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3 TAREFA/AÇÃO DO PROFESSOR: QUAL O DESAFIO DE HOJE PARA OS

3.1 UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO

Tempo, acaso e significação... Drama... Vida...

No tempo, vivemos e somos nossas relações sociais, produzimo-nos em nossa história. Falas, desejos, movimentos, formas perdidas na memória. No tempo nos constituímos, relembramos, repetimo-nos e nos transformamos, capitulamos e resistimos, mediados pelo outro, mediados pelas práticas e significados de nossa cultura. No tempo, vivemos o sofrimento e a desestabilização, as perdas, a alegria e a desilusão. Nesse moto contínuo, nesse jogo inquieto, está em constituição nosso “ser profissional” (FONTANA, 2003, p. 180).

A epígrafe supracitada permite acenar para o tema desse capítulo, que é o de refletir sobre alguns dos desafios enfrentados pelos professores nos dias de hoje. O ser “professor”, atualmente passa por uma crise de identidade diante de nossa sociedade, a ele, ou melhor, a nós, pois também faço parte dessa classe, são depositados inúmeros olhares, todos, carregados de opiniões, críticas, argumentos, mas diante da complexidade que se estabelece quando pensamos nesse profissional, muitas coisas ficam perdidas no tempo.

Olhar o professor com uma visão simplista que apenas julga, desacata e banaliza sua tarefa é relativamente fácil, mas compreender sua figura enquanto sujeito social que trabalha diretamente com seres humanos e que trás na sua fala, ou na ponta de um giz - utilizando uma linguagem figurada - a responsabilidade de educar e ensinar sujeitos é, ainda, um desafio à sociedade brasileira. Acreditar nisso, implica assumir as responsabilidades mais complexas, tais como: melhorar as condições de trabalho dos professores, fornecer materiais e ambientes adequados para o desenvolvimento das atividades de ensino, valorizar o profissional, independente da área em que atua, reconhecer seu valor, incluindo o aspecto salarial, proporcionar formação continuada que corresponda às suas necessidades e, ainda, assegurar-lhe o apoio de gestões escolares mais qualificadas, que potencializem os recursos existentes e fomentem o projeto pedagógico. Isto, a nosso ver, é conceder aos professores condições que dignificariam o seu ofício. Atender tais aspectos seria a efetivação de uma das dimensões da docência num contexto

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que realmente valoriza a educação, muito além dos discursos descolados de ações mais efetivas.

Estes aspectos, embora sejam conhecidos por todos, mas “esquecidos” pelos que respondem pela educação de modo oficial, dizem respeito a cada cidadão que, dentro dos limites da república, deveria se importar e se envolver com eles; afinal cada professor assume diante à República seu compromisso com a educação de sua nação. Isso fica expresso no juramento que firma o compromisso com uma educação de qualidade a todos.

Portanto, volto à ideia inicial, justificando sua escolha, uma vez que indica que é nesse movimento da vida escolar que as coisas acontecem, num ritmo próprio há esse tempo/espaço que é a escola; onde se dá o acontecimento do nosso “ser professor”.

Esse ser, a quem me refiro passa, todo o dia, por inúmeros desafios e, entre os já citados, destacamos aqueles que dizem respeito à relação ensino- aprendizagem, isto porque, a partir da década de 80, os professores voltam à cena como atores e autores de sua prática pedagógica, repensando a ênfase das idéias tecnicistas e no laissez-faire (“deixar fazer” no português), e assim, a dimensão da docência se apresenta mais complexa e desafiadora. Isso trouxe à tona novamente o aparecimento do papel do professor como sujeito propositor e não somente aplicador de propostas/métodos.

No Brasil, particularmente, os anos 80 representaram um momento importante na retomada dos estudos sobre a atividade docente. No bojo do processo de redemocratização da sociedade brasileira, a crítica ao reprodutivismo favoreceu a emergência das pedagogias críticas, que resgatavam o papel do professor e da escola e dos professores na dinâmica social (FONTANA, 2003, p. 20).

