• 2 .1 CONCEITOS DE OC:
• Para Lima e Alvares (s/d?): “No sentido mais genérico do termo, organização do conhecimento é o modo como ele é disposto em assuntos em toda parte onde se deseja a sua sistematização ordenada para atingir determinado propósito. Pelo seu caráter interdisciplinar, a organização do conhecimento é estudada também em outras áreas, como Antropologia, Computação, Filosofia, Linguística, Psicologia, Sociologia, entre outras. Na Ciência da Informação, é a área de estudos voltada às atividades de organização, representação e recuperação da informação”.
• Para Dahlberg(2006) apud Lima e Alvares (s/d?): esta autora diferencia Organização do Conhecimento(OC) de Organização da Informação(OI), assim:
• OC = “significa a construção de sistemas conceituais. A ciência que estrutura e organiza sistematicamente unidades do conhecimento (conceitos) segundo seus elementos de conhecimento (características) inerentes e a aplicação desses conceitos e classes de conceitos ordenados a objetos/assuntos”.
• OI = “significa o relacionamento de unidades desses sistemas conceituais com objetos de informação”.
• Para Hjorland (2008) e Anderson (2003): eles entendem a OC, respectivamente, como
“descrição, indexação e classificação”. E, também, como “método de indexação, resumo, catalogação, classificação, gerenciamento de dados, bibliografia e bases de dados para a recuperação da informação; é a descrição de documentos, de seus conteúdos, características e propósitos”.
• Para Brascher e Café (2008):
• “A organização da informação é, portanto, um processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais. O produto desse processo descritivo é a representação da informação, entendida como um conjunto de elementos descritivos que representam os atributos de um objeto informacional específico.(...)”
• Para Brascher (2009):
• A organização do conhecimento é:
• “Processo de modelagem do conhecimento, que visa a construção de representações do conhecimento”.
• “Envolve a análise do conceito e de suas características para o estabelecimento da posição que cada conceito ocupa num determinado domínio, bem como das suas relações com os demais conceitos que compõem um sistema conceitual”.
• Para Brascher (2009):
• Sistemas de Organização do Conhecimento(SOC) são:
• “sistemas conceituais que representam determinado domínio por meio da sistematização dos conceitos e das relações que se estabelecem entre eles”.
• “o termo Knowledge Organization Systems(KOS) foi proposto em 1998 pelo Networked Knowledge Organization Systems Working Group para englobar sistemas de classificação, tesauros, cabeçalhos de assunto, arquivos de autoridades, taxonomias, redes semânticas e ontologias”.
• Para o Grupo Temma/USP (2011):
• Segundo Lara (2011): “(...), as pesquisas que apresentam convergência com a Organização e Representação do Conhecimento, para usar o termo adotado pelo GT2, podem ser analisadas em torno dos termos a seguir:
Análise Documentária, Leitura Documentária, Informação Documentária, Linguagem Documentária e Linguística Documentária”.
• 2.2 PRINCÍPIOS DA OC (Hjorland,1994):
• Este autor destaca nove princípios de organização do conhecimento, que visam a observar os problemas mais comuns de busca e recuperação da informação:
• 1- a percepção realístico-ingênua de estruturas do conhecimento não é possível em ciências complexas;
• 2- categorizações e classificações devem reunir assuntos relacionados e separar assuntos distintos;
• 3- para fins práticos, o conhecimento pode ser organizado de diferentes formas, para diferentes objetivos;
• 4- qualquer categorização deve refletir o próprio objetivo;
• 5- categorizações e classificações sempre podem ser questionadas;
• 6- observar sempre o conceito de polirrepresentação;
• 7- diferentes áreas do conhecimento podem ser organizadas de diferentes formas para os mesmos fenômenos;
• 8- a natureza das áreas é variável;
• 9- a qualidade da produção do conhecimento, em muitas áreas e em alguns momentos, pode ficar vulnerável.
• 2.3 PREMISSAS DA OC:
• Barité (2001) apud Lima e Alvares (s/d) relaciona dez premissas básicas que dão razão de ser e justificativa intelectual à organização do conhecimento:
• 1- o conhecimento é um produto, uma necessidade e um dínamo social;
• 2- o conhecimento se realiza a partir da informação, e ao socializar-se é transformado novamente em informação;
• 3- a estrutura e a comunicação do conhecimento formam um sistema aberto;
• 4- o conhecimento deve ser organizado para seu melhor aproveitamento individual e social;
• 5- existem muitas formas possíveis de organizar o conhecimento;
• 6- toda organização do conhecimento é artificial;
• 7- o conhecimento se registra sempre em documentos, como conjunto organizado de dados disponíveis, e admite usos indiscriminados;
• 8- o conhecimento se expressa em conceitos e se organiza mediante sistemas de conceitos;
• 9- os sistemas de conceitos se organizam para fins científicos, funcionais ou de documentação;
• 10- as leis que regem a organização de sistemas de conceitos são uniformes e previsíveis, e se aplicam por igual a qualquer área disciplinar.
