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A Paraíba foi cópia da cópia do original

OLIVEIRA DE PANELAS

Olhando o mesmo problema. Cada um vê diferente.

Pois, filosoficamente, Cada um tem seu esquema Pra analisar um sistema, Mergulhar no seu por quê, Pra sustentar o que crê Com seu argumento agudo. Ver bem nunca foi ver tudo É ver o que ninguém vê.

19 Ph.D. em Sociologia da Ciência e Tecnologia; Pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande-PB.

Nesse caso singular, Houve forças no comando E a maioria olhando

Pra onde lhe mandam olhar. Mas é preciso evitar.

Vimos convidar você Pra ler o que ninguém lê Construindo um novo estudo

Ver bem nunca foi ver tudo É ver o que ninguém vê

Na Paraíba, os protestos, Não foram originais São ecos nacionais De externos manifestos São modelos indigestos Que o capitalismo cria Com sua selvageria De efeitos desumanos

Protestos paraibanos Cópias da segunda via

Entre todos os estados, Nossas contas são pequenas. Jacaraú teve apenas

Seis estudantes pintados Entre os números registrados Foi esta a menor quantia Manifestação vazia Na rua dos desenganos

Protestos paraibanos Cópias da segunda via

Este evento tão pífio, estadual, Não logrou a adesão de muita gente. E, portanto, não foi tão diferente Do suposto sucesso nacional. Vejam bem o real percentual No conjunto dos números atuais As cifras obtidas são banais

Não foi tão poderoso esse protesto

No Brasil, 1 milhão em manifesto É só meio por cento e nada mais

Os problemas nas ruas revelados Têm raízes na turva trajetória Que o capitalismo, em sua história, Construiu e estão disseminados. Se são tantos, os países afetados, Os problemas não são conjunturais Na verdade, eles são estruturais E não vê-los, assim, é desonesto.

No Brasil, 1 milhão em manifesto É só meio por cento e nada mais.

O momento é crucial. Precisa que alguém avise Não é brasileira, a crise. É do sistema global. Fez o mundo desigual, Não encontra terra à vista. Sem bússola, perdeu a pista Sem receber apanágio.

Navega pra seu naufrágio O mundo capitalista.

Nos mares da incerteza, Este navio trafega.

E as nações que ele carrega Pagam “maldita” despesa E o Brasil, sem defesa, Está também nessa lista Desde o tempo da conquista. Esta crise é seu “pedágio”. Navega pra seu naufrágio O mundo capitalista.

Finalmente, uma crise irreversível Como um câncer instalou-se no sistema Toda Europa caiu na sua algema

Escapar dessa “garra” é impossível Gera um, mal-estar indiscutível. Todos são afetados por igual O caos econômico e social

Deixa o mundo num clima pessimista

O sistema global capitalista: Epicentro da crise mundial

A gênese da “crise brasileira”

Vem das contradições de tal sistema. Não se pode impingir este dilema Ao Governo de Dilma, a ‘companheira’, Que no timão do Brasil é altaneira, Apesar da oposição brutal

Que de fora recebe um grande aval: São os golpes de esquivo pugilista.

O sistema global capitalista Epicentro da crise mundial

Um governo ‘progressista’ Não pode ficar estável Se não for ele “amigável” Ao voraz capitalismo Que no industrialismo Construiu o seu legado E com sangue foi manchado Ao longo desse processo

Esse lema, “ordem e progresso”, Não é nosso, é importado.

Pra dar asa ao Capital Foi inventado esse lema

De Augusto Comte, o esquema De alcance mundial

Um problema sem igual Tem o mundo sequestrado O Planeta tá “lascado”

Nas mãos desse “réu confesso”

Esse lema, “ordem e progresso” Não é nosso, é importado.

Tal qual papeiro de papa, Pipocando sem parar, É crise em todo lugar. Vai redesenhando o mapa. É cobra mudando a “capa”; Ocorre em cada nação. Tem quem dê um empurrão, Quando vê pouca vontade.

É pouca espontaneidade, Muita manipulação.

Em protesto organizado, Pra que maior covardia? Exigir democracia

Com o rosto mascarado. Esse Anonymous encapuçado Recebe mais de 1 milhão De suspeita Fundação A quem deve lealdade

É pouca espontaneidade, Muita manipulação.

