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Obrigatoriedade, procedimentos e métodos da consolidação de contas

2. A CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS NAS AUTARQUIAS LOCAIS

2.2. Obrigatoriedade, procedimentos e métodos da consolidação de contas

de contas

Segundo o ponto 5.3 da Orientação 1/2010, “a entidade mãe é obrigada a elaborar

demonstrações financeiras consolidadas do grupo constituído por ela própria e por todas as entidades por si controladas.”

A obrigatoriedade da elaboração das demonstrações financeiras é também mencionada no art.º 6 do Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de julho, sobre as quais:

a) Independentemente da titularidade do capital, se verifique que, em alternativa: i) Possa exercer, ou exerça efectivamente, influência dominante ou controlo;

ii) Exerça a gestão como se as duas constituíssem uma única entidade; b) Sendo titular de capital, quando ocorra uma das seguintes situações:

i) Tenha a maioria dos direitos de voto, excepto se for demonstrado que esses direitos não conferem o controlo;

ii) Tenha o direito de designar ou de destituir a maioria dos titulares do órgão de gestão de uma entidade com poderes para gerir as políticas financeiras e operacionais dessa entidade;

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iii) Exerça uma influência dominante sobre uma entidade, por força de um contrato celebrado com esta ou de uma outra cláusula do contrato social desta;

iv) Detenha pelo menos 20 % dos direitos de voto e a maioria dos titulares do órgão de gestão de uma entidade com poderes para gerir as políticas financeiras e operacionais dessa entidade, que tenham estado em funções durante o exercício a que se reportam as demonstrações financeiras consolidadas, bem como, no exercício precedente e até ao momento em que estas sejam elaboradas, tenham sido exclusivamente designados como consequência do exercício dos seus direitos de voto;

v) Disponha, por si só ou por força de um acordo com outros titulares do capital desta entidade, da maioria dos direitos de voto dos titulares do capital da mesma.

No que se refere a exclusões da consolidação, nos termos artigo 8.º, a norma é perentória na afirmação de que “uma subsidiária não é excluída da consolidação pelo simples facto

de as suas actividades empresariais serem dissemelhantes das actividades das outras entidades do grupo”, predizendo ainda as seguintes situações:

a) A entidade a consolidar não seja materialmente relevante para o objectivo de as Demonstrações Financeiras consolidadas darem uma imagem verdadeira e apropriada;

b) Restrições severas e duradouras prejudiquem substancialmente o exercício pela empresa mãe dos seus direitos sobre o património ou a gestão dessa entidade; c) As partes de capital desta entidade tenham sido adquiridas exclusivamente tendo em vista a sua cessão posterior, e enquanto se mantenham classificadas como detidas para venda.

A organização do processo de consolidação de contas é muito importante na medida em que envolve um conjunto de pessoas e empresas, sendo os prazos, normalmente apertados. A consolidação de contas passa, pela:

 Determinação do perímetro de consolidação;  Escolha do método de consolidação a aplicar;  Operações prévias à consolidação de contas;

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 Elaboração das demonstrações financeiras.

Os métodos e procedimentos de consolidação, a adotar de acordo com as regras seguintes e demais normas do POCAL, com as necessárias adaptações, devem ser aplicados de forma consistente de um exercício para o outro (ponto 6.1. da Orientação).

Podemos salientar que os métodos de consolidação previstos na Orientação, são:  Método da simples agregação;

 Método de consolidação integral;  Método de equivalência patrimonial.

Método da simples agregação – deve ser aplicado quando, na ausência de qualquer participação no capital das entidades consolidadas, se verifica um efetivo controlo administrativo por parte da entidade consolidante.

Método de Consolidação Integral – O método da consolidação integral deve ser aplicado e, atendendo à instrução do SATAPOCAL, apenas quando a entidade consolidante detém a totalidade da participação nos capitais próprios numa entidade do setor empresarial local. A aplicação deste método realiza‐se de forma idêntica à agregação de saldos, sendo neste caso necessário proceder à eliminação da participação de capital registada em investimentos financeiros.

Método de equivalência patrimonial – O método da equivalência patrimonial (MEP), caracteriza-se por não ser um método de consolidação puro, pelo que não se encontra previsto no SNC como tal. De acordo com a instrução do SATAPOCAL, podem as participações em entidades onde exista uma relação de domínio, mas com detenção de capital inferior a 100%, ser reconhecidas por este método.

O MEP permite apresentar, de forma mais verdadeira e apropriada, as demonstrações consolidadas, sendo utilizado como critério valorimétrico das participações de capital com detenção inferior a 100% e onde o município possui influência significativa. No entanto, à data, não existem participações financeiras detidas pelo município que se enquadrem nesta situação.

