• Nenhum resultado encontrado

4-Organização e características dos elementos construtivos

No contexto do País, em que subsistem situações de Verão e Inverno, enumeram-se e comentam-se, a seguir, algumas medidas de caracter geral relativas à organização e características dos elementos construtivos dos edifícios, com vista a tirar o melhor partido da massa, isolamentos e insolação.

a) As paredes exteriores e coberturas devem ser pesadas, com a incorporação de camadas de isolamento térmico junto à face externa. As paredes interiores, devem possuir massa elevada.

Esta concepção conduz a um bom contributo para a Inércia Térmica, visto que o isolamento impede o aquecimento pela face externa, aumentando o potencial da absorção de calor interior, especialmente nas coberturas e nas fachadas a Sul, Nascente e Poente , onde a incidência da radiação solar no Verão é especialmente intensa. Sob o ponto de vista de Inverno, para situações de ocupação permanente, a localização das camadas de isolante não têm relevância em termos da quantificação das perdas térmicas∗.

Chama-se ainda a atenção para que a localização das camadas isolantes, junto à face externa, minimiza também o risco de condensações internas que deve ser considerado, especialmente nas soluções de cobertura em terraço em que a camada impermeabilizante se localiza sobre o isolamento.

Quanto aos elementos interiores, será desejável que tenham massa elevada e não disponham de camadas com boas características de isolamento térmico nos seus revestimentos, por forma a potenciar ao máximo a sua capacidade de absorção de calor interior.

O facto de se tratar de elementos preservados do aquecimento pelo exterior, permite que toda a sua massa possa ser considerada como capaz de absorver calor interior, pelo que o RCCTE estabelece para eles um máximo de 300Kg/m2 e no caso dos elementos interiores, separadores de zonas independentes, a sua participação por ambas as faces (2x150 Kg/m2).

O RCCTE estabelece ainda que se considere apenas 0,5 de Mi, para as situações de revestimentos com isolamento térmico entre 0,14 e 0,50 m2ºC/W, muito correntes nos pavimentos, em que se considera haver

obstrução significativa , à absorção de calor.

b) Boa ventilação dos elementos da envolvente e adopção de cores claras nos revestimentos exteriores, com especial relevância para as coberturas

Só em situações de construções de utilização esporádica em zonas climáticas de Invernos rigorosos e Verões suaves (I3; V1) como é o caso, por exemplo, de uma habitação de fim de semana, a adopção de isolamentos junto à face interna, poderá justificar-se, como forma de potenciar a eficácia e rapidez no aquecimento ambiente interior. Deste modo, evita-se dispender energia no aquecimento das massas dos elementos exteriores de que não se tira partido, dado a utilização sem continuidade.

As coberturas são os elementos da envolvente exterior em que, no Verão, a insolação é mais intensa e persistente e como tal, são especialmente responsáveis, a par dos vãos envidraçados, pelo sobreaquecimento do ambiente interior dos edifícios, durante a estação de arrefecimento.

Acentua-se neste contexto, a sua especial importância em edifícios com poucos pisos em que, a cobertura afecta toda ou uma grande percentagem da área utilizável, como é o caso das construções unifamiliares e dum modo particular os edifícios escolares, onde as actividades se desenvolvem em período diurno e há necessidade duma boa iluminação natural, só possível, dum modo geral, com a adopção de protecções solares nos envidraçados pouco eficazes. Daqui, toda a vantagem na adopção de coberturas com ventilação acentuada e revestimentos de cores claras. Esta atitude, contribuirá também, no caso de coberturas em terraço, para diminuir os gradiantes térmicos nas telas de impermeabilização e assim aumentar a sua durabilidade.

Como exemplo bem característico da falta de sensibilidade para os aspectos referidos, é a adopção, ainda bastante corrente, de soluções de telhados em construções unifamiliares, com desvãos não ventilados e revestimentos com placas de ardósia, telhas pretas, ou elementos equivalentes, muito ao estilo da arquitectura de algumas regiões do Centro e Norte da Europa, onde não se colocam problemas de conforto de Verão. O RCCTE propõe, no Quadro V.3, que se adoptem para as coberturas valores de DTe diferentes, tendo em conta o tipo de cobertura, a cor dos revestimentos e a existência ou não de desvãos ventilados.

Na Figura 3 apresenta-se uma solução de cobertura dum edifício escolar a que corresponde uma nítida preocupação de garantir uma boa ventilação, da cobertura.

Figura 3-Solução de cobertura ventilada, num edifício escolar

c) Predomínio de vãos envidraçados nas fachadas para o Quadrante Sul e respectivas protecções solares

Durante o período de Verão as orientações dos envidraçados a Nascente e Poente são especialmente nefastas, dado que as inclinações pronunciadas, relativamente à vertical, conduzem à invasão dos compartimentos com elevadas cargas térmicas. Já a orientação a Sul, não é tão penalizante, pelo facto de o Sol ao meio-dia se encontrar muito próximo da vertical.

Figura 4-Trajectória do Sol no Verão e Inverno com observador ao meio-dia

No Inverno, só as cargas térmicas resultantes da incidência do Sol nos envidraçados orientados a Sul, são suficientemente significativas, dada a intensidade da radiação solar ao meio-dia e a sua inclinação. Nestas circunstâncias, será desejável que a maioria dos envidraçados se localize nas fachadas orientadas para o quadrante Sul, evitando os envidraçados a Nascente e Poente.

Na Figura 4, esquematizam-se as trajectórias do Sol em termos de Verão e Inverno.

Alguns envidraçados, com área reduzida a Norte, poderão ser convenientes, no sentido de com a sua abertura, no Verão, poder gerar correntes de ar que contribuam para amenizar as temperaturas interiores.

A associação de protecções solares nos envidraçados com palas de balanço relativamente reduzido, eventualmente constituídas por lâminas reguláveis, podem optimizar a gestão da energia através dos envidraçados a Sul. A Nascente e Poente a adopção de palas para protecção solar não têm grande eficácia, dada a acentuada inclinação do Sol.

O RCCTE propõe, nos Quadros VI.8 e VI.9, para efeito do cálculo de NV e NI, os valores dos Factores Solares dos envidraçados a adoptar em situações correntes. Nos Quadros III.2 e V.4 quantificam-se os Ganhos Solares a considerar no Inverno e Verão, respectivamente.

5-Soluções técnicas passivas por recurso à optimização