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Organização Mundial da Saúde

PARTE I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1. A SAÚDE COMO DIREITO FUNDAMENTAL

1.3 Contextualização do conceito de saúde

1.3.1 Organização Mundial da Saúde

A Organização Mundial da Saúde (World Health Organization) é uma agência

especializada das Nações Unidas, ou seja, faz parte da família de instituições da

ONU, com autonomia. Criada em 07.04.1948, coordena o trabalho internacional de

saúde, com o objetivo de promovê-la no mais alto grau de saúde para todos os

48 Direito à saúde no constitucionalismo contemporâneo. In: Cármen Lúcia Antunes Rocha (Coord.). O direito à

vida digna, p. 245.

49 Julio César de Sá da Rocha. Direito da saúde. Direito sanitário na perspectivas dos interesses difusos e coletivos. São Paulo: LTr, 1999. p. 43.

povos, definindo-a como um bem-estar físico, mental e social e não somente como a

ausência de doenças. Em razão da data da sua criação, no dia 07 de abril

comemora-se o Dia Mundial da Saúde.

O preâmbulo da Constituição da OMS estabelece que “gozar do melhor

estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos fundamentais de

todo o ser humano, sem distinção de raça, de religião, de credo político, de condição

econômica ou social”, bem como que “os Governos têm responsabilidade pela saúde

dos seus povos, a qual só pode ser assumida pelo estabelecimento de medidas

sanitárias e sociais adequadas”.

Sua principal tarefa é zelar para que todos os povos possam obter o mais alto

grau de saúde possível. Esta organização conta hoje com 193 países-membros

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e

está dividida em seis escritórios regionais: África, Américas, Europa, Mediterrâneo

oriental, Sudeste da Ásia e Pacífico Ocidental

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O Brasil faz parte do escritório regional das Américas, Organização Pan-

Americana de Saúde, com sede em Washington, tendo sido criada em 1902, ou

seja, antes mesmo da existência da Organização Mundial de Saúde, e foi a esta

integrada, nos termos do art. 54 da Constituição de 1948:

Artigo 54. A Organização Sanitária Pan-Americana, representada pelo Bureau Sanitário Pan-Americano e pelas Conferências Sanitárias Pan-Americanas, e todas as outras organizações de saúde regionais e intergovernamentais que existiam previamente à data da assinatura desta Constituição deverão, a seu tempo, ser integradas nesta Organização. Esta integração deverá ser efetuada tão logo quanto possível, através de ações baseadas no mútuo consentimento das autoridades competentes, expresso através das organizações envolvidas.

51 A República de Montenegro (antes parte da Sérvia e Montenegro) entra na OMS na qualidade de 193.º Estado-membro. Após a admissão como membro das Nações Unidas em 28.06.2006, a República de Montenegro depositou o instrumento de aceitação da Constituição da OMS em 29.08.2006. O último país a ser incorporado na OMS foi a República Democrática do Timor-Leste, em setembro de 2002. Imprensa de 14.09.2006. A República de Montenegro entra na OMS. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/news/notes/2006/np25/es/ . Acesso em: 20 set. 2006.

O escritório regional das Américas tem como membros todos os países

americanos, ou seja, 35 países, dentre eles o Brasil.

No Brasil, a Constituição da OMS foi adotada pelo Decreto 26.042,

promulgado em 17.12.1948. Determina o art. 1.º da referida Constituição que o

objetivo da OMS é a aquisição, por todos os povos, do nível de saúde mais elevado

possível

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Conforme já observamos, em determinada época chegou-se a conceituar a

saúde como a ausência de doença; contudo, como é cediço que a utilização do

conceito negativo não tem valor científico, mais recentemente difundiu-se o conceito

de saúde de acordo com o proposto no preâmbulo da Constituição da OMS, ou seja,

como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consiste

apenas na ausência de doença ou de enfermidade”. Há que entender a saúde e

doença como estados de um mesmo processo, composto por fatores biológicos,

econômicos, culturais e sociais.

Posteriormente à edição da Constituição da OMS, a Resolução WHA 23.41

declarou, enfaticamente, que “o direito à saúde é um direito fundamental do homem”.

A Assembléia Mundial de Saúde conduz a OMS e é composta por

representantes dos Estados-membros, apresentando como principais objetivos

aprovar o programa e diretrizes da organização pelo biênio seguinte e decidir as

principais questões políticas

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.

É o órgão supremo de decisão e ocorre todos os anos no mês de maio, em

Genebra. Dentre outras atribuições, elege os 34 Estados-membros que formarão o

seu Conselho Executivo. O Estado-membro eleito na Assembléia Mundial para

formar o referido Conselho indicará a pessoa tecnicamente qualificada no campo da

53 “Artigo 1. O objectivo da Organização Mundial da Saúde (daqui em diante denominada Organização) será a aquisição, por todos os povos, do nível de saúde mais elevado que for possível.” Disponível em: <www.onu.org>. Acesso em: 9 jan. 2006.

54 A organização é dirigida por um Diretor-Geral, e atualmente está sendo conduzida pelo Dr. Anders Nordström como Diretor-Geral interino, em razão do falecimento em 22.05.2006 do Dr. Lee Jong-Wook, Diretor-Geral eleito em 21.05.2003, tendo permanecido em exercício desde 21.07.2003. Antes do Dr. Lee Jong-Wook, a OMS foi conduzida por outros cinco dirigentes, dentre eles o brasileiro Marcolino Gomes Candau, no período de 1953 a 1973.

saúde para representá-lo. Os Estados-membros são eleitos para participarem do

Conselho Executivo pelo prazo de três anos. Este Conselho reúne-se pelo menos

duas vezes ao ano, normalmente em janeiro e, posteriormente, na Assembléia Geral

em maio. O Conselho tem por função efetivar as decisões e políticas da Assembléia

de Saúde e assessorar e facilitar o trabalho.

O Conselho Executivo da OMS aprovou, em 30.05.2006, a convocação para

uma Assembléia Mundial extraordinária, a ser realizada em 09.11.2006, para eleição

de um novo diretor geral.

Atualmente o Brasil integra o Conselho Executivo, juntamente do Afeganistão,

Austrália, Azerbaijão, Barém, Butão, Bolívia, China, Dinamarca, Jibuti, El Salvador,

Eslovênia, Estados Unidos de América, Iraque, Grande Jamahiriya Árabe Popular

Socialista da Líbia, Jamaica, Japão, Quenia, Lesoto, Letônia, Libéria, Luxemburgo,

Madagascar, Malí, México, Namíbia, Portugal, România, Ruanda, Singapura, Sri

Lanka, Tailândia, Tonga e Turquia.

No relatório mundial da saúde de 2006, como uma das atividades de

comemoração do Dia Mundial da Saúde, a OMS lançou o Relatório Mundial da

Saúde 2006 Trabalhando juntos pela Saúde, que revela uma defasagem de 4,3

milhões de profissionais de saúde no mundo, especialmente onde há mais

necessidade, em razão da migração desses profissionais para os países

desenvolvidos, na busca de melhores condições de vida

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