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Este método realiza‐se, de acordo com a instrução do SATAPOCAL, pelo ajustamento do investimento financeiro na entidade consolidante, registado inicialmente ao custo de aquisição, o valor dos capitais próprios da entidade participada, sendo a diferença reconhecida inicialmente em fundos próprios. Os efeitos posteriores devem ser tratados com as devidas adaptações, de acordo com o SNC e respetiva NCRF 13, devendo ainda ser anuladas todas as operações não recíprocas.

As principais diferenças entre a Orientação n.º 1/2010 e as instruções do SATAPOCAL, no que respeita a esta matéria, são as seguintes:

1. Método de consolidação integral – as percentagens de participação nas instruções, só se aplicam a entidades detidas a 100%;

2. Pode-se utilizar o método da equivalência patrimonial (MEP) quando a entidade consolidante pretenda, de certa forma, alargar o grupo público municipal, sem ter que elaborar novo conjunto de contas, isto é, o MEP aplica-se a todas as entidades sobre as quais tenha controlo, sejam significativas e não sejam detidas na totalidade.

Diverge também da Lei n.º 2/2007 de 15 de janeiro, que dispõe, no seu artigo 46.º, que os municípios que detenham serviços municipalizados ou a totalidade do capital de entidades do setor empresarial local, devem proceder à elaboração de contas consolidadas.7

As demonstrações financeiras consolidadas são preparadas pelo município (entidade-mãe) combinando as demonstrações financeiras de todas as entidades abrangidas pelo perímetro de consolidação, numa base de linha a linha, adicionando rubricas idênticas de ativos, passivos, fundos próprios/capital próprio, custos/perdas/gastos, proveitos/ganhos/ rendimentos, o mesmo devendo acontecer relativamente a pagamentos e recebimentos, se for elaborado o Mapa de Fluxos de Caixa Consolidado de Operações Orçamentais (ponto 6.1. da Orientação).

7Sem prejuízo dos documentos de prestação de contas previstos na lei, as contas dos municípios que detenham serviços municipalizados ou a totalidade do capital de entidades do sector empresarial local devem incluir as contas consolidadas, apresentando a consolidação do balanço e da demonstração de resultados com os respetivos anexos explicativos, incluindo, nomeadamente, os saldos e fluxos financeiros entre as entidades alvo de consolidação e o mapa de endividamento consolidado de médio e longo prazo.

Os procedimentos contabilísticos para a consolidação dos balanços dos municípios e das empresas municipais ou intermunicipais são os definidos no POCAL.

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Face ao perímetro de consolidação previsto no art.º 46.º, n.º 1, da LFL e com o objetivo de as demonstrações financeiras consolidadas apresentarem informação financeira relativa ao grupo público municipal como se de uma única entidade se tratasse, o diploma prevê, como métodos de consolidação, o da simples agregação e o da consolidação integral.

De acordo com o ponto 4.2.5 das presentes instruções, é igualmente admissível a aplicação do método da equivalência patrimonial se o município elaborar e aprovar demonstrações financeiras consolidadas, tomando por referência um perímetro mais alargado do que aquele que se encontra previsto na LFL.

As demonstrações financeiras consolidadas são elaboradas após a homogeneização da informação e das eliminações de operações internas, nomeadamente as referidas nos pontos seguintes, para que seja possível obter uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira, dos resultados e, eventualmente, da execução orçamental das entidades que integram o grupo público municipal, (ponto 6.1 da Orientação).

Os procedimentos de consolidação entre os municípios e algumas das suas participadas dificultaram-se aquando da introdução do SNC, que trouxe consigo alterações significativas em algumas áreas ─ que divergem ainda mais em relação ao POCAL do que o POC (Plano Oficial de Contabilidade).

Segundo Lopes et al. (2012:36-51), “É de certa forma expectável que no curto prazo venha

a ser introduzido nos municípios o SNC, se bem que, julgamos nós, com algumas limitações nomeadamente a nível das revalorizações e do justo valor….O setor privado já utiliza o SNC-Sistema de Normalização Contabilística que transpôs para o Direito Interno as Normas Internacionais de Contabilidade, enquanto, os vários planos de contabilidade do Setor Público ainda não fizeram aquela transposição (apenas se vislumbra alterações no Ministério da Saúde para 2013), o que vai obrigar as conversões, nomeadamente quando o perímetro englobar entidades que utilizam o SNC….Por outro lado a Orientação n.º 1/2010 refere que devem ser utilizadas como referência as normas IPSAS-Internacional Public Setor Accounting Standards que são baseadas nas NIC-Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB, no entanto os diversos planos de contabilidade setoriais ainda não se adaptaram a estas normas, pelo que se torna urgente esta alteração”..

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