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Durante o aprofundamento nas pesquisas bibliográficas, surgiram algumas perguntas sobre o endividamento e propõe-se responder e propor alternativas diante da prevenção e ao tratamento do consumidores pessoas físicas. Não se trata

apenas de uma definição paupérrima de um conceito, mas se busca formas concretas para sua solubilidade e rever as relações diante do regime de crédito de consumo a fim de evitar a falência pessoal e consequentemente atingir a sociedade como um todo (MARQUES, 2010, p. 9).

Com isso procura-se responder as perguntas mais comuns sobre o tema, de como prevenir e tratar o superendividamento dos consumidores pessoas físicas de boa-fé no mercado financeiro e defende-se a necessidade de uma Lei Estatal sobre o tema, complementar ao CDC, onde contudo se apresenta o Projeto de Lei nº 283/2012 como alternativa a buscar alguma solução (MARQUES, 2010, p. 9).

Assim sendo, o valor do crédito ao consumo reflete diretamente na igualdade e inclusão social sendo escrito de forma inteligível para que o acesso seja para todos sem distinção, esse anteprojeto referente a prevenção do superendividamento dos consumidores parece estar apto a desencadear um consenso nacional sobre o tema, tanto entre economistas, como entre juristas (MARQUES, 2010, p. 11).

Assim, o marco ideal realçado no presente projeto tem como objetivo a igualdade dos agentes no mercado financeiro, inclusão social, manutenção e reinserção no mercado de consumo do consumidor superendividado, bem como prevenir a exclusão social e tratar o superendividamento de forma eficaz (MARQUES, 2010, p. 11).

A base nesse projeto é a boa-fé objetiva permite-se a negociação das dívidas contratuais de um consumidor pessoa física em dificuldades financeiras. Opta-se por um sistema de conciliação, mas diante do juiz estadual por um processo judicial, possibilitando a renegociação (MARQUES, 2010, p. 12).

Pois o endividado frente ao fornecedor, tem um papel essencial na relação de consumo dentro de uma sociedade, e deve ter a liberdade diante desse mercado para a própria estabilidade econômica social, pois o consumidor é consumidor em qualquer classe social sendo necessário uma relação objetivamente responsável, assim os consumidores mensalmente são afetados por dificuldades em seu

orçamento familiar, comprometendo seu bem estar, muitas vezes, por falta de planejamento financeiro (MARQUES, 2010, p. 12).

Conceituando, o endividamento se posiciona como um fato individual, mas com consequências sociais e sistêmicas, cada vez mais claras. Porque a economia de mercado liberal em desenvolvimento no Brasil é por natureza uma economia de endividamento mais que uma economia de poupança, tendo em vista que o consumidor gasta todo seu orçamento familiar no consumo básico e necessita de créditos para adquirir bens móveis e imóveis (MARQUES, 2010, p. 13).

Então, o comportamento desse consumidor que age de forma contrária, pois deveria não gastar todo o ganho do orçamento familiar deixando uma reserva para investimento em poupança com planejamento mensal diante do pequeno capital se tornar um montante a fim de adquirir outros bens e serviços os quais deseja, de forma sincronizada dentro de seu limite financeiro (MARQUES, 2010, p. 13).

Com isso, diante dessa sociedade de consumo de massa, ocorre o inadimplemento individual. O consumidor vê seu nome parar nos bancos de dados negativos, e fica diante de um problema pessoal, tendo por consequência seu fracasso pessoal financeiro. Sendo que, dentro do conjunto social, com o inadimplemento se estabelece uma crise na sociedade, sobem os juros, os preços, a insolvência e desacelera a economia numa reação em cadeia (MARQUES, 2010, p. 17.

Mesmo tendo leis que combatem a usura a fim de penalizar os praticantes dessa infração, outras leis são necessárias a evitar a falência dos consumidores pessoas físicas, e regular a concessão de crédito responsável para essas pessoas a fim de modernizar a economia e prevenir ao tratamento das novas insolvências civis. Apesar de o código de defesa do consumidor completar mais de vinte anos, o mesmo não cuidou o tema de forma especial. Essas leis especiais tem procedimentos próprios diante do ordenamento jurídico pátrio, e permitem a ritos especiais dentro da adequação fática (MARQUES, 2010, p. 17).

Logo, deve ser levado em questão que a taxa de juros no Brasil se associa ao marketing e as práticas comercias que criam desejos e tentações as novas exigências sociais que visam apenas ao lucro impondo ao consumidor uma equalização social diante de seus pares, ensejando a massificação das pessoas referente a aquisição de crédito não tendo limites nem aos perigos de tais práticas (MARQUES, 2010, p. 18).

Os economistas atribuem o enorme crescimento do segmento à desregulamentação da taxa de juros cobrada dos consumidores que tornaram as empresas emissoras em um negócio lucrativo, tendo em contrapartida o elevado nível de endividamento devido ao amadorismo e a inexperiência dos consumidores. Como não é exigido do consumidor uma comprovação de renda e os planejamentos de reembolso não são fixados, exigindo-se apenas o pagamento de um valor mínimo, o consumidor não faz ideia dos juros que é pago devido a falta de transparência e compreensão do mesmo, resulta em muitas vezes como o pagamento mínimo o risco de superendividamento (LIMA, 2012).

