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As onicomicoses referem-se às infecções fúngicas superficiais que afetam as unhas das mãos e dos pés, também conhecidas como Tinea unguium. Tais infecções são causadas por fungos dermatófitos (cerca de 90-95% dos casos), bem como algumas espécies de leveduras (ANAISSIE et al., 2004; MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001). As principais espécies de fungos dermatófitos

responsáveis por esta patologia são T. rubrum, especialmente, T. mentagrophytes e E. floccosum (ANAISSIE et al., 2004).

Estas infecções ocorrem mais comumente em adultos, atingindo cerca de 2 a 14% da população, afetando, principalmente, as unhas dos pés. O uso de calçados fechados por um longo período de tempo, a umidade e a disseminação de diferentes cepas de fungos existentes no mundo, contribuem para o aumento da incidência destas infecções (MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001). Além destes, fatores como idade avançada, diabetes, traumas nas unhas, hiperidrose, doenças vasculares periféricas, má higiene e imunodeficiência predispõem às infecções (ANAISSIE et al., 2004; RODGERS; BASSLER, 2001). Com o constante aumento de pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), a freqüência de casos de onicomicoses, bem como outras infecções fúngicas, tem aumentado (ANAISSIE et al., 2004; MURDAN, 2002).

As onicomicoses são, também, consideradas como um problema estético, pois além do desconforto causado pela patologia, ocorre a deformação da unha, causando um aspecto disforme e desagradável, bem como possíveis contaminações entre os indivíduos (RODGERS; BASSLER, 2001).

As onicomicoses podem ser classificadas, de acordo com o local da unha infectado, em (ANAISSIE et al., 2004; CONTET-AUDONNEAU; SCHMUTZ, 2001; LACAZ et al., 2002; LAUBE, 2004; MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001): - onicomicose distal e subungueal lateral: é a mais comum das infecções,

desenvolvida nas unhas das mãos e dos pés, causada, principalmente, pelo T. rubrum, que invade a primeira camada da unha e a região plantar;

- onicomicose superficial branca: ocorre em cerca de 10% dos casos, na qual o fungo invade a camada superficial da região plantar da unha e forma pontos opacos brancos nas unhas, podendo se espalhar por toda a região; o agente etiológico, em geral, envolvido com este tipo de infecção é o T. mentagrophytes var. interdigitale;

- onicomicose subungueal proximal: é a forma menos comum de Tinea unguium, causada, na maioria dos casos, pelo T. rubrum, que afeta, principalmente, pacientes imunodeprimidos; neste tipo, o fungo invade a unha na região proximal, penetra na região plantar e migra distalmente;

- onicomicose candidal: desenvolvida, especialmente, em pacientes com candidíase mucocutânea crônica, nos quais, espécies de Candida podem invadir as unhas; - onicomicose distrófica total: caracterizada pela destruição total da unha,

compreendendo o resultado final de todas as formas de onicomicoses.

A incidência de onicomicoses em crianças é baixa, cerca de 0,2%, ocorrendo, principalmente, em pacientes imunodeprimidos (infectados pelo HIV, quimioterapia e síndromes de imunodeficiências congênitas), em indivíduos com casos de onicomicoses na família ou em pacientes com outras micoses cutâneas, como Tinea capitis e Tinea pedis (RODGERS; BASSLER, 2001; STEFANAKI et al., 2002).

O tratamento das onicomicoses é longo, incluindo a utilização de medicamentos de uso tópico e oral. Antigamente, a administração oral de griseofulvina ou cetoconazol era a terapia de escolha; entretanto, em virtude do longo período de tratamento, da incidência de efeitos adversos, aliado à reincidência das infecções, estes fármacos são pouco utilizados (ANAISSIE et al., 2004; De DONCKER, 1999; RODGERS; BASSLER, 2001).