Em toda e qualquer cidade, Onde esteve a multidão, Não houve a reflexão De uma coletividade. Foi enorme a quantidade De “convites” virtuais Sem tons emocionais

Com consequências sincrônicas

Essas redes eletrônicas Nada têm de “sociais”

Fruto dessa sincronia, As mesmas caras-pintadas, As mesmas horas marcadas, Mesma data, mesmo dia. Liderança, ninguém via Mas existia por trás Emitindo seus sinais

Tal qual regências sinfônicas

Essas redes eletrônicas Nada têm de “sociais”.

Ganhou seu protagonismo, O Black Bloc, anarquista. Sem expor seu rosto à vista, Finge nacionalismo

Promovendo o vandalismo. Coisas próprias de bandido Que não é comprometido Com um futuro correto

Rejeito “voto secreto” Detesto rosto escondido

Que tamanha incoerência ! Jovens do Brasil, acordem! Com a bandeira da “ordem”, Não se prega violência Nem a desobediência. Dizer que não têm partido É discurso sem sentido. Onde é que está seu projeto?

Rejeito voto secreto Odeio rosto escondido.

No início, foi notável: Vinte centavos somente. Eis que surge de repente Uma lista interminável Que de forma intolerável Quer ver a vida mudada. Tanta coisa acumulada, Precisa mudar. Contudo,

Quem pede pra mudar tudo Termina sem mudar nada.

No mundo da dialética, Na urgência, ninguém faz Mudanças estruturais. Se faz mudança cosmética. Se faz promessa profética Fácil de ser apalpada: Bonita, fantasiada, Mas oca de conteúdo.

Quem pede pra mudar tudo Termina sem mudar nada.

Se o Brasil livre está da ditadura Derrubar o poder não justifica.

E propor, “Fora Dilma”, não se aplica. Não existem razões na conjuntura. Isso é, com certeza, uma “costura” Bem urdida que vem da oposição. Quer de volta o poder em sua mão Vai tentar tudo isso para o ano.

Presidente, nenhum é soberano O sistema é quem pauta a decisão.

O Egito era uma ditadura, Mas o povo pediu democracia. Elegendo o governo que queria. Esse próprio fez sua sepultara,

Pois chegou ao poder com linha dura. Cai o povo em total contradição Ao negar-lhe o comando da nação. Esse povo comete triste engano

Presidente, nenhum é soberano. O sistema é quem pauta a decisão.

Intérpretes equivocados, Contemplando o mesmo feito, Pensando do mesmo jeito, Estavam, sim, enganados. Os fatos foram tratados Com um modelo precário, Um paupérrimo imaginário Que ignora a história:

Crise civilizatória

Pensando assim, não existe Uma “crise brasileira” Ela vem d’além fronteira Entre nós, ela consiste Do reflexo que existe No “progresso” refratário. Esse “conto do vigário” De nefasta trajetória

Crise civilizatória

Um problema planetário.

Para falar a verdade, Os protestos do Brasil Nós já vimos mais de mil Em outra oportunidade. Sem originalidade, Eles foram reciclados. Por isso, seus resultados Jamais serão verdadeiros.

Os protestos brasileiros Em carbono, copiados.

Esses protestos começam De forma calma e ordeira Jovens empunham a bandeira E as demandas que interessam Então, os vândalos se apressam Todos eles mascarados

Pela polícia acossados Muitos vão prisioneiros

Os protestos brasileiros Em carbono, copiados.

Validado o experimento, A euforia galopa

Visando o ano da copa Preparam seu movimento. E nesse procedimento Dão asa a seu devaneio, Consolidam seu anseio Que agora é consentâneo.

Isso não foi espontâneo Tinha propósito no meio.

Coloquemos na cabeça Que o alvo da oposição É pra que a reeleição De Dilma não aconteça Sobre Lula, não esqueça. Está nesse tiroteio O “moído” será feio.

Os dois têm que usar o crâneo

Isso não foi espontâneo Tinha propósito no meio.

Foi também manipulada Nossa amada Paraíba

Quase o “monstro” lhe derriba Numa terrível emboscada Deve ficar preparada Fugir do golpe mortal Desse vazio abismal

Que vem trazer tanta inópia

A Paraíba foi cópia Da cópia do original.

O Brasil não acordou Continua adormecido E o povo todo iludido Pensa que ele despertou Paraíba, já pensou No segundo vendaval Que no Planeta é geral, Aqui ou na Etiópia?

A Paraíba foi cópia Da cópia do original.

No documento Jornadas de junho: repercussões e leituras (páginas 68-84)