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A organização do Seminário Internacional

Ancorada nos objetivos antes assinalados e com base em toda a produção acumulada, bem como em uma análise de cojuntura da temática, no âmbito do Mercosul, foi pensada e planejada a realização do II Seminário Internacional

Formação de Trabalhadores Técnicos em Saúde no Mercosul. Este teve lugar no

auditório central da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, em Manguinhos, cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 28 e 30 de novembro de 2012.

A partir de um planejamento inicial, proposto no decorrer da segunda oficina multicêntrica, onde foram definidas as orientações centrais e o foco do II seminário, deu-se início a um intenso processo de articulação internacional para garantir a presença dos convidados, que incluiu o acompanhamento das mudanças na cojuntura política do bloco regional. Cabe lembrar que, como apontado anteriormente, nos encontrávamos à época da suspensão do Paraguai, devido ao entendimento dos países membros do Mercosul do rompimento da chamada “clausula democrática”, e da subsequente inclusão da República Bolivariana da Venezuela no Bloco.

Responsável pela Organização do Seminário, a equipe coordenadora do projeto (EPSJV/Fiocruz) reuniu-se periodicamente para dar seguimento aos trabalhos, definindo tarefas, responsáveis e prazos para este fim. Para tal, a equipe se constituiu oficialmente em Comissão Organizadora, definido um quadro de ações, responsáveis e prazos finais para cada uma, organizadas em grupos de ações operacionais para sua realização.

Ao longo dos três dias de evento, foram previstos seis momentos de trabalho que implicaram em atividades preparatórias diferenciadas:

1. Atividades de abertura: conferência inaugural e apresentação geral da pesquisa. 2. Painel de apresentação e debate dos resultados da pesquisa multicêntrica ‘A

formação dos trabalhadores técnicos em saúde no Mercosul: entre os dilemas da livre circulação de trabalhadores e os desafios da cooperação internacional’.

3. Painel de apresentação e debate sobre os desafios e as perspectivas da livre circulação dos trabalhadores técnicos em saúde na interface do Mercosul Laboral, Mercosul Educacional e Mercosul Saúde.

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4. Painel de apresentação e debate sobre os avanços no processo de negociação relativo à formação, certificação e regulação profissional dos trabalhadores técnicos em saúde no âmbito do MERCOSUL.

5. Mesas temáticas organizadas a partir de comunicações livres.

6. Plenária de debate para a elaboração de um Documento Final do Evento.

As atividade de abertura incluíram uma mesa de autoridades conformada por

Miraci Mendes Astun – em representação da SGTES, do Ministério da Saúde do

Brasil. Coordenadora Geral da Regulação e Negociação do Trabalho em Saúde da SGTES do Ministério da Saúde. Representante do Brasil na subcomissão de exercício profissional do SGT11 – Mercosul Saúde; Marcos Mandelli – em representação da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil - OPAS Brasil; Nísia Trindade – em representação da Presidência da Fiocruz. É vice-presidente de ensino, informação e comunicação da Fundação Oswaldo Cruz; Mauro Gomes – Diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fiocruz; Paulo Buss – Diretor Geral do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz; e Marcela Alejandra Pronko – Vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da EPSJV da Fiocruz e Coordenadora da Pesquisa multicêntrica ‘A formação dos trabalhadores técnicos em saúde no Mercosul: entre os dilemas da livre circulação de trabalhadores e os desafios da cooperação internacional’.

A Conferência de Abertura esteve a cargo do Prof. Doutor Helion Povoa, destacado especialista nacional e internacional na área de migrações, com o tema “As políticas de migração no contexto da mobilidade de trabalhadores no Mercosul”. O prof. Povoa é Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutor pelo Centro Studi Emigrazione Roma e no Scalabrinian International Migration Institute em Roma, Itália, Professor do IPPUR-UFRJ, onde coordena o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM). É também Coordenador do GT "Migrações Internacionais" da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais).

