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2.2 – Operacionalização e definição da liderança enquanto variável

A liderança pode ser definida e interpretada através de múltiplas formas, tendo em conta a área e o contexto em que a mesma se entende (Barroso, 2012; Gonçalves, 2008; Kets De Vries, 1993; Lopes & Baioa, 2011; Nascimento, 2012; Northouse, 1997; Paquete, 2009). A existência de diversas definições e divergências de opinião sobre esta variável sugerem que a delimitação do seu campo de análise não é unânime (Nascimento, 2012), razão pela qual se encetaram estudos com o objetivo de estabelecer uma definição universalmente aceite (Bass & Avolio, 1997, cit. in Chipunza, Samuel & Mariri, 2011). Revez (2004), referido por Machado (2010), afirma, inclusivamente, que esta variável é a mais estudada e, paradoxalmente, a menos compreendida nas ciências sociais e humanas. Da mesma forma, Yukl e Van Fleet (1992), referidos por Silva (2006), afirmam que os significados de liderança apresentam um caráter relativamente aleatório, originando discussões quanto à melhor definição do termo – que, por sua vez, motivam um ambiente de incerteza.

De acordo com Stodgill (1974), referido por Northouse (1997), existem quase tantas definições de liderança como tentativas para definir este conceito. É frequentemente percebida como um conjunto de caraterísticas relativas à personalidade, forma de originar obediência, prática de influência, forma de persuasão, ligação de poder, meio para conseguir atingir objetivos ou, em alternativa, uma conjugação de diversos fatores (Neves, 2001). Alternativamente, é apresentada como o aumento de influência acima de uma submissão com as diretrizes das organizações, processo de influências nas atividades de um grupo organizado face à realização de um objetivo, e como um procedimento de atribuição de significado ao esforço coletivo e tentativa de aproveitamento desse empenho no atingir de um determinado objetivo (Katz & Kahn, 1974, Rauch & Behling, 1984, Jacobs & Jaques, 1990, cit. in Gonçalves, 2010). Paralelamente, Northouse (1997) afirma que existem diversas componentes que podem ser identificadas como centrais ao fenómeno da liderança: é um processo; envolve influência, ocorre num contexto grupal e supõe o atingir de uma meta.

De acordo com Chiavenato (1987), referido por Machado (2010), a liderança pode ser compreendida enquanto caraterística pessoal ou, em alternativa, como função. No que à primeira visão diz respeito, a mesma foca-se no núcleo e na natureza do indivíduo, hipotetizando que o mesmo encerra um conjunto de caraterísticas pessoais – traços – que o capacitam para ser líder. Interpretada como uma função, a liderança constitui-se como algo atribuído ao indivíduo – um cargo ou posição, mais concretamente -, que o dotam de autoridade e responsabilidade para efetuar determinadas decisões. É a circunstância, portanto, que o torna num líder.

Jago (1982) carateriza a liderança como sendo uma atividade de influência não opressiva, cujo objetivo é organizar e coordenar os membros de um grupo no sentido de

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alcançar os objetivos do mesmo. Bass (1990), referido por Jansen (2011), Neves (2001) e Northouse (1997), interpreta a liderança como uma interação relativa a dois ou mais membros de um grupo que, geralmente, origina a necessidade de estruturar ou reestruturar a situação, pontos de vista e expectativas dos elementos do grupo. Chipunza, Samuel e Mariri (2011) explicam a liderança como sendo um processo através do qual o líder usa a sua influência sobre os seus subordinados, o que os leva a direcionar os seus esforços e capacidades de forma entusiástica, com objetivo de alcançar, com êxito, as metas da empresa. De igual forma, postulam que o nível de comprometimento para com os colaboradores e a sua moral e fidelidade à organização são resultado, por um lado, de diversos fatores indutores de motivação e, por outro, da remoção de fatores desmotivantes, como os estilos de gestão desajustados ao contexto. Maak e Pless (2006) defendem que o objetivo da liderança é a edificação, de uma forma sustentável, de relacionamentos de confiança com as diversas partes interessadas – dentro e fora da organização -, com o intuito de atingir, de forma coordenada, os objetivos definidos. Assim, os líderes encontram-se incumbidos de proceder à integração eficaz de pessoas com diferentes culturas, para que consigam realizar um trabalho conjunto e eficiente. Espera-se que o líder compreenda os seus interesses, necessidades e regras, mobilizando

esforços no sentido do atingir das metas.Por seu turno, Bohn e Grafton (2002), caraterizaram

a liderança como um caminho cujo objetivo principal é gerar uma interpretação clara das tarefas, dotando os trabalhadores de auto confiança - que se origina numa ideia de coordenação e comunicação constantes. Paralelamente, Yukl e Van Fleet (1992), referidos por Silva (2006), compreendem a liderança enquanto um processo que exerce influência nas metas, atividades e métodos de um grupo ou organização, procurando que os sujeitos adotem essas estratégias e, assim, obtenham os objetivos estabelecidos.

Como anteriormente referido, Northouse (1997) interpreta este fenómeno como um processo através do qual um sujeito influencia um grupo de indivíduos, com o intuito de atingir determinado objetivo comum. Efetuando uma análise mais profunda desta perspetiva, o autor revela que, enquanto processo, a liderança não pode ser catalogada como um traço ou caraterística presente no líder, mas sim como um conjunto de ocorrências transacionais que são efetuadas entre aquele e os seus seguidores, sendo mutuamente afetados. Assim definida, a liderança encontra-se disponível a cada um; também envolve influência, ou seja, foca-se na forma como o líder afeta os colaboradores. Sem esta relação, a ideia subjacente ao construto não poderia existir. A liderança ocorre em grupos – envolve, igualmente, a influência de um conjunto de sujeitos que partilham uma meta comum – a uma escala maior ou mais pequena. Por último, a prática de liderança compreende uma direção em relação a objetivos. Os líderes conduzem as suas energias face a indivíduos que tentam, de uma forma organizada e agrupada, atingir determinada meta. Como consequência, pode afirmar-se que a liderança ocorre e manifesta os seus efeitos em ocasiões em que os sujeitos se operam em relação a determinado objetivo.