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C APÍTULO IV – F UNDAMENTAÇÃO M ETODOLÓGICA DO T RABALHO E MPÍRICO

4.2 Opções metodológicas

4.2.1 Natureza do estudo e abordagem metodológica

O presente estudo insere-se no quadro conceptual da investigação qualitativa à luz do paradigma interpretativo. Considerámos que pela questão de partida e pelos objectivos por nós definidos, esta seria a abordagem metodológica considerada neste estudo.

Quando se remete para o campo da metodologia importa começar por definir em que consiste. Segundo Fortin (1999) a metodologia corresponde ao conjunto dos métodos e das técnicas que orientam a elaboração do processo de investigação científica.

Na perspectiva de Burns & Grove, citados por Fortin (1999) fazer investigação é um processo sistemático que tem por objectivo atestar conhecimentos estabelecidos e de produzir outros que, de forma directa ou indirecta, irão gerar benefícios na área em que foram desenvolvidos. Na opinião de Liebscher, citado por Dias (2000), a abordagem qualitativa é apropriada, quando o fenómeno em estudo é:

“Complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registar e analisar interacções reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas.”

(Liebscher in Dias:2000) Segundo Gody, citado por Neves (1994), o conjunto de características essenciais numa abordagem qualitativa são:

 O ambiente natural como fonte directa de dados e o pesquisador como instrumento fundamental em todo o processo;

 O seu carácter descritivo;

 O significado que os participantes dão ao fenómeno em estudo, deve constituir uma das preocupações do investigador;

 O enfoque indutivo.

O investigador é o elemento fundamental em todo o processo de pesquisa, uma vez que ele deve manter uma conduta participante com o intuito de captar o universo das percepções, emoções e das interpretações dos participantes no estudo, no seu contexto social e profissional.

É chamado a assumir o papel de intérprete da realidade, a estabelecer uma relação de intersubjectividade entre investigador e participantes no estudo. Estas características expressam quanto é importante a credibilidade, fidedignidade e a equidade das suas interpretações de modo que, possa apreender os significados que emergem do participante (Moreira et al, 2007).

As finalidades que se pretendem atingir com esta metodologia são diversificadas, pois podem passar por uma simples descrição do fenómeno, testar uma teoria ou criar uma nova teoria (Eisenhardt, 1989). No caso do nosso estudo, é nossa pretensão interpretar e compreender os resultados obtidos.

A informação recolhida nas entrevistas foi analisada, pela técnica de análise de conteúdo. De acordo com Moreira et al (2007) esta tem como “objectivo básico realizar

compreensão de um texto, sua condição de produção; dessa forma, o discurso só pode ser compreendido enquanto processo. (Moreira et al:2007)

Para Bardin (2004, p.7), a análise de conteúdo é “um conjunto de instrumentos

metodológicos cada vez mais subtis em constante aperfeiçoamento que se aplicam a discursos (...) extremamente diversificados. O factor comum destas técnicas múltiplas e multiplicadas (...) é uma hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência”.

Daqui, depreende-se que este tipo de análise requer um elevado esforço de interpretação dos dados recolhidos no sentido de os descodificar, obter informação pertinente para atingir os objectivos a que o investigador se propôs no início do seu trabalho.

De seguida procedeu-se ao contacto com o ambiente onde foi recolhida a amostra de modo a dar início à parte empírica e encontrar os participantes mais adequados para a realização das entrevistas.

Depois de estruturado o trabalho passou-se à fase de desenvolvimento. Nesta, foi elaborada a condução do estudo, com a realização da entrevista e de pesquisa bibliográfica. Á medida que os dados foram recolhidos deu-se início ao tratamento e estabeleceu-se a relação existente entre os dados anteriormente recolhidos.

Após este momento da pesquisa elaborou-se a análise e discussão de resultados. Na terceira e última fase deste percurso foi feita uma comparação entre os dados obtidos e o conteúdo teórico de forma a perceber em que medida este é confirmado, ou se existem conclusões que acrescentam algo, ou estão em contradição ainda que parcialmente.

Numa situação destas é preciso estabelecer um reequacionamento da teoria, após uma revisão final de todo o trabalho este será dado por concluído.

O paradigma interpretativo emerge de uma perspectiva relativista da realidade e encara o mundo real vivido como uma construção de actores sociais que, em cada momento e espaço, constroem o significado social dos acontecimentos e fenómenos do presente e reinterpretam o passado. Neste âmbito, não faz sentido falar da dualidade objectividade versus subjectividade, uma vez que a interpretação é uma actividade humana por excelência permitindo conhecer-se a si próprio e aos outros (Schwart,1994). O paradigma interpretativo dirige-se sobretudo a questões de conteúdo, mais do que de processo “o objectivo primordial da investigação centra-se no significado

(Erickson,1989,p. 196). O paradigma interpretativo não tem por objectivo a previsão, através da verificação de leis ou a generalização de hipóteses, pelo contrário, o paradigma interpretativo pretende desenvolver e aprofundar o conhecimento de uma dada situação num dado contexto. Em vez de se ter, à partida, um conjunto de hipóteses a testar, procura-se compreender o comportamento dos participantes no seu contexto (Bogdan e Biklen, 1982).

À luz do exposto torna-se fulcral afirmar que toda a investigação segue o paradigma interpretativo na busca da compreensão e apreensão dos significados do fenómeno em estudo. Não cabe ao investigador tomar juízos de valor sobre o objecto de estudo. Por outras palavras, o investigador não deve assumir uma postura exterior avaliativa, mas antes procurar interpretar e compreender o seu significado.