Hoje os desafios enfrentados são outros, mas carregam complexidades iguais ou ainda maiores que os de outra época. Embora tenhamos avançado em muitas áreas com investimentos em pesquisas (engenharias, medicina, entre outras), algumas, porém, foram aos poucos sendo marginalizadas. Entre elas podemos citar o lugar das humanidades que sofrem uma crise de sentido numa sociedade que enfatiza o ter e o consumo. O status social ganha importância pelo fascínio do poder financeiro e, desse modo, tanto a profissão de professor quanto a de determinadas matérias, carece de visibilidade e dignidade, entre elas,

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destacamos a arte, a filosofia, a literatura, a educação física... Neste contexto de crise de valores, a própria Pedagogia fica marginalizada, pois para alguns pais é possível educar seus filhos fora do contexto escolar, e a noção de educação privada já é uma realidade também em nosso país. Deste modo, a Pedagogia necessita-se reinventar e isso passa pela formação qualificada de seus professores e pela visibilidade diante da sociedade de sua imprescindível ação de ensinar e educar.

Fernando Savater (2012) destaca o valor de educar e nos desafia a pensar que:

[...] quem pensa que os professores são fracassados deveria concluir então que a sociedade democrática em que vivemos também é um fracasso. Porque todos nós, que tentamos formar e instruir os cidadãos, que apelamos para o desenvolvimento da pesquisa científica, da criação artística ou do debate racional das questões públicas, dependemos necessariamente do trabalho prévio dos professores primários (p. 13).

Isso significa que, ao pedagogo, é atribuída a ação de dar início à criança ao mundo da cultura escolar, através da aquisição da leitura, da escrita, da interpretação, da expressão e comunicação da linguagem e dos símbolos de seu grupo social. Ainda, a imersão no universo das artes, do movimento corporal, da fantasia, das festas e dos ritos humanos, através de vivências e experiências estéticas, lúdicas e expressivas.

O professor apresenta o mundo dos homens à criança e através de sua prática também testemunha aquilo que sabe e conhece. Desse modo a admiração que uma criança constrói em relação a seu professor está relacionada aos saberes que ele tem e a sua capacidade de comunicar e permitir que sentidos sejam construídos.

Como bem se sabe, possibilitar a construção do conhecimento é uma das principais tarefas do professor, é através dela que nos realizamos como profissional, é um dos aspectos que move o nosso desejo, nossa vontade de sempre saber mais, de investir na formação. Nessa perspectiva temos a contribuição de Boufleuer (2002):

Conhecimento seja ele relativo ao mundo objetivo, ao mundo social ou ao mundo subjetivo, é sempre uma produção intersubjetiva, uma relação social. É sempre resultado de um entendimento dos sujeitos acerca de algo que faz parte de seus mundos. Nesse sentido, conhecimento é uma construção sempre provisória e passível de revisão (p. 19).

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A citação acima evidencia novamente a necessidade da constante formação, sendo que, nesse sentido, o conhecimento não é algo pronto, ou acabado, pelo contrário, sofre transformação e por isso é sempre passível de revisão. Nossa formação profissional também se encaixa nessa forma de pensar “passível de revisão”, pois estamos em contato com o outro e com o mundo, diariamente, e tudo, ao nosso redor muda, sendo necessária, muitas vezes, uma nova leitura daquilo que é vigente. Ainda destacamos que a formação do professor se dá nesse processo intersubjetivo dos atores de uma sala de aula, dos atores do cotidiano escolar, em que as questões que dali emerge exigem sempre novas reflexões e ações. Neste sentido é que o professor aprende enquanto ensina, aprende enquanto “lida” com as questões de sua aula.

Nesse horizonte também Fensterseifer (2003) nos ajuda a pensar sobre a complexidade da ação docente, ao destacar a responsabilidade com a qualidade da formação do professor:

Reside nesta centralidade do conhecimento uma questão estreitamente vinculada a nossa responsabilidade profissional, pois dar aula é, com certeza, nossa tarefa, mas dar “boas aulas” é um compromisso ético. O qual poderá nos colocar a altura do valor que tem o conhecimento no mundo contemporâneo (p. 159).

