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Bibliotecas de História Vol II

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Dezembro, 2013

Tese de Doutoramento em História

VOL. II

ANEXOS

Bibliotecas de História:

aspectos da posse e uso dos livros em instituições

religiosas de Lisboa nos finais do século XVIII

(2)
(3)

Índice

VOL. II

ANEXO I ORDENS RELIGIOSAS E RESPECTIVAS INSTITUIÇÕES

EM LISBOA (FINAL DO SÉCULO XVIII) ... 1

Índice de ordens e instituições ... 210

Índice remissivo ... 215

ANEXO II LISTA DE LIVROS DE HISTÓRIA EXISTENTES NOS CONVENTOS, MOSTEIROS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA (SÉC. XVI-XVIII) ... 225

Índice alfabético de títulos ... 392

Exemplo de folha de cálculo (“Excel”) ... 439

ANEXO III ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO SÉCULO XVIII ... 441

AIII.1 Sistemas classificativos ... 443

AIII.1.1 Sistema classificativo de Guillaume-François De Bure... 443

AIII.1.2 Sistema classificativo de Jacques-Charles Brunet ... 460

AIII.2 Exemplos de organização de bibliotecas religiosas ... 462

AIII.2.1 Índice da Biblioteca do Convento de S. Bento de Xabregas (BNP. Cód. 7437) ... 462

AIII.2.2 Índice da Biblioteca do Mosteiro de S. Bento da Saúde (BNP. Cód. 7435) ... 474

AIII.2.3 Índice da Biblioteca do Convento de S. Francisco de Xabregas (BNP. Cód. 8383) ... 479

AIII.2.4 Catálogo da Biblioteca do Mosteiro de S. Vicente de Fora (BNP. Cód. 7402) ... 484

AIII.2.5 Catálogo da Biblioteca do Convento de S. Francisco da Cidade (BNP. Cód. 7399) ... 499

AIII.2.6 Catálogo da Biblioteca do Convento de Nossa Senhora da Graça (BNP. Cód. 7459) ... 507

AIII.2.7 Catálogo da Biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Belém (BNP. Cód. 8382) ... 513

AIII.2.8 Catálogo da Biblioteca do Convento de Santo Alberto (BNP. Mss. 2, nº3) ... 521

AIII.2.9 Catálogo da Biblioteca do Convento de Nossa Senhora dos Remédios (BNP. Cód. 7408) ... 527

AIII.2.10 Organização sistemática da Biblioteca do Convento de Mafra ... 533

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(5)

ANEXO I

ORDENS RELIGIOSAS E RESPECTIVAS

INSTITUIÇÕES EM LISBOA

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2

Nota explicativa

1. Neste Anexo apresentam-se organizadas por ordem alfabética das respectivas ordens religiosas, as fichas individuais das instituições de Lisboa, no final do século XVIII, que foram elencadas no capítulo II, Quadro I. Dentro da entrada referente a cada Ordem, os estabelecimentos encontram-se agrupados primeiro por género, quando apropriado, e dentro de cada um, por ordem da data fundacional.

2. Para a estrutura da ficha seguimos de perto o modelo usado pela equipa que elaborou o guia histórico sobre as ordens religiosas até Trento1 que se revelou da maior utilidade e que adaptámos de forma a incluir os campos próprios para caracterizar as bibliotecas. Assim, para cada Ordem há uma pequena Nota histórica, seguida da menção dos estabelecimentos existentes em Lisboa, organizados como indicámos acima, e por fim uma curta bibliografia de referência. Seguem-se as fichas das instituições onde consta, primeiro a informação sobre a Localização e o estado actual do edifício, em seguida uma breve História da instituição, a informação relativa à Biblioteca, incluindo a menção a catálogos quando existam, e a reprodução da marca de posse sempre que foi possível localizar obras dessa proveniência, tendo na legenda a cota da obra de onde foi feita a imagem. A ficha termina com a Bibliografia referente ao estabelecimento.

3. Para ilustrar o aspecto exterior da instituição como seria no período que baliza o nosso estudo, a ficha inclui, em grande parte dos casos, uma imagem que reproduzimos da obra de Luís Gonzaga Pereira, começada em 1833 e terminada em 1847, cujo manuscrito e desenhos à pena foram editados em 19272.

4. No final deste Anexo constam dois índices, o primeiro que elenca todas as ordens e instituições pela ordem em que se encontram, remetendo para o respectivo número da página e o segundo que tem a função de índice remissivo com as entradas, por ordem alfabética, dos nomes pelos quais as ordens e instituições podem também ser designadas. Os critérios que nortearam as nossas escolhas constam do capítulo II.1.

1 Cf. SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento:

guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005.

(7)

3

CLÉRIGOS REGULARES DE SÃO CAETANO (CR)

Nota histórica: Fundada em Roma, no ano de 1524, por S. Caetano de Thiene (de onde provém a designação Teatinos) esta Ordem antecipa, pela sua missão e ideário, os princípios do Concílio de Trento, procurando combater a corrupção e a crise na Igreja Católica e abrindo caminho a S. Camilo de Lélis e a Santo Inácio de Loiola, nas suas fundações. Os Clérigos de S. Caetano vocacionaram-se primeiramente para a assistência, construindo e mantendo hospitais, asilos e outras obras de caridade. A regra preconizava que os membros não deviam possuir bens mas não advogava a mendicância, antes a confiança na Providência Divina. A Ordem, exclusivamente masculina, entrou em Portugal em 1640 com o objectivo de se fixar em Goa. A vinda para Lisboa ocorreu posteriormente, tendo D. João IV autorizado em 1649 a construção de igreja e hospício, na zona do Bairro Alto, mas não tendo obtido, de imediato, licença para a construção de convento. De qualquer modo, esta casa foi, junto com o estabelecimento de Goa, a única fundada em Portugal. Extinta em 1834, a Ordem encontrava-se já em franco declínio no final do século XVIII.

Instituições em Lisboa:

Casa de Nossa Senhora da Divina Providência (1653-1834), Hospício de São Caetano (17?-1834?).

Bibliografia de referência:

- BEM, Tomás Caetano de– Memorias históricas e chronologicas da Sagrada Religião dos Clérigos Regulares em Portugal... Lisboa: na Regia Officina Typographica, 1792. 2 vol.

- GOMES, Paulo Varela – As iniciativas dos Teatinos em Lisboa, 1648-1698 (mais alguns elementos). Penélope: fazer e desfazer a História. Nº 9/10, 1993, p. 73-82. - GOUVEIA, António Camões – Teatinos. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. –

Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. III, p. 271-274.

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4

CASA DE NOSSA SENHORA DA DIVINA PROVIDÊNCIA (LISBOA)

Figura 1 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 53

Localização: Na Rua dos Caetanos. A igreja foi demolida em 1912 e no espaço conventual totalmente remodelado funciona o Conservatório Nacional.

(9)

5 Caetanos, como ficaram conhecidos) se distinguiram na oratória e foram homens de grande cultura na sua época, membros de academias e impulsionadores da Academia Real da História Portuguesa, fundada em 1720 por D. João V. Estão nesse caso, Rafael Bluteau, Manuel Caetano de Sousa e António Caetano de Sousa3. O terramoto de 1755 fez abater algumas partes do convento, inclusive das partes dos novos edifícios que, segundo o plano de 1698, iriam substituir os primitivos. Os clérigos passaram temporariamente para o hospício do Campo Grande. Em 1757, a igreja e o convento estavam de novo abertos, graças, sobretudo, à iniciativa do Padre Luís Caetano de Lima4. O edifício foi ficando cada vez mais deserto, após a extinção da Academia de História, rareando as novas entradas. A casa foi extinta, oficialmente, em 1834.

