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Fonte: PIAZZA, Walter F. a colonização de Santa Catarina. 3°ed. Florianópolis: Lunardelli, 1994. p.252.

Das empresas que atuaram no antigo município de Chapecó, destacamos a empresa Chapecó-Peperi, que possuía sede em Carazinho (RS). Adquiriu terras da Brazil Railway Company em 1919, estimadas em 20.978 lotes de 25 hectares, porém um imbróglio entre a multinacional norte-americana e a Empresa Colonizadora Oeste Catarinense, modificou o local das terras que comprou, recebendo no local entre o rio das Antas e o rio Peperi. Firmou sua sede em Porto Feliz (atual município de Mondaí), porém a falta de acesso por estradas próximas pelo lado do Rio Grande do Sul, ocasionou pesados encargos no início de sua atuação. No

entanto começou a sair da crise quando vendeu lotes coloniais a outra colonizadora, a Volksverein.

A Volksverein era uma sociedade católica cujo objetivo era a criação de uma colônia destinada a teuto-brasileiros católicos. Adquiriu suas terras da empresa Chapecó-Peperi. Em 10 de abril de 1926, fundam a sede da colonização em Porto Novo (Itapiranga), a frente desse empreendimento estava o experiente padre jesuíta Max de Lassberg. A Empresa Barth Benetti e Cia, que também comprou as terras da Chapecó-Peperi, atuou na região onde hoje é São Miguel do Oeste, fundando essa vila em 1940.

A empresa Bertaso Maia e Cia eram responsáveis pelas terras onde hoje está localizada a cidade de Chapecó. Criada inicialmente para colonizar as terras dos herdeiros da baronesa de limeira, posteriormente adquiriu outras áreas, além de receber terras em troca da construção da estrada Passo do Goio-En a Passo dos índios. A companhia se distingue de outras, pois os proprietários mudaram para a região e investiram os recursos no local, diferente de outras colonizadoras que os lucros da venda de terras e madeiras eram direcionados aos sócios residentes em outros locais, na maioria das vezes, para o Rio Grande do Sul. Essa empresa colonizou predominantemente com ítalo-brasileiros.

A Companhia Territorial Sul Brasil, comprou as terras da Empresa Colonizadora Oeste Catarinense em 1925, e atuava na região entre os rios Chapecó e rio das Antas, ao norte do rio Uruguai. Em frente a sua área de colonização, do outro lado do rio Uruguai, ficava a vila de Iraí, famosa por suas águas termais, onde possuía estradas que ligavam as antigas colônias gaúchas, além do telégrafo, o que em comparação a terras de outras companhias do Extremo Oeste, melhorava o deslocamento para a colonização de suas terras.

3.2 A FORMAÇÃO DA COMPANHIA SUL BRASIL

A concessão das terras que mais tarde seriam adquiridas pela Companhia Territorial Sul Brasil, a área localizada ao norte do rio Uruguai, entre o rio Chapecó e das Antas, foi concedida ao empresário e influente figura na política catarinense, coronel José Rupp. Este empresário teve vários contratos firmados com o estado catarinense, recebendo como pagamento terras devolutas, demonstrando o bom trânsito que tinha com autoridades estaduais.

O primeiro contrato feito entre José Rupp e o governo estadual foi em 10 de janeiro de 1919. Neste contrato o estado arrendou uma área ao oeste para a extração da erva-mate, durante

oito anos, e preferência em iguais condições em caso de renovação, com o compromisso de exportar o valor mínimo de 50 mil arrobas/ano138.

Em 15 de setembro de 1919 foi assinado o segundo contrato, no qual o empresário se comprometia em construir a estrada entre Cruzeiro e Passo Bormann até julho de 1920. Receberia cinco mil réis (5$000)139 o metro linear de estrada construída em terrenos regulares, e 10 mil réis (10$000) em lugares pedregosos e rochosos, além do pagamento a parte pelas obras de arte (bueiros e pontes). O pagamento seria realizado com terras devolutas entre o rio Chapecó e o rio das Antas. A estrada deveria ter 5 metros de largura, e a cada metro linear de estrada o estado concedia 10 mil m² (1 hectare) de terra. O contrato foi alterado em 26 de fevereiro de 1926, prevendo o prolongamento da estrada até a fronteira com a Argentina140.