O Painel de apresentação e debate dos resultados da pesquisa multicêntrica ‘A formação dos trabalhadores técnicos em saúde no Mercosul: entre os dilemas da livre circulação de trabalhadores e os desafios da cooperação internacional’ foi conduzido pela sua coordenadora, Marcela Pronko e contou a presença de Graciela Laplacette, pesquisadora e docente do Instituto de Investigaciones en Salud Pública de

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la Universidad de Buenos Aires, consultora especialista em saúde

pública na Universidade Nacional de General Sarmiento e coordenadora da Pesquisa multicêntrica pela Argentina; Renata Batistela, pesquisadora do LATEPS da EPSJV/Fiocruz, que compõe a equipe da Pesquisa multicêntrica, apresentou os resultados correspondentes a fase brasileira; Anamaria Corbo – pesquisadora da Coordenação de Cooperação Internacional da EPSJV da Fiocruz e parte da equipe da pesquisa multicêntrica, apresentou, excepcionalmente dados da pesquisa do Paraguai, pelos motivos antes assinalados; e Carlos Planel, Professor da Escola Universitária de Tecnologia Médica da Faculdade de Medicina da UDELAR (Universidad de la República) do Uruguai e pesquisador da equipe uruguaia desta pesquisa.

O primeiro painel buscou apresentar os limites, desafios e possibilidades para a livre circulação dos trabalhadores como horizonte do processo de integração regional, levando em consideração os impactos e obstáculos nas áreas de Trabalho, Educação e Saúde a partir das discussões ocorridas nas respectivas instâncias do Mercosur, apontando também a influência das assimetrias entre os países membros neste processo. Para tal, a equipe articulou junto ao Secretariado Executivo do PIT-CNT (Uruguai) a participação Beatriz Fajian, quem é Coordenadora da Secretaria de Gênero e Equidade e Presidenta da Federação de Funcionários da Saúde Pública do Uruguai, além de compor o Conselho Diretivo da Confederação de Trabalhadores e Empregados do Estado; Isabel Duré, Diretora da Direção Nacional de Capital Humano e Saúde Ocupacional do Ministério de Saúde da Nação, da Argentina, participou como representante deste país na subcomissão de exercício profissional do SGT11 – Mercosul Saúde. A pesar de ter sido convidado o representante do Brasil no Mercosul educacional, o Ministério de Educação não indicou representante do mesmo para o debate.

O segundo Painel do Seminário abordou os limites, desafios e possibilidades da harmonização da formação, certificação e regulação profissional dos trabalhadores técnicos em saúde a partir das discussões realizadas, até o momento, no âmbito da subcomissão de desenvolvimento e exercício profissional do SGT 11, levando em consideração a realidade de organização do sistema de saúde de cada país. Para tal foram convidados o Diretor do Departamento de Habilitação e Controle de Profissionais da Saúde do Ministério de Saúde Pública do Uruguai, Aníbal Suarez, a Diretora da Direção Nacional de Capital Humano e Saúde Ocupacional do Ministério de Saúde da

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Nação da Argentina, Isabel Duré, a Coordenadora Geral da Regulação e Negociação do Trabalho em Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde do Brasil, Miraci Mendes Astun, e o Diretor Geral de Pesquisa e Educação do Ministério do Poder Popular para a Saúde da República Bolivariana da Venezuela, Domingo Khan, todos eles representantes dos seus respectivos países na Subcomissão de Exercício Profissional do SGT11 – Mercosul Saúde.

No caso da Argentina e do Uruguai o processo de articulação para a participação dos representantes na Subcomissão de Exercício Profissional do SGT11, viu-se facilitada pelo alto grau de cooperação alcançado no processo de pesquisa junto às equipes nacionais. A equipe coordenadora tinha se encontrado também com a representante do Brasil na subcomissão durante a XLII Reunião da Comissão Regional Coordenadora de Educação Superior do Setor Educativo do MERCOSUR. Dado que o escopo do projeto e do Seminário limitou-se aos membros plenos do MERCOSUL, a participação do representante da República Bolivariana da Venezuela se deu a partir do seu ingresso ao Bloco regional em agosto deste mesmo ano, significando um esforço adicional de articulação. Este se beneficiou em grande medida dos contatos realizados durante as visitas aos países membros do MERCOSUL, na fase internacional da pesquisa “A Educação Profissional em Saúde no Brasil e nos países do Mercosul:...” realizada pela EPSJV (2007-2009), na qual esteve contemplada uma visita este país.

