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Com intuito de conhecer melhor o PME foi proposto uma metodologia de investigação de caráter qualitativo e interpretativo com a utilização da seleção de redações com o recuso à internet, textos e impressos, com o emprego de um conjunto de “palavras- chave”. As técnicas de recolha de dados a que se recorreu no estudo, incluíram a análise documental com recurso a análise de conteúdo, o que permitiu encontrar as linhas de orientação adequadas para melhor interpretação destes documentos.

Na discussão a respeito da escolha da metodologia, Afonso (2005,p.13-14) relata que os benefícios e limitações, quanto a abordagem a ser tratada, tanto sendo de caráter qualitativo ou quantitativo “ignora geralmente o facto de tais designações se reportarem a uma grande

variedade de perspetivas teóricas e práticas metodológicas, não correspondendo a conceitos claramente definidos”. Para o autor este embate está focado entre a subjetividade da

investigação qualitativa e a objetividade da investigação quantitativa. A utilização de ambos torna-se uma elaboração completa e complexa. Bogdan & Biklen (1994, p.63) colocam que embora seja bastante almejado, a utilização das duas metodologias juntas poderão causar grandes problemas para investigadores inexperientes, ainda “ao invés de conseguir um

produto híbrido de características superiores acabam normalmente, com algo que não preenche os requisitos de qualidade para nenhuma das abordagens.” Tendo em vista estas

narrativas o trabalho será orientado de acordo com as demandas de uma pesquisa de metodologia qualitativa (Afonso, 2005; Bogdan & Biklen, 1994; Minayo, 1993) que recorre aquilo que para nós mais importa, os fenômenos sociais. Segundo Bogdan & Biklen (1994, p.54) “[…] o mundo é composto por objetos menos obstinados[…]”. Os seres humanos vivem

sob o lema “ crer é poder”. Vivemos na imaginação em contexto bem mais simbólico do que

concreto. Salomon (2000 citado por Demo, 2002, p.363) prossegue dizendo que o “horizonte

é tão complexo que coloca-se a necessidade da pesquisa qualitativa, como proposta de formalização jeitosa para que seja menos deturpante da realidade imprecisa”. Mas embora a

pesquisa qualitativa seja vista como subjetiva não a colocamos como algo solto, sem todos os cuidados metodológicos necessários. Demo (1994, p.364) refere que é bem o contrário: “A

pesquisa qualitativa é muito mais difícil e complexa, precisamente porque busca reduzir ao mínimo possível o reducionismo implícito na formalização metodológica.” Mostrando assim

Ao longo dos anos, muitas mudanças vêm alterando algumas das singularidades da investigação qualitativa, umas delas são a utilização do computador, a teoria e a prática feminista, os contributos dos sociólogos e antropólogos pós-modernistas (pós-estruturalista, desconstrucionistas) afetaram de muitos modos esta investigação (Bogdan & Biklen,1994, p.43-46). Segundo os mesmos autores (p.43), em relação a estas mudanças, mais especificamente em relação ao uso dos computadores na pesquisa qualitativa em educação, garantem grandes modificações de caráter técnico na recolha, gestão e análise dos dados qualitativos de maior rigor.

Na década de 80 havia poucos casos de pesquisadores que utilizavam os computadores25 em suas pesquisas, porém hoje há registos de uma quantidade expressiva de pesquisadores que utilizam em suas pesquisas programas eficientes, incluindo alguns para análise dos dados recolhidos (Ethnograph, TAP, Qualpro; QUALOG) assistindo tanto grandes projetos como nos esforços individuais. Segundo Bardin (2011,p.24), “ o computador vem oferecer novas possibilidades, mas a realização de um programa de análise exige um acrescimo de rigor em todas as fases do procedimento. A utilização do computador em nossa pesquisa tornam-se cruciais, pois muitos dos documentos e acesso ao conhecimento do nosso objeto de pequisa foi obtido através deste instrumento fazendo possível a conclusão deste e dos demais estudos por ele propostos e proporcionado.

Segundo Bogdan & Biklen (1994) e Quvy & Campenhoudt (1992, p.188), existem três métodos de recolha de dados que podem ser empregados como informação na pesquisa qualitativa: a observação, o inquérito (direto ou indireto) e a análise dos documentos. Quivy e Campenhoudt (1992, p. 188) salientam que só poderemos conhecer corretamente um método de investigação e optamos por ele, a partir do momento que nos propusermos a experimentá- lo através da observação de outros investigadores que o utilizaram e obtiveram um resultado satisfatório ou através do exame dos nossos objetivos específicos, nossas hipóteses e os recursos que obtemos para podermos ver se adequam a nossa investigação. Ressaltam eles que o termo “método” não é visto pelo sentido “lato de dispositivo global de elucidação do

real”, mas sim em um sentido de recolha e análise dos dados.

25 A primeira obra importante a dar conta das novas análises pelo computador e a tentar responder às dificuldades que elas suscitam apareceu em 1966 sob o título de General Inquirer( P.J. Stone, D.C. Dunphy, M.S. Smith, D.M. Ogilvie, The General Inquirer: a computer approach to content analysis in the behavioral sciences, Cambridge, MIT Press, 1966. (não sei como se diz que retirei de Bardin(2011)

Na sequência de nossa pesquisa optamos pela técnica de análise documental, um exemplo de método de investigação social que hoje em dia é muito difundido. A análise documental tem sido estimulada através das tecnologias da informação e comunicação (TIC), que através de redes colaboram na divulgação e propagação de um grande volume de documentos (Peña Vera & Morillo, 2007). Porém para os autores tudo dependerá da habilidade e metodologia que cada investigador irá empregar. São nos documentos a serem analisados que iremos encontrar os discursos que nos levarão as informações valiosas, contudo, dependerá da forma que o investigador examinará, de sua competência intelectual e sagacidade (Peña Vera & Morillo, 2007). Bardin (2011,p.47) refere-se a análise documental como: “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um

documento sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciação.” Tem por objetivo “dar uma forma conviniente e representar de outro modo a informação, por intermédio de procedimento de transformação. Diz que de

uma visão inicial teremos “um serviço de documentação ou um banco de dados”. O resultado deste processo origina um documento secundário, como exemplo temos os resumos ou Abstracts, ou ainda, a indexação que segundo Bardin (2011) consiste em classificar em palavras-chave, descritores ou índices, categorizando infomações dos documentos através de critérios comuns.