O terceiro contrato foi feito em 13 de julho de 1920, para a construção de uma estrada ligando o povoado de Erval Velho ao rio Canoas, totalizando 80,8 km, na mesma base do contrato anterior141. Os objetivos eram acumular o máximo de terras possível para a colonização e extração da madeira, tirando proveito da amizade com o então governador Hercílio Luz e com seu filho deputado Abelardo Luz, conseguindo contratos vantajosos.

Mesmo em posse dos contratos, José Rupp não dispunha de tantos recursos para executar a exploração. Então com os deputados, Dr. Henrique Rupp Junior e Abelardo Luz, além do coronel Fidêncio de Souza Mello Filho, criaram a empresa Construtora e Colonizadora Oeste Catharinense, com sede em Porto Alegre (RS). Nesta companhia atraíram capital gaúcho para explorar as concessões, correspondentes ao segundo e ao terceiro contratos de José Rupp com o estado. Contava com o capital de acionistas secundários gaúchos, entre eles: coronel Severino de Souza e Almeida, Augusto Sheerer, Pedro Benjamim de Oliveira, Emílio Getrum, Frederico Carlos Gomes, estes três últimos proprietários do Banco Nacional do Comércio.

Abelardo Luz, na época, por ser deputado e filho do governador teve que sair da sociedade desta companhia, deixando livre para seu pai agir em favor da empresa, pois a Brazil Railway Company, reivindicava a posse das concessões do estado ao Oeste pelos contratos emitidos com o Paraná. A empresa Oeste Catharinense, em posse dos contratos de José Rupp, construiu a estrada de rodagem Erval Velho - rio Canoas, concluída em janeiro de 1923, e fez

138 WERLANG, op. cit., p. 36.

139 Para uma comparação do baixo preço pago pelas terras, dois quilos de sal iodado eram comercializados no Rio

de Janeiro por 800 réis, em janeiro de 1920 (Fonte: JORNAL DO BRASIL. Classificados. Jornal do Brasil, RJ, domingo 4 jan. 1920.p.4). Enquanto que a Companhia Sul Brasil havia conseguido suas terras a 5000 réis o hectare, a Chapecó-Peperi pagou 15835 réis, a Brazil Railway, ou seja três vezes mais (WERLANG, op. cit, p. 35).

140 PILATI, op. cit., p. 23; WERLANG, op. cit., p. 37. 141 WERLANG, op. cit., p. 37.

50 km da estrada Cruzeiro - Passo Bormann, quando o estado rescindiu o contrato em favor da Brazil Railway Company, em janeiro de 1922.

Como pagamento destas obras a empresa recebeu a concessão de títulos de três glebas de terras devolutas entre o rio Chapecó e o rio das Antas:

A primeira ocorre em 13 de novembro de 1920, registrada em 16/03/1921 sob o número 200, livro n° 3 de Transcrição de imóveis da comarca de Chapecó, com 467.074,800 m² (46.707 hectares). A segunda ocorre em 10 de novembro de 1922, registrada em 15/05/1923, sob o n° 354, livro n.3 de Transcrições de Imóveis da Comarca de Chapecó, com uma área de 1.702.238.896 m², (170.223 hectares). A terceira concessão ocorreu 06 de dezembro de 1923, registrada em 01/05/1923, sob o n° 353, livro n. 3 de Transcrições de Imóveis da Comarca de Chapecó, com uma área de 297.761.104 m², (29.776 hectares)142.

A concessão da Empresa Construtora Oeste Catharinense correspondia a 2.467.074.800 m² (246.707 hectares). Conforme o Mapa 8, indica parte das terras requeridas por José Rupp, seus muitos rios e a cobertura vegetal de “mato branco virgem”.