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5-Soluções técnicas passivas por recurso à optimização massa/insolação/ventilação

Apresentam-se a seguir, algumas soluções práticas, cuja utilização conduz à melhoria da qualidade térmica dos edifícios, tirando partido da massa dos elementos, da orientação dos envidraçados, da adopção de dispositivos e técnicas de ventilação natural e da utilização de painéis solares.

a) Parede de TROMBE .

Trata-se de paredes exteriores de massa elevada (betão, alvenaria de pedra ) à frente das quais se dispõe um envidraçado transparente, com uma caixa de ar de 10 a 20 cm de espessura, normalmente com dispositivos

com possibilidade de abertura, tal como se esquematiza na Figura 5. Podem, complementarmente, adoptar-se dispositivos de protecção solar para utilizar no Verão.

Na caixa de ar, atingem-se temperaturas muito elevadas que poderão ser da ordem dos 60ºC.

Figura 5-Esquema de funcionamento duma parede de TROMBE, com dispositivos de ventilação [6] A adopção de orifícios de ventilação será especialmente importante em espaços com utilização ou ocupação diurna, com vista a reduzir o atraso no processo de transferência de calor para o interior. As paredes sem circulação, só são recomendáveis para espaços com ocupação nocturna exclusiva.

b) Efeito de estufa

Trata-se da adopção de vãos envidraçados de grande superfície, no encerramento de varandas ou corpos emergentes, sem oposição à transmissão de calor por radiação, com orientação Sul e (ou) próxima da horizontal, que no Inverno, em dias de Sol, captam elevadas quantidades de energia calorifica. Esta energia estender-se- à, por convecção, aos compartimentos contíguos, ou será armazenada em elementos de massa elevada que se disponham na separação entre a zona da estufa e os compartimentos adjacentes.

No Verão, o seu sombreamento deve ser concretizado através de elementos de protecção solar eficazes e será desejável que se possa proceder à abertura total ou parcial dos envidraçados.

A Figura 6, apresenta um exemplo deste tipo de situação com a curiosidade de o sombreamento, no Verão, se fazer através da presença de vegetação de folha caduca.

Figura 6 -Construção com estufa [6] - situação de Verão

c) Dispositivos de ventilação

A adopção de espaços de ar em paredes e coberturas, dispondo de dispositivos de fecho ou abertura, constituem também soluções para a regulação térmica dos edifícios.

No caso das coberturas inclinadas, a introdução de desvãos ventilados, constituem desde logo uma medida fundamental no conforto térmico de Verão.

Também se pode tirar partido, no Verão, da abertura de janelas em fachadas opostas dos edifícios.

Em fachadas leves, a adopção dum elemento exterior em vidro (pára- chuva ) a uma distância entre os 15 e 25 cm da componente da fachada leve interior, materializando uma caixa de ar parado ou fortemente ventilada, por fecho ou abertura de dispositivos na base e no topo do edifício, pode constituir uma solução com elevado significado energético na gestão da climatização dos espaços interiores. A situação de ar parado corresponderá, nas fachadas a Sul, à captação de quantidades significativas de energia por radiação, com efeitos benéficos no interior dos compartimentos, durante o Inverno. No Verão, a abertura dos dispositivos de ventilação, conduzirá à criação de uma corrente de ar, que varre uma boa parte do calor que se instala na referida caixa de ar. A adopção de estores ou vidros coloridos contribuirão para o aperfeiçoamento do sistema. A Figura 7 esquematiza a situação descrita.

d) Protecções solares dos envidraçados e orientação de clarabóias

Para alem das soluções tradicionais de protecção solar cuja eficácia é quantificada no Quadro VI-8 do RCCTE, através dos respectivos valores dos factores solares, salienta-se a importância da adopção de palas sobre as janelas incorporadas nas fachadas orientadas para o quadrante Sul, visto que, dada a inclinação do Sol no Inverno e no Verão, aquelas não impedem a entrada de calor por radiação durante o Inverno e evitam a entrada de Sol no Verão. A sua concretização pode fazer-se através de elementos opacos ou por lâminas metálicas orientáveis, tal como se apresenta na Figura 8.

Fiigura 8-Palas de lâminas metálicas orientáveis

A Figura 9, esquematiza solução de clarabóia com dupla orientação que permite ganhos térmicos por radiação no Inverno e evita ganhos no Verão.

e) Painéis solares

Trata-se de equipamentos que se baseiam no principio da captação de energia por absorção da radiação solar, através duma superfície negra que se localiza por trás dum envidraçado transparente e com uma orientação e inclinação que permitam a maior duração possível, da incidência dos raios solares.

A adopção de painéis solares como elementos complementares para o aquecimento ambiente dos edifícios, afigura-se também como uma solução eventualmente recomendável, por exemplo, em situações de construções unifamiliares, com utilização não permanente, que integrem sistemas de aquecimento central, em locais com teores de humidade relativamente elevados e em que se queiram manter ambientes higrotérmicos interiores com qualidade mínima, nos períodos de não utilização da habitação, por forma a evitar o aparecimento de condensações interiores.

Em Portugal Continental, a radiação solar média, por m2 (em plano horizontal) é de cerca de 1700Kwh/ano,

com a seguinte distribuição mensal:

Janeiro-60 Fevereiro-85 Março-125 Abril-170 Maio-210 Junho-220 Julho-240 Agosto-210 Setembro-150 Outubro-110 Novembro-70 Dezembro-60 A Lisboa, aplica-se a situação média referida.

Referências

[1] PAIVA, J.V.: Conservação de energia nos edifícios, LNEC, Lisboa, 1985.

[2] GOMES, Ruy: Condicionamentos climáticos da envolvente dos edifícios para habitação, Memória Nº181, LNEC, Lisboa, 1962.

[3] ROCHA, M.S.: Radiação solar global em Portugal Continental, INMG, Lisboa, 1982.

[4] Decreto–Lei 40/90 de 6 de Fevereiro, Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos

Edifícios, (RCCTE).

[5] AAVV: Energy in Architecture- The European Passive Solar Handbook, CEC, s.l., 1992. [6] AAVV: 1º Curso Física das Construções e Tecnologias Solares Passivas, ISEL, Lisboa, 1999.

A Influência da Massa e da Exposição Solar no