Biblioteca: A casa possuía biblioteca, de grande dimensão e riqueza, que serviu de apoio aos trabalhos da Academia Real da História Portuguesa. Foi constituída com muitas obras adquiridas no estrangeiro, inclusive por membros da Ordem, mas também com vultuosas doações de D. João V. O labor de reconstituição da biblioteca, depois do terramoto, deveu-se aos bibliotecários e membros da Ordem, José Barbosa e, posteriormente, Tomás Caetano de Bem. Este último, consciente do estado decadente da Casa e temendo o desaparecimento do importante espólio que formava a biblioteca, iniciou um processo de doação à Coroa, visando a constituição de uma biblioteca régia, processo esse que culminou em 1797 com a integração da biblioteca dos Teatinos na Real Biblioteca Pública da Corte, instituída em 1796. Na BNP existem os seguintes catálogos:

- Bibliotheca Thietina Ulyssiponense ou Livraria da Casa de Nossa Senhora da Divina Providencia... de Lisboa. [1741-1743]. (Cód. 7429-7430).

- Cathalogo methodico dos livros que a Communidade dos Clérigos Regulares da Divina Providencia de Lisboa doou à Real Bibliotheca Publica da Corte no anno de 1796. (Cód. 12935-12937)5.

3 As referências aos Teatinos enquanto bibliófilos, académicos e historiadores encontram-se nos

capítulos IV e VI.

4 V. CASTRO, João Baptista de – Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: na Officina Patriarcal

de António Luiz Ameno, 1762-1763, vol. III, p. 381.

5 Conforme refere Manuela D. Domingos no artigo “Acervos iniciais da Real Biblioteca Pública: a

(10)

6 - Cathalogo alphabetico de varios livros da Livraria dos Clerigos Regulares da Divina Providenciaque se escolherão para a Bibliotheca Publica da Corte dos quais muitos não vierão por não existirem ja na quella Livraria (dos que vierão consta por outros catálogos que se fizerão). (Cód. 13437)

São poucas as obras desta proveniência que têm marca de posse o que faz pensar que apesar de a organização cuidadosa da biblioteca, que fica patente na descrição que dela faz Tomás Caetano de Bem6, não haveria a prática de marcar. Dois dos exemplares localizados têm, inclusive, marca aposta sobre uma anterior (que nos parece ser de proveniência jesuíta), conforme se exemplifica. Pareceu-nos evidente, pela documentação compulsada e que referimos mais detalhadamente na análise das colecções de História em conventos de Lisboa, que esta biblioteca foi essencialmente, composta pelos livros de uso dos clérigos da Ordem sobretudo os que desenvolveram trabalhos académicos. Há várias obras com essas proveniências individuais como apresentamos no capítulo IV. A própria doação que Tomás Caetano de Bem faz da sua biblioteca é, afinal, a doação da biblioteca dos Teatinos de que era o responsável, a que fez acrescer a colecção de numismática que possuía.

Figura 2 – H.G. 1666 P.

Bibliografia:

- DOMINGOS, Manuela D. – Acervos iniciais da Real Biblioteca Pública: a doação dos Teatinos. Revista da Biblioteca Nacional, S. 2, vol. 9, nº 2, Jul.-Dez. 1994, p. 75-121.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 189-192.

casa de N.ª Senhora da Divina Providencia: Classe 2ª Jurisprudência.(Cod. 7407).Existe também na BNP um Catalogo dos Mss que pertencem á doação que fizerão os P.P. Caetanos extrahido dos bilhetes, que se encontrarão com a Letra C. (Cód. 13438).

6 Memorias históricas e chronologicas da Sagrada Religião dos Clérigos Regulares em Portugal...

(11)

7

HOSPÍCIO DE SÃO CAETANO (LISBOA)

Localização: No Campo Grande. Não subsistem vestígios do edifício.

História: Não foi possível apurar elementos sobre a história deste hospício que deve ter sido edificado no século XVIII para servir de instituição de assistência aos Clérigos Regulares de S. Caetano quando dela necessitassem. Em 1755, albergou os refugiados da Casa de Nossa Senhora da Divina Providência. Deve ter sido encerrado em 1834.

Biblioteca: O hospício possuía, provavelmente, biblioteca. Não foram encontrados inventários, catálogos ou livros desta proveniência.

Bibliografia:

(12)

8

CLÉRIGOS REGULARES MINISTROS DOS ENFERMOS (MI)

Nota histórica: Esta Ordem foi fundada em 1586 por S. Camilo de Lélis e estabeleceu-se em Portugal no ano de 1749, incorporando os bens da Congregação da Tomina, fundada em 1709 pelo padre Manuel de Jesus Maria com objectivos idênticos aos Clérigos de S. Camilo cuja missão era assistir aos enfermos e moribundos. Essa a razão por que a Ordem em Portugal é também designada por Congregação da Tomina ou Congregação dos Clérigos Regulares da Tomina. Dessa junção resultou a Província de Nossa Senhora das Necessidades. A Ordem foi extinta em 1834.

Instituições em Lisboa:

Convento de S. Camilo (1754-1834).

Bibliografia de referência:

- MATEUS, Susana Bastos – Tomina, Congregação da. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 349-352.

- PENTEADO, Pedro – Tomina, Congregação da. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. IV, p. 334-335.

CONVENTO DE SÃO CAMILO (LISBOA)

(13)

9

Localização: Ao Poço do Borratém, no sentido da Rua dos Correeiros, no sítio da Ermida de S. Mateus, entre a Praça da Figueira e a Rua do Amparo. Após a extinção em 1834, o convento foi vendido e posteriormente demolido.

História: Foi estabelecido em 1754, aproveitando o espaço da ermida de S. Mateus, por ordem do rei D. José, tendo os clérigos de S. Camilo, ou Camilos como ficaram mais conhecidos, beneficiado de privilégios pois a sua principal missão era dar assistência a doentes no Hospital Real, bem como acompanhar e prestar a extrema-unção aos moribundos. A sua instalação articulava-se, aliás, com a intenção de D. José de alargar as instalações do Hospital de Todos os Santos, para o que tinha adquirido terrenos na área onde os padres de S. Camilo tiveram o seu convento. Após o terramoto de 1755 que afectou o edifício, receberam ainda terrenos contíguos aos da ermida que inicialmente lhes tinha sido destinada, e que pertenciam ao marquês de Cascais. Logo que o hospital foi instalado no antigo colégio de Santo Antão, como Hospital Real de S. José, os religiosos passaram a exercer aí as suas actividades. Ainda que o convento tenha sido extinto em 1834 muitos dos religiosos optaram por vestes seculares e continuaram o seu trabalho no Hospital.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Não foram encontrados inventários ou catálogos. Os livros desta proveniência têm marca de posse manuscrita, identificando o nome do convento.

Figura 4 – H.G. 13897 P.

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 3. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 80-81.

