alguma forma este contexto apresentado na violência doméstica. São eles:

• Erich Neumann (2000): trabalha com a formação do feminino a partir da relação com a mãe na estrutura e dinâmica da personalidade em desenvolvimento desde o nascimento.

• Portmann (2003): denomina o período uterino como social, onde a criança vai sendo moldada pela cultura humana que é transmitida pela mãe em valores e linguagem, influenciando inconscientemente e de modo efetivo, o desenvolvimento da criança. Entra aqui formação de gênero que traduz a mensagem de aceitação ou rejeição dependendo se é menino ou menina.

• Edward C. Whitmont (1982): trata do feminino negado pelo desenvolvimento cultural através da destrutividade tecnológica e do empobrecimento espiritual advindos da dominação masculina durante milhares de anos pelo patriarcado que trouxe o desconforto e a violência ao seio de nossas sociedades (o enaltecimento da agressão como forma de resolução dos problemas).

Numa outra etapa, as escalas foram analisadas segundo seus critérios de avaliação que garantiram uma elaboração representativa sobre o quadro de TEPT apresentado por cada participante, psicológico e psiquiatricamente, além de oferecer dados significativos de um quadro de violência já existente na infância não identificado como tal pela própria entrevistada.

RESULTADOS

Caracterização das Mulheres Entrevistadas

Descrição Sumária:

CASO 1: J. tem 26 anos, não é casada oficialmente, estudos incompletos e atualmente afastada do trabalho de balconista por conta do quadro crônico de TEPT. Mãe de quatro filhos. Sua história é permeada de violência doméstica na infância e com o próprio parceiro, que por seis anos a agrediu gravemente psicológica, fisica e, principalmente, sexualmente. Desta última, a paciente ficou grávida por duas vezes de maneira indesejada sendo ameaçada com uma faca e sendo cortada pelo corpo todo quando mostrava sinais de resistência ao ato sexual que lhe era imposto. O parceiro não trabalhava, portanto, cabia a ela o sustento da casa. Ele usuário de vários tipos de drogas que com o passar do tempo o ajudou a ficar mais agressivo e fazer mais ameaças contra a vida dela que já eram constantes. Fazendo da vida de J. um sofrimento permanente. Perseguia J. em seu trabalho desconfiando de tudo e de todos sempre considerando a possibilidade dela o estar traindo. As proibições de qualquer contato social inclusive a familiar dela se tornou regra e quando J. “desobedecia” era trancada dentro de casa e passava pelas agressões que ele praticava. Hoje, J. passa por dificuldades financeiras, pois seu único sustento advém do

desempregados, acarretando para J. a divisão de seu pagamento por todos da casa.

O parceiro está preso por ter sido pego em flagrante pela situação de violência doméstica e por porte de drogas. J. não quer mais saber dele, porém, as sequelas do trauma vivido por ela não a deixam em paz, seu TEPT crônico levou a muitas complicações com grande prejuízo em seu funcionamento, impossibilitando uma volta à normalidade.

CASO 2: L. tem 47 anos, separada judicialmente, 24 anos de casada, sendo 12 anos vividos em situação de violência. Estudo incompleto e nunca trabalhou. Mãe de um casal de filhos e uma que fora adotada. O marido era usuário de álcool e drogas, mas segundo ela não era só nessas horas em que ele a agredia verbalmente e fisicamente. O desespero de L. chegou a um limite máximo quando descobre mais uma das traições do marido, neste momento, ela joga em seu corpo acetona e atea fogo contra si. Teve queimaduras de terceiro grau necessitando de cirurgia reparadora. Fez a denúncia na Delegacia da Mulher. Ele saiu de casa e disse que não daria nada a ela. Ela não teve apoio de ninguém de sua família e conta ter vivido agressões na infância. Segundo ela, abriu mão de uma vida financeiramente estável e decidiu refazer sua vida. Mas, como viveu em função dele, hoje se encontra desnorteada e sem rumo para seguir a sua própria vida. Apresenta quadro de depressão significativo.

