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- Identificar por que a BNCC se tornou uma prioridade na agenda governamental neste período histórico específico;

- Mapear quem foram os agentes e agências envolvidos na construção da BNCC para a Educação Infantil e Ensino Fundamental; caracterizar como foi a atuação de movimentos organizados da sociedade civil, associações científicas, movimentos sociais, entidades privadas e organismos internacionais;

- Analisar como foi o trabalho da equipe de coordenadores, assessores e especialistas na construção da BNCC em relação à definição dos conhecimentos escolares; Demonstrar como as contribuições das audiências e consultas públicas foram sistematizadas.

- Contrastar as diferentes versões da BNCC e as continuidades ou rupturas decorrentes do espectro político mais amplo.

4 METODOLOGIA

A metodologia adotada nesta pesquisa, tendo em vista o objeto de estudo, foi a abordagem do ciclo de políticas (BOWE; BALL; GOLD, 1992; BALL, 1994). Com essa metodologia, que será mais detidamente apresentada no item subsequente, objetivei demonstrar os múltiplos processos que ocorreram na construção da BNCC. Organizei a análise através de dois dos três contextos contemplados nessa abordagem: o contexto de influência e o contexto da produção de texto. O contexto da prática não foi abordado na pesquisa, uma vez que a política da BNCC ainda se encontra em fase consolidação.

Organizei os dados desta pesquisa tomando como referência a abordagem do ciclo de políticas e os objetivos relacionados ao meu problema de pesquisa. Agrupei as entrevistas realizadas com a Diretora de Currículo e Educação Integral do MEC entre 2014 e 2015, Clarice Salete Traversini, com o Coordenador da Construção da Base Nacional Comum Curricular entre 2015 e 2016, Ítalo Modesto Dutra, com a Diretora de Políticas Educacionais da Fundação Lemann, Camila Cardoso Pereira, e com a Secretária-Executiva do Movimento Base Nacional Comum, Alice Andrés Ribeiro. As entrevistas realizadas com estes quatro agentes visaram responder, principalmente, aos dois primeiros objetivos da pesquisa: “identificar por que a BNCC se tornou uma prioridade na agenda governamental neste período histórico específico” e “mapear quem foram os agentes e agências envolvidos na construção da BNCC para o Ensino Fundamental além de caracterizar como foi a atuação de movimentos organizados da sociedade civil, associações científicas, movimentos sociais, entidades privadas e organismos internacionais”. Da mesma forma, agrupei as entrevistas realizadas com o professor Marcos Villela Pereira (PUC-RS/Assessor de Arte), com o professor Mauricio Compiani (UNICAMP/Especialista em Ciências (Anos Finais)), com o professor Fernando Jaime González (UNIJUÍ/Especialista em Educação Física (Anos Finais)), com a professora Claudia Luisa Zeferino Pires (UFRGS/Especialista em Geografia (Anos Finais)), com a professora Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN/Especialista em História (Anos Iniciais)), com a professora Margarete Schlater (UFRGS/Assessora de Língua Estrangeira Moderna (LEM)) e com a professora Denise Maria de Carvalho Lopes (UFRN/Especialista em Língua Portuguesa (Anos Iniciais)) para responder aos dois objetivos da pesquisa mais diretamente relacionados ao contexto de produção de textos: “analisar como foi o

trabalho da equipe de coordenadores, assessores e especialistas na construção da BNCC em relação à definição dos conhecimentos escolares assim como demonstrar como as contribuições das audiências e consultas públicas foram sistematizadas” e “contrastar as diferentes versões da BNCC e as continuidades ou rupturas decorrentes do espectro político mais amplo”.

Inicialmente, realizei uma leitura inicial das entrevistas realizadas, posteriormente realizei uma segunda leitura procurando agrupar as respostas por temáticas e, por fim, na terceira leitura construí minhas unidades de análise. Todas as respostas aqui apresentadas foram obtidas a partir de dois tipos de entrevistas semiestruturadas que constam nos anexos deste trabalho: uma delas com um foco maior no contexto de influência e a outra com foco maior no contexto de produção de textos - de acordo com a abordagem do ciclo de políticas. Abaixo apresento um exemplo de como operei para organizar a leitura e análise dos dados:

Leitura inicial Agrupamento por temáticas Unidades de análises

De 2010 até 2014 vinha um processo de produção da Base na mesma direção, ou seja, a disputa era incluir ou não os conhecimentos específicos das áreas e disciplinas. Até 2013 defendia-se a não necessidade de uma BNCC, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Básica eram tidas como suficientes. Mas em 2014, indicadores educacionais nacionais mostraram que as Séries Iniciais avançavam, os Anos Finais “estagnaram” e o Ensino Médio “regredia” nas metas do IDEB. (Entrevista realizada com a Diretora de Currículo e Educação Integral do MEC entre 2014 e 2015, Clarice Salete Traversini).

Resultados aquém da expectativa no Ideb levaram a mudanças na equipe que estava construindo a BNCC e à definição de objetivos de aprendizagem por componentes curriculares e ano/série (diferentemente da versão preliminar).

Avaliações em larga escala.

Historicamente, a ideia de uma definição de direitos e objetivos

de aprendizagem e

desenvolvimento, ela está no texto da Conferência Nacional de Educação de 2014, ela está na formulação do Plano Nacional de Educação de 2014, ela já estava no documento base da Conae 2014 - que deveria ter sido feita antes da aprovação do PNE e que foi elaborada em 2012. Então, a

Legislação educacional e fóruns educacionais indicavam a construção de um referencial curricular comum para a educação nacional.

ideia ou a existência ou a necessidade de prover uma referência que fale quais são os direitos e objetivos de aprendizagem para a Educação Básica [...] ela já estava posta. (Entrevista realizada com o Coordenador da Construção da Base Nacional Comum Curricular entre 2015 e 2016, Ítalo Modesto Dutra).

O exemplo anterior é desenvolvido no capítulo 6 junto as demais análises desta tese de doutorado. Inicialmente, então, realizei uma leitura de todas as entrevistas realizadas. Em um segundo momento, procurei identificar quais eram as temáticas que estavam sendo discutidas nos trechos transcritos. Por fim, reduzi os agrupamentos temáticos a unidades de análises que sintetizam o cerne da questão discutida. Realizei esse processo com todas as entrevistas relacionando-as aos diferentes contextos do ciclo de políticas explorados nesta tese (contexto de influência e contexto de produção de textos) e aos objetivos da pesquisa.