Dar uma boa aula é algo complexo e desafiador, simplesmente por não depender apenas da boa vontade e do bom planejamento, uma vez que nem sempre um bom planejamento é suficiente para que a aula aconteça exatamente da maneira como foi pensada. Contudo, sem ele é muito pior.

Isto significa, entre outros aspectos, que a qualidade de uma aula está relacionada à interação entre professor e seus alunos e ainda, entre os próprios alunos. Quando a relação entre os sujeitos envolvidos se dá de modo intenso, compactuado e organizado, temos então mais chances de atingir os objetivos de ensino-aprendizagem. Isso requer uma relação amorosa e cúmplice entre os sujeitos, em que um conhece o outro e sabe das suas capacidades e limitações.

Essa tarefa da escola, levada a cabo pelas mãos do professor, faz-se necessária, haja vista que o ser humano se constitui sujeito integrante de uma sociedade e, por isso, necessita ser inserido nela. Isso é assim, para nós, porque desde o nosso nascimento evidencia-se a fragilidade humana, ou seja, nós precisamos dos outros para crescer, nos desenvolver e agir no mundo. Assim, se

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torna impossível viver, conviver, coabitar, relacionar-se em um mundo cercado de sujeitos, sem que esses tenham influências diretas na constituição do nosso “ser eu, humano”.

Sendo assim, é preciso avaliar de que forma estamos pensando em uma educação que compreenda a importância que o meio e os outros têm em nossa formação. A prática pedagógica presente em sala de aula deve estar contextualizada e de acordo com as concepções que o professor carrega a respeito da educação, das formas de ensinar/aprender dos alunos, gerando sentido a esse processo de ensino/aprendizagem, pois, sem isso, a educação perde o seu valor.

À escola e aos professores cabem sempre novos desafios: o de proporcionar um ambiente instigante de aprendizagens e convívio através de prática vinculada a um projeto político-pedagógico, que vise à educação, que corresponda às necessidades de cada tempo e sociedade, sendo expressas na qualidade da aprendizagem que se permite a cada sujeito.

A educação deve se orientar pelo processo de “aprender a aprender”, isto significa que necessitamos ensinar à criança aprender tendo em vista uma educação que leve à autonomia e ao empoderamento pelo saber. Neste caso, o ensino- aprendizagem estaria comprometido com a pesquisa, com a experiência, com a possibilidade da palavra viva, da formulação da pergunta e do encantamento com as possíveis respostas em perspectiva própria.

Vivemos em uma sociedade cercada por diversas informações e conviver com tantas inovações é um ato desafiador que se faz necessário, porém, quando acreditamos na influência direta que todos esses meios de comunicação e informação possuem sobre nossos alunos é necessário trabalhar com eles também, destinando uma finalidade pedagógica.

Mas quando falamos em uma educação que seja capaz de transformar realidades, será que, apenas abordando conceitos e conteúdos presentes nas diversas disciplinas da escola, conseguiremos contribuir para a formação de futuros cidadãos mais éticos, críticos e atuantes na sociedade?

Embora, o nosso desenvolvimento completo dependa necessariamente de todas as áreas (história, geografia, português, matemática, artes, ciências, e etc), é importante que tenhamos a compreensão de que somente isso não seria suficiente para mudar de fato a realidade social, a partir da ação no mundo público. Isso porque a formação de um sujeito não se limita a conhecimentos científicos,

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mitológicos, artísticos e culturais, mas, inclusive, de “saberes” da perspectiva da moral, ou seja, da ética.

Fernando Savater (2012) apresenta, então, sua concepção sobre Educação Cívica, ou seja, aqueles saberes construídos na experiência e que se constituem na “[...] preparação que permite viver com os outros na cidade democrática, participando da gestão paritária dos assuntos públicos e com capacidade para distinguir entre o justo e o injusto” (p. 134). Por isso, na perspectiva da educação republicana, a escola ensina os conteúdos universais e permite aos alunos viver situações e/ou experiências nas quais os dilemas éticos estejam postos para que assim, eles se preparem para as futuras ações em sociedade. Nessa perspectiva a criança não é ainda uma cidadã uma vez que não pode decidir sobre as questões do mundo dos adultos, mas necessita ir se preparando para no futuro ocupar tal lugar. Esse período de formação se encerra na educação básica visto que concluída essa etapa o sujeito estaria apto para conduzir a sua vida. Assim, cidadão seria aquele que pode decidir entre iguais e deliberar sobre os rumos da cidade/estado.

