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ORDEM DE SÃO BENTO (OSB)

No documento Bibliotecas de História Vol II (páginas 97-102)

Nota histórica: A Regra de S. Bento data do século VI mas os primitivos

estabelecimentos não estavam agrupados numa Ordem, antes subsistiam de forma autónoma. É já no século VIII que é possível, verdadeiramente, falar de vida monástica beneditina. O apogeu da Ordem dá-se na primeira metade do século XII quando contava com cerca de 1200 instituições povoadas por cerca de 10000 monges repartidos por França, Itália, Inglaterra, Espanha e Portugal. A partir do século XIII, com o desenvolvimento urbano e as novas condições económicas e sociais na Europa, os mosteiros mais antigos, de raiz rural, começam a declinar de importância. Em Portugal, a Regra de S. Bento foi introduzida entre 1080 e 1115, quer através de novas fundações quer em mosteiros já existentes, tornando-se a Ordem mais representativa em Portugal até finais do século XII.

A sede da Ordem veio a ser o mosteiro de S. Martinho de Tibães. A constituição canónica da Congregação de S. Bento data de 1567 e nela foram incorporados os mosteiros que seguiam a Regra. A Ordem é particularmente importante na Idade Média e a ela estão associadas as actividades intelectuais que desenvolveu, nomeadamente, no respeitante à leitura, à produção de livros manuscritos e à constituição de “livrarias” nos mosteiros de que o exemplo mais emblemático é a do mosteiro de Tibães. A Ordem foi experimentando dificuldades de sobrevivência, a partir do século XIII, face ao avanço das ordens mendicantes e, posteriormente, devido a dissenções internas, já se encontrava em adiantado declínio em número de instituições e, sobretudo, em número de religiosos. Foi extinta em 1834.

Instituições em Lisboa:

Masculinas: Colégio de Nossa Senhora da Estrela (1573-1834), Mosteiro de São Bento da Saúde (1615-1832).

Bibliografia de referência:

- DIAS, Geraldo José Amador Coelho – Beneditinos. II. Época Moderna. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. I, p. 205-208.

- MATTOSO, José – Beneditinos. I. Idade Média. In AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. I, p. 202-205.

94 - SANTOS, Maria Teresa C.S. Gonçalves dos – Beneditinos. In: FRANCO, José Eduardo, dir.– Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas

de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p 60-71.

- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens

a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 41-45.

COLÉGIO DE NOSSA SENHORA DA ESTRELA (LISBOA)

Figura 57 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 12

Localização: No Largo da Estrela. O edifício foi transformado e é hoje o Hospital

Militar da Estrela.

História: Fundado em 1573 integra-se no movimento de aproximação aos centros

urbanos que a Ordem de S. Bento empreendeu e foi criado no âmbito da reforma da Ordem, sob os auspícios do cardeal D. Henrique a que se juntou sua irmã a infanta D. Maria. Em 1615 a comunidade transferiu-se para um novo edifício na quinta da Saúde também em Lisboa, mosteiro esse sob invocação de S. Bento e que ficou conhecido por mosteiro de S. Bento da Saúde. O espaço da primeira comunidade foi encerrado mas poucos anos depois os beneditinos voltaram a utilizá-lo, após obras de restauro, para servir de colégio de estudos de Teologia. Servia também de hospício aos beneditinos que vinham a Lisboa. É muitas vezes designado por S. Bento o Velho (apesar de ter mantido a invocação a Nossa Senhora da Estrela) ou convento da Estrelinha, eventualmente para o distinguir do convento do Santíssimo Coração de Jesus, anexo à

95 Basílica da Estrela ou então, devido à sua dimensão. Ficou bastante danificado pelo terramoto de 1755 mas foi reconstruído. Porém, a partir de 1797 acentua-se o seu declínio, tendo o edifício sido parcialmente ocupado por um hospital de tropas inglesas até 1801 e passado finalmente como hospital militar a partir de 1818.

