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ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ABRIGOS INSTITUCIONAIS DE JOÃO

No Brasil, a partir dos anos 80, como discutido anteriormente, as politicas públicas passaram por profundas mudanças institucionais, fruto de uma multiplicidade de processos que geraram alterações na ordem politico-democrática e administrativos do Estado. Essas mudanças tiveram desdobramentos sobre a revalorização do poder local e sobre a modificação das politicas publicas municipais

A Política de Proteção Social Especial de Alta Complexidade está fundamentada nas Diretrizes da Proteção Social Especial, atendendo demandas do Suas e da Política de Assistência Social. Ela está prevista no Capítulo II do ECA, artigo 92. Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de abrigo deverão adotar os seguintes princípios:

I - preservação dos vínculos familiares;

II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família de origem;

III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;

IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; V - não desmembramento de grupos de irmãos;

VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;

VII - participação na vida da comunidade local; VIII - preparação gradativa para o desligamento;

IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo. Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo e equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. (BRASIL, 1990, p.18)

O acolhimento em unidades de abrigo, com curta ou longa permanência, é destinado a crianças e adolescentes com vínculos familiares fragilizados ou àqueles que foram afastados de suas famílias de origem, por violência ou

negligência extrema. A seguir, as unidades vinculadas à prefeitura municipal de João Pessoa participantes do estudo.

Em 14 de outubro de 1998 foi inaugurada a Granja Morada do Betinho, sendo responsável pela iniciativa a prefeitura, em parceria com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeronáutica (Infraero), através do Convênio de Cooperação Mútua nº 004/PM/SRRS/SBTJ/97-032, onde a então Secretaria de Trabalho e Promoção Social (Setraps). Atualmente, a Sedes passou a ser responsável pela unidade. Com intuito de atender às necessidades físicas e promover o bem-estar dos acolhidos, a unidade está localizada provisoriamente na rua Francisca Moura, nº 150, Centro.

O trabalho utilizado pela prefeitura ocorre através de várias ações, proporcionando um bom atendimento às crianças e adolescentes, e acompanhamento às famílias. São realizadas visitas domiciliares às famílias biológicas, parentes e outras simpatizantes (famílias que acolhem as crianças nos finais de semana, feriados e recesso escolar). No tocante a estas, realizam-se reuniões mensais, onde é discutido qual o papel de cada um neste processo de responsabilização com o acolhido, tendo em vista que estas são incluídas nos programas sociais do governo federal; também é feito o levantamento das potencialidades das mesmas.

Os sujeitos em questão estão inseridos em unidades escolares da rede pública, acompanhamento médico e psicológico, inclusão nos cursos de formação profissional, formação de hábitos de higiene, viabilização de documentação, bem como no desenvolvimento de atividades educativas, recreativas e esportivas. Mensalmente são elaborados relatórios a respeito desses processos.

Atualmente, o Abrigo Morada do Betinho atende crianças e adolescentes do sexo masculino com faixa etária de 07 a 18 anos. A unidade tem a capacidade de abrigar 16 acolhidos. Estes são encaminhados pelos Conselhos Tutelares, Promotoria e Curadoria da Infância e Juventude e Vara da Infância e Juventude.

O Abrigo Manaíra está localizado na Rua Francisco Brandão, 925 e 937, no Bairro de Manaíra, antes denominado Recanto da Meninada. Assim como a unidade supracitada, o abrigo também foi criado após o censo de meninos e meninas em situação de rua, realizado no ano de 1997, efetivado pela prefeitura municipal e coordenado pela Sedes, mas para atender crianças e adolescentes dos sexos masculino e feminino que perambulavam pelas ruas, pediam esmolas nos sinais de trânsitos, entre outras ações socialmente marginais, apresentando dificuldades de retornar para sua família. Tendo seu registro solicitado ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente no dia 10 de novembro de 1999 e em 06 de abril de 2000, a referida unidade foi registrada e certificada em ata.

O antigo Recanto da Meninada era localizado no Loteamento São Gonçalo, no bairro de Manaíra (Comunidade Chatuba), numa área com três terrenos conjugados cedidos à prefeitura. Era vinculada ao Programa É Pra Crescer – Projeto Meninada, desenvolvido pela Setraps. Atualmente, para atender aos requisitos do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária foi compreendido que era necessário urgentemente a adequação da modalidade de atendimento que respeitasse principalmente a individualidade e cada um (a), pois apesar da permanência da criança e do adolescente ser provisória e excepcional, o processo deve ser entendido como um período importante na trajetória de vida, passando, porém, a ter seu funcionamento na dinâmica de Abrigo Institucional. Atende até vinte e quatro crianças em sistema de Casa Abrigo, onde são garantidos os direitos

básicos de moradia, lazer, educação e saúde, visando à preparação daquelas crianças e adolescentes para o processo de reintegração familiar e social.

Em 27 de julho de 2005, inaugurou-se a Casa de Acolhida, instituição com sede na Rua Afonso Campos, nº 267, Centro, efetivada pela Sedes. Tem como objetivo ser uma instituição de retaguarda para este público em situação de risco, rua e vulnerabilidade social, atendendo até vinte e quatro crianças e adolescentes de ambos os sexos, onde eram garantidos os direitos básicos de moradia, lazer, educação e saúde, visando à preparação de crianças e adolescentes para o processo de reintegração familiar e social. Teve seu desmembramento em 14 de janeiro de 2008, com a criação da Casa de Acolhida Feminina, passando a atender portando adolescentes somente do sexo masculino, assim se tornado a Casa de Acolhida Masculina.

São duas modalidades distintas da Politica de Proteção Especial, os abrigos institucionais e a casa-lar, mas que atendem o mesmo publico, variando na faixa etária, sexo e gênero. De que forma vai ser executado fica com a responsabilidade dos órgãos governamentais no caso a prefeitura municipal de João Pessoa/PB.

Este serviço prevê o acolhimento provisório de curta permanência e atua junto ao processo de saída da rua, funcionando como um espaço de transição entre a rua, a família e a comunidade, possibilitando um diagnóstico mais preciso sobre a situação social, econômica, psíquica e educacional do acolhido.

2.8 ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE E OS AVANÇOS NA POLÍTICA