4 A PESQUISA DE
4.4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
4.4.2 Organização das Formações com Auxiliares em Educação e Equipe
Não há na Rede Municipal de São Bernardo do Campo nenhuma
regulamentação voltada à formação dos Auxiliares em Educação, com isso, as
escolas “vão dando um jeitinho”, por entender a importância de formar também estes
profissionais, que ficam mais tempo com as crianças que os próprios professores.
Os relatos das CPs evidenciam que, entre as cinco entrevistadas, três delas
propõem a formação semanal para os Auxiliares em Educação (CP-1, CP-3 e CP-5),
embora a CP-1 aponte a dificuldade em manter este horário garantido, sem que o
mesmo seja “atropelado” por uma série de contratempos. A CP-3 destaca a
importância desta formação para que os educadores falem a mesma língua.
Observa-se, segundo o relato da CP-5, para que a formação com os
auxiliares aconteça, é necessária uma organização de pessoas e seus respectivos
horários de almoço:
A formação com os auxiliares é semanal, uma hora por semana. A gente
dá um “jeitinho”, porque não temos este horário previsto na carga
horária deles. Nós fazemos de quarta-feira, das 13h00 às 14h00. É um
horário que eles estão voltando do almoço e fica uma pessoa só com as
crianças, porque a maioria está dormindo. Quando é 13h30 volta o outro
educador para a sala e eles ficam até as 14h00 com a gente. É esta
uma horinha que a gente tem [...]. (CP-5, APÊNDICE L, TAB 3)
A CP-2 apenas consegue garantir uma hora mensal de formação e destaca
uma organização anterior, na qual os Auxiliares em Educação participavam junto
com os Professores dos HTPCs, ficando com horas-crédito. Ao ser vetada esta
possibilidade pela Secretaria de Educação, a escola se organizou da forma que
conseguiu. A CP deixa claro que não considera este momento como uma formação
de fato, mas uma apresentação aos auxiliares sobre o que está sendo discutido com
os professores.
Já, a CP-4 não teve possibilidade de realizar a formação com os Auxiliares
em Educação, embora enfatize a importância da formação para este segmento. É
proposto aos professores que socializem os textos discutidos nas formações com os
auxiliares, porém, ela assevera que o funcionamento desta estratégia depende muito
da concepção e da boa vontade, seja dos professores, seja dos auxiliares.
É evidente a relação entre quantidade de turmas atendidas nas escolas e as
possíveis organizações para as formações, pois a CP que realiza a formação dos
auxiliares apenas mensalmente, atua na maior Creche da rede e, a CP que não
consegue realizar a formação, atua em um complexo educacional gigantesco no
qual responde pela Coordenação da Creche (oito turmas) e da Educação Infantil de
4 a 5 anos (11 turmas), ou seja, a mesma tem uma demanda de trabalho muito
maior e precisa priorizar algumas ações dentro do seu tempo. É humanamente
impossível garantir uma qualidade de atendimento nestas condições.
Porém, acontece uma exceção na “EMEB C”, onde a Coordenadora CP-3,
embora atenda uma grande demanda de turmas (22 turmas), consegue fazer a
formação semanalmente com os Auxiliares em Educação. Diante deste fato, surge a
questão: Como se organiza para isso? Esta CP atua em um complexo recém-
inaugurado e as outras modalidades de ensino ainda não iniciaram. Por enquanto,
estão atendendo somente Creche. Sendo assim, a CP-3 descreve que estabeleceu
parcerias entre os gestores da escola, com divisão de tarefas para as diversas
atividades pedagógicas, porém, estes gestores logo terão a sua própria demanda de
trabalho e, então, a realidade será outra.
Por enquanto, aqui só temos Creche. São 22 turmas de Creche. Então,
em alguns momentos, ao longo do ano, a gente dividiu berçário, Infantil I
e Infantil II. Então, uma das nossas PADs que trabalhou muito tempo
com o berçário, ajuda bastante no processo formativo com os berçários.
Eu fiquei com as turmas do Infantil I, mais especificamente, e a outra CP
cuidou da parte do Infantil II [...]. (CP-3, APÊNDICE L, TAB 6)
Segundo a entrevista com uma Auxiliar em Educação que trabalha na mesma
EMEB que a Coordenadora CP-3, houve também uma cobrança para que essa
formação passasse a acontecer no segundo semestre, a mesma atuou em uma
escola em que havia formação para os auxiliares e ela fez questão que aquele grupo
também passasse por esta experiência:
[...] Eu acho essencial. Quando eu cheguei aqui não tinha. Na primeira
Reunião Pedagógica, quando eu entrei aqui, eu praticamente exigi a
formação, porque o que eu aprendi lá na outra escola foi sensacional.