CASO 3: M. 35 anos, casada há quatro anos, tem um filho de 5 meses. É a quinta vez que sofre agressão por parte do marido, sendo as duas últimas vezes com agressões graves as quais fez a denúncia. Nesta ocasião ela voltou para a casa dos pais que são superprotetores e determinam para ela qual a atitude que a mesma deve tomar. M. é muito indecisa e demonstra infantilidade diante da situação. O marido é usuário de álcool e drogas e

segundo ela são nessas horas que ele a agride mais. As agressões psicológicas são constantes e as físicas só quando ele usa drogas. Diz ter sentimento por ele e por isso não se decidir pela separação que os pais esperam. Revela que entre ele e seus pais prefere ficar com os pais, esse foi um dos motivos que levou o casal às brigas freqüentes culminando em violência doméstica.

CASO 4: C. 25 anos, mora junto com o parceiro há quase quatro anos e não tem filhos. Não chegou a terminar a faculdade devido ao acidente que os pais tiveram onde os mesmos faleceram. C, tem um irmão mais novo e diz que hoje não se dão bem devido o seu parceiro que o irmão não gosta. C. conta também que viveu situações de violência do pai com a mãe e que anos nesta situação, assistindo a mãe ser espancada pelo pai, decide fazer a denúncia. O pai bebia, mas segundo ela não foi só por isso que era agressivo. Na ocasião do acidente diz ter ficado aliviada com a morte dele, mas descobre que o pai deixou uma dívida alta tendo ela que vender o único imóvel existente. Ela decidiu morar com o namorado e o irmão foi para a casa de um parente. C. revela que no início do namoro ele era maravilhoso e agora que estão juntos, ele vem mostrando um lado ruim, a proibiu de trabalhar o que foi aceito totalmente por ela, uma vez que é um empresário bem sucedido. Mas teme falar com alguma pessoa seja homem ou mulher pelos ciúmes que o parceiro demonstra. Quando contrariado, se torna excessivamente agressivo verbal e fisicamente. Ela diz sentir medo dele. Ele não bebe e não é usuário de drogas. Ela tem quadro de ansiedade e TEPT.

normalidade, quando ele chega do trabalho tira a calcinha dela para verificar se há algum cheiro diferente e olha no cesto de roupa suja para ver se acha algum vestígio. Não quer vê-la conversando com ninguém. Segundo P., ele não tolera que ela conte alguma coisa da vida deles para outra pessoa mesmo se for da família. Se ela o enfrenta, ele tem por hábito deixá-la sem telefone por dias. Não a deixa trabalhar pelo fato dela ter que cuidar dos filhos. Nunca fez denúncia e demonstra ter esperanças de que ele vai mudar. Na infância foi abandonada pelo pai e a mãe sempre se colocou como quem deu a chance de vida para ela, referindo-se ao fato que se não fosse ela, P. poderia estar na “lata do lixo”. P. é muito ansiosa e apresenta quadro de depressão acrescido de muita baixa auto-estima.

CASO 6: R. tem 50 anos. Casada há 33 anos que foram de violência física, verbal, econômica e sexual. Tem um casal de filhos. Não tem estudos e trabalhou como empregada doméstica até se casar, depois de casada, o marido a proibiu de trabalhar. R. conta que ele a tratava como puta, fosse na cama ou fora dela. Tinha uma atitude escrava para com ele e diz que sabia de todas as traições dele, inclusive, certa época ele trouxe uma criança, fruto de um caso extra conjugal, para ela cuidar e criar como filho. E ela diz não ter tido outra forma de lidar com isso senão aceitando.

Agora que os filhos estão maiores, se apóia neles para que a ajudem na separação. Tem sofrido muito com tudo isso, e tem recebido ameaças do marido quanto a receber alguma ajuda dele financeira. Tem passado por dificuldades econômicas chegando até a não ter o que comer.

Seu quadro de saúde é delicado, R. sente dores por todo o corpo, tem quadro de depressão grave, tremores por todo o corpo, não dorme direito, problemas para se alimentar e quadro de pânico que às vezes a impede de sair de casa.. Fez a denúncia na Delegacia da Mulher e aguarda por uma ajuda.

CASO 7: B. tem 27 anos, é solteira, não tem filhos, mora com a família. Está fazendo faculdade de Terapia Ocupacional, dá aulas de inglês. B. sofreu por anos violência sexual dentro de casa de um irmão. Diz que quando revelou para a mãe o que havia acontecido, a mesma a responsabilizou, dizendo o filho ser uma pessoa muito boa. A partir daí, tem sofrido muito e sente forte desejo de morrer. B. conta que sua família sempre foi muito violenta em todos os sentidos e fala da história de um irmão que se suicidou na casa da família, enforcado na luminária da cozinha. Essa imagem não lhe sai da cabeça e teme fazer algo parecido porque tem vivido uma pressão muito grande depois de ter contado o que lhe aconteceu. A situação de ser tratada como “mentirosa” depois de tudo que passou a deixa muito deprimida. Apresenta TEPT grave.

