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Um grupo de amigos e voluntários da Instituição Espiritualista de Caridade Paz e Luz no ano de 1995, iniciou um projeto de servir café e pão para as pessoas que dormiam nas ruas da capital catarinense. Os lanches eram entregues nos fundos do Terminal Rodoviário Rita Maria, localizado na cidade de Florianópolis, inicialmente eram servidos mais de 150 lanches.

Para os que estavam muito debilitados e que não conseguiam chegar até o ponto de entrega dos lanches, os voluntários iam até eles, para garantir que o máximo de pessoas conseguisse se alimentar.

Em uma noite fria, os voluntários encontraram um homem com bastante febre e que necessitava com urgência de um acompanhamento médico, sem medir esforços levaram o

homem, o senhor Ivanor Michalussi, com 35 anos e soro positivo, para o hospital mais próximo, porém, mais tarde voltaria para as ruas, pois não tinha família e seus amigos eram apenas os que viviam nas ruas com ele.

Um home de aproximadamente 35 anos está deitado na calçada, numa noite fria e chuvosa de Florianópolis. Seu corpo arde e treme de febre. Alguém se compadece e o leva para o hospital. O diagnóstico: tumor no pulmão. O hospital, público, atende o doente, mas não tem condições de abrigá-lo. Ele mora nas ruas, não tem família e seus amigos são apenas companheiros de infortúnio. A história desse homem é real – seu nome é Ivanor Michalussi – e não é diferentedas trajetórias de vida de mais de 300 pessoas que moram nas ruas da Capital, abrigadas sob marquises ou enfiadas em buracos de esgoto, que eles chamam de “mocós”. O que difere Ivanor dos demais desabrigados foi a sorte de conseguir um lar. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 1998)

Foi a partir daí, que a futura presidente do Abrigo Rosa Maria Rosa da Cruz, a senhora Claudia Arinatel Rosa da Cruz Portela, decidiu com o grupo de voluntários alugar uma casa, para iniciar um sonho tal almejado, fundar um abrigo para as pessoas em situação de rua.

A partir de então, com uma casa alugada para iniciar o projeto Abrigo Rosa Maria, veio o segundo morador, o senhor Ramiro Prestes com 55 anos e 16 deles morando nas ruas de Florianópolis.

O senhor Ramiro era amigo de Ivanor, estava tão debilitado, que quem conseguia alimentos era o amigo, porém depois de Ivanor ser acolhido pelo grupo, o senhor Ramiro passou a ficar só e sem quem lhe trouxesse o que comer.

Em uma das noites em que distribuía o lanche, Claudia conheceu seu Ramiro, que agradeceu a ela e ao grupo por terem recolhido o amigo tuberculoso que por muito tempo, o alimentou com comida coletada do lixo.

Esta situação fez com que o grupo levasse seu Ramiro para o Abrigo, e a partir do contato diário que a equipe de voluntários tinha com esses moradores de rua, foram recolhidos 18 pessoas no ano de 1998.

Com o auxílio de pessoas ligadas à instituição, Cláudia alugou uma pequena casa, de não mais de 50 metros quadrados, no centro da cidade. Recolheu Ivanor. Depois trouxe Ramiro Prestes, 55 anos, que sofre de insuficiência coronária e hepática, e assim sucessivamente. Hoje, a casa, que teria espaço para 10 moradores, abriga 18 pessoas. “E vem mais um, que está no hospital e será mandado para cá em breve”, diz Cláudia, feliz em poder ajudar outro desamparado. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 1998).

Em pouco tempo, destes dezoito moradores, cinco foram recuperados e conseguiram trabalho, pois um dos voluntários do abrigo era empresário de construção e zeladoria, tendo oferecido a essas pessoas emprego como zeladores de prédios. O dinheiro que esses moradores ganhavam com o seu trabalho era depositado em poupanças individuais para a aquisição da casa própria, todos continuavam morando no abrigo e recebiam alimentação e roupas.

Mesmo com a casa alugada para os desamparados, o projeto de servir os lanches noturnos não parou, pelo contrário, se expandiu para uma segunda refeição, ao invés de servir apenas o café com pão nas madrugadas para cerca de 150 pessoas, o grupo servia também mais 60 refeições no horário de almoço.

Esse almoço era servido na cede do abrigo, onde os moradores se alimentavam e faziam a higiene pessoal – banho, inclusive, lhes eram fornecidas roupas limpas.

4.2 “QUEM SALVA UMA VIDA SALVA O MUNDO”

Com o lema de “quem salva uma vida salva o mundo”, o Abrigo Rosa Maria expandiu- se, buscando tentar atender o máximo de moradores de rua possível.

