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CAPÍTULO III – MÉTODO

1. Opções metodológicas

Recorde-se que o propósito fundamental deste estudo é conhecer quais as representações de alunos do 8º ano de escolaridade sobre criatividade e avaliar o impacto da implementação de uma sequência didática na Unidade “Sequências e regularidades” operacionalizada através de tarefas focadas em padrões visuais e envolvendo a sua resolução efetiva pelos alunos e o confronto, discussão e avaliação de várias soluções apresentadas, no desenvolvimento da criatividade e do raciocínio funcional. Neste sentido, o método adotado é de natureza qualitativa, focado num estudo de caso com uma certa dimensão exploratória, principalmente no que diz respeito à criatividade e desenvolvido num contexto próximo da lógica de investigação-ação.

Um modelo de investigação qualitativa, segundo alguns autores (Bogdan & Biklen, 1994; Tuckman, 1994), tem na sua essência cinco características: (1) a fonte direta dos dados é o ambiente natural dos participantes e o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados; (2) os dados que o investigador recolhe são essencialmente de carácter descritivo; (3) há um interesse maior pelos processos do que pelos resultados ou produtos; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva e (5) atribui-se uma importância vital aos significados construídos pelos participantes. Todas estas são características do estudo desenvolvido.

Coutinho (2011) refere que o objetivo da investigação qualitativa é perceber os fenómenos na íntegra e no contexto em que estes sucedem. Já para Barbosa (2010: 90) é

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“compreender, de forma aprofundada, o que os sujeitos pensam”. Para tal, é necessário que “o investigador passe períodos de tempo (…) com os sujeitos, no seu contexto natural, propondo questões de natureza aberta e garantindo o registo das suas respostas” (idem).

As ideias base ou palavras-chave subjacentes à metodologia qualitativa – complexidade, subjetividade, descoberta e lógica indutiva – são apresentadas por Coutinho (2011: 287-288) ao citar Denzin e Lincoln (1994: 105):

A investigação qualitativa utiliza uma multiplicidade de métodos para abordar uma problemática de forma naturalista e interpretativa, ou seja estuda-se o problema em ambiente natural, procurando interpretar os fenómenos em termos do que eles significam para os sujeitos (…) utiliza uma variedade de materiais empíricos – estudo de caso, experiência pessoal, entrevista, histórias de vida, introspecção – que descrevem rotinas e significados nas vidas dos sujeitos.

Um estudo de caso visa conhecer uma entidade bem definida, necessariamente inserida num determinado contexto, tem como objetivo compreender em profundidade o “como” e os “porquês” dessa entidade nos aspetos que interessam ao investigador e é uma investigação que se debruça sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial (Ponte, 2006a). De acordo com Yin (2010), investiga um fenómeno contemporâneo em profundidade, no seu contexto de vida real, pode ser usado para “explorar as situações em que a intervenção sendo avaliada não possui um único e claro conjunto de resultados” (p. 41) e tem como principais objetivos relatar os factos tal como sucederam, descrever situações e dar a conhecer fenómenos estudados. Na perspetiva de Coutinho (2011: 293), a sua finalidade é “preservar e compreender o caso no seu todo e na sua unicidade”.

A recolha de dados, no estudo de caso, é normalmente feita com recurso a técnicas e instrumentos próprios de investigação qualitativa como as notas de campo, o diário de bordo, a entrevista e a observação participante (Yin, 2010).

A característica que melhor identifica e diferencia a abordagem metodológica estudo de caso é o facto de se tratar de um plano de investigação que envolve o estudo pormenorizado de uma entidade bem definida – o “caso” (Coutinho, 2011). A autora considera que quase tudo pode ser um caso: um indivíduo, um pequeno grupo, uma comunidade ou até um processo, uma política ou um acontecimento imprevisto.

Capítulo III – Método

39 Bogdan & Biklen (1994) classificam os estudos de caso tendo em conta o número de casos em estudo. Estes autores distinguem estudos de caso únicos e estudos de caso múltiplos. Como os próprios nomes indicam, baseiam-se no estudo de um único caso ou no estudo de mais do que um caso, respetivamente.

Os estudos de caso podem ser utilizados com diferentes propósitos, o que motivou Yin (2010) a considerar que, quer sejam únicos quer múltiplos, estes podem ser explanatórios, descritivos ou exploratórios. Os estudos explanatórios procuram a causa que melhor explica o fenómeno estudado e todas as suas relações causais. Por outro lado, os descritivos apresentam a descrição completa de um fenómeno inserido no seu contexto. Os estudos de caso exploratórios têm como objetivo “desenvolver hipóteses e proposições pertinentes para investigação posterior.” (Yin, 2010: 29)

O estudo desenvolveu-se num contexto próximo da lógica de investigação-ação visto que a professora da disciplina é a própria investigadora e, segundo Arends (1995), “quando os professores se envolvem numa investigação na sala de aula, esta adquire normalmente a designação de investigação-acção” (p. 525). É o caso.

Coutinho, Sousa, Dias, Bessa, Ferreira e Vieira (2009) descrevem a investigação-ação “como uma família de metodologias de investigação que incluem acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica.” (p. 360). Zuber-Skerritt (1992), referido por Coutinho et al. (2009), defende que “fazer investigação-acção implica planear, actuar, observar e reflectir mais cuidadosamente do que aquilo que se faz no dia-a-dia, no sentido de induzir melhorias nas práticas” (p. 363).

Ao longo deste estudo, numa perspetiva de melhoria, foram-se introduzindo alterações à planificação, em função do desempenho e atitudes dos alunos, aula a aula, numa lógica de micro ciclos de planificação/ação/reflexão.

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