Iniciado o processo de organização do II seminário Internacional foi criada uma Comissão Científica, responsável da analise e aprovação dos trabalhos enviados para as mesas de Comunicações Livres. Dita Comissão de Seleção foi conformada por: Dra. Marcela Pronko – Coordenadora do Seminário e da Pesquisa e Vice-Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da EPSJV; Dra. Grácia Gondim – Coordenadora de Cooperação Internacional da EPSJV; Dra. Carla Martins – Coordenadora adjunta da Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da EPSJV; Dra. Anakeila Stauffer – Pesquisadora EPSJV; Mg. Claudio Barria – Pesquisador EPSJV.

A organização de mesas temáticas para a apresentação de comunicações livres iniciou-se com uma chamada de trabalhos divulgada através da página web do evento e de listas institucionais e particulares de correio eletrônico, a partir da definição de três

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eixos temáticos e das normas de apresentação de resumos e trabalhos. Os eixos temáticos foram definidos da seguinte maneira:

1. Formação e certificação dos trabalhadores técnicos

Uma primeira aproximação aos sistemas nacionais de formação de técnicos em saúde permite constatar que não há uma definição unívoca na região sobre o significado da expressão “trabalhadores técnicos em saúde”, dado que o caráter de “técnico”, embora contenha certa especificidade, está ligado tanto ao desenvolvimento histórico do sistema educacional nacional quanto ao caráter particular que assume, em cada caso, o trabalho em saúde. Por isso, este eixo se propõe a explorar as especificidades dos sistemas de formação e certificação profissional desenvolvidas em nível nacional, cujo conhecimento resulta fundamental para qualquer ação de política destinada a subsidiar o processo de integração em curso.

2. Regulação profissional dos trabalhadores técnicos

Em parte como decorrência dessa variação nacional na constituição de sistemas de formação e em parte como resultado da própria configuração nacional das profissões técnicas na área de saúde, o espaço da regulação profissional dos trabalhadores técnicos em saúde também apresenta especificidades nacionais e divergências significativas entre os países do MERCOSUL. De outro lado, o avanço do próprio processo de integração econômica coloca o problema da circulação da força de trabalho como componente dos processos de produção. A proposta de harmonização de perfis profissionais, nos âmbitos específicos do MERCOSUL orientados à negociação de temas relativos à saúde e ao trabalho, atualiza a necessidade de conhecimento e reflexão aprofundados sobre esses temas, proposta do presente eixo.

3. Modelos formativos

Nas últimas décadas, os conceitos de qualificação, no trabalho, e de conhecimento, na educação, têm sido deslocados pela noção de competências, anunciando novas referências produtivas e educativas. Também adquiriu força o conceito de Educação Continuada e de Educação Permanente, orientando inclusive as políticas de formação dos trabalhadores em saúde. Entretanto, embora essas novas referências tenham se disseminado amplamente, a discussão sobre os modelos formativos continua em aberto, espelhando as propostas de diversos setores relacionados a essa formação. Este eixo se propõe a discutir tanto os modelos

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formativos vigentes quanto as propostas alternativas surgidas nos diversos contextos nacionais e regionais.

O segundo eixo “Regulação profissional dos trabalhadores técnicos” foi declarado vago pela Comissão Científica ao não aprovar trabalhos que cumprissem os requisitos técnicos necessários para sua aprovação. Desta maneira, com a exclusão deste eixo, foram montadas duas mesas para comunicações livres, a saber, “Formação e certificação dos trabalhadores técnicos” e “Modelos formativos”.

Até 21 de setembro de 2012 foram recebidos 20 propostas de comunicação que foram submetidas a processo de seleção segundo os seguintes critérios, estabelecidos pela Comissão de seleção:

1. Pertinência em relação à temática do evento e do eixo temático escolhido pelos proponentes.

2. Abrangência do objeto da comunicação, levando em conta o escopo internacional do evento.

3. Clareza e organização do resumo submetido a avaliação de acordo com o solicitado nas normas correspondentes.

4. Relevância da contribuição do trabalho para os objetivos do Seminário. 5. Representatividade nacional/regional em cada um dos eixos previstos. 6. Número de comunicações previstas para apresentação no evento (10 comunicações apresentadas em dois painéis consecutivos).

De acordo com esses critérios, a Comissão decidiu aceitar os seguintes trabalhos para serem apresentados durante o evento: