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Oficina de debates

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 111-114)

4.4 A realização das oficinas com os estudantes

4.4.1 Oficina de debates

Direcionada pelos slides, apontei o título da aula; “A revolução da seiva branca”.

Utilizei a problematização da temática por meio de perguntas como experimento, para que os

estudantes demonstrassem por meio de respostas simples, a experiência que tiveram com o

objeto já conhecido.

Ao serem indagados a respeito do que viria ser a seiva branca, apenas duas estudantes,

dos 25 que estavam presentes, associaram o tema ao látex extraído da seringueira para a

confecção da borracha. Após destacar a imagem do slide que apresenta a mão de uma pessoa

manipulando o líquido (látex), logo após a incisão realizada no tronco da seringueira,

apresentei a imagem do guia Sr. Floriano, representando o processo de defumação do látex na

cabana de defumação. Destaquei os cenários e experiências importantes vivenciados na visita

ao Museu, o que deixou os quatro alunos novatos, bastante interessados em participar das

atividades posteriores.

Dando prosseguimento a aula, perguntei a turma como poderíamos descrever as

consequências da revolução do látex para a Amazônia e para o mundo. Enfatizei que as

consequências da comercialização da borracha trouxeram a miséria para muitos e a riqueza

para poucos, no entanto, havia uma preocupação geral das nações em buscar o

desenvolvimento econômico e a ampliação dos lucros impostos pelo capitalismo.

A prática de apropriação privada dos meios de produção, a imperfeição do mercado, a

desigualdade entre os contrastes e o afastamento entre homem e natureza foram um dos

principais problemas vivenciados na Região Amazônica, desde a economia da borracha. Na

atualidade, a questão do desenvolvimento desigual e a relação entre homem e natureza,

baseado apenas no valor de marcado agregado a ela, ressurgem como desafios das novas

pautas científicas (FREITAS, 2008).

O desenvolvimento econômico e humano na Amazônia continua sendo um desafio,

dentro do qual, o papel da ciência e da tecnologia nos processos macroeconômicos e nas

políticas de desenvolvimento precisa ser reinventado. Tendo como referência a acumulação

de capital e a capitalização do homem e dos recursos da natureza, “o conhecimento

organizado e as inovações tecnológicas propiciaram as condições técnicas necessárias para a

construção de um modelo econômico voltado para a industrialização planetária” (FREITAS,

2008, p. 53-54).

Dando continuidade à aula, abordei acerca da criação da máquina a vapor, como uma

das principais mudanças engendradas na Inglaterra na primeira fase da revolução industrial

em meados do Séc. XVIII. Posteriormente, ressaltei a produção dos carros do modelo “T” de

Henry Ford, como a marca principal da segunda fase da revolução industrial difundida pelos

Estados Unidos, em meados do Séc. XIX.

Perguntei aos alunos se eles percebiam a relação entre a produção dos automóveis de

Ford e a produção da borracha na Amazônia e os alunos ficaram calados. Perguntei-lhes qual

a matéria-prima usada para a fabricação dos pneus e onde ela era encontrada, nessa ocasião

uma estudante respondeu que a matéria-prima era a seiva da seringueira e a produção

acontecia na Amazônia. Neste momento, salientei que a borracha produzida na Amazônia era

exportada para a Inglaterra e Estados Unidos, para a fabricação de diversos objetos.

Direcionei os alunos para as perguntas dois e três dos slides, conforme [Quadro 9];

Quadro 9 – Questões sobre a produção e borracha na Amazônia

Perguntas

(pesquisadora)

Respostas

(Estudantes)

Qual a matéria-prima utilizada para produção da borracha? O látex extraído da

seringueira Quem abastecia essa indústria internacional com a borracha

de melhor qualidade? O Amazonas

Qual a relação entre a seiva da seringueira, a ciência e a

tecnologia? Ficaram em silêncio

Os inventores do automóvel eram cientistas? Acho que não

Fonte: TRINDADE, 2017

Os alunos ficaram sabendo, no decorrer da aula que, os conhecimentos sobre o

processamento do látex aplicado pelos indígenas, foram aprimorados pelos europeus que

detinham recurso financeiro e máquinas. Nós, os amazonenses, tínhamos a matéria prima da

natureza, mas não tínhamos investimento financeiro e máquinas para transformar esse látex

em produtos industrializados. Contudo, ainda que não fossem cientistas os inventores desse

contexto histórico, procuravam criar coisas para facilitar a vida deles e das pessoas, porém,

suas invenções se tornavam lucrativas.

O diálogo foi interrompido para que apresentássemos o vídeo intitulado: “Apogeu e

queda da borracha na Amazônia - Parte 1

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, veiculado pelo programa; Viagens pela

Amazônia. Após concluir a visualização do vídeo, outras indagações conduziram as

problematizações da temática levantada, apresentada no [Quadro 10]:

Quadro 10 – Sobre o uso da seiva da seringueira

Perguntas

(pesquisadora)

Respostas

(Estudantes) Esse conhecimento de uso da seiva da seringueira

para a confecção de objetos foi ideia dos europeus e americanos?

Não, os indígenas já usavam para fazer bolas e outras coisas.

Fonte: TRINDADE, 2017

Informei aos estudantes que um viajante francês chamado Charles de La Condamine

foi o responsável por coletar essas informações entre os indígenas e divulgá-las na Europa.

Em pouco tempo, a seiva da seringueira, chamada de látex, já era consumida em vários

setores industriais para a produção de vários tipos de objetos.

Quando perguntei aos estudantes o que havia lhes interessado no vídeo, dois alunos

responderam que a cidade de Manaus passou por muitas mudanças. Outros destacaram que a

indústria usava a borracha da Amazônia, que era a de melhor qualidade, para fabricar

tomadas, fitas isolantes e rodas de carro. Um dos estudantes passou a chamar pelo nome de

“colonizadores”, os viajantes que vinham fazer pesquisas na Floresta da Amazônia.

A busca frenética pelo conhecimento dos mistérios escondidos na floresta da

Amazônica despertou o interesse de vários viajantes no século XVIII e XIX. Ora, os homens

que vivenciaram esse período histórico respiravam uma atmosfera social que os motivava a

inovar, inventar, aprimorar técnicas e explorar o mundo desconhecido, em nome do

desenvolvimento. Tanto é que no caso dos viajantes ingleses, a coroa britânica apoiava e

custeava as viagens dessas pessoas, com a finalidade de ampliar seu domínio e apropriar-se de

outros saberes, em busca do aprimoramento das técnicas industriais, na disputa pela corrida

desenvolvimentista.

Há de se considerar que os homens desse período histórico, viviam condicionados a

uma atmosfera social, cultural que os impossibilitava de pensar de outra maneira. Essa

situação de influência recíproca de pensamentos constituiu o coletivo de pensamento. A

façanha da divulgação dos resultados de suas viagens, explorações e invenções não teriam

alcançado a grandeza histórica se não estivessem atreladas ao “momento social adequado”

((FLECK, 2010, p. 88).

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 111-114)