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2 REVISÃO DE LITERATURA

4.4 Organização e análise dos dados

Para a análise de conteúdo, utilizamos a técnica de análise temática ou categorial, que consiste em operações de desmembramento do texto em unidades (categorias), segundo reagrupamentos analógicos Minayo (2008). Com esta técnica, objetivamos descobrir núcleos

de sentido que compõem os textos sociais (BARDIN, 1979), buscando trabalhar com significados, em sua dinâmica e organização (MINAYO, 2008).

Bardin (1979) define a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise de comunicação que, mediante procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, permitem alcançar indicadores (quantitativos ou não) que nos fazem conhecer e fazer inferências sobre a produção e a recepção das mensagens.

Quanto à técnica de análise temática, Bardin (1979) define um “tema” como uma afirmação acerca de um assunto específico, que traz intrínseca um feixe de relações e que se apresenta em forma de uma palavra, uma frase, um resumo.

De acordo com Bardin (1979) e Minayo (2008), as etapas a serem seguidas para a análise temática compreendem:

a) Pré-análise: fase de organização e sistematização das ideias. Nessa fase, dispomos todas as entrevistas semiestruturadas em quadros que permitissem a visualização das falas dos entrevistados separadas por temas. Em cada tema constavam as falas de cada um dos sujeitos, o discurso na íntegra, as ideias centrais identificadas nesse discurso e as unidades de análise construídas a partir das ideias centrais. As falas dos sujeitos foram codificados por letras (A-I), sendo as falas dos ingleses entrevistados correspondentes às letras A, B, C, D e E, e as falas dos brasileiros entrevistados, correspondendo às letras F, G, H e I. A sequência das letras difere da ordem em que os sujeitos foram entrevistados, sendo mais uma forma de garantir o sigilo das informações e o anonimato da identidade dos sujeitos participantes da pesquisa. Quanto às unidades de análise, tiveram codificação feita por números, que permitiram correlacionar informações presentes em diferentes temas, impedindo uma discussão estanque para cada tema.

b) Exploração do material, fase em que os dados brutos do material foram codificados para se alcançar o núcleo de compreensão do texto. Nesta fase, destacamos trechos ou transcrições na íntegra dos discursos obtidos, que revelam a essência do depoimento ou, mais precisamente, do conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento. Esta fase se refere à escolha de trechos das falas dos sujeitos, dispostas ao longo da seção de resultados e análise da pesquisa, na maior parte das vezes por meio de citação direta da fala dos entrevistados, sempre buscando a confidencialidade das informações e obediência à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

c) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: nessa fase, os dados brutos foram submetidos à análise propriamente dita, a fim de se tornarem significativos e válidos e de evidenciarem as informações obtidas. Esta fase se refere propriamente à construção e disposição dos resultados e análise, etapa em que a discussão perpassa tanto os dados devidamente trabalhados, quanto as inferências feitas pelos pesquisadores e a literatura disponível e acessada.

As entrevistas realizadas com os profissionais do NHS tiveram tratamento diferenciado das entrevistas realizadas com os gestores federais da APS brasileira. Diante da diversidade de informações sobre o complexo funcionamento do NHS, optamos por construir inicialmente um texto de caráter descritivo acerca das informações desse sistema, com o objetivo de melhor apresentar os dados sistematizados e identificar com mais clareza as questões pertinentes à discussão da coordenação dos cuidados pela APS. As informações foram consolidadas em temáticas menores, sem o uso de citação direta, portanto, as falas codificadas nas letras A, B, C, D e E foram entrelaçadas e apresentadas na Parte II dos resultados e análise desta pesquisa.

A discussão comparativa dos dois sistemas, Sistema Único de Saúde e National Health Service, foi desenvolvida com apoio da literatura na Parte III dos resultados e análise desta pesquisa, após a triangulação de discussões de âmbito nacional e internacional referentes às estratégias de coordenação dos cuidados pela APS.

Segundo Conill et al. (1991), a comparação pode ser usada como metodologia de análise. A análise comparada pode seguir tanto uma linha mais operacional, que baliza a análise de situações concretas em organização de serviços; ou uma vertente de ordem mais conceitual, capaz de identificar questões críticas e tendências internacionais na área de saúde, como é o caso deste estudo. As autoras concordam que comparar é buscar semelhanças, diferenças ou relações entre fenômenos que podem ocorrer em tempo distinto ou não, que ocorram em espaços distintos ou não, objetivando conhecer determinações, causalidades e inter-relações.

Por meio da análise comparativa de forma racional - com utilização da síntese dos dados trabalhados com base na análise de conteúdo e na análise estatística - pudemos nos aproximar de importante objetivo da comparação que, segundo Schneider e Schimitt (1998), é “descobrir regularidades, perceber deslocamentos e transformações, construir modelos e tipologias, identificando continuidades e descontinuidades, semelhanças e diferenças, e explicitando as determinações mais gerais que regem os fenômenos sociais”.

Portanto, foi utilizada também a análise estatística para os dados quantitativos, com o objetivo de estabelecer a relação entre um modelo teórico explicativo da realidade e os dados observados no mundo real (MINAYO; SANCHEZ, 1993). A análise estatística foi utilizada de forma descritiva neste estudo, com sistematização de dados mediante o programa Microsoft Excel, visando exprimir a informação relevante contida na grande massa de dados através de um número muito menor de valores ou medidas características ou através de gráficos simples, mas que demonstram a relevância da informação, como os gráficos construídos a partir dos valores referentes aos blocos de financiamento repassados do governo federal para estados, municípios e Distrito Federal.

Os dados foram então triangulados e classificados por ano de estudo, assim, para cada um dos 5 anos em análise os dados foram trabalhados individualmente e depois triangulados junto aos demais dados, de modo a expressar claramente o processo de indução do Ministério da Saúde para a APS coordenar os cuidados no sistema de saúde brasileiro por meio de portarias e de repasses financeiros (mediante blocos de financiamento). Elaboramos um quadro (Quadro 3) para sistematizar a coleta das normativas referentes ao período em estudo e ao tema em estudo.

Quadro 3 – Sistematização da coleta de dados normativos no âmbito federal acerca da atenção primária à saúde, 2007-2011

FONTE DOCUMENTAL

DO SAÚDE LEGIS 2007 2008 2009 2010 2011 TOTAL

PORTARIAS 88 117 187 141 165 696

PORTARIA CONJUNTA 01 00 00 01 01 03

CONSULTA PÚBLICA 01 00 00 00 00 01

Palavras-chave utilizadas para busca: AB (173), SF (567), NASF (29), PROESF (10), AP (11), ACS (133), PAB (23), PMAQ (03)

Total de Normas: com duplicidade: 949 Total de Normas: sem duplicidade: 700 Fonte: Elaboração própria.

Foram identificadas 949 normativas e, depois de excluídas as duplicidades, restaram 700, que foram então sistematizadas no programa Microsoft Excel, sendo construída uma planilha para cada ano. Cada palavra-chave possuía os seguintes eixos: data de assinatura, tipo de norma e número, situação (vigente ou revogada), origem (secretaria, Gabinete do Ministério da Saúde etc.), link para acesso online e título da ementa da normativa.

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