Quando completou um ano, o Abrigo preparava-se para receber mais 20 moradores, todos portadores do vírus da Aids, em fase terminal. Como a instituição espiritualista dividia o espaço com o Abrigo, foi alugada uma segunda casa, para as instalações da instituição e assim abrindo mais espaço para expansão do abrigo.

Dos 300 moradores de rua de Florianópolis, cerca de 80% são portadores do HIV e, destes, 60 estão em fase terminal. “Eles mereciam pelo menos um local digno para morrer”, diz Cláudia Arinatel, revoltada com a indiferença que o executivo municipal trata a questão. Sem a ajuda pública, o grupo de voluntários decidiu acolher na sede do abrigo mais 20 moradores de rua. Para alojá-los, vão utilizar o segundo andar da casa, onde até agora funcionavam as salas de consulta e estudos as Instituição Espírita. “Não tenho outra opção, e não posso deixar essas pessoas morrendo no meio da rua”, diz a idealizadora do projeto. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 1998).

Apesar das despesas aumentarem com mais moradores albergados, o projeto de servir almoço passou de 60 para cerca de 150 refeições servidas todos os dias da semana na Praça Getúlio Vargas, além de continuar servindo, todas as madrugadas, o café e pão aos desamparados.

Na véspera do Dia Mundial da Alimentação, instituído pela Organização Mundial a Saúde (OMS), 90 moradores de rua de Florianópolis receberam mais uma vez almoço ao meio-dia, na praça Getúlio Vargas, e café com pão à noite. Há um ano e meio a organização não-governamental Abrigo Rosa Maria presta essa assistência, com apoio de empresas, associações comunitárias e pessoas físicas.

Em média, a cada dia, são consumidos dez quilos de arroz, cinco de feijão, seis de macarrão, um de sal, uma lata de óleo, um quilo de café, dois de açúcar e 500 pães, observa o voluntário Roberto Lúcio Boell. Os beneficiados com o programa vivem em “mocós”, como chamam os locais improvisados para dormir. “Alguns dormem dentro do esgoto”, indigna-se. (JORNAL AN CAPITAL, 1998).

Porém, com o passar do tempo a casa se tornou pequena para os 38 moradores, além do grupo perceber a necessidade de novas vagas, para atender a população em situação de rua que vinha crescendo e sofrendo com as noites frias e com o surto de tuberculose que atingia os desabrigados.

A descoberta do foco da tuberculose. Este parece ser um dos problemas quando se trata de moradores de rua. A falta de políticas públicas de atendimento a essa parcela da população acaba deixando os infectados sem tratamento. Por isso, há quem desconfie das estatísticas oficiais. O número de pessoas que provavelmente estejam com a doença pode ser maior. Contribui para as dúvidas a divulgação dos dados no ano seguinte à constatação. “Tem gente morrendo e elas – autoridades – estão se preocupadas com outras coisas”, denuncia Cláudia Arinatel Rosa da Cruz, presidente do Abrigo Rosa Maria Rosa da Cruz, em Florianópolis. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 1998).

No ano de 1998, o então Governado do Estado de Santa Catarina, senhor Paulo Afonso Evangelista Viera, declarou a utilidade pública da Instituição Espiritualista e de Caridade Paz e Luz, Lei nº 10.924, de 21 de setembro de 1998.

Infelizmente o Abrigo mesmo realizando um trabalho de suma importância para a sociedade, ainda sim, sofria preconceitos e represálias dos vizinhos, porém não havia como mudar o abrigo para um lugar afastado do centro da cidade, pois era nesta região que a população em situação de rua vivia, e a intenção do Abrigo não era apenas albergar, mas dar assistência para os que continuavam as ruas.

A possibilidade de os usuários do albergue e até de a própria instituição sofrer discriminação e represálias por parte dos vizinhos foi minimizada ontem pela presidente do Rosa Maria. “A discriminação já existe, de qualquer modo”, entende. “Além disso, a vizinhança é mais comercial, não há prédios residenciais nas proximidades (rua visconde de Ouro Preto, 264)”, afirma Cláudia. (JORNAL AN CAPITAL, 2000).

Foi então que o Abrigo alugou uma casa maior, com vizinhos comerciais e em uma rua mais centralizada, para garantir a continuidade dos trabalhos, e oferecer um albergue noturno para atender pelo menos 150 pessoas.

“O número oficial e final ainda depende da Prefeitura”, diz Cláudia. O número de beneficiados não é o único problema enfrentado pela direção do Rosa Maria. “A reunião, num mesmo local, de 20 crianças, 33 mulheres (seis grávidas) e de pelo menos 30 idosos (de 58 a 78 anos de idade), além dos homens adultos com idade entre 20 e 45 anos, é uma complicação que vamos ter que resolver”, comenta Cláudia. Para resolver, um dos órgãos que está sendo consultado é o Juizado de Menores.

