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1.3. C ONTEXTO , R ELEVÂNCIA E P ERTINÊNCIA DO E STUDO

3.4.1.1. Observação participante

Segundo Sousa (2009) a observação constitui uma excelente técnica de recolha de dados para a investigação em sala de aula já que, ao contrário de outras técnicas, “(…) permite efectuar registos de acontecimentos, comportamentos e atitudes, no seu contexto próprio e sem alterar a sua espontaneidade” (p. 109). Uma vez que, neste estudo, se pretendeu estudar o comportamento de um pequeno grupo de alunos no seu contexto natural, e tendo também em conta que, no decorrer das atividades, a investigadora assumiu simultaneamente o papel de observadora e de mestranda atuante, optou-se por um tipo de observação participante, já que ocorreu o “(…) envolvimento pessoal do observador na vida da comunidade educacional que pretende estudar, como se fosse um dos seus elementos, observando a vida do grupo a partir do seu interior” (ibidem, p. 113). Este tipo de observação provou ser vantajoso no contexto deste estudo já que permitiu à investigadora “(…) captar a situação vivencial que contextualiza os acontecimentos observados” e obter “(…) uma maior compreensão dos pensamentos e motivações dos sujeitos” (ibidem, idem), processos estes essenciais para o desenvolvimento de estudos de caso (Sousa, 2009; Yin, 2010; Coutinho, 2011).

Para colmatar algumas desvantagens da observação participante, como a dificuldade de proceder ao registo dos dados quando os factos ocorreram em simultâneo (por exemplo, quando duas ou mais crianças intervieram ao mesmo tempo), quando a duração dos acontecimentos foi demasiado rápida para realizar esse registo, ou ainda quando a investigadora teve de interromper o seu papel de observadora para dar resposta a algumas situações imprevistas em contexto de sala de aula, procedeu-se ao registo factual dos comportamentos observados através de gravações áudio e audiovisual, já que estas permitem revisitar o contexto a posteriori e fazer observações mais detalhadas e focadas dos acontecimentos (Sousa, 2009).

3.4.1.2. Inquérito

Uma vez que, com este estudo, se pretendeu obter as opiniões, atitudes e pensamentos de um grupo de alunos relativamente aos traços e aos papéis de género atribuídos por

69 cada aluno a meninas e meninos, tornou-se pertinente proceder, nas fases inicial e final desta investigação, a inquéritos por entrevista a esses alunos (Sousa, 2009).

3.4.2.INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

3.4.2.1. Entrevistas

De acordo com Sousa (2009) a entrevista é um instrumento de recolha de dados através do qual se questiona diretamente o sujeito, estabelecendo com ele “(…) uma conversa amena e agradável no decurso da qual o entrevistado vai proporcionando as informações que o entrevistador espera” (p. 247), sendo portanto orientada para um ou mais objetivos de investigação. O autor afirma ainda que através deste instrumento o entrevistador pode obter uma “maior compreensão das respostas, das motivações e da linha de raciocínio” (ibidem, idem) dos entrevistados, sendo por isso um instrumento muito importante para o desenvolvimento de estudos de caso (Yin, 2010; Coutinho 2011), já que permite obter, de forma compreensiva, as perspetivas dos entrevistados sobre o fenómeno em estudo.

Optou-se, neste estudo, pela realização de entrevistas individuais semi-dirigidas, já que de acordo com Sousa (2009) este tipo de entrevista apresenta a vantagem de permitir ao entrevistador colocar questões não estipuladas previamente e que lhe possibilitem aprofundar a linha de raciocínio do entrevistado, se tal lhe interessar. Deste modo, a investigadora elaborou dois guiões de entrevista, um para as entrevistas semi-dirigidas 1 e 3 (Anexo 5) e outro para a entrevista semi-dirigida 2 (Anexo 6). As entrevistas semi- dirigidas 1 e 3 basearam-se no mesmo guião com o intuito de comparar as repostas obtidas, às mesmas questões, em dois momentos diferentes – antes do início e após o final da intervenção pedagógica, para desse modo identificar eventuais diferenças nas ideias expressas pelos participantes.

É importante mencionar que os guiões de entrevista foram verificados e validados pela professora orientadora desta investigação e pela professora titular da turma com a qual se realizou o estudo, tendo a investigadora considerado os seus feedbacks para redigir questões mais claras e ordenadas tendo em vista os objetivos de investigação delineados para estas entrevistas. Antes da implementação da entrevista semi-dirigida 1 foi realizada uma entrevista piloto no dia 13 de outubro de 2015 a uma aluna do sexo feminino, selecionada aleatoriamente e que não integrou o grupo de crianças que

70 participaram no estudo. A realização desta entrevista piloto permitiu à investigadora refletir sobre os aspetos a melhorar na condução das entrevistas: falar mais pausadamente, reformular as questões colocadas por forma a promover uma maior compreensão das crianças face às mesmas e explorar mais as respostas dadas pelas crianças, preparando algumas questões adicionais às inicialmente previstas. A investigadora obteve autorização prévia, da parte dos entrevistados e dos seus encarregados de educação, para realizar estas entrevistas e proceder à gravação áudio das mesmas.

3.4.2.1.1. Procedimentos de recolha de dados nas entrevistas

A entrevista semi-dirigida 1 foi realizada nos dias 19 e 20 de outubro de 2015, uma vez que no primeiro dia, por falta de tempo, não houve possibilidade de entrevistar todos os participantes do estudo. Para responderem às questões colocadas na entrevista, as crianças entrevistadas foram chamadas individualmente para o exterior da sala, num local com pouco ruído. No primeiro dia, foram entrevistadas a Menina 2, o Menino 1 e o Menino 2 e no segundo dia foi entrevistada a Menina 1.

A entrevista semi-dirigida 2 foi realizada no dia 19 de outubro com a professora titular de turma, também no exterior da sala, num local com pouco ruído.

A entrevista semi-dirigida 3 foi realizada nos dias 19 e 26 de janeiro de 2016. Tal como na entrevista semi-dirigida 1, os alunos foram chamados individualmente para responderem às questões no exterior da sala. No primeiro dia foram entrevistados a Menina 1, a Menina 2 e o Menino 1. Uma vez que o Menino 2 se encontrava de atestado médico nessa semana, foi entrevistado apenas na semana seguinte.

As entrevistas semi-dirigidas 1, 2 e 3 foram ouvidas sucessivamente e transcritos os elementos de registo enquadráveis nas categorias e subcategorias de análise referidas no ponto 3.4.3.1. do presente capítulo.

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