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Oportunidades para a Cultura 2014-2020

Capítulo V. Um projeto para o Museu Escolar de Marrazes

5.1 Oportunidades para a Cultura 2014-2020

Um crescimento inteligente123, sustentável124 e inclusivo125 é o domínio que a Europa identificou como passível de fomentar o crescimento e o emprego. No quadro de cada uma destas iniciativas, a UE e Portugal coordenam esforços para que as sete iniciativas emblemáticas que partem destes três pilares se reforcem mutuamente.

Recuperar uma trajetória de crescimento e emprego é então a visão de Portugal para o novo QREN, onde os fundos estruturais são, nos próximos anos, o instrumento essencial de apoio ao desenvolvimento do país e à correção das assimetrias regionais que ainda permanecem, fazendo assim face ao défice de competitividade, mais do que ao défice de estruturas.

Perante isto e numa aposta clara na competitividade e dinamização da economia aberta ao exterior, a intervenção do QREN está organizada em torno de domínios temáticos: Competitividade e Internacionalização, Capital Humano, Inclusão Social e Emprego, Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.

Dentro destes eixos, os projetos culturais podem sair beneficiados na estratégia nacional do QREN 2014-2020.

122 Dedicatória escrita no livro que ofereceu ao Museu Escolar, da sua autoria: “O Ensino Primário em Portugal -

Viagem ao Passado”.

123 Em http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/priorities/smart-growth/index_pt.htm 124 Em http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/priorities/sustainable-growth/index_pt.htm 125 Em http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/priorities/inclusive-growth/index_pt.htm

77 Na intervenção do seminário “Cultura 2020 capital criativo, capital humano, capital social”, que decorreu na Fundação de Serralves em novembro de 2013, o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, referia-se assim aos pilares126 da atuação de Portugal até 2020 e à sua relação com as iniciativas culturais:

Competitividade e internacionalização – “Dotar a nossa economia dos fatores que lhe permitam existir e prosperar no meio competitivo da economia global.”127

Na relação com as atividades culturais, abre-se um leque de possibilidades no panorama cultural, em especial as indústrias culturais e criativas, geradoras de bens e serviços transacionáveis e exportáveis. Esta importância é ainda maior quando os bens culturais e toda a economia criativa se relaciona, direta ou indiretamente, com outros setores, como é o caso, por exemplo, do turismo. E é neste campo que os museus e o património têm de entrar, têm de se afirmar, têm de acrescentar valor à herança cultural que já transportam em si. Numa Europa competitiva, as TIC são fundamentais para a internacionalização, criando pontes, novos caminhos digitais, mas apelando à visita, atraindo públicos presenciais e desenvolvendo o turismo.

É por isso que o melhoramento no acesso às TIC, bem como a sua utilização e qualidade é um dos objetivos deste domínio temático, em articulação com os objetivos da Agenda Digital Europeia, e a nível nacional, da Agenda Portugal Digital. Por regra, a dimensão das TIC deverá estar transversalmente incorporada nas intervenções no domínio da competitividade, seja no apoio ao desenvolvimento de novos serviços, aplicações e conteúdos TIC, ou no reforço da oferta nacional de bens e serviços transacionáveis.

Outro fator a ter em conta para os museus, essencialmente para os que estão sob a tutela do Estado, é que está garantida a continuidade do esforço de incorporação e utilização de TIC nos serviços públicos, com vista a dar continuidade ao movimento de redução dos custos, aproximando os serviços dos cidadãos, e os museus são também eles prestadores de serviços e cada vez mais se relacionam com os cidadãos, não fossem estas instituições entidades eminentemente sociais. Neste contexto, é muito importante, do ponto de vista da gestão da informação, que os museus aproveitem mais esta oportunidade para se colocarem em linha, olhando para o futuro como instituições plenas na Sociedade da Informação.

Por fim, setores como o audiovisual ou os novos media podem ser apostas dos museus neste novo Quadro de Referência Nacional, oferecendo criativamente à cultura portuguesa na “apreciação

126 Disponível em http://www.portugal.gov.pt/media/1242599/20131115%20madr%20cultura%202020.pdf

127 Poiares, M. (2013). Seminário Cultura 2020 capital criativo, capital humano, capital social. Disponível em

78 universal”, mas mantendo o seu cariz local, regional ou nacional, acrescentando valor ao território de que é parte integrante.

Capital humano – “Falar em fomento do Capital Humano é falar em educação e formação. E não é possível, ou pelo menos não é desejável, falar de ambas sem falar em cultura.”128

Cabe aos agentes culturais assumirem a cultura como uma componente fundamental do capital humano, procurando formas criativas que transformem esta dimensão cultural numa valência indispensável e que incentive práticas culturais ao longo da vida.