“Vamos precisar de uma autorização especial para que as crianças fiquem no mesmo prédio dos adultos, embora na rua todos convivam 24 horas por dia e, em muitos casos, até durmam juntos”, comenta. A separação dos usuários do novo albergue por faixa etária e por sexo vai aumentar as despesas dos voluntários do Rosa Maria. “Vamos precisar colocar divisórias, e já estamos correndo atrás, disse também”, revela Cláudia. (JORNAL AN CAPITAL, 2000).

Mesmo com todas as dificuldades e sem ajuda do Poder Executivo municipal, o Abrigo Rosa Maria abriu as portas para quase 60 moradores fixos, entre eles crianças, mulheres e idosos, além de oferecer mais de 150 lugares para que a população pudesse ter um lugar para dormir.

Neste período, as refeições já eram o café da manhã, almoço e janta, além de durante a tarde, a casa estar à disposição para os que moravam nas ruas buscarem pães e bolos, frutos de doações de supermercados e padarias, para o café da tarde.

Porém mais uma vez, a Prefeitura Municipal impôs empecilhos, sem oferecer qualquer solução. Em uma visita da vigilância sanitária, os beliches onde os albergados passavam a noite precisaram ser afastados uns dos ouros, de forma que reduziu, pela metade, o número de camas disponíveis.

Sem saída, os moradores do abrigo mais jovens e alguns que pernoitavam no albergue, tiveram de voltar às ruas. Com medo de alguma violência contra essas pessoas, os voluntários do abrigo faziam rondas noturnas, para verificar se todos estavam bem, além de distribuir câmeras fotográficas, para que, caso ocorresse algum abuso, pudesse ser registrado.

O trabalho de Cláudia e sua equipe não se limita à alimentação. Sempre que ficam sabendo que algum morador de rua precisa de atendimento médico, só descansam quando conseguem a hospitalização. “O problema é que depois que saem do hospital não têm para onde ir e acabam sempre voltando para as ruas”, lamenta, acrescentando que caberia às autoridades municipais e estaduais oferecer esse tipo de atendimento. “Fizemos tudo o que é possível, mas infelizmente não conseguimos atender a todos e as pessoas continuam morrendo mas ruas – de frio, de desnutrição, de Aids e de tuberculose sem que nenhuma atitude mais drástica seja tomada pela prefeitura”. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 1998).

Foi sobrevivendo com doações e esperança de um futuro melhor para os moradores de rua da cidade de Florianópolis, e sob o lema “quem salva uma vida salva o mundo”, que o abrigo Rosa Maria Rosa da Cruz, continuou seu trabalho até o ano de 2005.

4.3 “ABRIGO GARANTE PRAZO ANTES DE INTERDIÇÃO”

No dia 23/10/2001, o jornal Diário Catarinense exibia a reportagem com o título “Abrigo garante prazo antes de interdição”, a reportagem trazia a informação de que os 180 moradores de rua que recebiam moradia e alimentação, deveriam deixar o local, devido condições de insalubridade e espaço não adequado.

Essa situação se deu, devido uma grande perseguição política com os moradores de rua da cidade e com o Abrigo Rosa Maria, que era o único da capital, que atendia essa população e lutava por seus direitos, denunciando abusos.

Em nenhum momento a Prefeitura Municipal de Florianópolis apoiou o projeto com a população em situação de rua, pois um dos planos da prefeitura era de “limpar a cidade”, com a implantação do Programa Tolerância Zero, que resultou em dezenas de mortes e desaparecimentos de frequentadores do albergue.

A entrada de 14 mascarados no plenário da Ordem do Advogados do Brasil (OAB- SC) provocou a retirada dos três representantes da Polícia Militar que participava da audiência pública promovida pela Comissão dos Direitos Humanos da OAB, ontem de manhã, justamente para discutir a violência policial e o sumiço , das ruas da Capital, de pelo menos 30 moradores de rua nos últimos 12 meses. “Viemos como convidados, mas estamos sendo tratados como acusados, e por isso estamos saindo”, declarou o coronel PM Valmir Cabral, chefe do Comando do Policiamento da Capital (CPC). (...)

Segundo o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB/SC, Reinaldo Pereira e Silva, os depoimentos, somados à atitude dos representantes da PM de se retirarem da reunião, motivaram a primeira das três decisões tomadas pelos participantes de audiência pública” – Vamos encaminhar os relatórios diretamente ao governados do Estado, para sua apreciação e tomada de providências”, declarou Reinaldo. “O que não podemos é permitir que os relatos simplesmente não causem consequências”, argumenta. (JORNAL AN CAPITAL, 2000).

