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Para realizar essa pesquisa, utilizamos a técnica da observação participante, qualitativa, rigorosa, sistemática e vivencial. É participativa, embora participativa não implique aqui seu delineamento conjunto. Ela foi delineada e reorientada para manter-se adequada e sensível às características da situação. Entendemos a pesquisa como prática investigativa e participação enquanto valorização e uso das perspectivas vivenciadas pelos sujeitos envolvidos.

A observação participante foi do tipo não-estruturada, na qual os fenômenos a serem observados não são predeterminados; eles foram observados e relatados da forma como aconteceram, visando descrever e compreender o que estava ocorrendo na situação dada.

As vantagens dessa técnica, segundo Alves-Mazzotti; Gewandsznajder (1999), são: independe do nível de conhecimento e da capacidade verbal dos sujeitos; permite “checar”, na prática, a sinceridade de certas respostas ou comportamentos que poderiam ser

dados apenas para “causar boa impressão”; permite identificar comportamentos não- intencionais ou inconscientes e explorar temas sobre os quais os sujeitos não se sentem à vontade para discutir; e permite o registro dos fenômenos o mais próximo possível do seu contexto temporal e espacial. O pesquisador torna-se praticamente mais um membro do grupo sob observação. O grupo, familiarizado com sua presença, continuará desempenhando suas atividades normalmente. Com o passar do tempo, diminuirão as possíveis inibições e provavelmente não haverá tentativas de influenciá-lo com procedimentos que fujam ao seu comportamento normal. O observador deve conseguir um bom nível de integração grupal pelo fato de que os membros, acostumados com sua presença, se esquecerão ou ignorarão que há um estranho entre eles. Mas o observador não deve se tornar tão “participante” ao ponto de perder a objetividade que o trabalho científico exige, passando a ver e registrar os fatos carregados de afetividade.

Não tínhamos hipóteses prévias a serem testadas diretamente, apenas hipóteses provisórias que foram aperfeiçoadas ou não pela própria observação. Trabalhamos com dados qualitativos, obtidos por meio de estudo longitudinal, englobando todo o contexto subjetivo dos sujeitos. Tivemos supervisões semanais com o professor orientador.

A técnica da observação participante envolveu três fases: aproximação da instituição e estabelecimento de vínculos com seus membros; realização da observação no contexto dos sujeitos para a coleta de dados; e registro posterior dos fenômenos, comportamentos, ações, diálogos e acontecimentos observados. Passamos a descrever cada um deles a seguir.

Na etapa de inserção no grupo, o pesquisador procurou estabelecer uma relação tal com os membros da instituição que facilitasse sua aceitação progressiva. Entretanto, buscou ser aceito como realmente é, como alguém que vem de fora, que deseja fazer uma pesquisa

útil e importante. O pesquisador esforçou-se também por manter uma posição científica diante da realidade e das ações dos sujeitos.

Entendemos que essa é a técnica mais adequada para a realização desta pesquisa. A observação é o exame minucioso de um fenômeno no seu todo ou em alguma de suas partes, buscando a captação precisa do objeto examinado. Ela é um instrumento básico da pesquisa científica (RICHARDSON, 1985), tornando-se uma técnica científica quando serve a um objetivo explícito de pesquisa; é sistematicamente planejada, registrada e interpretada.

O pesquisador-observador não é apenas um espectador do fato que está sendo estudado; ele se coloca ao nível dos outros elementos humanos que compõem a situação estudada. Para isso, é fundamental estabelecer vínculos com os sujeitos da pesquisa e manter com eles um relacionamento agradável e de confiança. O observador participante tem mais condições de presenciar e compreender os hábitos, atitudes, comportamentos e relações interpessoais da vida dos sujeitos.

Procedimentos para a realização das observações: a coleta de dados no campo de pesquisa foi o trabalho que permitiu ao pesquisador a aquisição de uma visão mais ampla da vida da instituição, com sua organização interna e suas relações. Permitiu também a captação da percepção que seus membros têm da própria situação. Esta etapa pretendeu ser uma interação entre teoria e observação, constituída por dois momentos diferentes: a construção de hipóteses-tentativas baseadas na observação e no estudo e a verificação dessas hipóteses através da prática da observação e do diálogo na situação de pesquisa.

O pesquisador foi para a instituição onde vivem os sujeitos conforme combinado. Observou a vida cotidiana desse Seminário Católico uma vez por semana. Freqüentou as aulas, as celebrações litúrgicas, as refeições, os momentos de lazer, etc.

Buscamos estabelecer um contato inicial com os indivíduos presentes no ambiente da instituição. Houve liberdade para perguntas permitindo-nos a flexibilidade necessária em

cada situação concreta. Não procuramos efetuar nenhuma intervenção direta, mas somos conscientes de que a presença do observador no ambiente institucional já implica um certo grau de interferência que modifica o objeto de estudo e por isso mesmo torna-se parte da situação de observação.

O campo particular da observação foi constituído por um enquadramento que buscou transformar em constantes algumas variáveis: a atitude técnica do observador, os objetivos da visita de observação, lugar e tempo definidos. Entendemos que o campo da observação é dinâmico: está sujeito à permanente mudança e a observação procurou abarcar em cada momento a continuidade e os sentidos das mudanças.

Levamos em conta durante as observações: a relação interpessoal de interação e comunicação entre os participantes, seminaristas e formadores, e o próprio observador com suas manifestações psicológicas.

Não realizamos anotações durante a observação, para evitar inibições que tornariam a situação mais artificial. O registro das observações foi elaborado posteriormente ao seu término, descrevendo o que ocorreu durante a visita, obedecendo a seqüência temporal em que os fatos se deram. Como já afirmamos, entendemos que fazer anotações durante a visita de observação é um fator potencialmente perturbador, inclusive, no sentido de desviar a atenção dos sujeitos observados.

Realizamos um total de 20 visitas de observação participante. Os dados obtidos através dessas visitas de observação foram sistematizados em categorias analíticas. Para isso, nos inspiramos em Goffman (1987). Vamos nos limitar a apresentar fragmentos do relato original dessas visitas de observação, na análise e interpretação dos dados coletados.

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