• 2.4 ABORDAGENS DA OC:
• Para Lima e Alvares (s/d): “A organização do conhecimento fornece uma metodologia por meio de conceitos e suas relações, que podem ser ordenados de acordo com vários critérios. (...). Nessa perspectiva abrangente, Sigel (2008) sugere várias abordagens para a área, resultando os seguintes aspectos:
• - é um campo interdisciplinar que reflete a prática da organização do conhecimento para fins específicos;
• - aperfeiçoa o acesso conceitual, apoiando a recuperação, a criação e o compartilhamento de conhecimentos;
• - está ancorado em metadados estruturados;
• - é a representação conceitual adequada a diferentes estruturas de acesso para ajudar a trabalhar com o conhecimento, com redes de conhecimento ou com espaços de conhecimento;
• -tem um fim social, pois ajuda as pessoas em seu trabalho por meio da organização de estruturas de acesso que permitem melhor visualizar e compreender o ambiente ao redor”.
• 2.5 EVOLUÇÃO DA OC (Hjorland,2006 apud Lima e Alvares, s/d):
• Para este autor, a evolução da OC ocorreu a partir de cinco tecnologias, elencadas a seguir e, foi impulsionada pelos avanços da CI:
• 1- Classificação e indexação começaram em bibliotecas, por volta de 1876 e, entre os fundadores estão: Charles A. Cutter (1837-1903); Melvil Dewey (1851-1931); Henry Bliss (1870-1955) e S. R. Ranganathan (1892-1972).
Essa fase produziu os princípios da organização do conhecimento, ainda, válidos e importantes;
• 2- Documentação, cujo marco do surgimento foi aproximadamente em 1892, a partir dos trabalhos de Paul Otlet (1868-1944) e Henri la Fontaine (1854-1943), por ocasião da criação do Escritório Internacional de Bibliografia, em Bruxelas, na casa de Otlet, seguido do Instituto Internacional de Bibliografia (IIB) em 1931. (...) O IIB mudou seu nome para Instituto Internacional de Documentação (IID) em 1937, e para Federação Internacional de Documentação (FID), em 1936 e Federação Internacional de Informação e Documentação em 1988. Suas atividades foram encerradas em 2002 por falta de recursos financeiros. Na perspectiva da OC, essa fase caracteriza-se pelo interesse no controle bibliográfico, na comunicação e documentação científica e em serviços de informação para a indústria.
• 3- Armazenamento e recuperação da informação; anos 1950;
ciência da informação sofre grandes influências da ciência da computação; os conceitos de informação e documento sofrem forte divisão conceitual; nessa fase, os novos conceitos de revocação e precisão tornam-se amplamente difundidos; na década de 1960 florescem os serviços baseados em computador, com destaque para o Chemical Abstracts e o Medline;
desenvolvimento da recuperação em texto livre; lógica booleana;
acesso a assuntos específicos; estudos de metodologia quantitativa em detrimento da pesquisa qualitativa; uma tendência não concretizada foi a tentativa de automatizar a recuperação da informação eliminando a interpretação humana;
• 4-Bibliometria, quarta etapa da evolução da OC, introduzida por Eugene Garfield do Science Citation Index em 1963; marca a possibilidade de recuperar documentos de acordo com as citações que recebem, representando verdadeira reforma em recuperar informações. Essa técnica trouxe consigo a inovação de evidenciar as relações semânticas entre os documentos citados.
Agregou o conceito de redes de documentos. Os autores que se destacam nesse campo com a OC são: Pao e Worthen (1989), Pao (1993), Rees-Potter (1989) e Hjorland (2003, 2006, 2008), entre outros.
• 5- Texto completo, hipertexto e Internet, marcam a quinta etapa e atual momento no desenvolvimento da OC. Nessa fase, os aspectos qualitativos são fundamentais. Não se trata apenas das questões de fazer algoritmos eficientes para a recuperação da informação, mas também para identificar os valores subjacentes e os objetivos a que tais algoritmos vão servir. Importa saber que os objetos informacionais são influenciados por pontos de vista mais amplos, e a análise de assunto é parte vital do entendimento da OC.
• 2.6 ASPECTOS COGNITIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Lima, 2015, p.62-68):
• Da organização à recuperação do conhecimento, a informação passa pelos processos de categorização, indexação, interação homem-máquina até chegar à recuperação da informação, com influência dos processos cognitivos.