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10

CÓNEGOS REGRANTES DE SANTO AGOSTINHO (CRSA)

Nota histórica: A Ordem surge na sequência do Sínodo de Latrão (1059), inserindo-se no movimento de regulamentação de comunidades monásticas independentes que observavam a Regra de Santo Agostinho. Em Portugal, a Ordem entrou em 1131, data da fundação do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, participando tal como a Ordem de S. Bento e a de Cister, na consolidação do reino de Portugal. A sua missão principal era a formação do clero, daí terem apostado sempre na vertente pedagógica. Conheceu bastante notoriedade durante os séculos XII e XIII, fundando muitos institutos no território português, alguns de raiz, outros já existentes mas que aderiam à Ordem. Os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho colaboraram activamente no período da primeira dinastia e, tal como outras ordens antigas, nomeadamente as de S. Bento e Cister, tiveram de se adaptar ao poder régio da época moderna e à concorrência de outras ordens religiosas, primeiro as mendicantes e depois as congregações pós-tridentinas. Internamente, a necessidade de reformas foi-se intensificando e teve reflexos em Santa Cruz, quer no século XV quer no início do XVI, procurando a comunidade reforçar o seu antigo prestígio, desta feita no domínio pedagógico em ligação com a Universidade. A Ordem, aliás, estava vocacionada desde o seu início, para os estudos da Sagrada Escritura e para o ensino.

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11

Instituições em Lisboa:

Masculinas: Mosteiro de São Vicente de Fora (1147-1834). Femininas: Mosteiro de Santa Maria de Chelas (1192-1878).

Bibliografia de referência:

- GOMES, Saúl António – Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. I, p. 429-434.

- MARTINS, Armando Alberto – Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 276-281.

- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 173-177.

MOSTEIRO DE SÃO VICENTE DE FORA (LISBOA)

(16)

12

Localização: No Largo de S. Vicente, freguesia do mesmo nome. A Igreja está afecta ao culto, nela se realizando também manifestações culturais e a estrutura monástica foi adaptada aos serviços do Patriarcado de Lisboa.

História: Fundado por D. Afonso Henriques em 1147, como ermida dedicada a Nossa Senhora e a S. Vicente, breve passou a estrutura monástica dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, entre 1161 e 1164. O mosteiro dependia directamente da Santa Sé e gozava de apreciável autonomia e de muitos privilégios. Tinha grande protecção régia sendo designado por Real Mosteiro ou Real Casa de S. Vicente. Desde 1173, quando recebeu as relíquias de S. Vicente que este mosteiro se tornou local importante de peregrinação. Foi objecto de várias reformas, nos séculos XVI, XVII e XVIII sempre com o objectivo de uma melhor adaptação à evolução social e ao surgimento de outras ordens religiosas concorrenciais. De um modo geral, as reformas procuravam obstar à crescente dissolução de costumes e relaxamento da vida dos regrantes de Santo Agostinho.

D. João III mandara fazer obras de restauro no edifício, porém, foi totalmente reedificado no tempo de Filipe I que assistiu à colocação da primeira pedra pelo cardeal Alberto, em 1582. Igreja e mosteiro foram inaugurados em 1629 sem que as obras estivessem terminadas. O mosteiro continuou a gozar da protecção régia e alcançou com a 4ª dinastia, o estatuto de Panteão Real. A reforma de 1556 tinha-o unido à então criada Congregação de Santa Cruz de Coimbra tendo sempre existido rivalidade entre os dois mosteiros. No âmbito das reformas pombalinas, o mosteiro foi extinto em 1772, transferindo-se para aí a Sé Patriarcal, e a comunidade transitou para o convento de Mafra a fim de substituir os frades arrábidos a quem originariamente se tinha atribuído o convento. O terramoto afectara o mosteiro e a igreja mas as obras de recuperação começaram pouco depois. O regresso da comunidade a Lisboa, com o colégio que tinha sido fundado em Mafra, faz-se já no reinado de D. Maria I, em 1792. De grandes proporções, o espaço conventual e a vasta cerca, passam a sede do Patriarca de Lisboa em Janeiro de 1834, antes da extinção oficial. Depois de 1910 foi sede do liceu Gil Vicente e nele funcionaram vários serviços públicos até passar novamente para a posse do Patriarcado.

(17)

13 desastres naturais e de guerra, como foi o caso do terramoto de 1755 e da invasão de Junot (1808). De notar que o mosteiro de S. Vicente teve tipografia própria, que veio transferida de Santa Cruz e que ainda funcionava no século XVIII. Eventualmente, por acção do varatojano frei Gaspar da Encarnação (1685-1752) que foi, desde 1742, nomeado visitador e reformador dos principais mosteiros regrantes, inclusive S. Vicente de Fora, ter-se-á ordenado a distribuição de livros por outras ordens e a queima de livros antigos e papéis considerados inúteis7. Em contrapartida, com o encerramento de algumas casas ainda no século XVIII, o mosteiro terá recebido os respectivos espólios bibliográficos. Na BNP existem três catálogos manuscritos da biblioteca8:

- Catalogo dos livros da Livraria do Real Mosteiro de S. Vicente de Fora dividido em sette classes. [data provável 1769-1770]. (Cód. 7405).

- Catalogo da Livraria de S. Vicente de Fora. [1824]. (Cód. 7400)9.

- Catalogo da Livraria do ex convento de S. Vicente de Fora. Lisboa 2 de Julho de 1824. (Cód. 7402)10.

Nas Relações de conventos extintos e de livros e quadros recebidos, de [1834]-184111 indica-se um total de 8.420 volumes pertencentes à biblioteca. Os livros desta proveniência têm como marca de posse um carimbo com os dizeres “Bibliotheca da R. Caza de S. Vicente”. Algumas obras mais antigas têm marca manuscrita, em português, de redacção e grafia diversas, indicando o nome do mosteiro. Por vezes há marca manuscrita e carimbo.

7 Reitor da Universidade de Coimbra, confessor de D. João V, integra-se no movimento reformista

designado por Jacobeia que, naquele reinado, alcançou importante destaque. Procurando relançar uma reforma baseada na aplicação escrupulosa dos ensinamentos da religião católica, tanto a religiosos como a laicos, teve, efectivamente um impacto grande na organização da própria Igreja portuguesa e frei Gaspar da Encarnação desempenhou um papel importante, pela sua posição junto do monarca, inflenciando na escolha dos bispos para as dioceses da metrópole e do ultramar. Cf. CASTRO, Zília Osório de – Jacobeia. In: AZEVEDO, Carlos Moreira – Dicionário de história religiosa de Portugal.

Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. III, p. 5-7.

8 V. estudo mais detalhado destes catálogos no capítulo III e VI. V. também Anexo III.

9 Os catálogos com as cotas Cód. 7400 e 7402, complementam-se pois em cada um se descreve uma das

casas da Biblioteca.

10 A página de título é, obviamente, posterior à data de redacção do catálogo, porquanto indica

“ex convento”.

11 BNP/Arquivo Histórico-22 (BN/AC/INC/DLEC/18/Cx. 05-03) estudado por BARATA, Paulo J.S. –

(18)

14

Figura 6 – H.G. 5036 P.

Figura 7 – H.G. 8271 P.

Bibliografia:

- Mosteiro de São Vicente de Fora (Lisboa). Disponível em:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6529.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 105-108.

- SALDANHA, Sandra Costa, coord. – Mosteiro de São Vicente de Fora: arte e história. Lisboa: Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa, 2010.

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15

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE CHELAS (LISBOA)

Figura 8 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 2.ª, n.º 17

Localização: No Largo de Chelas, Freguesia de S. Bartolomeu do Beato. A igreja está afecta ao culto. O espaço conventual é hoje ocupado pelo Arquivo Geral do Exército e pelo Arquivo Histórico Militar após ter servido de sede a uma fábrica de pólvora.

