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BIOTECNOLOGIA E BIOSSEGURANÇA

Na Guiné-Bissau, não existe nenhuma política específica sobre biotecnologia e biossegurança. No entanto, existem outros instrumentos de políticas sectoriais consistentes com a conservação e uso sustentável da biodiversidade biológica (Plano Nacional de Gestão Ambiental, 2004; Estratégia Nacional e Plano Acção de Conservação de Biodiversidade, 2004) com a aplicação segura de tecnologias melhoradas (Carta de Política de Desenvolvimento Agrícola, 2002)

O Plano Nacional de Gestão Ambiental, aprovado pelo governo em 2004, estabelece a política nacional sobre conservação e desenvolvimento sustentável assente nos princípios de igualdade e equidade, ambiente e desenvolvimento, precaução, preservação, protecção e valorização do património natural e construído, responsabilidade e a participação de toda a sociedade e que o ambiente não reconhece fronteiras. Este Plano serve de base de instrumento de política para o presente Quadro Nacional de Biotecnologia e Biossegurança.

Por outro a Guiné-Bissau ratificou tanto a Convenção sobre a Diversidade Biológica em 1995 e o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança em 2004, instrumentos de direito internacional que regulam, respectivamente, as matérias concernentes à conservação e uso sustentável da biodiversidade bem como a segurança na aplicação da biotecnologia moderna(entendida neste caso como engenharia genética). Assim, no quadro da implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica, o governo aprovou em 2004, Estratégia e Plano de Acção sobre Conservação da Biodiversidade que estabelece as directrizes nacionais e temas áreas de intervenção nacional relativas à conservação e uso sustentável da diversidade biológica. De igual modo, ao ratificar de Cartagena sobre Biossegurança, o país assumiu o compromisso político de adoptar medidas legais e institucionais nacionais para protecção do ambiente e saúde pública dos riscos resultantes dos organismos geneticamente modificados. Estes factos conjugados com a designação da Autoridade Nacional Competente, Entidade Responsável e Comité Nacional de Coordenação9 o governo deu sinal forte da vontade política na definição de uma política da biotecnologia e biossegurança para o país.

O rápido avanço da tecnologia genética, a introdução cada vez mais dos produtos OGM na cadeia alimentar e os debates controversos que animam a problemática da biotecnologia são realidades evidentes com as quais o mundo, em geral, é confrontado e razão mais de que suficiente para que as autoridades guineenses reflictam sobre uma política de biotecnologia e biossegurança.

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O Comité Nacional de Coordenação foi criado no quadro do Projecto Quadro Nacional de Desenvolvimento da Biosegurança UNEP/GEP (ver anexo 4)

4.1. Os fundamentos de uma Política Nacional da Biotecnologia e da Biossegurança

Uma política da biotecnologia e biossegurança visa assegurar um nível adequado de segurança na aplicação da biotecnologia Moderna. Para que uma tal política seja eficiente ela deve responder aos principais desafios nacionais colocados à biossegurança, que são: a salvaguarda do meio ambiente e da diversidade biológica, e a preservação da saúde humana e animal. Deve-se dizer que o protocolo de Cartagena, ao enfatiza os movimentos transfronteiriços, constitui um importante meio para organizar e garantir a segurança das trocas internacionais concernente os OGM de forma a minimizar os riscos para a saúde humana e meio ambiente, só que certas aplicações da biotecnologia podem ser desenvolvidas a margem de movimento transfronteiriço. Uma política nacional da biossegurança pode colmatar estas lacunas.

4.2. Desafios nacionais colocados à biossegurança

4.2.1. Salvaguarda do meio ambiente e da diversidade biológica

Os riscos, neste domínio, são ligados à disseminação dos produtos OGM no meio ambiente. Se, hoje em dia na Guiné-Bissau, não são usados grandes quantidades de produtos fitofarmacêuticos na agricultura, existem certas práticas que devem despertar a atenção das autoridades, nomeadamente, a procura cada vez mais importante, destes produtos, no seio dos agricultores, devido, entre outros factores, a invasão cada vez mais frequente de gafanhotos e outros predadores. A fábrica de algodão de Bafata recebe, para descaroçamento, algodão vindo da Guiné-Conakri, sem nenhum tipo de inspecção fitossanitária. Por fim, certos países da sub-região cultivam algodão transgênico (algodão Bt) num ambiente experimental e controlado.

