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8 CONDIÇÕES DOS EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE

8.5. C ONTROLO DE FUMO

De acordo com o RT-SCIE, os ‘edifícios devem ser dotados de meios que promovam a libertação para o exterior do fumo e dos gases tóxicos ou corrosivos, reduzindo a contaminação e a temperatura dos espaços e mantendo condições de visibilidade, nomeadamente nas vias de evacuação’, [12].

O controlo do fumo produzido em situação de incêndio deve ser devidamente controlado, existindo para isso dois processos: desenfumagem passiva, quando realizada por tiragem térmica natural e desenfumagem ativa, nos casos em que se utilizem meios mecânicos.

Segundo o RT-SCIE, no Estádio do Dragão devem ser adotadas instalações de controlo de fumo nos seguintes locais:

Vias verticais de evacuação enclausuradas; Câmaras corta-fogo;

Vias horizontais de evacuação;

Locais de risco B com efetivo superior a 500 pessoas; Locais de risco C+;

Espaços afetos à UT II;

Cozinha, copas e apoios de bar.

De referir que os pisos inferiores à praça do estádio estão apenas semienterrados, sendo, inclusive, os pisos -2, -3 e -4 considerados planos de referência, pelo que o autor toma a liberdade de não os admitir como ‘pisos situados no subsolo’, [12]. Desta forma, dispensa-se a obrigatoriedade da instalação de equipamentos de controlo de fumo para estes pisos.

Em todos os casos devem ser considerados cantões de desenfumagem para cada 1600 m2 de área ou 60 m de dimensão linear.

8.5.1. VIAS VERTICAIS DE EVACUAÇÃO ENCLAUSURADAS E CÂMARAS CORTA-FOGO

O controlo de fumo nas caixas de escadas do estádio pode ser realizado por desenfumagem passiva ou por sobrepressão relativamente aos espaços adjacentes.

Sugere-se que este controlo seja feito por sobrepressão em todas as caixas de escadas. A dificuldade do arejamento da base das caixas de escadas fez com que não se optasse por controlo por desenfumagem passiva.

Assim, a introdução de fumo nas vias verticais é limitada pelo estabelecimento de uma sobrepressão nas mesmas. Sugere-se a insuflação de ar de forma a estabelecer uma diferença de pressão entre a via vertical e os espaços adjacentes a esta no piso onde se dê um possível incêndio, compreendida entre 20 e 80 Pa, [12], obtida com todas as portas de acesso à escada fechadas.

As câmaras corta-fogo enumeradas no Quadro 6.21 deverão ter uma pressão intermédia entre a da via vertical de evacuação e os espaços com que comunica e permitir uma velocidade de passagem do ar entre a câmara e os espaços adjacentes do piso onde ocorra um possível incêndio não inferior a 1 m/s, se as duas portas se encontrarem abertas. Caso não exista CCF, esta velocidade na porta de acesso à escada não deve ser inferior a 0,5 m/s, [12].

No topo das caixas de escadas sugere-se a instalação de um exutor de fumo de socorro, com 1 m2 de área útil, normalmente fechado, devendo ser dotado de um dispositivo de comando manual de abertura, instalado no interior da escada ao nível do acesso e cuja operação apenas seja possível por delegados de segurança e bombeiros.

8.5.2. VIAS HORIZONTAIS DE EVACUAÇÃO

O controlo de fumo nas vias horizontais de evacuação do estádio pode ser realizado por desenfumagem passiva, por desenfumagem ativa ou por sobrepressão relativamente aos espaços adjacentes.

De referir que os caminhos de evacuação horizontal do estacionamento serão tratados no subcapítulo 8.5.6 e os caminhos de evacuação horizontal inseridos nos foyers serão tratados no subcapítulo 8.5.3. Para as restantes vias, sugere-se a implantação de um sistema de desenfumagem passiva.

Nas vias horizontais de evacuação do piso 3, referente a escritórios, o sistema adotado deve considerar que a admissão de ar seja realizada por bocas de admissão, ligadas a tomadas exteriores de ar através de condutas e que a evacuação de fumo seja realizada por bocas de extração ligadas a aberturas exteriores através de condutas. As duas bocas descritas devem ser distribuídas alternadamente. A distância máxima entre duas bocas de admissão e duas bocas de extração deve ser de 10 m nos percursos em linha reta e de 7 m nos restantes percursos. As saídas de qualquer local de risco devem distar no máximo 5m das bocas de extração e estas nunca podem ser em maior número do que as bocas de admissão.

Nas vias horizontais de evacuação do piso 2 e -1, a admissão e extração de ar pode ser realizada por intermédio dos vãos relativos aos vomitórios das galerias. No piso 2 especificamente, a admissão e extração de ar pode ainda ser feita por intermédio das varandas existentes no piso. As restantes imposições devem ser de acordo com o descrito para o piso 3. Ao nível do piso 0 existem duas aberturas de 90 m2 cada no pavimento a norte e duas aberturas de igual dimensão a sul. Estas aberturas permitem a circulação de ar constante nas galerias inferiores norte e sul, pelo que aparentemente poderá dispensar o controlo de fumo nestes locais.