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16 entregue aos Templários mas pouco depois terá passado aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, para constituição de uma comunidade feminina que terá tomado posse do mosteiro não antes de 1162. Em finais do século XIII, há referências à dependência do mosteiro da Ordem dos Pregadores porém, em meados do século XIV, o mosteiro já estava subordinado ao bispo de Lisboa e seguia a Regra de Santo Agostinho. No reinado de D. Manuel I, foram feitas muitas obras de beneficiação e ampliação do mosteiro. Aliás este estabelecimento foi intervencionado várias vezes mesmo já no século XVII, por iniciativa particular. Quanto à invocação, a partir de 1549 passou a ser designado como mosteiro de Santa Maria de Chelas, se bem que a invocação de S. Félix e Santo Adrião se tenha mantido, na prática. Com o terramoto de 1755, verificaram-se danos no edifício que levou à necessidade de obras nos dois anos subsequentes. O mosteiro encerrou em 1878, por morte da última religiosa.

Biblioteca: O mosteiro possuía biblioteca que foi incorporada no Seminário das Missões, em Cernache do Bonjardim porquanto o edifício fora cedido em 1880 ao Colégio das Missões Ultramarinas que manteve em Chelas, durante alguns anos, uma filial. Não foram encontrados catálogos, apenas um inventário feito ao tempo da extinção12. Os livros desta proveniência têm marca manuscrita, de redacção diversa, nem sempre indicando o nome do mosteiro, antes preferindo, como sucede em outros mosteiros, sobretudo femininos, a expressão “Da Comunidade”, conforme se vê em alguns exemplares digitalizados e incorporados na base de dados de Livro Antigo do Seminário de Cernache do Bonjardim, disponível em:

http://cernache.docbweb.net/index.asp.

Bibliografia:

- Convento de Chelas / Convento de Santo Agostinho / Convento de São Félix / Igreja Paroquial de Chelas / Igreja de São Félix. Disponível em:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2518.

- Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa. Lisboa: Assembleia Distrital: Livros Horizonte, 2007, vol. V, 5º tomo, p. 150-154.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 281-284.

- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 209-210.

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17

CÓNEGOS SECULARES DE SÃO JOÃO EVANGELISTA (CSSJE)

Nota histórica: Trata-se de uma Congregação portuguesa, fundada na primeira metade do século XV, sobre matriz italiana, de cónegos seculares com votos temporários e apenas destinada ao ramo masculino. Tinha como primeiro objectivo, contribuir para a reforma do clero em Portugal. Esta missão apostólica foi progressivamente desaparecendo ao longo do século XVI, não tendo os Cónegos conseguido competir com as congregações pós-tridentinas, nomeadamente com a influência reformadora da Companhia de Jesus. Os Lóios, como também são designados, em consequência do convento de Santo Elói (1442), primeira instituição que possuíram em Lisboa, passaram então, por iniciativa de D. João III, a ocupar-se da administração de hospitais, nomeadamente o de Todos os Santos, em Lisboa e os de Santarém, Montemor-o-Novo, Caldas da Rainha e Coimbra, a que se seguiram outros. Ocupavam-se também da pregação, sobretudo de carácter itinerante e ao ensino das primeiras letras. Após a fundação do convento de São Bento de Xabregas (1462), a cabeça da Congregação transferiu-se de Vilar de Frades, primeiro convento erigido em 1431, para o novo instituto. O declínio da Congregação foi-se acentuando ao longo dos séculos XVII e, sobretudo, XVIII abandonando progressivamente as actividades assistenciais e a fundação de novas casas. O facto de terem sempre resistido à alteração dos votos de temporários para perpétuos ocasionou várias tentativas de supressão da Ordem. No entanto, a extinção só ocorreu em 1834.

Instituições em Lisboa:

Convento de Santo Elói (1442-1833), Convento de São Bento de Xabregas (1462-1834).

Bibliografia de referência:

- PINA, Isabel Castro – Lóios. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 211-213.

- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 235-237.

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18

CONVENTO DE SANTO ELÓI (LISBOA)

Localização: No Largo dos Lóios, freguesia de Santiago ao Castelo. O edifício foi transformado e é hoje o Quartel dos Lóios.

História: O convento foi, na sua origem, um hospital com a invocação de S. Paulo, fundado pelo bispo de Lisboa frei Domingos Jardo, em 1286, com o patrocínio de D. Dinis que, para o efeito, lhe fez mercê do padroado da igreja de S. Bartolomeu para usar as respectivas rendas no hospital. Por influência do infante-regente D. Pedro, foi entregue, no ano de 1442, aos Cónegos de Vilar de Frades para constituir um convento dessa congregação. Gozou de protecção régia e serviu de sede a reuniões do braço da nobreza em cortes. Devido à sua localização no casco mais antigo da cidade sofreu importantes estragos por ocasião do terramoto de 1755 tendo os frades sido alojados no convento de S. Bento de Xabregas, da mesma Ordem, até poderem passar para uma barraca construída no claustro de Santo Elói. Ao tempo da extinção dos conventos, em 1834, as obras de reconstrução ainda não estavam concluídas e o convento encontrava-se já em adiantado declínio. De notar que a invocação de Santo Elói deu origem ao nome Lóios, pelo qual os Cónegos Seculares de S. João Evangelista são mais conhecidos.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Não foram encontrados inventários ou catálogos. No Catálogo das obras impressas no século XVI do Seminário Maior do Porto, elaborado por Carlos Moreira Azevedo (Porto: In-Libris, 2001) encontrámos referência a obras desta proveniência. Assim na entrada nº 40-42 relativa aos Annales ecclesiastici…, de Cesar Baronio, edição da Officina Plantiniana, 1598-1603, a marca de posse que consta no rosto da obra é manuscrita e com a inscrição “De Sancto Eloy de Lx.ª”.

Bibliografia:

- CASTRO, João Baptista de – Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: na Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1762-1763, vol. III, p. 236.

- Convento de Santo Elói. Disponível em: http://marcasdasciencias.fc.ul.pt.

(23)

19

CONVENTO DE SÃO BENTO DE XABREGAS (LISBOA)

Figura 9 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 28

Localização: Na Rua do Beato. A igreja já não subsiste e o conjunto conventual foi adaptado, sobretudo, para eventos culturais.

(24)

20 dadas à estampa várias contrafacções13. Extinto em 1834, nele foi instalado, até 1840, o Real Hospital Militar, tendo nesse ano ficado em ruínas na sequência de um grande incêndio. Funcionou mais tarde como armazém, fábrica e, a partir de 2005, abriu ao público, totalmente remodelado, como espaço para organização de eventos, conservando a designação de convento do Beato.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Na BNP existe um Índice dos livros da biblioteca do convento:

- Índex librorum qui in bibliotheca canonicorum secularium Sancti Joannis Evangelistae de Xabregas asservantur... Anno Domini 1747. [418] f., encadernado: papel; 35 cm. Letra da mesma mão, com muitos acrescentos em letras diversas, encontrando-se riscadas algumas referências bibliográficas. Os índices são: de autores, topográfico e de matérias14. (Cód. 7437).

Na Relação de conventos extintos e de livros e quadros recebidos, de [1834]-184115 indica-se um total de 3.483 volumes pertencentes à biblioteca. Os livros desta proveniência têm marca de posse manuscrita, em português, de redacção e grafia diversas, com abreviaturas, indicando o nome do convento. A invocação de S. Bento de Xabregas é praticamente uniforme sendo muito raros os casos em que é designado por S. João Evangelista de Xabregas.

Figura 10 – H.G. 3698 P.

13 V. a propósito MARTINS, Maria Teresa Esteves Payan – Livros clandestinos e contrafacções em

Portugal no século XVIII. Dissertação de Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesas apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa: [s.n.], 1995, p. 19 e ss.

