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OS CRITÉRIOS PARA ESCOLHA E OS SUJEITOS DA PESQUISA

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4 A PESQUISA DE

4.2 OS CRITÉRIOS PARA ESCOLHA E OS SUJEITOS DA PESQUISA

Para o desenvolvimento da pesquisa de campo foram selecionadas cinco

creches da rede municipal de São Bernardo do Campo, considerando como critérios

de escolha aspectos que marcam diferenciação, tanto entre as escolas, como entre

as Coordenadoras Pedagógicas

24

.

Na escolha das Escolas Municipais de Educação Básica (EMEBs) foram

observadas diferenças como: a maior creche da rede municipal, uma das menores

creches, Complexos Educacionais (CEUs) e escola localizada em bairro de difícil

acesso. Em relação às CPs buscou-se garantir: CP com ampla experiência na

formação de educadores e CP iniciante.

Os critérios adotados baseiam-se nas concepções de André (2010), já

explanados sobre a natureza qualitativa da pesquisa, que permitem observar os

mais variados contextos em que as CPs atuam, com o objetivo de analisar o

trabalho de formação desenvolvido por estas profissionais em pequenos e grandes

cenários.

É importante destacar como legitimação dos critérios que:

a) há diferença entre coordenar uma creche com cinco turmas, ou uma com

19 ou com 22 turmas;

b) também é diferente coordenar uma escola que atende somente creche, em

relação à outra que atende diversas modalidades de ensino;

c) verifica-se diferença entre coordenar uma escola na qual é possível

constituir uma equipe constante, em contraste com outra em que a

coordenação atua junto a uma equipe sempre em transição; e

d) há diferença ainda entre a CP possuir uma vasta experiência como

formadora, ou estar iniciando no cargo e na rede.

Todas as diferenças apontadas podem influir diretamente na demanda de

trabalho da CP, como também determinar uma série de ações dos seus

profissionais. Portanto, estes critérios buscam atender um pouco a enorme

diversidade que forma a Rede de Ensino Municipal de São Bernardo do Campo,

conforme apresentado no QUADRO 1, a seguir.

Quadro 1 – Organização dos critérios adotados para escolha das escolas.

ESCOLAS

PRINCIPAL CRITÉRIO PARA ESCOLHA

EMEB A

A CP-1 possui uma grande experiência como formadora de professores, pois atua

desde 1998, quando iniciou a função PAP.

EMEB B

A CP-2 atua na maior escola da rede municipal, que atende somente Creche (15

turmas). Vale destacar que nos CEUs há atendimento maior que este.

EMEB C

A CP-3 iniciou no cargo este ano (2014), ou seja, tem apenas nove meses de

experiência e atua em um complexo educacional (CEU), recém-inaugurado. Na

época da entrevista, a escola estava atendendo somente Creche (22 turmas).

EMEB D

A CP-4 atua em um complexo educacional (CEU), que atende Creche, Infantil de 4 a

5 anos, Ensino Fundamental, EJA e Ensino Profissionalizante. Atende também

crianças do Projeto Tempo de Escola

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e diversos cursos para a comunidade. É

responsável pelas turmas da Creche (oito turmas) e pelas turmas do Infantil de 4 a 5

anos (11 turmas), no total, atende 19 turmas.

EMEB E

A CP-5 atua em uma Creche pequena com apenas cinco turmas, porém, é

localizada em bairro afastado, o que acarreta mudanças constantes da equipe

escolar.

Fonte: A autora – Pesquisa de Campo (2014).

Foram envolvidos 10 sujeitos das unidades escolares nesta pesquisa de

campo: cinco Coordenadores Pedagógicos, três Professoras e duas Auxiliares em

Educação. As CPs, que na verdade são os sujeitos centrais do estudo, foram

entrevistadas com a intenção de delinear suas trajetórias formativas, observar como

cada uma organiza sua atuação na escola, quais as principais conquistas e

dificuldades enfrentadas, como se vêem e como são vistas pela equipe escolar e

pela comunidade.

