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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.7. Ocorrência do 210 Pb

O 210Pb é produto de decaimento da série do 238U, a qual é a única fonte natural

deste nuclídeo na crosta terrestre, sendo que a sua existência na biosfera está relacionada à

presença do próprio urânio bem como à de seus descendentes, associados ao movimento e

O 210Pb junto com o seu progenitor, o 226Ra, é um dos radionuclídeos naturais que

contribui com a mais alta dose de radiação para o homem (WHO, 2004). Além do 210Pb

(T½=22,3 anos), existem ainda mais três isótopos do chumbo que ocorrem como membros das três séries radioativas naturais: o 214Pb (T½=26,8 min), o 212Pb (T½=10,64 h) e o 211

Pb (T½=36,1 min). Entretanto, estes isótopos, por possuírem meias vidas curtas, quando comparadas com a do 210Pb, não são considerados relevantes em termos de proteção

radiológica.

O 210Pb e seus filhos originam-se do decaimento do 222Rn. Este radionuclídeo

pode ser encontrado em vários compartimentos do meio ambiente e em organismos vivos,

podendo resultar em dose de radiação para o homem, devido aos processos de inalação e

ingestão. As fontes que mais contribuem com a dose de radiação no homem são o ar

atmosférico, os alimentos e água potável (JAWORAWSKI, 1969).

2.7.1. Fontes de 210Pb no meio ambiente

2.7.1.1. Precipitação pluviométrica

Patterson; Lockhart (1964) afirmaram que todo o 210Pb existente na atmosfera

retorna a terra, principalmente pela ação de arraste com a água da chuva em altitudes de 1 a

10 km.

Algumas flutuações na concentração de 210Pb são encontradas no gelo glacial da

Europa e Antártica. Estas flutuações são causadas por influências naturais e atividades

trabalhos determinam à idade do gelo e neve glacial pela medida da atividade de 210Pb

(JAWORAWSKI, 1969).

A neve e a precipitação pluviométrica são raramente utilizadas para o consumo

humano. Mas, em algumas regiões, como o Ártico, esta é a principal fonte de água

utilizada, a ingestão dessa água contribui de forma significativa para a ingestão diária de

210

Pb (JAWORAWSKI, 1969).

2.7.1.2. Água Potável

Segundo Cothen e Lappenbush (1986) a água potável, junto com os alimentos e ar

atmosférico, é uma das principais fontes de 210Pb no meio ambiente e contribui com uma

fração na dose ambiental recebida pelo homem. Em seus estudos, Holtzman (1964), afirma

que a contribuição do chumbo na dose é pequena, porque geralmente a água potável

utilizada para o consumo humano passa por extensos tratamentos físico-químicos, o que

reduz o teor de 210Pb. De acordo com o mesmo autor, 40% a 90% de 210Pb são removidos

da água, que passa por uma estação de tratamento físico-químico. Em seu trabalho, o valor

da concentração de 210Pb, para águas tratadas, foi igual a 0,74 ± 0,67 mBq/L; enquanto que, em águas não tratadas, foi de 4,7 ± 2,0 mBq/L.

Alguns sistemas públicos de abastecimento de água podem conter concentrações

de 210Pb comparáveis àquelas da precipitação pluviométrica (JAWORAWSKI, 1969).

Essas concentrações variam amplamente conforme a fonte, pois a água consumida em

Em 1974 Parfenov encontrou valores de concentração de 210Pb em águas potáveis

em diferentes sistemas de abastecimento público em vários países do mundo. Nos EUA

esses valores variaram até 1,1 mBq/L de 210Pb e na Ex - União Soviética as concentrações

de 210Pb variaram até 3,5 mBq/L em águas de origem pluvial (chuva) e fluvial (rios),

tratadas ou não.

Já GOBEL et al. (1966) em água potável encontraram na Alemanha valores de

210

Pb em torno de 6,0 mBq/L. Enquanto que Jaworawski (1969), em vário países,

constatou concentrações em torno de 4,7 mBq/L.

Grandes variações entre as concentrações de 210Pb e as de seus antecessores, o

226

Ra e o 222Rn, têm sido constatadas por diversos pesquisadores. Amostras de águas

potáveis coletadas em Illinois, nos Estados Unidos, apresentaram concentrações em torno

de 1,9 mBq/L para o 210Pb. Enquanto que, as concentrações de 226Ra e 222Rn nas mesmas

amostras variaram de 0,7 a 836,2 mBq/L e de 1.100 a 11.100 mBq/L, respectivamente.

2.7.1.2.1. Recursos subterrâneos

JAWORAWSKI (1969) afirmou que o teor de 210Pb nas águas de poços profundos

é mais baixo do que o de águas de poços mais rasos em vários países do mundo,

apresentando um valor médio de 1,1 mBq/L. Em águas de poços rasos, o 210Pb origina-se

de arraste provocado pela água da chuva, como da lixiviação deste radionuclídeo das

rochas circunvizinhas. Em poços profundos, por outro lado, o 210Pb e o seu descendente, o

210

Po, podem provavelmente originar-se apenas da lixiviação das rochas circunvizinhas e

Valores de concentrações de 210Pb em águas potáveis nos EUA, oriundos de

recursos subterrâneos (poços), foram determinados por

COWART et al. (1987), KRISHNASWAMI (1982) e NARITA (1989) da ordem de

107,7 mBq/L, 4,44 mBq/L e 8,68 mBq/L, respectivamente.

Jaworowski em 1969 coletou água subterrânea em vários poços na Polônia e na

França. Os valores dos níveis de concentrações de 210Pb encontrados nesses poços ficaram

em torno de 74,0 mBq/L e 259,0 mBq/L, respectivamente.

Bettencourt em 1988, em Portugal, em trabalho de pesquisa nas águas

subterrâneas encontrou uma das mais elevadas concentrações de 210Pb na ordem de

392,0 mBq/L.

Estudos realizados por Saad (1974) e Almeida (1974) comprovam que a fosforita

do nordeste do Brasil apresenta uma das mais elevadas concentrações mundiais de U3O8

(30 a 50ppm), quando comparadas com outras ocorrências mundiais.

Silva (1995) determinou os teores de 210Pb em águas subterrâneas de dois

municípios da região fosfática de Pernambuco, localizados geograficamente dentro da

Região Metropolitana do Recife, encontrando em 22 poços do lençol freático valores que

variaram de 85,0 até 524,9 mBq/L, com média de 163 mBq/L.

2.7.1.2.2. Recursos superficiais

A presença do 210Pb em águas superficiais, tais como rios e lagos, decorre tanto da

deposição atmosférica deste radionuclídeo, devido ao decaimento do 222Rn, como da

Estudos realizados por Schell (1977) apresentam concentrações de 210Pb em águas

superficiais do Pacífico Norte, variando de 1100 a 1500 mBq/L. As concentrações sofrem

influências naturais provocadas por atividades humanas.

Holtzman (1964) apresentou concentrações de 210Pb variando de 4,81 a

247,9 mBq/L, em águas do rio Colorado, e concentrações de cerca de 92,5 mBq/L em

águas de chuva.

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