No passar de décadas vários autores vêm construindo uma significação a respeito da análise documental. De acordo com Lüdke e André (1986) a análise documental consiste em uma técnica de grande importância da investigação qualitativa, podendo ser complemento de outras informações através de um método distinto ou auxiliando no entendimento de múltiplos temas ou problemas. Sá-Silva (2009) explica que a análise dos documentos:

[…] propõe-se a produzir ou reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos. É a condição necessária que os fatos devem ser mencionados, pois constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmo, não explicam nada. O investigador deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar as tendências e, na medida do possível, fazer as inferências” (p. 13).

Ressalta Vickery (1970) que os investigadores que optarem por esta técnica deverão ter três preocupações: em primeiro conhecer o que os outros investigadores tem feito sobre uma determinada área ou assunto, segundo, deverá conhecer segmentos específicos de informação dos documento em particular e em terceiro, conhecer a totalidade de informação

relevante que existe sobre o tema em questão. Só assim poderá ter uma análise apurada dentro de uma investigação.

Embora utilizemos a análise documental, nos direcionamos mais restritamente para a análise de conteúdo que é um método de investigação que pode ser utilizado pelas mais distintas especialidades ou finalidades e que para Bardin (2011, p.11) torna-se “um conjunto

de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamnto, que se aplicam a “discursos” (conteúdos e continentes) extremamente diversificados”. Relata o

autor que esta técnica múltipla e multiplicada vai dos cálculos de frequência à extracção de estruturas que são interpretadas como modelos. (p.11) Entretanto ambas posuem muita parecença, mas também há desigualdades, que de acordo com Bardin (2011), são as seguintes: A documentação trabalha com documentos; a análise de conteúdo com mensagens (comunicação). A análise documental faz-se, principalmente, por classificação-indexação; a análise categorial temática é, entre outras, uma técnica das técnicas da análise de conteúdo. O objetivo da análise documental é a representação condensada da informação, para consulta e armazenamento; o da análise de conteúdo é a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão desse conteúdo) para evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a da mensagem. (p.48)

Este instrumento de pesquisa, a análise de conteúdo, pode nos dar condições de várias formas de trabalho servindo assim de multifuncional, dando possibilidade de elucidar problemas de comunicação, conseguindo solução para transpassar obstáculos através de experimentações. Esta metodologia visto como “técnica de ruptura” devido partir de hipóteses, faz com que o processo de análise do conteúdo tenha condições de tempo para que haja respostas entre o “estímulo-mensagem” e a própria interpretação (Bardin, 20011,p.11).

Estudar uma política pública abrange em tentar entender as atitudes desenvolvidas pelo Estado e o produto destas ações em relação a sociedade. Isto é, consiste em observar a lógica das ações e reações presentes na interação entre o Estado e a Sociedade e tentar perceber quais ideias estão por de trás destas ações.

Para compreendermos melhor o que são ideias, buscamos Campbell (2002) que relata que constituem-se “…no conjunto de paradigmas cognitivos e visões de mundo, quadros

normativos e cultura mundial, quadros cognitivos e ideias programáticas que condicionam o comportamento dos indivíduos”.

As ideias no que diz respeito aos paradigmas cognitivos e as visões de mundo são análises e explicações teóricas balizadas, que determinam a causa e o efeito das interações que

acontecem nas entrelinhas dos debates políticos que limitam as escolhas dos atores responsáveis pelas tomadas de decisão no processo propriamente dito. Estas mudanças ocorrem quando estes criadores de políticas vêem-se diante de problemas políticos, econômicos inusitados e que o modelo vigente não corresponde a uma resolução (Campbell, 2002, citado por Dobbin,1993, Hall, 1993, Hay, 2001). Os quadros normativos, por sua vez, abrangem os valores, as atitudes, as identidades e as expectativas coletivamente compartilhadas dos indivíduos, que restringem a ação destes “decisores políticos”, na medida em que reduzem as alternativas que os indivíduos formulam como plausíveis e legítimas para solucionar determinado problema sociais. Campbell (2002, p.23) diz que desta forma “os decisores

políticos operam de acordo com uma lógica de adequação moral ou social, não com uma lógica de consequencialidade.”

De acordo com Campbell (2002, p.24) as identidades também afetam estes processos de decisão e formulação de políticas. Quando os quadros normativos ou cognitivos, ou ambos estão inseridos em uma visão de mundo transnacional, acabam por se adaptar a uma cultura mundial. Da mesma forma os quadros e as ideias paradigmáticas fazem parte da constituição das ideias. Os quadros que constituem-se nas ideias como conceitos normativos e em algumas vezes como cognitivos, para dar base aos debates políticos, enquanto as ideias programáticas tornam-se precisas e auxiliam nas tomadas de decisão pelos atores, favorecendo a elaboração de políticas, clarificando problemas permitindo melhor a solução dos mesmo em oposição aos paradigmas cognitivos que dão um conhecimento ampliado de mundo, assim como das instituições e os instrumentos das políticas públicas de como devem ser organizados (Campbell, 2002, p.21-38).

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