Foi o que eu usei, porque eu não tinha formação nenhuma para dar
aula, para dar o suporte para a criança pequena, eu só cuidei da minha
filha (risos). Até então a minha experiência com criança era essa, a
minha filha, meu irmão, alguma coisa assim. Então, o que eu trouxe, a
bagagem que eu trouxe da outra escola, foi muito grande. E que eu
sentia que os auxiliares novos não tinham isso. Então era uma angústia
quando uma criança era mordida; era uma angústia quando, de repente,
uma criança se machucava; era um: “Ai, meu Deus”. E eu falava “gente
isso é uma coisa natural”. Quando eu percebi que não tinha formação
para os auxiliares aqui, eu praticamente exigi. Eu falei - “tem que ter”, é
necessário. [...]. (AUX-2, APÊNDICE L, TAB 10)
Com exceção da “EMEB A, as demais trabalham com os Auxiliares em
Educação o mesmo conteúdo que é desenvolvido nas formações com os
Professores, como bem descreve a CP-5 (APÊNDICE L, TAB 3) sobre a importância
de uma mesma linha de formação para que o grupo de auxiliares entenda e participe
das mudanças: “[...] Por exemplo, a gente está estudando sobre o brincar agora e
isso começa a impactar nas práticas vigentes da escola e se você não tiver uma
ponte que esteja falando a mesma língua, eles não entendem, e isso fica muito claro
[...]”.
Em relação à equipe do pessoal de apoio (cozinha e limpeza), a CP-1 aponta
que no plano de formação deste segmento está previsto para que aconteça
quinzenalmente, porém, pelas circunstâncias do dia a dia, foi iniciado no segundo
semestre e teve apenas dois encontros e existe o planejamento para mais dois
encontros. Ou seja, no plano de formação (apontado no PPP) é quinzenal, na
realidade acontecerá em quatro encontros anuais. Isso mostra uma distância
enorme entre o que é escrito nos planos e o que é possível no dia a dia. A CP-1
destaca as demandas próprias, as demandas da diretora, as demandas do grupo e a
falta de funcionário, para justificar os contratempos que vêm impedindo esta
formação de acontecer, porém, deixa claro que não está satisfeita com este
encaminhamento.
A CP-2 relata que a formação desse segmento é responsabilidade da Direção
da escola (Diretora e PAD). Ela apenas acompanhou algumas formações. A
frequência dos encontros é mais ou menos mensal, e enfatiza a importância do
registro de todas as reuniões, para que haja continuidade.
Na “EMEB C” e “EMEB D” todos os funcionários, sejam da limpeza ou da
alimentação, são terceirizados, ou seja, tem uma empresa que acompanha o
trabalho deste pessoal. Dentro da escola é a Direção que faz este
acompanhamento. A formação é realizada apenas nas reuniões pedagógicas, para a
qual a CP-3 aponta a necessidade de haver uma discussão prévia com o pessoal de
apoio para aproximá-lo dos conteúdos trabalhados nas reuniões, com o intuito de
facilitar o entendimento e ampliar a participação.
A CP-5 expressa a sua insatisfação quanto à estruturação dos encontros com
o segmento, pois fica por conta só da Diretora e tem um foco muito pontual na
demanda do trabalho. Portanto, a mesma não participa desta organização, mas
enfatiza a importância de uma formação com o pessoal de apoio para que eles
entendam, mesmo que minimamente, o que está acontecendo na escola em relação
às questões pedagógicas. A entrevistada propõe como exemplo:
[...] esta questão do brincar, por exemplo, quando começa a mudar, o
pessoal do apoio não entende porquê e, dependendo do olhar que você
tem, isso faz muita diferença: Por que agora a gente está colocando
macarrão, espalhando grão para tudo quanto é lado nas comidinhas e
fazendo uma “sujeirada” danada? Se eles [funcionários de apoio]
entendessem um pouquinho a mais sobre isso faria diferença, porque
não iriam ver só como sujeira e sim, como que as crianças estão
aprendendo, como estão se beneficiando com isso. Então é uma lacuna,
é um desafio, vamos colocar assim, a gente instituir um pouco mais com
o pessoal de apoio. (CP-5, APÊNDICE L, TAB 4)
Em relação aos conteúdos desenvolvidos com esse segmento, destaca-se o
trabalho realizado na “EMEB B”, que procurou esclarecer os aspectos pedagógicos
da escola, com ênfase nas aprendizagens das crianças, relacionando-os com as
tarefas realizadas pela equipe de apoio, como bem exemplifica o relato da
Coordenadora CP-2:
Tem a demanda do trabalho delas que exige formação, mas o que a
gente tentou foi atrelar, por exemplo: o que é usar uma massa caseira
na sala, por que se usa aquilo, se aquilo suja a sala inteira? Então a
gente fez com que eles experimentassem, com que eles pensassem
sobre quais as aprendizagens as crianças estavam construindo. (CP-2,
APÊNDICE L, TAB 4)
A Coordenadora CP-2 conseguiu realizar um trabalho de formação bem
pontual com a equipe de apoio, destacando a importância de que todos os que estão
na escola e que, direta ou indiretamente, têm contato com as crianças, precisam
entender os propósitos pedagógicos e, se possível, até contribuir com os mesmos.
4.4.3 Temas e Estratégias Formativas Utilizadas pelos Coordenadores
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(páginas 93-97)