14 V. estudo mais detalhado deste catálogo no capítulo III e no Anexo III.

15 BNP/Arquivo Histórico-22 (BN/AC/INC/DLEC/18/Cx. 05-03) estudado por BARATA, Paulo J.S. –

(25)

21

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 15. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 71-72.

- Convento do Beato António / Fábrica da Antiga Companhia Industrial de Portugal e Colónias. Disponível em:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5194.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 109-112.

(26)

22

CONGREGAÇÃO DA MISSÃO (CM)

Nota histórica: Fundada em França por S. Vicente de Paulo (1617) e aprovada canonicamente em 1633, integra-se no movimento de profunda reforma do clero, introduzida pelo Concílio de Trento, cujos decretos tinham sido aceites e adoptados em França no ano de 1615. Entrou em Portugal em 1717 estabelecendo a sua sede em Lisboa, na zona designada por Rilhafoles, daí que os religiosos desta Congregação ficaram conhecidos em Portugal pelo nome de Rilhafolenses. Pretendia D. João V que o novo instituto ficasse na dependência do Patriarcado, porém, nunca conseguiu anuência dos padres. A acção que a Congregação desenvolveu teve, sobretudo, cariz missionário e evangelizador, tal como preconizado pelo fundador sendo, em Portugal, exclusivamente masculina. A Congregação nunca teve uma grande implantação em Portugal e, ao tempo da extinção dos conventos em 1834, possuía em Portugal quatro Casas. Em 1857, alguns membros portugueses que se encontravam em França voltaram a Portugal como apoiantes da acção das Filhas da Caridade instalando-se em S. Luís dos Franceses e fundando uma casa em Benfica. Em 1901, na sequência do decreto 18 de Abril, conhecido como decreto de Hintze Ribeiro, constituíram-se em Associação dos Padres Seculares da Missão de S. Vicente de Paulo e, ainda que as respectivas Casas tenham sido extintas em 1910, os Padres Vicentinos voltaram a Portugal.

Instituições em Lisboa:

Casa de S. João e S. Paulo (1717-1834).

Bibliografia de referência:

- ABREU, Luís Machado de – Vicentinos. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 299-305.

- FRANCO, José Eduardo – Vicentinos. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. IV, p. 340-341.

- GUIMARÃES, Bráulio – Apontamentos para a história da província portuguesa da Congregação da Missão. Lisboa: Casa Central dos Padres da Missão, 1962.

(27)

23

CASA DE SÃO JOÃO E SÃO PAULO (LISBOA)

Figura 11 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 30

Localização: Junto à Rua Gomes Freire e na zona do Campo dos Mártires da Pátria. A igreja já não subsiste e o espaço conventual foi adaptado nele funcionando o Hospital Miguel Bombarda.

História: Também designada como Casa de Rilhafoles, Convento de S. Vicente de Paula e Casa de S. Vicente de Paula, nomes mais conhecidos até do que o nome oficial, foi fundada em 1717 pelo padre José Gomes da Costa, membro da Congregação em Roma, depois de obtida autorização do rei D. João V que muito apoiou esta instituição. Era o estabelecimento principal desta Congregação, sede da Província Portuguesa e do Noviciado. Conquanto o edifício fosse de grande sobriedade, dispunha de larga cerca. Foi extinto em 1834 e, entre 1836 e 1848 serviu para albergar o Colégio Militar passando mais tarde a funcionar como hospital de doenças mentais.

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24 casa em 183416. No Arquivo Histórico da BNP existe uma relação dos livros vindos de Rilhafoles para o Depósito de Livrarias dos Extintos Conventos (BN/AC/INC/DLEC/14/Cx 05-01). Os livros desta proveniência têm marca de posse manuscrita, em latim, geralmente com os dizeres “Ex libris Congregationis Missionis Domus Lisbonensis”, tomando por vezes formas abreviadas ou de redacção ligeiramente diferente. Por vezes há também uma marca de carimbo. Nunca é mencionado o nome de invocação da Casa.

Figura 12 – H.G. 251 P.

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 4. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 54-55.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 117-120.

(29)

25

CONGREGAÇÃO DO ORATÓRIO (CO)

Nota histórica: Fundada por S. Filipe Néri, em Roma no ano de 1564, representa um modelo de congregação religiosa pós-tridentina, exclusivamente masculina, para clérigos seculares com votos de pobreza mas proibidos de mendigar, dedicados à oração, pregação, ensino e obras de caridade e vivendo em comunidade. A sua missão era, essencialmente, de militância anti-reformista, evangelização e acção pedagógica e científica. É também designada por Congregação do Oratório de S. Filipe Néri e os seus membros como Oratorianos ou Néris.

A Congregação entra em Portugal por intermédio do padre Bartolomeu de Quental (1626-1698) no ano de 1668, com o patrocínio da rainha D. Luísa de Gusmão. O padre Bartolomeu de Quental ocupara em 1654 a posição exercida pelo padre António Vieira, antes de ser enviado para o Brasil, de capelão, confessor e pregador da Casa Real. As fundações dos Oratorianos expandiram-se em Portugal e no Brasil e tiveram especial importância no campo pedagógico e cultural, acompanhando na sua ascensão, o auge do Absolutismo. As Casas gozavam de bastante autonomia, de acordo com os estatutos da Congregação, daí designarem-se, por exemplo, Congregação do Oratório de Lisboa ou Congregação do Oratório do Porto, circunstância que não encontramos para outras congregações religiosas. Em Lisboa, a Congregação beneficiou do apoio de D. João V, nomeadamente em contribuições generosas para as bibliotecas da Casa do Espírito Santo e da Casa de Nossa Senhora das Necessidades. Os Néris, como também eram designados, estão amplamente associados ao início das reformas pombalinas do ensino. A Ordem foi extinta em 1834.

Instituições em Lisboa:

Casa do Espírito Santo (1674-1834), Casa de Nossa Senhora das Necessidades (1747-1834)17.

Bibliografia de referência:

- DIAS, José Sebastião da Silva – A Congregação do Oratório de Lisboa: regulamentos primitivos. Coimbra: Instituto de Estudos Filosóficos: Imprensa da Universidade, 1966.

17 Possuía uma importante biblioteca que em 1834 ficou na dependência do palácio das Necessidades e

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26 - SANTOS, Eugénio dos – Oratorianos. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. III, p. 328-334.

- SANTOS, Eugénio dos – Oratorianos. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 231-240.

CASA DO ESPÍRITO SANTO (LISBOA)

Figura 13 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 31

Localização: Na Rua do Carmo, ao Chiado. O edifício foi vendido para habitação após 1834, ficando conhecido por Palácio Barcelinhos. Já no século XX foi de novo vendido e adaptado, nele funcionando os Armazéns do Chiado destruídos no incêndio de 1987. No espaço restaurado e remodelado funciona um centro comercial.

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27 também Noviciado. Foi habitada pelos padres que, desde 1668 tinham ocupado o espaço que veio a constituir o convento da Boa Hora dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, de localização muito próxima. O edifício era de grande porte e ocupava o espaço de uma antiga ermida que já existia em 1279 e que D. Manuel I mandara beneficiar em 1514. Ficou muito destruído pelo terramoto e subsequente incêndio, em 1755, tendo os Oratorianos sobreviventes passado para a casa ou hospício de Nossa Senhora das Necessidades que começara a ser habitada cinco anos antes, onde continuaram a ministrar os estudos, e ainda para o hospício que possuíam às Amoreiras, consagrado a S. Filipe Néri, na rua do mesmo nome18. Ainda que a casa do Espírito Santo tenha sido reconstruída, o prestígio dos Oratorianos, após a morte de D. José (1777) pese embora a actividade pedagógica na casa das Necessidades, não voltou a ser o mesmo. A casa foi extinta em 1834.

