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2. FUNDAMENTOS

2.8 L OMBALGIA M ECÂNICA

A Lombalgia Mecânica (LM), também conhecida como Lombalgia Ocupacional (CID M54.5 – Dor Lombar Baixa), é uma das doenças mais reincidentes na população mundial, e, portanto, alvo de investigação de práticas e tecnologias para atenuação destas incidências.

É um consenso que a maior parte das investigações aponta que há uma forte evidência de que a cinesioterapia tem efeitos positivos no tratamento de dores lombares (HAYDEN et al., 2005).

A cinesioterapia é um conjunto de processos reabilitadores que utilizam de exercícios físicos, no intuito de aprimorar, fortalecer ou reeducar os músculos envolvidos no distúrbio doloroso (GUIMARÃES e CRUZ, 2003).

Esta sensação de dor ou incômodo doloroso dá a classificação dos quadros de LM, que são definidos em função do tempo em que o paciente sofre das dores. Ela pode ser aguda, subaguda ou crônica (HELFENSTEIN, GOLDENFUM e SIENA, 2010).

A LM é considerada aguda quando tem uma duração inferior a 6 (seis) semanas, subaguda quando permanece entre as 6 (seis) e as 12 (doze) semanas e crônica quando a sua duração é superior a 3 (três) meses (PEREIRA, PINTO e SOUZA, 2006).

Em pelo menos 20% (vinte por cento) dos casos de lombalgia se referem à LM, ou seja, a doença foi contraída por um traumatismo ou uma atividade física extenuante ligada a um esforço físico, muito comum nas atividades laborais (HELFENSTEIN, GOLDENFUM e SIENA, 2010).

E devido a esta associação, a LM tem provocado uma elevação do custo socioeconômico para a sociedade, pois o absenteísmo causado por esta doença é somente menor que a cefaleia, a comumente chamada de dor de cabeça (PIRES e DUMAS, 2009).

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A LM causa restrições e reduções da mobilidade, limitando a amplitude de movimento, impedindo seu portador levantar pesos, caminhar, deitar-se, se levantar ou mesmo se acomodar em uma cadeira sem que haja algum reflexo doloroso.

E a falta ou a omissão de tratamento por parte do indivíduo leva, consequentemente, a um incremento na severidade do quadro sintomático e acarreta em fadiga precoce dos músculos paravertebrais, (que auxiliam na manutenção da postura do indivíduo), com alteração de seu desempenho funcional (PONTE, 2005).

O diagnóstico da LM é realizado por meio de anamnese clínica, na qual o médico observa as sensações de dor autopercebida do paciente ao executar alguma atividade da vida diária e pela resposta ao questionário de Rolland-Morris (ROLAND e FAIRBANK, 2000) e Owestry (FRITZ e IRRGANG, 2001), que delimitam a pesquisa de evidências da patologia.

Quando as evidências do exame clínico não são suficientes para se ter um diagnóstico preciso são recomendados exames adicionais como ultrassom e radiografias para se confirmar o diagnóstico (PEREIRA, PINTO e SOUZA, 2006).

A partir de então começa a intervenção fisioterápica que é baseada no fortalecimento dos músculos estabilizadores da coluna por meio de exercícios de alongamento, flexão e extensão da coluna, fortalecimento do abdome e dos glúteos e uma reeducação postural.

A escolha do grupo de exercícios, realizada pelo terapeuta, normalmente está ligada a três fatores preponderantes: a capacidade de mobilidade do paciente (RIBEIRO e MOREIRA, 2011), a espasticidade (GOMES et al., 2006), que é um aumento de tônus muscular e exaltação de reflexos dos tendões, e a intensidade de dor autopercebida (SAMPAIO et al., 2005), que é uma informação que o próprio paciente relata antes do início de cada sessão.

A fim de se obter uma medida qualitativa e quantitativa foi estabelecido um conjunto baseado na série de Willians e de Mackenzie, comumente aplicada na reabilitação e estabilização da dor para pacientes de lombalgia mecânica (HAYDEN et al., 2005).

As duas séries de exercício têm por função reduzir a dor e melhorar estabilidade de tronco. Isto é possível por aumento da força muscular de reto abdominal, glúteo máximo e ísquio-tibiais. Também são realizados alongamentos dos flexores de quadril e músculos da região lombar de forma assistiva (na qual o terapeuta ajuda na execução dos exercícios) ou de forma proprioceptiva (na qual o terapeuta apenas observa a execução dos exercícios).

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O objetivo é promover a extensão dos músculos da região lombar a fim de obter uma melhor acomodação do disco intervertebral e, portanto, diminuição da dor. De forma a ilustrar os exercícios físicos que são exigidos para a reabilitação da LM foi elaborado o Quadro 2.

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Quadro 2– Exercícios Recomendados

Nome do

Exercício Posição Explicação Ilustração

Extensão da Coluna

Em pé Apoiando-se pelas costas, curvar-se, jogando a cabeça para trás do corpo;

Deitado em decúbito ventral

Apoiando o corpo pelas mãos, erguer-se ao máximo, tentando colocar a coluna em

90graus;

Flexão da Coluna

Em pé Curvando-se,de joelhos esticados, tentando encostar as pontas dos dedos das mãos nos

pés; Deitado em

posição sentada

Sentado, esticando os branços, tentando encostar as pontas dos dedos das mãos nos

pés;

Elevação de

Glúteo decúbito dorsal Deitado em Deitado,eleva-se o quadril, mantendo as costas e os pés imóveis no chão.

Contração do

Abdome decúbito dorsal Deitado em

Firmando-se com os braços, eleva-se as pernas, curvando-as de forma a encostá-las

na barriga

Flexão Lateral

Tronco Em Pé

Firmando-se as mãos na cintura, e flexionando o tronco para os lados, sem

alterar a posição da cabeça.

Agachamento Em Pé Mantendo o equilíbrio do corpo, flexiona-se o joelho até encostar o joelho na barriga, sempre com a cabeça olhando para frente.

Estes exercícios são propostos como forma de alongamento muscular e ajudam o paciente a restaurar a boa postura ao corrigir os desequilíbrios musculares, melhorando a mobilidade articulatória, aumentando a flexibilidade e fortalecendo os músculos da coluna (RIBEIRO e MOREIRA, 2011).

O paciente inicia o tratamento motivado pela sensação de cura, mas também motivado e encorajado pelo terapeuta a obter uma maior amplitude de movimento, o que irá acelerar o tempo de tratamento e aumentará a flexibilidade do corpo, reduzindo, desta forma, a incidência de dor (KLEINPAUL, RENATO e MORO, 2009).

Entretanto, nota-se que mesmo com a motivação e o encorajamento pelo terapeuta, ainda encontra-se na população mundial, um alto índice de desistência da terapia, principalmente, logo após o desaparecimento da sensação dolorosa.

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Todavia, esta falta de sensação dolorosa não significa que a doença regrediu ou desapareceu, mas que os músculos se adaptaram e estão mais fortalecidos (MCGILL, 2001). Torna-se necessário uma abordagem multidimensional na avaliação dos atributos da dor, os quais incluem intensidade, duração e localização da dor. Estas características são somatossensoriais e emocionais e podem variar de paciente para paciente (COLOMBO et al., 2007).

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