Inclusão Social e Emprego – “A cultura pode e deve ser uma dimensão importante no esforço de capacitação das populações, e portanto ser elemento valorizador da oferta de formação.”129

O património e a cultura podem de facto responder ao desemprego, tendo todo o potencial para dar resposta ao desemprego, através do aumento da competitividade e do bem-estar social.

Sustentabilidade e Eficiência no uso de recursos – “Portugal dispõe de um riquíssimo património cultural, sedimento de um longo passado carregado de história, que está ainda, em grande medida, à espera que o potenciemos plenamente como ativo económico. Ao fazê-lo, servimos esse património e servimos ao mesmo tempo o desenvolvimento do território, conjugando no seu melhor uso o passado, o presente e o futuro.”130

Neste quarto eixo, o património é encarado do ponto de vista da sustentabilidade, pelo que projetos de recuperação do património e toda a divulgação que lhe está associada, com a natural intervenção das TIC, podem garantir essa conservação e reprodução de recursos a longo prazo.

Nesta sustentabilidade também podem entrar as dimensões culturais como geradoras de emprego, direto ou indireto, ao potenciar o turismo, ao promover a atração de pessoas aos territórios.

Temos aqui desenhadas as portas que se abrem no Portugal 2020, a que se juntam os Investimentos Territoriais Integrados (ITI), um dos instrumentos inovadores previstos para o próximo quadro. Os museus poderão ter aqui um nicho, ao promover redes nacionais e internacionais, atraindo fundos de vários domínios para uma finalidade comum, ainda que abrangendo unidades territoriais distintas.

Porque não, uma rede de museus escolares, mostrando as características da história da educação? Há que fazer esse trabalho pelos museus e promover essa rede global de dinamização

128 Ibidem 129 Ibidem 130 Ibidem

79 dos patrimónios culturais, e consequentemente do turismo, por todo o mundo, dando assim um importante contributo à internacionalização e respondendo ao desafio geral da competitividade que se coloca a Portugal.

O que nos parece ser um facto é que as TIC são transversais a todos estes eixos, passíveis de serem utilizadas criativamente no desenvolvimento do património cultural. A produção cultural tem tudo para “dar o salto” neste novo quadro de referência.

O que nos parece ser um facto é que as TIC são transversais a todos estes eixos, passíveis de serem utilizadas criativamente no desenvolvimento do património cultural. A produção cultural tem tudo para “dar o salto” neste novo quadro de referência.

Fig. 25 – Dotação por programas131

Parece-nos, também, que neste quadro de internacionalização, as candidaturas terão mais possibilidade de vingar se estiverem estruturadas em redes, com o estabelecimento de parcerias nacionais ou internacionais. É cada vez mais pertinente esta criação de dinâmicas, onde o todo

131 Incluindo os quatro Programas Operacionais Temáticos no Continente, os cinco Programas Operacionais Regionais

no Continente (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve) e os dois Programas Regionais nas Regiões Autónomas (Açores e Madeira). Disponível em:

80 prevalece sobre a soma das partes e onde a inovação é tida como fundamental para a Sociedade da Informação e do Conhecimento em que vivemos. Aliás, a prioridade à Competitividade e Internacionalização concentra mais de 40% das verbas, com o enfoque no desenvolvimento de uma nova cultura de parcerias, quer seja no âmbito de intervenções de cariz temático, quer seja de cariz territorial.

“Portugal 2020” abre portas à cultura/inovação (crescimento inteligente), tendo na criatividade o fator de diferenciação e de competitividade; à cultura/participação (crescimento inclusivo), através da cidadania, formação, emprego, bem-estar social, tendo nas iniciativas culturais o fator de coesão e inclusão; e à cultura/responsabilidade (crescimento sustentável), através de desafios ligados ao ambiente, património, cooperação territorial, onde a dimensão cultural é tida como fator de qualificação e adaptação.

Esta proposta vai ao encontro do apresentando associando-se também a importância que o documento atribui ainda ao facto de a afirmação dos territórios e das regiões estar intimamente associada à proteção e desenvolvimento do património cultural e natural. “As diferentes regiões de Portugal possuem diversos monumentos arquitetónicos, históricos, culturais e naturais que para além de constituírem mais-valias de importância crítica, são, igualmente, elementos que transportam um forte caráter identitário, reconhecendo-se, nas suas características, elementos típicos da região em que se inserem, assim como da história do país. Deste modo, deve ser completado o esforço levado a cabo ao longo dos diversos períodos de programação dos Fundos Estruturais no sentido de ser garantido o apoio à recuperação, salvaguarda e promoção do património cultural e natural”132

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