Biblioteca: A casa possuía biblioteca, de grande importância quer pela quantidade quer pela qualidade, podendo distinguir-se duas fases na sua constituição, antes e depois do terramoto.Com efeito, a destruição não veio apenas do ruir do edifício mas sobretudo do incêndio que originou o desaparecimento da biblioteca. A sua reconstituição acompanhou a da casa e beneficiou do apoio régio. Já no século XIX, pôde acrescentar as suas colecções com obras da biblioteca particular do Bispo Inquisidor-Geral D. José Maria de Melo (1756-1818), oratoriano, legadas após a sua morte. Para além da livraria geral, a Casa do Espírito Santo tinha uma colecção especial dedicada à Mariologia que se designava por “Bibliotheca Mariana”, fundada em 1703 e que ocupava uma sala própria. Na constituição desta colecção especial (situação invulgar na época19) que chegou a ter 911 volumes antes do terramoto, foi também importante o apoio de D. João V. Destruída em 1755, podemos dizer que se reconstituiu muito rapidamente. Conforme refere Luciano Cristino20 que estudou em pormenor esta biblioteca e cujas informações nos servem de orientação, “logo em 1756 e 1757 se adquiriram 59% do número das obras anteriores e 56% do número das que foram adquiridas até ao ano de 1768 [...]” com destaque para edições mais recentes. Terá chegado, em 1768, aos 1213 volumes.

18 Esse hospício e a quinta adjacente foram vendidos em 1775, motivo pelo qual não foi incluído. 19 V. CASTRO, João Baptista de – Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: na Officina Patriarcal

de Francisco Luiz Ameno, 1762-1763, vol. III, p. 389 refere-a, a propósito do terramoto, com a expressão “huma singular e distincta Bibliotheca marianna”.

20 Apud “A Biblioteca Mariana dos Oratorianos de Lisboa (século XVIII)”. Romae, Pontifícia

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28 Não foram encontrados inventários da biblioteca da casa. Da Biblioteca Mariana existem catálogos impressos21:

- Catalogus Bibliothecae Marianae Congregationis Oratorii Ulixbonensis

Occidentalis. Ulyssip. Occid., Ex Typis eiusd. Cong. MDCCXXXVI, a que se seguiu um Supplementum Anni 1737 e outro em 1742.

- Catalogus Bibliothecae Marianae Congregationis Oratorii Ulixbonensis, Olisipone, Ex Prelo Michaelis Rodrigues, MDCCLX a que se seguiu um Appendix prima Catalogi Bibliothecae Marianae Cong. Orator. Olissip. Ab anno 1761 usque ad 1766, que regista mais 190 títulos.

Os livros da biblioteca da casa do Espírito Santo têm marca de posse manuscrita e também em forma de etiqueta tipográfica. Em certos casos há conjugação dos dois tipos de marcas. A marca manuscrita tem redacção diversa indicando-se umas vezes o nome específico da casa, outras vezes apenas a indicação da Congregação do Oratório de Lisboa.

Figura 14 – H.G. 4830 P.

Figura 15 – H.G. 1273 P.

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29

Figura 16 – H.G. 1929 P.

A Biblioteca Mariana tem etiqueta própria aposta na parte de dentro da capa, conforme se exemplifica.

Figura 17 – H.G. 1813 P.

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 11. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 89 e 97.

- CRISTINO, Luciano – A Biblioteca Mariana dos Oratorianos de Lisboa (século XVIII). Romae: Pontifícia Academia Mariana Internationalis, 1988.

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30

CASA DE NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES (LISBOA)

Figura 18 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 32

Localização: No Largo das Necessidades. O palácio e o que resta do espaço conventual, depois das alterações sofridas no século XIX são a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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31 tendo servido também de acolhimento aos sobreviventes da Casa do Espírito Santo. A Casa foi extinta em 1833 e o espaço aproveitado para ampliação da residência régia.

Biblioteca: A casa dispôs de uma vasta biblioteca, muito afamada pela quantidade e qualidade do seu recheio que se estima em cerca de 23.000 volumes e para o qual contou com o mecenato régio de D. João V, mas também com uma política de aquisição, em Portugal e no estrangeiro, conforme se pode verificar pelas marcas de posse em algumas obras que indiciam proveniências anteriores de bibliotecas particulares que foram vendidas ou leiloadas. Também possuía livros provenientes da doação do Bispo Inquisidor Geral D. José Maria de Melo que terá partilhado a sua biblioteca com a Casa do Espírito Santo. Na planta do convento, ocupava o quarto piso. A partir de 1756 passou a estar aberta também ao público, medida que tem, inequivocamente, a ver com a ruína em que ficaram as bibliotecas privadas e de instituições religiosas de Lisboa após o terramoto. O espaço da biblioteca foi concebido dentro do estilo próprio da época, tal como encontramos ainda na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra e na Biblioteca do Convento de Mafra22. Esta biblioteca não foi incorporada no Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos, permanecendo anexa à Casa Real23. Só após a extinção das ordens religiosas em 8 de Outubro de 1910 foi o espólio da biblioteca integrado tal como a biblioteca régia, designada por Júlio Dantas como “Livraria de el-rei D. Carlos (Necessidades)”24 na Biblioteca da Ajuda, onde ainda hoje se encontra, tendo algumas obras mais preciosas transitado para a Biblioteca Nacional de Lisboa. Os livros desta proveniência têm um ex-libris como marca de posse. A casa usou, aliás, mais do que um ex-libris.

Bibliografia:

- FERRÃO, Leonor – A Real Obra de Nossa Senhora das Necessidades. Lisboa: Quetzal, 1994.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 125-128.

22 Na colecção de Iconografia da BNP existe um desenho desta biblioteca, com a cota D. 123 A.

Refira-se, como curiosidade, que neste vasto espaço tiveram lugar as primeiras Cortes Constituintes em 26 de Janeiro de 1820.

23 As circunstâncias específicas constam do capítulo IV.

24 “O segundo ciclo de incorporações”. Anais das Bibliotecas e Arquivos de Portugal, vol. II, nº 8, 1916,

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32

CONGREGAÇÃO DO SENHOR JESUS DA BOA MORTE E

CARIDADE

Nota histórica: Também designada por Ordem da Caridade e Ordem do Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade, partiu da iniciativa de um pedreiro de nome António dos Santos Prazeres que começou por erguer uma ermida da invocação no sítio de Buenos Aires, concluída em 1728. Oferecida esta à comunidade de S. Paulo Primeiro Eremita do mosteiro das Covas de Monfurado (Montemor-o-Novo), constituiu-se em congregação autónoma masculina mantendo nas suas origens a regra dos Eremitas de S. Paulo, com algumas modificações, tendo sido, para o efeito, devidamente autorizada por D. João V, em 1736. A única instituição desta Congregação iniciou a sua comunidade com 50 membros, porém, em 1758 já eram só 30 até que o convento foi ficando progressivamente deserto. A Ordem foi extinta em 1833 pela escassez de religiosos e os remanescentes foram acolhidos pelos Eremitas de S. Paulo.

Instituições em Lisboa:

Convento do Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade (1736-1833).

CONVENTO DO SENHOR JESUS DA BOA MORTE E CARIDADE (LISBOA)

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33

Localização: No sítio de Buenos Aires, actual Rua do Patrocínio, entre o convento do Santíssimo Coração de Jesus (junto à Basílica da Estrela) e a casa de Nossa Senhora das Necessidades. No edifício adaptado funciona a Assistência Infantil de Santa Isabel.

