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4 MÉTODO

4.5 Organização e análise dos dados

4.5.1 Etapa qualitativa

Os dados gerados nas entrevistas foram analisados, tendo, como referência, a abordagem qualitativa, sendo submetidos à análise de conteúdo com base no referencial proposto por Bardin (2011). A análise de conteúdo é definida como um conjunto de técnicas que analisam comunicações entre atores do estudo, por meio de procedimentos realizados de forma sistemática e objetiva. Esse processo permite descrever e compreender as mensagens e indicadores expressos, pelos atores, sobre o objeto do estudo, assim como a realização de inferências nas análises (BARDIN, 2011).

Para a categorização dos itens a partir dessa técnica de análise, foram percorridas as seguintes etapas: 1°) reunião do corpus de análise (entrevistas transcritas e anotações referentes); 2°) pré-análise: leitura flutuante dos dados coletados com o intuito de tornar

operacionais e sistematizar as ideias iniciais; 3°) categorização de dados: a partir da leitura aprofundada do material de análise, na qual eles foram transformados sistematicamente e agregados em unidades temáticas; 4°) análise interpretativa: realizado o tratamento dos resultados, que compreendeu a inferência e a sua interpretação.

Após a leitura dos dados produzidos pelas entrevistas, foram selecionados fragmentos dos depoimentos considerados relevantes, importando-os para as unidades temáticas. As categorias foram criadas a partir do Modelo Explicativo da Adesão às PP, desenvolvido por Brevidelli e Cianciarullo (2009), constituindo-se assim em fatores individuais, relacionados ao trabalho e organizacionais.

Os depoimentos utilizados para ilustrar os resultados são representados pelas letras “E” para enfermeiro, “T” para técnico de enfermagem e “A” para auxiliar de enfermagem, seguida de números associados à ordem em que o entrevistado foi integrado à pesquisa, a fim de preservar a identidade dos participantes.

4.5.2 Etapa quantitativa

Os dados quantitativos foram organizados, mediante a dupla digitação independente em uma planilha eletrônica sob a forma de banco de dados, utilizando-se o programa Excel, versão 6.4 pela mestranda responsável e por uma bolsista de iniciação de pesquisa vinculada ao projeto. Após a verificação de erros e inconsistências, a análise dos dados foi realizada no programa PASW Statistics (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago - USA) versão 18.0. Foi realizada a análise descritiva das variáveis, sendo que as qualitativas foram descritas por meio da frequência absoluta e relativa, enquanto que as quantitativas pela média, mediana, desvio padrão, valor máximo e mínimo, de acordo com a normalidade ou não dos dados. Foi aplicado o Coeficiente Alfa de Cronbach a fim de verificar a confiabilidade/fidedignidade das escalas que compõem o Instrumento de variáveis relativas as precauções padrão (PP). O valor de alfa considerado satisfatório foi ≥ 0,6 (PESTANA, GAGEIRO, 2008).

4.5.2.1 Análise do Instrumento de variáveis relativas às precauções padrão (PP)

Conforme Brevideli e Cianciarullo (2009), para facilitar a compreensão dos valores dos escores, foi realizada a recodificação de alguns itens fazendo com que quanto maior o valor, maior a intensidade percebida. Assim, os escores de alguns itens foram invertidos,

sendo o valor atribuído ao número 1 será 5, número 2 – 4, 3 – 3, 4 – 2 e número 5 – 1. Os seguintes itens foram invertidos: todos os itens da Escala de Adesão às PP; todos os itens da Escala de Conhecimento da Transmissão Ocupacional do HIV; itens 03 e 13 da Escala de Percepção de Risco; todos os itens da Escala Eficácia da Prevenção; todos os itens da Escala de Carga de Trabalho; todos os itens da Escala de Clima de Segurança; todos os itens da Escala Disponibilidade de EPI, todos os itens da Escala de Treinamento em Prevenção da Exposição ao HIV.

Para analisar o Instrumento de variáveis relativas as PP, foi realizado o cálculo do escore médio para cada item das escalas, após, o escore médio das escalas e, posteriormente, o escore médio dos fatores individuais, fatores relativos ao trabalho e fatores organizacionais. Após, esses escores médios foram classificados em “Alto”, “Intermediário” e “Baixo, conforme o seguinte:

“Alto” – Escores médios iguais ou superiores a 4,5;

“Intermediário” – Escores médios com valores entre 3,5 e 4,49; “Baixo” – Escores médios com valores iguais ou menores a 3,49.

As escalas foram analisadas segundo a média dos escores obtidos. Assim, todas as escalas obtiveram um escore máximo e um escore mínimo que variou de 1 a 5. Dessa forma, a interpretação utilizada para análise das escalas está demonstrada no Quadro 3, abaixo.

Quadro 3 – Interpretação dos escores obtidos em cada escala do Instrumento de Variáveis Relativas às PP.

ESCALAS INTERPRETAÇÃO

ADESÃO ÀS PP Quanto maior o escore, maior a adesão

CONHECIMENTO DA TRANSMISSÃO OCUPACIONAL DO HIV

Quanto maior o escore, maior o conhecimento

PERCEPÇÃO DE RISCO Quanto maior o escore, maior a percepção de riscos

PERSONALIDADE DE RISCO Quanto maior o escore, menor a

personalidade de risco

EFICÁCIA DA PREVENÇÃO Quanto maior o escore, maior a eficácia percebida

OBSTÁCULOS PARA SEGUIR AS PP Quanto maior o escore, menor a percepção de obstáculos

CARGA DE TRABALHO Quanto maior o escore, maior a carga de trabalho

CLIMA DE SEGURANÇA Quanto maior o escore, melhor o clima de segurança

DISPONIBILIDADE DE EPI Quanto maior o escore, maior a

TREINAMENTO EM PREVENÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO HIV

Quanto maior o escore, melhor o treinamento recebido

Para testar a hipótese de normalidade da distribuição das variáveis contínuas mensuradas neste estudo foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. O Coeficiente de Correlação de Person (r) foi aplicado para verificar a associação estatística entre os escores de adesão às PP e os fatores individuais, relativos ao trabalho e organizacionais.

Para determinar a significância das diferenças observadas na adesão às PP entre os subgrupos estudados, a partir das variáveis categóricas (idade, sexo, estado civil, filhos, categoria profissional, tempo de formação, treinamento em PP e vínculo de trabalho), foram consideradas a hipótese nula, ou H0 (ausência de diferença entre os dois subgrupos), e a hipótese alternativa ou, H1 (presença de diferença entre os dois subgrupos). Na análise bivariada, foi utilizado o Teste Qui-quadrado. Os resultados foram considerados estatisticamente significantes quando p < 0,05, com intervalo de 95% de confiança.

4.5.3 Triangulação concomitante de dados

Após a análise dos dados qualitativos e quantitativos separadamente, buscou-se fazer uma análise comparativa dos resultados, a fim de verificar as convergências e as divergências nos diferentes achados. A construção dessa análise conjunta foi desenvolvida fazendo o agrupamento dos achados qualitativos e quantitativos a partir dos fatores individuais, relativos ao trabalho e organizacionais. Assim, os dados qualitativos e quantitativos foram colocados lado a lado e, dessa forma, foram verificadas as convergências e divergências e feita uma interpretação mais aprofundada desses resultados, buscando a fusão dos mesmos e a complementaridade dos diferentes tipos de dados. Em seguida, buscou-se discutir esses resultados com dados recentes da literatura, sendo que a apresentação dessa etapa foi realizada no capítulo referente a discussão dos resultados.

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