CASO 8: T. tem 36 anos, estudo incompleto e trabalhava, mas devido ao quadro de síndrome do pânico, teve que ser afastada pelo INSS. Casada pela segunda vez há sete anos e oficialmente há um ano, teve um filho e, sua filha é do primeiro casamento. Conta que do primeiro casamento depois da traição vivida saiu de casa e nunca mais viu o marido. Diz não aguentar nada que signifique desrespeito à mulher porque o que passou na infância a deixou muito marcada. T. foi vítima de violência sexual pelo próprio pai dos 6 anos até os 9 anos. Não só ela, mas todas as irmãs, não sabe se seu irmão também passou por de violência sexual. Descreve que tentava se esconder dele em cesto de roupa suja, em armários quando ele a procurava para abusar sexulamente. Ele a encontrava, batia e a levava para o quarto, colocava o travesseiro em seu rosto e ameaçava bater se ela fizesse barulho. Foi uma infância sem brinquedos, ele não permitia que

por um tio junto com seus irmãos porque a mãe preferiu ficar com o marido.

Hoje, T. tem quadro crônico de TEPT que se configura em crises noturnas com pesadelos e com forte falta de ar, tremores pelo corpo, nervosismo crônico, ansiedade crônica, raiva exagerada por não ter tido a chance de ter matado o pai (pai faleceu há 8 anos).

CASO 9: A. tem 27 anos, casada há 5 anos e tem dois filhos, sendo o mais velho, fruto de uma violência sexual sofrida na rua de sua cidade quando tinha 14 anos. Conta que o homem era casado e bem mais velho do que ela. Pegou carona com um amigo que estava junto com este homem porque o ônibus não estava passando e já era tarde da noite. O amigo foi deixado em casa e ela quis descer com ele, mas o homem insistiu em levá-la até sua casa. Mas, no caminho ele mudou de direção e a levou para um terreno baldio, fez ameaças e a violentou. A. não contou a ninguém o ocorrido e depois de um mês achou que podia estar grávida pelos enjôos que sentia. A mãe só ficou sabendo quando ela estava de sete meses de gestação. Seu pai já era falecido e sua relação com sua mãe era difícil. Diz ter sofrido muito. Quando a criança nasceu sua mãe se apegou muito ao neto, tanto que sente que seu filho é mais filho de sua mãe do que dela.

Mudou de cidade e logo depois sua mãe faleceu. Se casou e hoje vive uma situação difícil com o marido que não a deixa trabalhar, ele controla todos os gastos dela mesmo ele sendo bem sucedido, não aceita seu primeiro filho porque diz não ser dele e não tem porque cuidar do filho dos outros além, de acusar o menino de querer abusar sexualmente do irmão. Ela fala também que acredita estar sendo traída há algum tempo porque ele a tem tratado mal, humilhando-a quanto ao seu corpo e nos afazeres de casa. A. conta que já pensou em se separar, mas não tem coragem. A. apresenta quadro de depressão.

CASO 10: S. tem 43 anos, tem um casal de filhos e está separada há 6 anos, mas não oficialmente. Foi casada por 21 anos sendo 16 anos sofridos por todas as formas de violência. O ex-marido a agredia de várias formas e depois a arrastava pelos cabelos pela casa. Controlava o dinheiro, impossibilitando-a de sair de casa. Proibia contato social até mesmo no prédio em que moravam. Agredia verbalmente na frente de qualquer pessoa e gritava para que os vizinhos escutassem. Traía com mulheres no próprio prédio em que moravam ao ponto de algumas pessoas alertarem a ela do que estava acontecendo.

S. quando ficou grávida de sua filha diz que naquele momento decidiu que iria sair daquela situação, quando a filha nasceu, ela pegou os dois filhos e com a roupa do corpo foi embora de casa.

Foi morar com a mãe e um irmão, mas a convivência familiar nunca tinha sido boa e declara que sua mãe a convidou para sair da casa porque o irmão

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