História: Fundados em 1736, congregação, convento e igreja consagrada ao Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade, beneficiaram do apoio do infante D. António, irmão de D. João V, que ajudou a consolidar o projecto já iniciado por António dos Santos Prazeres, canteiro de profissão. Pouco se sabe sobre esta instituição que foi extinta em 1833 tendo o edifício sido vendido a particulares, passando para sede das religiosas franciscanas missionárias de Maria até 1910, e em seguida parcialmente desmantelado para constituir uma instituição de beneficência dependente da Junta de Freguesia de Santa Isabel.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Existe catálogo da biblioteca, entregue em cumprimento do Edital da Real Mesa Censória de 10 de Julho de 1769. (PT/TT/RMC. Cx. 122, cat.1064). Nas poucas obras que encontrámos desta proveniência, referidas no catálogo da Biblioteca Central da Marinha a marca de posse é manuscrita, referindo o nome da instituição: “Ex Bibliotheca do Convento D. J. a Bona Morte Olysiponensi”.

Bibliografia25:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 11. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 56-57.

- Convento do Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade (Lisboa). Disponível em: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3017.

- GOMES, Jesué Pinharanda – Congregação do Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 292-293.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 113-116.

25 A Bibliografia diz respeito à Congregação e ao Convento, em razão da existência de uma só

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34

ORDEM DA CARTUXA (O Cart)

Nota histórica: Também designada Ordem de S. Bruno e os seus membros Brunos ou Cartuxos, foi fundada em 1084 por Bruno de Hartenfaust, em França, tendo sido aprovada em 1176. Trata-se de uma Ordem semi-eremítica e as suas primeiras fundações consistiam em comunidades de pequenas casas ou cabanas, distantes umas das outras mas ligadas por um pequeno templo. A expressão francesa pela qual é conhecida esta Ordem – Chartreuse – significa, precisamente, cabana ou pequena casa Inspira-se na Regra de S. Bento com influências de S. Jerónimo, no que diz respeito ao eremitismo temperado de cenobítico.

A fundação da Cartuxa portuguesa data de época muito mais tardia se bem que, em Espanha, existissem já comunidades de cartuxos. A introdução da Ordem em Portugal deve-se a D. Teotónio de Bragança (1530-1602) arcebispo de Évora, o qual em 1587 trouxe para Portugal os primeiros monges, vindos da Cartuxa de Scala Dei em Tarragona. Em 1598 é inaugurado o convento de Santa Maria Scala Coeli, em Évora e instituído o de Laveiras (Caxias) sob a invocação de Santa Maria Vallis Misericordiae ou Vale da Misericórdia, como também é conhecida. Foram as únicas instituições criadas em Portugal, qualquer deles com pequenas comunidades. A Ordem foi extinta em 1834.

Instituições em Lisboa:

Convento de Santa Maria Vallis Misericordiae (1597-1833), Hospício de S. Bruno (c. 1611-1834).

Bibliografia de referência:

- GOMES, Jesué Pinharanda – Cartuxos. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 105-109.

- GOMES, Jesué Pinharanda – A Ordem da Cartuxa em Portugal: ensaio de monografia histórica. Salzburg: Institut für Anglistik und Amerikanistik – Universität Salzburg, 2004.

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35

CONVENTO DE SANTA MARIA VALLIS MISERICORDIAE

(LAVEIRAS, CAXIAS)

Figura 20 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 14

Localização: Em Laveiras, próximo de Caxias, no concelho de Oeiras. A igreja está afecta ao culto e a eventos de natureza cultural. O espaço conventual e envolvente está recuperado, nele tendo funcionado um Reformatório.

História: Foi criado por bula papal em 1597 e mandado erigir em 1598, numa quinta pertencente à Misericórdia de Lisboa, em local ermo, no vale da ribeira de Barcarena. O convento foi dedicado a Santa Maria Vallis Misericordiae ou Vale da Misericórdia mas é muitas vezes designado por convento de S. Bruno ou Cartuxa de Lisboa. A propriedade da quinta pertencera a D. Simoa Godinho que, em testamento, a destinara à construção de um instituto religioso. A obra foi demorada, tendo os religiosos da primitiva comunidade vindo da Cartuxa de Scala Dei, em Tarragona. Em 1736, a comunidade muda-se para novo edifício dentro da mesma quinta, em zona mais erma e mais salubre onde se manteve até à extinção.

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36 as ameaças da guerra civil, tendo os escassos frades remanescentes fugido para a Cartuxa de Évora, levando o espólio possível.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. O primeiro núcleo da biblioteca teria tido origem na doação do bispo de Viseu D. Jorge de Ataíde (1530-1578), porém, tal proveniência não consta das obras que se encontraram com marca de posse deste convento. Não foi encontrado catálogo da biblioteca, existindo um inventário feito em 4 de Novembro de 1833, após o encerramento do estabelecimento, onde se estimam cerca de 3000 volumes26. Os livros desta proveniência têm marca manuscrita, normalmente em latim, indicando o nome do convento. Pormenor interessante a assinalar: algumas das obras que encontrámos têm marca de Scala Dei o que vem demonstrar que o espólio da livraria, tal como os primeiros membros da comunidade, também veio de Tarragona.

Figura 21 – H.G. 10486 P.

Bibliografia:

- GOMES, Jesué Pinharanda – A Livraria da Cartuxa de Laveiras (Oeiras). Lisboa: [s.n.], 2002. Sep. “Boletim da Academia Internacional da Cultura Portuguesa”, 29. - PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas

Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 57-59.

HOSPÍCIO DE SÃO BRUNO (LISBOA)

Localização: Na Rua do Salitre. Sofreu importantes modificações nada subsistindo do antigo edifício.

História: Antes da sua morte, em 1611, D. Jorge de Ataíde que foi bispo de Viseu e capelão-mor do cardeal D. Henrique, doou uma propriedade aos religiosos cartuxos para aí construírem um hospício. A propriedade designava-se Horta das Palmeiras e, efectivamente, a rua do Salitre teve a designação de rua da Palmeira e rua dos Cartuxos, já então ligada à existência do hospício. É designado por Hospício de S. Bruno mas também por Hospício do Monte Olivete. Foi extinto em 183427. No ano seguinte já era

26 Estudado em GOMES, Jesué Pinharanda – ob. cit. supra.

27 Luís Gonzaga Pereira, ob. cit. infra, p. 59 sugere que já estava extinto anteriormente. Norberto de

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37 sede da Escola Veterinária, passando para a posse privada e vindo a ser totalmente transformado em palacete particular.

Biblioteca: O hospício possuía, provavelmente, biblioteca. Não foram encontrados catálogos, inventários ou livros desta proveniência.

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 14. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 32.

- CASTRO, João Baptista de – Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: na Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1762-1763, vol. III, p. 286.

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38

ORDEM DA CONCEIÇÃO DE MARIA

Nota histórica: A Ordem da Conceição de Maria ou Ordem da Imaculada Conceição pertence à família franciscana e foi fundada em 1484, em Toledo, pela portuguesa D. Beatriz da Silva (1424-1490). Inicialmente esta comunidade tinha seguido a regra cisterciense mas quando se estabeleceu em Portugal, no ano de 1625, já tinha regra própria sujeita ao Geral dos Franciscanos, desde 1511.

Instituições em Lisboa:

Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz, Arroios (1699-1890).

Bibliografia de referência:

- BARREIRA, Joana – Concepcionistas Franciscanas. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 374-379.

- PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo – Ordens monástico-conventuais: Inventário. Lisboa: IAN/TT, 2002, p. 419.

