• Nenhum resultado encontrado

Observação “in lócus”: Alguns Indicadores de Acessibilidade da Escola.

O conceito de acessibilidade deve ser entendido de modo ampliado e considerado com uma das formas de eliminação das barreiras físicas, arquitetônicas, atitudinais, programáticas e materiais77. Deve garantir, assim, a TODOS o acesso e usufruto dos bens e serviços produzidos pela sociedade. Desta forma foram observados e levantadas informações que desvelaram alguns aspectos referentes à acessibilidade das escolas.

A - Observação “in lócus” das barreiras físicas - arquitetônicas da Escola.

Para a acessibilidade física - arquitetônica, foi realizada uma sessão de filmagem do espaço físico escolar e observado como as pessoas utilizavam e transitavam pelo mesmo; foram tiradas medidas dos cômodos (dos ambientes), das áreas de circulação, de rampas e escadas, foram tiradas, também, medidas dos mobiliários existentes nos mesmos.

As medidas encontradas foram comparadas às medidas contidas na ABNT/NBR 9050 (ABNT, 2004) e analisados aspectos referentes à acessibilidade física.

B- Observação “in lócus”das barreiras atitudinais existentes na escola:

Durante a permanência da pesquisadora nas escolas, em um Diário de Campo, foram tomadas notas das impressões da mesma sobre as relações interpessoais estabelecidas entre os diversos profissionais da escola. Também foram anotadas as

77

Vale salientar que os indicadores referentes às barreiras programáticas e materiais foram retirados das entrevistas realizadas com a diretora, supervisora e professora, assim como também das análises documentais realizadas.

impressões referentes às atitudes e às opiniões dos diversos profissionais da escola frente à inclusão do aluno com Síndrome de Down. Estas anotações foram realizadas a partir das próprias observações da pesquisadora assim como também de “conversas informais” que mantinha com os vários profissionais da escola. Foram anotadas impressões da pesquisadora a cerca de: sentimentos expressos ao lidarem com aquelas crianças, opiniões positivas e/ou negativas sobre a pertinência, ou não, da inclusão daquelas crianças na escola, orientações recebidas quanto aos procedimentos e atitudes a serem tomados frente àquelas crianças; percepções dos profissionais com relação às atitudes e comportamentos de outras crianças com as crianças com Síndrome de Down e etc;

3ª ETAPA: Entrevista de Narrativa de História de Vida e Entrevista Centralizada Realizadas com a Professora.

Esta etapa teve como objetivo a obtenção de informações/indicadores que pudessem nos revelar os sentidos que a professora atribui ao processo de inclusão escolar e sua atividade docente. Foram realizadas, entre os meses de maio e outubro de 2007, com a professora Vicentina, uma (01) entrevista de Narrativa de História de Vida e duas (02) entrevistas Centralizadas; a primeira teve como foco o tema inclusão escolar, e a segunda a atividade docente.

Por serem entrevistas recorrentes, todas foram devolvidas a professora que, após a leitura, fez sugestões para modificações. Foi realizado então, no mês de novembro, mais um encontro com a professora em que foram discutidas as modificações sugeridas, e propostas novas questões.

Vale salientar que as modificações solicitadas pela professora incidiram sobre a forma em que a entrevista foi grafada, uma vez que foi transcrita literalmente; o conteúdo foi mantido na íntegra.

4ª ETAPA: Observações com Videogravações

Constituiu-se das sessões de observação utilizando a videogravação das atividades pedagógicas da professora realizadas em sua sala de aula. Esta etapa ocorreu entre os meses de abril a novembro de 2007. Teve como objetivo a obtenção de cenas da atividade docente da professora que foram utilizadas posteriormente nas autoconfrontações simples e cruzada.;

A fim de tornar as filmagens o mais natural possível78 para professora e alunos, as seguintes estratégias de ação foram realizadas:

a- A professora apresentou a pesquisadora para os alunos e explicou que ela estava fazendo um trabalho e que, por um tempo, visitaria a sala para fazer as videogravações.

b- A pesquisadora, por alguns dias, permaneceu em sala de aula sem a presença da câmera;

c- A pesquisadora assistiu algumas aulas de posse da câmera, fez filmagens aleatórias deixando que as crianças se vissem no visor , tocassem a câmera, etc.;

d- Foram combinados, entre pesquisadora, assistente de pesquisa79 e professora ,os dias e horários em que seriam realizadas as filmagens. Vale ressaltar que foram escolhidos aqueles dias em que, por maior período de tempo, a professora permanecia em sala de aula com os alunos (pois esses tinham outras atividades realizadas com outros professores como “Projeto Escolarte”, aula de biblioteca etc.

e- Quando a pesquisadora sentiu que a sua presença e a da câmera já não causavam “muito estranhamento”, foram realizadas filmagens com o propósito de se fazer as confrontações.

As gravações realizadas se deram com câmera móvel e o principal foco foi a interação professor/aluno durante as atividades pedagógicas. Em alguns momentos, também, foi videogravada a interação do aluno com os demais colegas e, em outros momentos, do aluno dedicando-se a atividade pedagógica proposta enquanto a professora se dedicava à outra atividade como, por exemplo, rodar exercícios no mimeógrafo, corrigir o caderno de para casa, etc.

As videogravações feitas com intencionalidade de serem utilizadas nas autoconfrontações foram realizadas no período compreendido entre os meses de agosto a

78

Acreditamos que a presença de alguém externo a escola na sala de aula, quebra a rotina da mesma e que, por mais que tentemos “naturalizar nossa presença”, ela sempre pertencerá ao externo, a uma situação “artificial”; entretanto, cremos também que, mesmo sendo uma situação “artificial” já que as filmagens das atividades foram combinadas previamente, há sempre algo que nos escapa, algo inusitado, pertencente ao momento da interação, das trocas intersubjetivas professor/aluno.

78

Gostaria de esclarecer que a pesquisadora é professora de Psicologia da Educação na UFVJM/MG e orienta alunas (os) de iniciação científica e/ou Trabalho de Conclusão de Curso TCC. Uma dessas alunas utilizando os pressupostos teóricos-metodológicos da Psicologia Sócio-Histórica, desenvolveu um trabalho de TCC que teve como temática os sentidos e significados que mães atribuíam ao aleitamento materno. Essa aluna foi então convidada pela pesquisadora para ajudar nas transcrições das entrevistas realizadas, para ajudar nas sessões de videogravações, edições dos episódios para as autoconfrontações. Também ajudou nas videogravações das autoconfrontações simples e cruzadas realizadas com as professoras, assim como também nas transcrições das mesmas. Dessa forma, foi considerada e denominada por nós como “Assistente de Pesquisa”.

novembro de 2007. Vale ressaltar que não foi utilizada a câmera fixa como previsto, uma vez que a sala não apresentava espaço adequado (suficiente) para a mesma.

O critério estabelecido para a tomada de foco das cenas a serem filmadas foi que estas contivessem a professora em sua atividade docente em interação com o aluno, e com as outras crianças, e cenas que contivessem a presença da criança com deficiência em interação com outras crianças ou realizando as atividades propostas pela professora.

5ª ETAPA: Sessões de Autoconfrontações

Esta etapa foi dividida em duas fases.