Atualmente, o tratamento das onicomicoses tem melhorado substancialmente, pois novos fármacos mais efetivos estão sendo introduzidos na terapia oral. Os derivados triazólicos e as alilaminas foram introduzidos em substituição à griseofulvina e o cetoconazol. Esses fármacos apresentam altas taxas de cura e menos recidivas, contribuindo, desta forma, para a cura das infecções (De DONCKER, 1999; MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001).

os mais efetivos, pois apresentam imediata penetração na unha, podendo permanecer por meses após a interrupção da terapia e, geralmente, bastante seguros. Segundo o Food and Drug Administration (FDA), a dosagem e o período de tratamento para alguns medicamentos compreendem: terbinafina – dose diária de 250 mg, durante três meses; itraconazol – 200 mg diários, durante três a quatro meses, ou terapia de pulso, sendo que, durante uma semana de cada mês deve-se administrar, 200 mg, duas vezes ao dia, garantindo, desta forma, a eficácia do tratamento. O sucesso no tratamento com estes fármacos tem sido satisfatório, atingindo a cura de, aproximadamente, 80% dos casos. O crescimento das unhas ocorre de maneira lenta, podendo levar, em alguns pacientes, mais de um ano para restaurar, totalmente, a unha afetada (ANAISSIE et al., 2004; CONTET-AUDONNEAU; SCHMUTZ, 2001; De DONCKER, 1999; LACAZ et al., 2002; MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001).

A terapia com terbinafina e itraconazol para o tratamento de onicomicoses é um pouco onerosa para alguns pacientes, causando, muitas vezes, devido à interrupção, insucesso no tratamento e novas infecções. Em alguns casos, apesar da hepatotoxicidade apresentada pelo uso prolongado de cetoconazol, prefere-se utilizá-lo em função do menor custo.

O fluconazol não constitui a terapia de escolha recomendada pelo FDA para o tratamento de onicomicoses, mas por sua alta eficácia, em determinadas situações é empregado, especialmente, em pacientes imunodeprimidos. A dose usual compreende a administração oral de 150 mg uma vez por semana, durante seis a nove meses (ANAISSIE et al., 2004; LACAZ et al., 2002; RODGERS; BASSLER, 2001).

A terapia sistêmica de medicamentos antifúngicos apresenta algumas desvantagens, como a ocorrência de efeitos adversos e interações com outras substâncias. Testes de monitoramento das funções hepáticas na terapia continuada com terbinafina e derivados triazólicos são recomendados (MURDAN, 2002; RODGERS; BASSLER, 2001). Apesar destes aspectos, em algumas patologias, como onicomicoses do tipo plantar, a terapia tópica é insuficiente, atingindo um número limitado de unhas, ocasionando insucesso no tratamento (De DONCKER, 1999).

Além da administração oral, a utilização de medicamentos tópicos na forma de cremes, esmalte e pós pode ser empregada, especialmente em pacientes com Tinea pedis concomitante (ANAISSIE et al., 2004; RODGERS; BASSLER, 2001). Em virtude da alta queratinização da unha, a difusão do fármaco, administrado topicamente, é dificultada, necessitando um longo período de tratamento. Desta forma, a terapia tópica é recomendada em casos iniciais da doença, em geral, quando não mais que duas unhas foram afetadas, ou quando a terapia oral é contra-indicada (De DONCKER, 1999; MURDAN, 2002). O mais conveniente é utilizar preparações tópicas na forma de esmaltes contendo os fármacos antifúngicos, dentre eles o ciclopirox, aplicando-se o produto na região plantar da unha, com auxílio de um pincel, por doze meses (ANAISSIE et al., 2004; RODGERS; BASSLER, 2001). Outras formas farmacêuticas são, também, comercializadas: solução de tioconazol e ácido salicílico, aplicadas na unha, por períodos de seis a doze meses de tratamento (MURDAN, 2002).

Para evitar reinfecções, sugere-se a adequada higiene dos pés (usar meias de algodão, proteger os pés em áreas de banho, secar corretamente, tratar qualquer tipo de infecção instalada) e controlar certas doenças, como diabetes (ANAISSIE et al., 2004; RODGERS; BASSLER, 2001).

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