- VIEIRA, Maria do Pilar S.A. – Concepcionistas Franciscanas. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. I, p. 405.

CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA LUZ (ARROIOS, LISBOA)

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39

Localização: Na Freguesia de S. Jorge de Arroios, nele funcionou até 1993, o hospital de Arroios.

História: O primitivo convento de Nossa Senhora da Conceição situava-se em Carnide, no sítio da Luz onde fora erigido em 1699, por iniciativa particular de Nuno Barreto Fuseiro e de sua mulher D. Maria Pimenta, tendo de imediato sido apoiado por D. Catarina de Bragança, rainha viúva de Inglaterra. Após o terramoto de 1755, o edifício ficou muito arruinado e, em 1766, por ordem do marquês de Pombal, as religiosas foram transferidas para as instalações do extinto colégio de Nossa Senhora da Nazaré, edificado pela Companhia de Jesus em 1705 e onde funcionara o Noviciado de Arroios. Em 1833, por ocasião da guerra civil foram as freiras alojadas em Santos-o-Novo e o convento ocupado por tropas. Regressaram, porém, no ano seguinte. O convento ficou devoluto em 1890, sendo as religiosas ainda existentes, transferidas, primeiro para o extinto convento de Santa Joana, e daí para o de Nossa Senhora da Soledade.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Não foram encontrados catálogos apenas o inventário feito aquando da extinção28. Os livros desta proveniência têm como marca de posse um carimbo, porém, só aposto após o encerramento do convento e arrecadação da biblioteca, por parte da Inspecção-Geral das Bibliotecas e Arquivos Públicos, com os dizeres “Luz-Arroyos”. O facto de existirem outros conventos e igrejas de Nossa Senhora da Conceição, na zona de Lisboa, tem originado confusões de identificação. A expressão Luz-Arroios consagra a dupla localização do convento e permaneceu como nome pelo qual se identifica este estabelecimento.

Figura 23 – H.G. 15157 P.

28 V. Processo de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz, Arroios

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Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 4. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 86-87.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 265-267.

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ORDEM DA SANTÍSSIMA TRINDADE (OSST)

Nota histórica: Foi fundada, nos finais do século XII em França, por S. João da Mata e S. Félix de Valois com a finalidade de resgatar os cativos em poder dos muçulmanos. É a primeira Ordem que actua em contacto com os muçulmanos, de forma totalmente desarmada e que promovia, em primeiro lugar, a troca de cativos através de negociações diplomáticas. A actividade era muito arriscada, como se veio a verificar em algumas missões que fracassaram, e nunca envolvia a conversão de muçulmanos. A respectiva regra foi aprovada em 1198. Instalou-se em Portugal no ano de 1207, em Santarém, tendo os primeiros religiosos chegado a Portugal, muito provavelmente integrados em grupos de cruzados. Foi-lhe reconhecido o seu papel no período da reconquista peninsular, tendo os Trinitários recebido privilégios e avultadas doações. Foram estabelecendo conventos noutros locais, nomeadamente em Lisboa, no ano de 1294. De início dependiam da Província de Castela mas em 1319 foi constituída a Província Portuguesa. Após a crise que atravessou esta Ordem, na segunda metade do século XV, D. João III confirmou-a em 1545, restituindo-lhe alguns privilégios. A sua missão no reino ficou limitada à assistência mas a obra de redenção de cativos prosseguiu no Norte de África. A evolução política e social foi-lhes diminuindo as actividades e, naturalmente, foram entrando em declínio. A Ordem foi extinta em 1834.

Instituições em Lisboa:

Masculinas: Convento da Santíssima Trindade (1294-1834), Convento/Hospício de Nossa Senhora do Livramento (1698-1834).

Femininas: Convento de Nossa Senhora da Soledade (1657-1878), Convento de Nossa Senhora dos Remédios (1720-1874).

Bibliografia de referência:

- ALBERTO, Edite – Trinitários. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. III, p. 305-307.

- REIS, Maria de Fátima – Trinitárias. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p. 533-536.

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42 - SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens

a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 437-445.

CONVENTO DA SANTÍSSIMA TRINDADE (LISBOA)

Figura 24 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 57

Localização: Na actual Rua Nova da Trindade e Largo da Trindade. É possível ver-se hoje apenas parte do refeitório e do claustro na Cervejaria Trindade.

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43 dimensão já fora dividido, em 1835, para venda a particulares, atendendo a razões viárias.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca que terá sido total ou parcialmente destruída no incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755, conforme indica João Baptista de Castro: “Entre estas perdas será também muito sensível e quasi irrecuperável, a grande colecção de livros, que compreendia a famosa, e estimável Bibliotheca deste Convento, que pela sua raridade estava avaliada em duzentos mil cruzados”29. Não foram encontrados inventários ou catálogos. Os livros desta proveniência têm marca de posse manuscrita, com redacção diversa mas identificando o convento e a cidade.

Figura 25 – H.G. 9133 P.

Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 6. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 59-61.

- SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. – Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas & Associados, 1994, p. 91-93.

- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005, p. 445.

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CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO (LISBOA)

Figura 26 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 58

Localização: Na Rua Prior do Crato/Travessa do Livramento, a Alcântara, Freguesia dos Prazeres. Nada subsiste do edifício que foi demolido.

História: A sua primeira construção data de 1679, no local de uma capela sob invocação de Nossa Senhora do Livramento que fora erigida em 1606, em pagamento de uma promessa feita por Rodrigo Homem Azevedo por se ter “livrado” da acusação de ser partidário do Prior do Crato. Foi, no entanto, a viúva do fundador quem determinou a construção de um convento anexo e o entregou aos Trinitários. Em 1698 também a capela deu lugar a uma igreja. O edifício pouco sofreu com o terramoto e as obras de reconstrução decorreram muito rapidamente por iniciativa da rainha D. Mariana Vitória. Extinto em 1834, serviu de quartel, mantendo-se a igreja afecta ao culto até que foi demolido o conjunto, já no século XX, para ser construído no local um edifício destinado a um banco.

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Bibliografia:

- ARAÚJO, Norberto – Peregrinações em Lisboa. Livro 9. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, [1939], p. 16.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 205-208.

CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA SOLEDADE (LISBOA)

Figura 27 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 2.ª, n.º 28

Localização: Na Rua das Trinas e Rua Garcia da Orta, Freguesia de Santos-o-Velho. O edifício é sede do Instituto Hidrográfico.

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46 de 1912 como sede do Arquivo de Identificação, assim se mantendo até 1947, quando passou a albergar o Instituto Hidrográfico.

Biblioteca: O convento possuía biblioteca. Existe catálogo entregue em cumprimento do Edital da Real Mesa Censória de 10 de Julho de 1769. (PT/TT/RMC. Cx. 131, cat. 2481). Não foi localizado nenhum exemplar desta proveniência.

Bibliografia:

- Convento de Nossa Senhora da Soledade (Lisboa) Disponível em: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3151.

- Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital, 1988, vol. V, 3º tomo, p. 44-45.

- PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 317-320.

- SIMÕES, João Miguel – O convento das Trinas do Mocambo: estudo histórico-artístico. Lisboa: Instituto Hidrográfico, 2004.

CONVENTO DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS (LISBOA)

Figura 28 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 2.ª, n.º 29

Localização: No Largo do Rato. A Igreja está afecta ao culto. No edifício funciona uma esquadra da Polícia e serviços de Segurança Social.

Imagem

Figura 8 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 2.ª, n.º 17
Figura 9 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 28
Figura 11 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 30
Figura 13 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 31
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