Na Creche todos os profissionais, mesmo os da cozinha e da limpeza, que

formam a equipe de apoio, têm contato direto com as crianças, portanto, precisam

entender, mesmo que minimamente, sobre desenvolvimento infantil. Para tanto,

cada segmento de profissionais possui um plano de formação específico que

compõe o PPP das escolas (Professores, Auxiliares em Educação e equipe de

apoio). Porém, nesta pesquisa, foram envolvidos apenas os dois segmentos que

mais fazem parte das ações formativas dos coordenadores de creche: as

Professoras e os Auxiliares em Educação. A equipe de apoio não participa das

entrevistas, embora, no decorrer da pesquisa, apareça a organização da formação

com este segmento pelas respostas de uma das questões direcionadas às CPs.

A entrevista com as Professoras e com as Auxiliares em Educação teve por

objetivo analisar como percebem a formação e as intervenções pedagógicas

realizadas (ou não) pela CP, e qual a participação e aproveitamento destes

momentos formativos no seu dia a dia.

Além dos sujeitos já mencionados, foram entrevistadas duas outras

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Projeto em que a criança do Ensino Fundamental realiza atividades culturais e esportivas no contra-turno da sua aula

regular. Como as escolas não possuem espaços que comportem estas crianças, as mesmas são levadas para outros

espaços. Portanto, este CEU atende este público.

profissionais, com o intuito de complementar a pesquisa: uma Chefe de Região do

município de São Bernardo do Campo, para observar como a Creche é vista pela

Secretaria de Educação; e uma Coordenadora de curso de Pedagogia, para ampliar

a visão sobre como vem ocorrendo a formação inicial dos profissionais da

Educação. Ao todo, são 12 sujeitos envolvidos no estudo.

De modo a proteger a identidade dos participantes, foram utilizados alguns

códigos baseados em letras e números, de acordo com o seguinte critério:

a) as cinco escolas foram identificadas por “EMEB”, acrescida das letras “A, B,

C, D e E”, de acordo com a data do contato realizado com as mesmas,

Portanto, a primeira escola contatada recebe a codificação “EMEB A”, e

assim sucessivamente;

b) as Coordenadoras Pedagógicas foram identificadas como CP-1, CP-2, CP-

3, CP-4 e CP-5, cuja sequência corresponde às EMEBs onde atuam, ou

seja, “CP-1 – EMEB A”, “CP-2 – EMEB B”, “CP-3 – EMEB C”, “CP-4 –

EMEB D” e “CP-5 – EMEB E”;

c) as Professoras foram identificadas como P-1, P-2 e P-3;

d) as Auxiliares em Educação foram identificadas como AUX-1 e AUX-2;

e) a Chefe de Região Municipal por CRM e, a Coordenadora do Curso de

Pedagogia, por CCP.

É importante esclarecer que, as entrevistas foram realizadas no decorrer do

curso de Mestrado da pesquisadora, portanto, distribuídas da seguinte forma: em

dezembro de 2012 foram realizadas sete entrevistas (CP-1, CP-2, CP-3, P-1, P-2,

AUX-1 e AUX-2); no decorrer de 2013 mais três entrevistas (CP-4, CP-5 e P-3); e,

em 2014, as duas últimas entrevistas (CRM e CCP).

Como pode ser observado, tanto as Professoras, como as Auxiliares em

Educação não correspondem ao número de EMEBs, isso ocorre pelo fato de os

sujeitos principais serem as CPs, enquanto que os outros profissionais entrevistados

complementam e enriquecem a análise, sem a necessidade de ter quantidades

equivalentes como parâmetro.

Para a escolha das professoras e auxiliares não houve nenhum critério

específico, simplesmente as entrevistas ocorreram nas escolas que deram abertura

para a pesquisadora realizar a entrevista com as profissionais em um mesmo dia

(“EMEB B” e “EMEB C”) –, no caso destas duas escolas, foram realizadas

entrevistas com CP, Professora e Auxiliar em Educação. É importante destacar que,

na “EMEB B”, foi a CP quem escolheu os profissionais a serem entrevistados. Isso

pode indicar a escolha de profissionais com a qual ela tenha maior afinidade. Na

“EMEB C”, a pesquisadora perguntou para a equipe quem participaria da entrevista

e, assim, surgiu no grupo a professora e a auxiliar participante. Faltando apenas

uma entrevista com uma professora, a pesquisadora optou pela “EMEB D”, devido à

proximidade da localização da escola e a facilidade de acesso.