Biblioteca: O colégio possuía biblioteca. Não consta na Relação de conventos extintos e

de livros e quadros recebidos, de [1834]-184159, eventualmente porque a Portaria de 3 de Março de 1834, anterior ao Decreto de 28 de Maio que extingue os conventos masculinos, já ordenara à Real Biblioteca Pública da Corte a boa arrecadação da biblioteca de Nossa Senhora da Estrela60. Não foram encontrados inventários ou catálogos da biblioteca. Os livros desta proveniência têm marca de posse manuscrita, em português e, mais raramente em latim, de redacção e grafia diversas, indicando o nome do colégio.

Figura 58 – R. 9334 P. Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 11. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 46.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 49-52.

- PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo – Ordens

monástico-conventuais: Inventário. Lisboa: IAN/TT, 2002, p. 12.

- SOUSA, Gabriel de – Beneditinos. 11- Lisboa (N.ª S.ª da Estrela). In: ANDRADE, António Alberto Banha de – Dicionário de História da Igreja em Portugal. Lisboa: Editorial Resistência, 1980-1983, vol. 2, p. 369-373.

59 BNP/Arquivo Histórico-22 (BN/AC/INC/DLEC/18/Cx. 05-03) estudado por BARATA, Paulo J.S. –

Os livros e o liberalismo: da livraria conventual à biblioteca pública. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2003. Anexo 4, p. 381-388.

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MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA SAÚDE (LISBOA)

Figura 59 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 11

Localização: Na Praça de S. Bento. O edifício, que sofreu várias campanhas de obras

de adaptação e onde esteve também o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, é a sede da Assembleia da República.

História: O primeiro estabelecimento beneditino em Lisboa foi o colégio de Nossa

Senhora da Estrela mas em 1581 começou a ser construído um novo edifício na quinta da Saúde, a “expensas da Religião”61. A comunidade instalou-se em 1615 com monges vindos da Estrela num edifício que era dos de maior porte em Lisboa. A seguir ao terramoto de 1755 tiveram de ceder parte das instalações para albergar o Patriarcado de Lisboa, a Academia Militar e a Torre do Tombo. Entre 1796 e 1798 funcionou no mosteiro uma prisão para pessoas notáveis. O mosteiro foi abandonado em 1822, tendo a comunidade partido para o mosteiro de Tibães, de onde retornou no ano seguinte. Em 1833, o mosteiro foi definitivamente encerrado e passou a funcionar nele, em permanência, as Cortes.

Biblioteca: O mosteiro tinha vultuosa biblioteca. Existe catálogo entregue em

cumprimento do Edital da Real Mesa Censória de 10 de Julho de 1769. (PT/TT.RMC. Cx. 118, cat. 443). Na BNP existe um índice das obras da biblioteca:

97 - Índice que mandou fazer o M.R.P. Preg. Geral Fr. João do Pilar sendo Abbade deste

Mosteiro de S. Bento da Saúde para se procurarem e descobrirem com muita facilidade os livros de que se compõem esta livraria. 1776. (Cód. 7435)62.

Os poucos livros que encontrámos desta proveniência têm marca de posse manuscrita, em português, de redacção e grafia diversas, indicando o nome do mosteiro.

Figura 60 – R. 16 V. Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 11. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 33-35.

- Convento de São Bento da Saúde / Palácio de São Bento / Palácio das Cortes /

Assembleia da República. Disponível em:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4305.

- Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa. 1ª ed. Lisboa: Câmara Municipal, 1975, vol. V, 3º tomo, p. 63-68.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 45-48.

- PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo – Ordens

monástico-conventuais: Inventário. Lisboa: IAN/TT, 2002, p. 45.

- SOUSA, Gabriel de – Beneditinos. 12- Lisboa (S. Bento da Saúde). In: ANDRADE, António Alberto Banha de – Dicionário de História da Igreja em Portugal. Lisboa: Editorial Resistência, 1980-1983, vol. 2, p. 373-376.

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