Nesse horizonte a escola ocupa uma tarefa muito especial, pois depende de suas proposições a formação intelectual e ainda, moral dos futuros cidadãos de uma nação, muito embora as noções de ética que os alunos vivenciem na escola, juntos aos seus pares, não sejam garantias de que no futuro tenham coerência e discernimento adequados às suas escolhas e ações. Sobre esses aspectos não há garantias anteriores porque a ética está sempre referida à situação que se apresenta ao sujeito e, esta, é sempre imprevisível.

Essa proposta de educação cívica nos mostra a importância do papel da escola, que não deve ficar fechada a conteúdos e métodos que não tenham relevância na vida dos sujeitos, mas que também não instrumentaliza a educação acreditando que transforma diretamente a realidade social. Essa é uma tarefa de adultos, que agem no mundo público. Uma decisão entre adultos e do qual a criança não participa. Dizendo de outro modo, são os adultos que agem na sociedade em vistas a transformá-la e, por isso, à escola cabe uma justa medida entre ensinar o conhecimento universal (os conteúdos legitimados pela tradição) e possibilitar vivências nas quais aspectos éticos estejam em questão como âmbitos de reflexão e de formação.

36 A pergunta que nos move nesta reflexão é qual a responsabilidade da educação escolar neste processo, pois, ao assumir responsabilidades que extrapolam sua competência, a escola promete o que não pode cumprir e, com isso, desempenha um papel ideológico. Por outro lado, ela corrompe- se quando abandona o princípio que a gerou (p. 152).

O exposto nos leva a refletir sobre o papel da escola e dos professores e, nesse sentido, podemos dizer que nosso trabalho tem uma especificidade relativa à profissão docente, ou seja, somos imbuídos da tarefa de ensinar, “transmitir”, comunicar (ao modo de um testemunhar) os conteúdos escolares. Essa é por si, uma relação hierarquizada na qual os professores são portadores de determinados conhecimentos e os alunos vão aprender “por causa” do professor. Nesse processo de ensinar-aprender o professor também aprende, ou seja, aprende a ensinar, aprender a compreender como se dá isso para uma referida turma ou criança, aprende a mediar à interpretação e a significação de algo a alguém.

Porém, depois de inúmeras discussões acerca de teorias e conforme tudo o que foi abordado neste trabalho, recuso-me a ter apenas essa visão simplista, em que o ensino e a aprendizagem são tidos como um negócio.

Muito mais do que debater a educação, é preciso fazer educação. Isto acontece quando tomamos, então, o sujeito como um ser histórico e construtor de conhecimento e, ao mesmo tempo em que constitui o mundo, torna-se constituído por ele. Isto quer dizer que ao mesmo tempo em que participa do meio social/cultural, sofre dialeticamente interferências dele, sendo então, a cada instante, alguém que “lida” com o conhecimento de forma dinâmica e intensa, desenvolvendo sua consciência, e se constituindo a partir do meio.

O processo de ensino e a aprendizagem não podem ser tomado de forma que pareça um sistema, no qual professores “sabem tudo” e apenas repassam conteúdos aos alunos e os mesmos ficam prontos para absorver o que lhes compete.

A professora Iselda Sausen Feil (2004), observa que, além da escrita e da leitura, existem outras dimensões do aprender que necessitam ser consideradas na educação dos alunos, entre elas, tomar a própria infância como uma especificidade e compreendendo-a, ou seja, partindo dela, apresentar o mundo às crianças: “Perdemos muito tempo ensinando a ler e escrever como se a leitura e a escrita fossem de uso exclusivamente escolar. Perdemos tempo calando manifestações das

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crianças, com o medo do erro e perdendo tempo de entendê-las e aprender com elas” (2004, p. 75).

