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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 Teletrabalho

2.3.2 Origem do Teletrabalho

Nesta seção apresenta-se a origem do Teletrabalho. Embora a sua terminologia seja contemporânea, há indícios de que tenha sido usado em 1857, por um homem chamado J. Edgar Thompson, da empresa Penn Railroad. Ele implantou um sistema de controle telegráfico à distância, para gerenciar remotamente o trabalho e os equipamentos na construção da estrada de ferro (ALESSIO, 2000). No entanto, essa forma de relação de trabalho só tomou vulto no final dos anos 60 por

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“a form of work in which (a) work is performed in a location remote from central offices or production facilities, thus separating the worker from personal contact with co-workers there; and (b) new technology enables this separation by facilitating communication”. OIT, Conditions of Work Digest - Telework [Compêndio de Condições de Trabalho - Teletrabalho], p. 4.

Jack Nilles2, nos Estados Unidos que o denominou Telecommuting pela primeira vez em seu livro “The Telecommunications transportation trade-off ”. A palavra Telecommuting é original do inglês e deriva da palavra commuting que significa “ida e volta de casa ao trabalho”.

Nilles propôs na época uma alternativa interessante para os trabalhadores que tinham que percorrer longas distâncias até o trabalho nos grandes centros urbanos dos Estados Unidos da América e que, além do gasto de tempo de locomoção, tornavam mais grave a poluição e os gastos com combustível. Como solução Nilles, argumentou que os funcionários poderiam exercer suas atividades a partir de casa com a conveniência do uso de recursos de computação e telecomunicações, abrindo o espaço para uma nova relação de trabalho, o trabalho à distancia (MACHADO, 2002).

Na década de 70, nos Estados Unidos e na Europa, várias companhias e órgãos públicos promoveram a implantação do Teletrabalho para substituir o transporte por telecomunicações. Entre eles estavam a University of South Califórnia (USC), a South Coast Air Quality Management District in Southern Califórnia (Superintendência de Monitoramento da Qualidade do Ar da Costa Sul da Califórnia), o Departamento de Energia do estado de Washington, a cidade de Los Angeles, o Estado da Califórnia, a Hewlett-Packard e outras. (NILLES, 1997). O motivo, segundo Nilles (1997), que deflagrou tantos esforços concentrou-se principalmente nos altos índices de poluição e congestionamentos, bem como nos gastos com transporte. Fizeram-se estudos sobre o impacto ambiental do Teletrabalho na Califórnia e constatou-se uma economia no fornecimento de energia de tal importância, que a idéia se propagou pelo continente europeu onde foram implantados vários projetos de Teletrabalho em diversos países. As empresas privadas, como a Pacific Bell, a Tandem Computers, a Deloitte & Touche, a 3Com Corporation, a Silicom Graphics e a Hewlett Packard, investiram em estudos e projetos pilotos aplicando o Teletrabalho em suas organizações.

A partir da década de 80, com desenvolvimento nos setores de telecomunicações e informática, tanto a popularização dos computadores pessoais como o surgimento de interfaces gráficas e a escalabilidade dos sistemas de

2 Jack Nilles é considerado o fundador do conceito do Teletrabalho atual. Nilles desenvolveu a idéia enquanto trabalhava na NASA e posteriormente na Fundação Nacional de Ciências. Mais tarde aplicou-o em seu próprio trabalho quando participava de um grande projeto para o Program Espacial da Força Aérea Americana, concebendo assim, o método que na época foi chamado de Telecommuting.

informação, trouxeram um grande impulso para o Teletrabalho (CASTELS, 2000). Os entusiastas do Teletrabalho viram a sua consolidação na década de 90, quando começaram a aparecer os primeiros indicativos da sua aceitação crescente na maior parte da Europa Ocidental e EUA. Na Alemanha, por exemplo, se registrou, no período de 94 a 99, um crescimento médio de 34% de Teletrabalhadores. Na Finlândia, na Dinamarca e na Holanda, o crescimento foi de 10% no período de 98 a 99 (FILGUEIRAS, 2001). Costa (2004) confirma essa tendência. Segundo a autora, os países do primeiro mundo observaram uma explosão dessa relação de trabalho na mesma medida em que se beneficiaram com a massificação das tecnologias de informática. Contudo, nem todos aprovaram a nova proposta de organização do trabalho. Alguns sindicatos na Europa consideraram que o Teletrabalho provocaria a desunião dos trabalhadores na empresa e opuseram-se a ele veementemente (MELLO, 1999).

De acordo com o relatório da “International Telework Association & Council” (ITAC), o número de Teletrabalhadores nos Estados Unidos até julho de 2000 era de 23,6 milhões. O mesmo relatório demonstra que havia uma tendência à adoção do trabalho à distância por indivíduos acima de 25 anos e, a adoção específica de Teletrabalho somente em casa, na fatia de 89%, pelos indivíduos ao redor dos 40 anos (NILLES, 2000, DAFT, 2003). Segundo Daft (2003), na Europa relatou-se em 2000 uma estimativa de 10 milhões de Teletrabalhadores.

No Brasil não há um registro oficial sobre o número de Teletrabalhadores, mas a Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) estimou, em 2003, o número de 3,5 milhões de Teletrabalhadores no país. Segundo o documento chamado “Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil” 3

, o Teletrabalho tem sido usado em iniciativas que vão desde a prestação de serviços de telefonia e fax espalhados no Senegal, até centros associados e projetos de Teletrabalho na Europa e Austrália. Contudo, o Grupo Telefônica, no Brasil, num estudo sobre a Sociedade da Informação no Brasil, informou em 2002 que o fato de 40% das empresas brasileiras usarem a conexão remota em 2001, houve um aumento na adoção do Teletrabalho de 25% no período de 2000 a 2001 no país (GASPARETO Jr., 2002).

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O Livro Verde é uma proposta de diretrizes, instruções, linhas de ação e atividade para o Programa SocInfo que,em parceria do governo com as empresas privadas, a sociedade civil e o terceiro setor, foi criado para inserir o país na Sociedade da Informação e favorecer a competiç