• 2.6.1 CATEGORIZAÇÃO: Desde a época de Aristóteles, já havia a preocupação sobre as práticas de nomear, definir e categorizar.(...)Com o desenvolvimento de estudos na ciência cognitiva, a visão de como categorizamos sofreu modificações. A categorização passou de um processo cognitivo individual a um processo cultural e social de construção da realidade, que organiza conceitos, parcialmente baseado na psicologia do pensamento.(...)Categorias e hierarquias de categorias são a melhor maneira de organizar o o conhecimento para recuperação (...).
• 2.6.2 INDEXAÇÃO: É o processo intelectual que envolve atividades cognitivas na compreensão do texto e na composição da representação do documento. Como atividade intelectual, é particularmente afeita a teorias e modelos da Psicologia Cognitiva e da Teoria de Soluções de Problemas, citadas por David et alii(37). É um processo de categorização. ETAPAS DA INDEXAÇÃO: 1 – análise do documento e estabelecimento do seu assunto; 2 – identificação dos principais conceitos do documento; 3 – tradução desses conceitos em termos de uma linguagem de indexação.
• 2.6.3 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO: O conceito de recuperação da informação muitas vezes é tratado como sinônimo de
“busca de informação”, porque a necessidade de informação é que dispara o processo de busca da informação. Ingwersen(81) propõe a sequência de nove etapas para identificar o processo mental da recuperação da informação:
• 1- a necessidade de informação do usuário;
• 2- a questão sobre a informação formulada;
• 3- a negociação usuário-bibliotecário;
• 4- a formulação da estratégia de busca-análise do tópico;
• 5- a escolha das ferramentas de busca;
• 6- a procura na lista alfabética ou sistemática;
• 7- o julgamento baseado no índice (termos);
• 8- o julgamento baseado na descrição, nos resumos e nos títulos;
• 9- a avaliação do documento pelo usuário-bibliotecário.
• Para Jacob e Shaw (84), a representação na RI envolve um processo complexo de correspondência entre o domínio de modelagem (modeling domain) da linguagem de indexação e os objetivos múltiplos do domínio (multiple target domain). O campo da modelagem inclui: 1- a estrutura de conhecimento do autor do documento; 2- o conhecimento representado no documento;
• 3- a estrutura do conhecimento no campo do discurso(discourse domain) a que o documento pertence;
• 4- a compreensão do significado da palavra pelo indexador ou pesquisador, tanto do ponto de vista do domínio relevante (relevant domain) quanto do sistema de recuperação.
• 2.7 TEORIA DA ANÁLISE FACETADA (TAF) E SEUS FUNDAMENTOS:
• Ranganathan e sua obra “Prolegomena to Library Classification” (1933) – republicado em 1967.
• Classification Research Group – estudos .
• Louise Spiteri e seu “Modelo Simplificado para Análise Facetada” (1998).
• 2.8 ANÁLISE FACETADA NO DESIGN DE HIPERTEXTOS:
• Ver os trabalhos de Elizabeth B. Duncan (1989).
• Esta autora enfoca três aspectos para a organização e representação do conhecimento:
• A- o mapa conceitual, para representar os conceitos de um domínio do conhecimento;
• B- a análise facetada, representando os diferentes pontos de vista sobre os quais o assunto pode ser tratado;
• C- os links e seus tipos e a relação entre eles.
•
Referências
• BRASCHER, M. Tesauro, taxonomia e ontologia: uma evolução? In: CICLO DE CONFERÊNCIAS SOBRE ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO LEGISLATIVA E JURÍDICA, 2009.
(slides).
• BRASCHER, M. ; CAFÉ, L. Organização da informação ou organização do conhecimento?
In: ENANCIB, 9. Anais... São Paulo: USP, 2008. (comunicação oral apresentada ao GT-2).
• LARA, M. L. G. de. Conceitos de organização e representação do conhecimento na ótica das reflexões do Grupo Temma. Inf. Inf., Londrina, v.16, n.3, p.92-121, jan./jun.2011.
• LIMA, G. A. de. Da organização à recuperação da informação. In: ________. MHTX – modelagem hipertextual para organização de documentos: princípios e aplicação. Rio de Janeiro: Interciência, 2015. 196p. ; p.61-90.
• LIMA, J. L. O.; ALVARES, L. Organização e representação da informação e do conhecimento. In: autor(es)? Organização da informação e do conhecimento – capítulo 1. Imprenta?
• VIEIRA, R. Processamento técnico. In: ________. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. 305p. ; p.63-133 (cap.10).