No QUADRO 2 são apresentadas as correlações entre os sujeitos da

pesquisa e as respectivas instituições de ensino onde trabalham.

Quadro 2 – Os sujeitos da pesquisa e as instituições de ensino onde trabalham.

ESCOLAS

COORDENADORAS

PEDAGÓGICAS

PROFESSORAS

EM EDUCAÇÃO AUXILIARES

EMEB A

CP-1

EMEB B

CP-2

P-1

AUX-1

EMEB C

CP-3

P-2

AUX-2

EMEB D

CP-4

P-3

EMEB E

CP-5

Fonte: A autora – Pesquisa de Campo (2014).

4.3 PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Todas as profissionais entrevistadas encontram-se na faixa etária acima de

30 anos. Em relação à trajetória formativa das CPs, dentre as cinco entrevistadas,

quatro fizeram Magistério; também quatro fizeram Pedagogia, e a CP-1 fez PEC

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e

realizou duas pós-graduações, a primeira em Administração e, a segunda, em

Orientação Educacional, além de ser formada em Publicidade e Propaganda.

A CP-2 tem uma segunda graduação em Psicologia. A CP-3 possui duas pós-

graduações (Psicopedagogia e Educação Infantil); A CP-4 realizou cursos de Língua

Italiana (no Brasil e na Itália) e a CP-5 apenas Magistério e Pedagogia.

As três professoras entrevistadas são formadas em Magistério e Pedagogia.

26

PEC – Programa de Educação Continuada – Tratou-se de um programa presencial, perfazendo uma carga horária de

3.344 horas, com forte apoio de mídias interativas, que buscou sistematizar os referenciais teóricos da Educação Infantil e

do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries, por meio de Temas e Unidades presentes na estrutura curricular destes

segmentos da escolaridade (PEC, 2008).

A P-1 possui curso de Secretariado e uma segunda graduação em Psicologia. Como

podemos observar, não existe grande diferenciação entre as trajetórias formativas

das CPs e Professoras. Há CP somente com Magistério e Pedagogia e há

Professora com duas graduações, por exemplo. Pela pequena amostra apresentada

aparecem cursos de pós-graduação somente na trajetória formativa das CPs. É

importante ficar claro que não se pretende com isso uma generalização dos dados,

mas podemos inferir que algumas CPs buscam um saber a mais.

Quanto à trajetória formativa das Auxiliares em Educação, uma vez que o pré-

requisito para atuar nesta profissão é o Ensino Médio, é possível perceber, mesmo

por esta pequena amostra composta por dois sujeitos, que há uma diversidade de

formação entre os auxiliares.

No QUADRO 3 todas essas informações são sintetizadas, de forma a facilitar

a observação e análise.

Quadro 3 – Idade e trajetória formativa dos sujeitos.

COORDENADORAS PEDAGÓGICAS

SUJEITOS

IDADE

TRAJETÓRIA FORMATIVA

CP-1

43 anos

Magistério

27

, Publicidade e Propaganda, PEC, Pós-graduação em

Administração e em Orientação Educacional.

CP-2

39 anos

Magistério, Psicologia e Pedagogia.

CP-3

31 anos

Pedagogia, Pós-graduação em Psicopedagogia e Educação Infantil

CP-4

52 anos

Magistério, Pedagogia e curso de língua italiana (no Brasil e na Itália)

CP-5

31 anos

Magistério e Pedagogia

PROFESSORAS

SUJEITOS

IDADE

TRAJETÓRIA FORMATIVA

P-1

43 anos

Magistério, Secretariado, Psicologia e Pedagogia

P-2

35 anos

Magistério e Pedagogia

P-3

30 anos

Magistério e Pedagogia

AUXILIARES EM EDUCAÇÃO

SUJEITOS

IDADE

TRAJETÓRIA FORMATIVA

AUX-1

44 anos

Cursando 3º ano de Pedagogia

AUX-2

49 anos

Jornalista

Fonte: A autora – Pesquisa de Campo (2014).

