Oferta e trade turístico

Dias e Cassar (2005) descrevem a oferta turística como tudo aquilo que pode ser oferecido ao consumidor-turista. Ou seja, são os bens e serviços disponíveis no mercado para atender às necessidades e interesses desse grupo de pessoas. A oferta turística é formada por alguns componentes que podem ser classificados em cinco grandes categorias, conforme Quadro 5, a seguir:

Quadro 5 - Componentes da oferta turística

Categorias Exemplos

Ar, clima, acidentes geográficos, terreno, flora, fauna, Recursos naturais massas de água, praias, belezas naturais, abastecimento de água potável, usos sanitários e

outros.

Patrimônio arquitetônico, acervos dos museus, cultura da população local, sua gastronomia típica, seu

Recursos culturais artesanato, folclore, seus eventos, hábitos e costumes, sua música, literatura, língua etc.

Meios de hospedagem, transportes turísticos, locação de veículos e embarcações, serviços de alimentos e

Serviços turísticos bebidas, serviços de organização e eventos, espaços de eventos, serviços de entretenimento, serviços de

receptivo turístico etc.

Sistemas de abastecimento de água e de coleta, tratamento e despejo de esgotos, redes de distribuição de gás, de coleta de águas pluviais, de

Infraestrutura telefonia, de fibras ópticas de distribuição de energia elétrica e de iluminação pública, sistema viário, mobiliário urbano e terminais de transportes (aeroportos, portos, marinas, rodoviárias, estações

ferroviárias).

Serviços bancários, de saúde, de comunicações, de Serviços urbanos de apoio ao segurança pública, de apoio a automobilistas, além de turismo comércio especializado para turistas.

Fonte: Adaptado de Ignarra (2003, p. 52).

Os recursos naturais e culturais formam os atrativos turísticos. Essa atratividade no turismo pode variar de pessoa para pessoa visto que envolve aspectos subjetivos como motivação, avaliação ou gosto pessoal. Um museu, por exemplo, pode ter grande importância para a população local e nenhuma para os visitantes. Ou, alguns elementos de certa localidade podem não ser mais atrativos para seus habitantes, mas chamar a atenção de pessoas de outros lugares. Os turistas, na maioria das vezes, procuram elementos distantes de seu cotidiano, assim, o “atrativo turístico possui, via de regra, maior valor quanto mais acentuado for o seu caráter diferencial” (MOTA, 2001, p. 53).

Em relação aos serviços turísticos, os visitantes precisam consumir diversos deles para poder usufruir dos atrativos. Atualmente, a questão da qualidade é um fator diferencial para a escolha entre os concorrentes. Ao disputar um mesmo consumidor as empresas preocupam-se em ofertar serviços que atendam aos padrões exigidos pela demanda, que pode envolver qualidade, bom atendimento, preço, etc.

Quanto à infraestrutura, considerada como uma condição necessária para o desenvolvimento do turismo, depende da disponibilidade de alguns insumos para sua implantação. Ignarra (2003) cita o exemplo de um resort a ser colocado na beira de uma praia deserta, o qual precisará de elementos básicos como energia elétrica e rede de esgotos para não poluir a água. Outro quesito de fundamental importância para uma boa infraestrutura é a capacitação dos recursos humanos. Por ser uma atividade econômica de prestação de uma variedade de serviços, o turismo depende de profissionais qualificados, especializados em determinadas áreas para o seu desenvolvimento. Muitas localidades turísticas com potencial não conseguem se desenvolver muitas vezes por não investir em capacitação de seus recursos humanos.

Por fim, temos os serviços públicos, conceituados como o conjunto de serviços públicos necessários no consumo turístico. São serviços básicos como de transportes, saúde, bancários que juntamente com bons atrativos e bons serviços turísticos formam o conjunto de elementos da oferta turística necessários para o desenvolvimento do turismo em cada localidade.

Diante do exposto, percebe-se que os atrativos naturais e culturais, juntamente com a oferta de bens e serviços atraem turistas de todos os lugares do mundo. Essa combinação de recursos e serviços forma o produto turístico, isto é, um conjunto de elementos tangíveis e intangíveis que se apresenta como um aglomerado, mas que juntos possuem um valor turístico. Entre os tangíveis encontram-se os bens, os recursos, as infraestruturas e os equipamentos, enquanto que nos intangíveis têm-se os serviços, a gestão, a imagem da marca e o preço (IGNARRA, 2003).

De modo geral, a oferta turística contém elementos naturais ou artificiais, além de alguma atividade diretamente relacionada ao homem. Envolve tudo aquilo

que o destino turístico tem a oferecer para seus consumidores. Dessa forma, tem como principais características a ausência de flexibilidade, a oferta de serviços que não podem ser estocados ou transportados e tem que concorrer com a oferta de outros bens e serviços considerados substitutos (MOTA, 2001).

No estudo da oferta turística é muito utilizado um termo específico da área conhecido como trade turístico. Segundo Mota (2001, p. 72), “ele engloba as áreas econômicas envolvidas nas prestações de serviços para atender às necessidades comuns de todos os turistas: transportadores, meios de hospedagem, agência de viagem, operadora de turismo, organizadores de eventos e outros”.

Ele é formado por um conjunto de empresas que possuem características especiais que as tornam diferentes das demais. Assim, isoladamente elas não criam o produto final para o consumidor, é preciso identificá-las dentro desse amplo mercado que se apresenta, quais podem ser consideradas empresas de turismo. Baseado nas informações do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Mota (2001) apresenta os principais tipos de serviços turísticos, conforme Quadro 6, a seguir:

Quadro 6 - Principais tipos de serviços turísticos

Serviços turísticos Exemplos

Meios de hospedagem Hotéis, pousadas, motéis, pensões, acampamentos. Restaurantes, bares, lanchonetes, casas de chá,

Serviços de alimentação confeitarias, cervejarias, barracas de praia.

Áreas de recreação, parques, praças, clubes, pistas Serviços de entretenimento de esqui, estádios, autódromos, mirantes, marinas, boates, casas de espetáculos, cinemas, teatros,

shoppings.

Operadoras, agências de viagens, transportadoras, Serviços de apoio postos de informações, locadoras de imóveis e de veículos, comércio, lojas de artesanato e souvenir, casas de câmbio, bancos, locais de convenções, exposições, cultos, representações diplomáticas.

Fonte: Adaptado de Mota (2001, p. 72-73).

Dessa forma, para saber quais empresas fazem parte do trade turístico, é preciso selecionar aquelas que produzem algum tipo de prestação de material ou de serviços que atendam diretamente à satisfação das necessidades dos turistas ou que durante a distribuição desses bens e serviços criem uma relação de contato direto com eles, além de desempenhar um papel significativo no conjunto do marketing turístico (MOTA, 2001).