No domínio da agricultura, e de acordo com os dados oficiais deste Ministério, ainda não se verificou a entrada de plantas e sementes de culturas geneticamente modificadas. Não se registou nenhum campo de experimentação. Nos anos anteriores o Centro de Experimentação e de Fomento Hortícola e Frutícola de Quebo introduziu plantas produzidas in vitro, nomeadamente o ananaseiro (anannas comosus) e a bananeira (Musa sp.).

A problemática das sementes é determinante para a agricultura da África, em geral, e da Guiné- Bissau, em particular, pelo que vai merecer um certo destaque neste capítulo. Nada mais que o simples facto de que o seu controlo é difícil, por se transportar facilmente, testemunha desta importância de tratamento.

4.2.2. Preservação da Saúde Humana e Animal

Se o debate sobre a biotecnologia, em geral e sobre os produtos OGM, em particular, ganham contornos cada vez mais importantes a nível mundial é porque o desenvolvimento da biotecnologia genética pode constituir um certo perigo na medida em que, ainda, nenhuma entidade científica deu garantias absolutas quanto a ausência de riscos, para a saúde humana e animal, na absorção de Organismos Geneticamente Modificados. Sabe-se que o consumo voluntário dos OGM é geralmente ligado às razões alimentares e/ou terapêuticas.

a) No entanto, a preocupação leva a considerar a pertinencia da D:G da saúde pública e saneamento e a D.G: pecuária, proporcionar as pesquisas laboratóriais dos ríscos da Biotecnologia e Biosegurança na Saúde humana e animal;

b) A obrigatoriedade de apresentar o boletim previo de Importação dos produtos OGMs e seus derivados, com a homologação da autoridade nacional competente para o ambiente;

c) Concernente a comercialização dos produtos OGMs e os seus derivados, que haja a obrigatoriedade de expor nas prateleiras de forma visivel permitindo assim o consumidor a sua livre escolha;

d) O desalfandegamento dos produtos contendo OGMs e os seus derivados não devem ser antecedidos dos procedimentos formais de rastreio ( que seja objecto de Uma legislação propia), pela entidade competente, junto dos laboratórios devidamente acreditados no País Ora, a Guiné-Bissau importa cerca de 80% de produtos transformados que consume e recebe muita ajuda em géneros alimentícios, em sementes, em medicamentos, em pesticidas e em fertilizantes de vários países do mundo, incluindo os que comercializam oficialmente produtos transgenicos, nomeadamente, EUA, Brasil, Canada, Argentina, China, etc. Muitos dos produtos importados não possuem rasteiro para a identificação e supõe-se que, dentre estes, muitos sejam de origem transgênicos, caso do arroz, óleo na base de soja, farinha de milho conservas de tomate, e conservas com adicionais de tomate, cenouras, etc. O país possui um mercado totalmente aberto, sem capacidade instalada para controlar e identificar os produtos de origem OGM, e sobretudo para tomar medidas de correcção. Não dispondo de legislação adequada sobre a matéria, a Guiné-Bissau não pode exercer o controlo, a priori, exigido no quadro do Protocolo de Cartagena, segundo o qual, todos os OGM e OVM, objectos de um movimento transfronteiriço intencional, sejam manipulados, embalados e transportados sob condições de segurança presentes no referido protocolo. De acordo com esta cláusula, o país deveria, pelo menos, estar em condições de exigir aos importadores, a obrigatoriedade do preenchimento de boletim de registo prévio de importação, com a menção bem explicita da componente OGM ou OVM e seus derivados. Infelizmente isso não se verifica.