Segurança Contra Incêndio em Estádios de Futebol – Estudo de Caso

Por fim, na ala poente do piso -3, as vias horizontais de evacuação protegidas podem ter um sistema de admissão e extração de ar por intermédio de bocas de admissão e bocas de extração, respetivamente, localizadas nos espelhos dos degraus da bancada inferior poente, situando-se a um nível de altura, em relação ao pavimento, de no máximo 1 m para a admissão de ar e de no mínimo 1,8 m para a extração. As restantes imposições devem ser de acordo com o descrito para o piso 3.

8.5.3. LOCAIS DE RISCO B COM EFETIVO SUPERIOR A 500 PESSOAS

Os locais de risco B com efetivo superior a 500 pessoas que necessitam de instalações de controlo de fumo são os foyers, com exceção do foyer presidencial por ter um efetivo de 264 pessoas. Os valores dos efetivos dos foyers para que se considerem instalações de controlo de fumo dizem respeito a atividades diferentes dos jogos de futebol.

Nos foyers relativos ao piso 1, sugere-se a instalação de equipamentos de desenfumagem passiva. A admissão de ar e a evacuação de fumo pode ser efetuada com o recurso a vãos dispostos nas paredes referentes à fachada do edifício, em cada foyer, cuja parte superior se situe a uma altura de 1 m do pavimento para os vãos de admissão e cuja parte inferior se situe a pelo menos 1,8 m de altura do pavimento para os vãos de extração. No que diz respeito aos foyers do piso 0, sugere-se o mesmo tipo de instalação de desenfumagem, sendo que a admissão de ar e a evacuação de fumo se podem fazer por intermédio de vãos instalados na parede que separa estes foyers das bancadas, que são zonas ao ar livre.

8.5.4. COZINHA, COPAS E APOIOS DE BAR

No Estádio do Dragão, apenas no piso 1 se pode identificar uma cozinha à qual está associada uma sala de jantar, de acordo com o n.º 2 do Artigo 21.º. No entanto, a compartimentação existente está feita segundo as paredes da cozinha, e não segundo a cozinha juntamente com a sala de jantar de forma associada, pelo que a obrigatoriedade de instalação de sistema de desenfumagem ativa deixa de existir.

Ainda assim, e dada a natureza de exploração dos locais referentes a copas, cozinha e apoios de bar, sugere-se a instalação de sistemas de desenfumagem ativa. Assim, recomenda-se que a admissão de ar seja realizada por meios naturais, através de bocas de condutas dispostas em zonas resguardadas do fumo produzido pelo incêndio. Quanto à extração de fumo, sugere-se que esta se faça por intermédio de ventiladores, cuja parte inferior se situe a uma altura mínima de 1,8 m relativamente ao pavimento. Os ventiladores para as características deste edifício devem funcionar, à passagem de fumo de 400 ºC, durante uma hora. A alimentação da sua energia elétrica deve ser feita a partir do grupo de geradores situado no piso -4.

Nos locais abordados neste subcapítulo, deve ainda ser instalado um sistema automático de deteção de gás combustível constituído por unidades de controlo e sinalização, detetores, sinalizadores ótico- -acústicos, transmissores de dados, cabos, canalizações e acessórios compatíveis entre si e devidamente homologados. Note-se que o disparo do alerta de atmosfera perigosa deve corresponder ao imediato corte do fornecimento de gás.

8.5.5. LOCAIS DE RISCO C+

Os locais de risco C+, para além daqueles a que se refere o subcapítulo anterior, dizem respeito a armazéns, a grupos de geradores, a salas de quadros, a postos de transformação, ao depósito de

gasóleo, às caldeiras e a salas de arrumos. Para estes locais, o autor sugere a instalação de sistemas de desenfumagem passiva. Mediante a localização destes locais, prevê-se a instalação de bocas de admissão de ar e bocas de evacuação de fumo ligadas ao exterior quando não se localizarem junto à fachada do edifício. Nos restantes casos admitem-se vãos expostos na fachada, nas condições referidas no subcapítulo 8.5.3.

8.5.6. ESPAÇOS AFETOS À UTILIZAÇÃO-TIPO II

Para os espaços afetos ao estacionamento, o autor sugere a implantação de um sistema de desenfumagem passiva. Esta desenfumagem deverá servir tanto para o controlo do fumo dos lugares de estacionamento como das vias horizontais de evacuação. Assim, para os casos em que no piso -2 e -3 o estacionamento se desenvolve pelas alas norte e poente, o autor sugere que a admissão de ar e a evacuação de fumo seja feita por intermédio de bocas de admissão e de bocas de extração, respetivamente, ligadas ao exterior nas alas nascente e sul, através de condutas. No que diz respeito às alas nascente e sul de locais relativos a estacionamento, que se podem identificar no piso -1, -2 e -3, a admissão de ar e extração de fumo pode proceder-se por meio de vãos dispostos em paredes exteriores, como os representados pela Fig. 4.10, pela Fig. 4.12 e pela Fig. 4.13.

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