No que se refere à experiência, todas as CPs entrevistadas possuem mais de

10 anos de experiência na Educação (entre 10 e 20 anos). Já, como Formadoras de

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Magistério – Formação de professores de nível Médio, que habilitava para atuação na Educação Infantil e séries iniciais

Educadores, o tempo varia bastante, mesmo porque, este foi um dos critérios para

escolha das escolas (CP com mais e com menos experiência). Portanto, varia entre

nove meses (início em 2012, ano em que foi realizada a entrevista) e 14 anos (início

em 1998, com a primeira turma de PAPs). E o tempo máximo de atuação como

formadoras em Creche é de cinco anos (CP-2), e as demais profissionais

apresentam menos tempo de experiência nesta modalidade de ensino, conforme

apresentado no QUADRO 4 – Parte A, a seguir, onde consta o tempo de atuação

das CPs na Educação e, dentro deste, o tempo destinado à formação de

educadores na rede municipal e na Creche.

Em vista dos dados coletados e referenciados, podemos concluir que todas

as CPs estão em processo de construção de identidade como Formadoras de

Profissionais de Creche, o que é diferente de ser formadora em qualquer outra

modalidade de ensino.

Já, o tempo de atuação das Professoras varia bastante – de 6 a 21 anos

(QUADRO 4 – Parte B). A P-1, dos 21 anos que atua como professora, 12 foram em

Creche. Ao cruzar esta informação com o tempo de atuação das CPs na Creche,

pode-se observar que, nas equipes constituídas nestas unidades escolares

encontram-se professores com uma experiência bem maior em Creche que as

formadoras, pois este cargo (CP) tem um histórico relativamente recente em tais

instituições.

As duas Auxiliares em Educação apresentam pouco tempo de experiência na

Educação de uma forma geral (QUADRO 4 – Parte C). E, conforme o relato das

duas, pretendem outras ocupações. Com isso, podemos inferir que uma das

características deste cargo, é de ser um “cargo de passagem”, no sentido de que os

profissionais que por ele passam, ou fazem Pedagogia, almejam serem professores,

ou são de outra área e pretendem seguir seus caminhos. Outra característica que

marca o cargo é um certo “comodismo”, como é possível observar no relato da

AUX-1:

[...] Tem gente que pensa: “eu sou auxiliar e vou morrer auxiliar”; têm

outros que querem crescer. Aqui a maioria é formada em Pedagogia, ou

já fez Magistério, e têm aqueles que são formados em outras coisas,

que prestaram um concurso para funcionário público e estão

estacionados, querem viver para isso e acabou, mas, não sei, tem muita

gente que está querendo ir em frente e melhorar. (AUX-1, APÊNDICE

L – TAB 10)

COORDENADORAS PEDAGÓGICAS

A

SUJEITOS

TEMPO NA

EDUCAÇÃO

TEMPO NA COORDENAÇÃO

PEDAGÓGICA

TEMPO QUE

ATUA NA CRECHE

CP-1

Mais de 20 anos

14 anos atuando na formação

de professores.

3 anos

CP-2

Quase 16 anos

Dois anos como PAP e três

anos como CP.

5 anos

CP-3

Aprox. 10 anos

Desde Abril (nove meses).

9 meses

CP-4

Aprox. 12 anos

Completando 2 anos neste

cargo.

2 anos

CP-5

13,6 anos

3,6 anos.

3,6 anos

PROFESSORAS

B

SUJEITOS

TEMPO NA

EDUCAÇÃO

TEMPO QUE ATUA COMO

PROFESSORA

TEMPO QUE

ATUA NA CRECHE

P-1

Aprox. 21 anos

Aprox. 21 anos

12 anos

P-2

6 anos

6 anos

1 ano

P-3

8 anos

8 anos

3 anos

AUXILIARES EM EDUCAÇÃO

C

SUJEITOS

TEMPO NA

EDUCAÇÃO

TEMPO QUE ATUA COMO

AUXILIAR EM EDUCAÇÃO

TEMPO QUE

ATUA NA CRECHE

AUX-1

4 anos

4 anos

4 anos

AUX-2

2 anos

2 anos

2 anos

Fonte: A autora – Pesquisa de Campo (2014).

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