Acredito que esse pequeno trecho, vem ao encontro de uma nova perspectiva de docência, em que os conteúdos não devem ser trabalhados apenas para se cumprir um roteiro didático, mas sim para trazer significados a vida dos alunos, para que os mesmos possam usufruir desses instrumentos de leitura e escrita como aliados á prática da construção da futura cidadania.

Tomamos então a criança na sua especificidade como sujeito participativo da sua própria aprendizagem. É imprescindível que o sujeito aprenda por suas próprias tentativas, mesmo que para isso seja preciso passar pelo erro. Essa experiência de aprendizagem leva à criança a desenvolver noções de autonomia e de que compreender algo passa pelo esforço de trazê-lo em sua perspectiva, ou seja, para si.

A partir dessa nova concepção pedagógica devemos salientar a necessidade de romper com as barreiras tradicionais e acreditar na criança enquanto sujeito histórico e capaz de tomar para si algo, fazendo-o seu.

Sendo assim, todas as formas de ensinar são pensadas de maneira que visem à construção do conhecimento na criança. Não há problema em ensinar aquilo que é produto sociocultural, no entanto, é preciso repensar como esse ensino é realizado, se ele valoriza ou não a infância, se permite que cada um realize seu modo próprio de compreender e significar.

Nessa perspectiva o mundo é um espaço possível de educação e, por isso, não podemos romper com o princípio da escola e da educação em todos os seus aspectos, pois valorizar e trabalhar com as experiências extraescolares e também com práticas sociais é papel da escola sim, e está garantida, dentre outros, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional – LDB, n. 9394/96, no Art. 3º destaca que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

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Os princípios abordados aqui são os que evidenciam a possibilidade da escola propor projetos mais ricos e afinados aos desafios da sociedade atual, permitindo aos alunos vivências que articulem aprendizagens conceituais e as atitudinais, visando preparação para um agir futuro no mundo e, assim, podemos pensar em uma educação emancipatória.

A escola, enquanto um espaço de direito a todos, abrange muitas diferenças, é multicultural. É necessário, porém, transformar essa diversidade conhecida e reconhecida em uma vantagem pedagógica, ou seja, utilizar essas diferenças existentes como forma de aprendizagem, interagindo com o outro e fazendo essa interlocução de saberes.

Sabemos que os saberes, são produções dos diferentes grupos socioculturais e estão referidos às suas práticas cotidianas, tradições e visões de mundo, sendo assim, faz-se necessário novamente apurar o olhar para as práticas que são desenvolvidas, pois métodos ultrapassados ainda se fazem presente na escola e estão impedindo que se dê a devida atenção à singularidade de cada sujeito, bem como, a sua cultura e história de vida.

É importante construir uma nova perspectiva de docência e novamente nos deparamos com mais um desafio encontrado pelos professores, significar o trabalho desenvolvido e se reconhecer dentro do ambiente escolar. Afinal, tudo na sala de aula faz parte do professor, mas o próprio já não se identifica mais naquele espaço. O trabalho não lhe significa mais, trabalha-se para o outro, para a formação/constituição do outro e o professor acaba não dando conta de tudo aquilo que é.

Segundo Roseli Fontana (2007):

[..] na sala de aula não temos espelhos. Temos giz, agitação, dificuldades, perguntas e os olhos dos meninos nos ensinando... A professora é parte da sala de aula, entra ali com seus sentimentos de alegria e tristeza, de competência e de incompetência, com suas frustrações, inseguranças, raivas, desconfianças, com seus saberes e com o que você ainda não sabe e, muitas vezes, nem sabe que não sabe. Tudo isso faz parte da sala de aula e do ser professora. É difícil se ver desse jeito, dar conta de tudo o que a gente é (p. 159).

Refletir sobre esse assunto é importante porque nos leva a perceber que a relação entre nós e as crianças/alunos deve possibilitar uma constituição recíproca que se dá através da interação que se tece na sala de aula. Nesse sentido Fontana

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