Inclusive, tal programa chegou a ser denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB- SC), dando origem a investigações criminais, que foram investigadas pela promotora Sônia Piardi.

A medida de segurança pública conhecida por Tolerância Zero provoca os primeiros sinais polêmicos em Florianópolis. No dia 22 passado a operação “varredura”, admitida pelo Comando Geral da Polícia Militar de Santa Catarina como ação integrada ao projeto importado de Nova York, resultou em quatro ofícios e uma série de telefonemas ao Conselho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), de acordo com Reinaldo Pereira e Silva. Policiais militares e civis teriam transportado moradores de rua para o interior de Tijucas.

A presidente do Abrigo Rosa Maria – único da cidade a oferecer assistência a essas pessoas -, Cláudia Rosa da Cruz Portella, 29 anos, conta 19 “deportados”. “Quatro deles, mesmo doentes, conseguiram retornar para Florianópolis”, revela, indignada. “Estamos apurando as denúncias, que ferem a liberdade de ir, vir e permanecer”, argumenta Pereira e Silva. (JORNAL AN CAPITAL, 1999).

Desde então, iniciou-se uma briga constante com a prefeitura, pois eram diárias as denúncias de violência com os moradores de rua, como não havia outra maneira em perseguir os moradores de rua, a solução encontrada pelo município foi de criar empecilhos, para que o abrigo fechasse as portas e a população de rua não tivesse mais quem os assistissem e, assim, a prefeitura conseguiria “limpar” a cidade.

Iniciaram-se, então, diversas visitas da vigilância sanitária, com inúmeras exigências que saberiam que o Abrigo não cumpriria no prazo dado pelo órgão, porque, além de necessitar arrecadar fundos, era também necessário tempo hábil para concluir as obras.

O abrigo possuía as divisórias exigidas, banheiros separados para homens e mulheres, cozinha industrial, refeitório, todos dormiam em beliches, os moradores do abrigo não dormiam no mesmo espaço em que os albergados pernoitavam, enfim, estava tudo de acordo com o projeto inicial liberado pela prefeitura.

O abrigo, nesta época, havia conseguido um sítio no interior de Tijucas, com o objetivo de construir um local de moradia aos frequentadores do albergue, porém para mudar de local

ainda faltava a construção da cozinha industrial, por este motivo, depois de uma reunião com a prefeitura e outros órgãos públicos, foi prorrogado por mais 30 dias o prazo para deixarem o centro de Florianópolis.

O Abrigo Rosa Maria Rosa da Cruz conseguiu um prazo de 30 dias para deixar o imóvel no centro de Florianópolis e ocupar o novo prédio da entidade localizado em Tijucas (...) O prazo para a mudança de local pode ser prorrogado. A presidente do abrigo, Cláudia Rosa da Cruz Portella, informou que ainda falta a cozinha para ser construída. ‘Estamos com falta de dinheiro para isso. Somos sustentados por doações. Esperamos a sensibilidade das pessoas para agilizar esta obra e mudarmos o quanto antes para lá.” O gasto mensal da entidade é de R$ 6 mil. (JORNAL DIÁRIO CATARINENSE, 2001).

Contudo, uma tragédia ocorreu com a nova cede do Abrigo, um incêndio criminoso acabou com toda a construção e com a esperança de todos.

Em uma tarde, Cláudia, presidente do Abrigo e Roberto Lúcio, vice presidente, estavam no sítio verificando o andamento das obras, quando chegou um grupo de homens e espancou Roberto. Colocaram os dois no carro do abrigo e os jogaram no açude que havia no sítio. Cláudia, que estava grávida de sete meses, conseguiu acordar Roberto e sair do interior do veículo que já estava sendo tomado pela água.

Quando saíram do açude, a sede do abrigo estava em chamas e não conseguiram recuperar a estrutura. Assim, sem dinheiro incialmente para a construção da cozinha industrial, não tinham dinheiro também a reconstrução de toda a sede.

O que restou a fazer foi alugar uma casa no bairro de Barreiros, no município vizinho de Florianópolis, São José, e levar os moradores do abrigo para lá, mas infelizmente as refeições fornecidas ao meio dia e o café com pão nas madrugadas, tiveram de cessar, pois não havia condições de levar até o centro de Florianópolis, diariamente estas refeições.

Por estar tão longe do centro da Capital, o abrigo também não conseguia recolher as doações que eram feitas cotidianamente pelos supermercados e padarias da região, assim, com o tempo, o abrigo não tinha mais como atender nem seus moradores, e a solução foi encaminhar os albergados para abrigos de outros municípios e os mais idosos foram morar na casa dos voluntários, como o senhor Ramiro.

4.4 A PROMOÇÃO DE DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA REALIZADA PELO