No que diz respeito ao objeto das demandas dos consumidores os problemas que se destacam é a cobrança indevida no patamar de 44,71% e o contrato em 16,34%, correspondendo a 61,05% de todas as demandas registradas em cartão de crédito. Também são recorrentes as demandas relativas ao cálculo das prestações, as taxas e os juros, que se agravam ainda mais com o pouco esclarecimento do consumidor diante das dúvidas referentes aos valores cobrados e o descumprimentos de acordos sobre o valor do débito e a dificuldade na negociação (LIMA, 2012).

Começa assim uma sequência de erros devido aos prazos dos pagamentos a serem quitados baterem na porta. Com isso um perigoso futuro quanto ao crédito por não poder adimplir suas dívidas parceladas não serem efetivadas no prazo, gerando problemas em sua saúde, no trabalho, em sua família, e consequentemente uma negação de todos os objetivos futuros que outrora foram sonhados plausíveis. Assim, com o seu planejamento orçamentário desequilibrado pode cair em um superendividamento (MARQUES, 2010, p. 20).

O superendividamento pode ser definido como a impossibilidade global do devedor pessoa física, no caso o consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo, é um devedor de crédito que gera uma situação de pagar todas as suas dívidas que saíram fora de seu controle de rendas e patrimônio, que o condiciona a quase uma escravidão ou hipoteca do futuro (MARQUES, 2010, p. 21).

Esse estado de superendividamento dos consumidores pessoas de boa-fé necessita de alguma saída ou solução pelo direito do consumidor como aconteceu com a falência e recuperação judicial no direito da empresa, com parcelamento mais suaves e a redução drástica dos juros aplicados no mercado, para fazer frente aos credores de forma igualitária de meios e mecanismos legais equacionados. Por isso, faz-se necessário que o ordenamento jurídico preveja algum tratamento que seja favorável ao consumidor e que por consequência não caia no superendividamento (MARQUES, 2010, p. 21).

A doutrina europeia define e distingue o superendividamento passivo se o consumidor não contribui ativamente para o seu aparecimento da crise de solvência e de liquidez e, o superendividamento ativo, quando o consumidor abusa do crédito e consome demasiadamente acima das possibilidades de seu orçamento (MARQUES, 2010, p. 22).

Diante disso, se posiciona a autora, que o superendividamento não é sinônimo de pobreza, mas sim o excesso de dívidas creditícias não profissionais ou de consumo. As soluções vão desde o controle da publicidade, do direito de arrependimento expresso na norma sem prejuízo ao hipossuficiente, a cooperação e lealdade oriunda da boa-fé para evitar a ruína do parceiro comercial e consequentemente a sua morte civil (MARQUES, 2010, p. 22).

O endividamento dos consumidores tem como corolário a liberdade do consumidor. Isso acontece devido a facilidade no acesso ao crédito que deveria ser de forma responsável a evitar a ruína e o endividamento dos consumidores de boa- fé, ainda que o consumo é igualdade e inclusão social, pois o cidadão

economicamente ativo é aproveitador das benesses do mercado liberal e globalizado como agente ativo e consumidor (MARQUES, 2010, p. 25).

O código de defesa do consumidor nasceu com vário propósitos, tais como; promover a proteção dos consumidores, igualar em matéria de qualidade e lealdade, e incluir o cidadão na sociedade de consumo aumentado o acesso aos produtos e serviços, trazer mais segurança ao mercado, bem como resolver os conflitos gerados dessa relação (MARQUES, 2010, p. 25).

A importância do assunto superendividamento dos consumidores pessoa física, tem um ângulo que a sociedade não conhece, que é o efetivo combate a usura no sistema financeiro e a não falência da pessoa física. Agora que o Código de Defesa do Consumidor completa 26 anos de promulgação, parece ser o momento de aprovar um Projeto de Lei como medida de um grande avanço a fim de evitar o descontrole nas sociedades de consumo (MARQUES, 2010, p. 26).

Para entender, o superendividamento é uma crise do consumidor de boa-fé com reflexos em seu grupo familiar que resulta sua exclusão do mercado de consumo. E para prevenir tal efeito negativo na sociedade o melhor remédio é o acesso responsável ao crédito. Uma das razões associadas ao superendividamento, é a massificação do acesso a crédito, a impossibilidade de conseguir um novo emprego, a publicidade agressiva sobre crédito nas ruas combinada com os meios de comunicação. Com crédito ilimitado no tempo e nos valores inclusive com desconto em folha de pagamento até dos aposentados agrava o quadro dos endividados (MARQUES, 2010, p. 26).

Para prevenir o superendividamento, os países desenvolvidos e industrializados, como os Estados Unidos da América, o Canadá, a França, a Inglaterra, a Alemanha, a Bélgica, Luxemburgo e outros, criaram uma espécie de inovação legislativa, muitas soluções advindas de jurisprudência e por analogia com tratamento amigável ou administrativo de renegociação e parcelamento para consumidores pessoas física permitindo evitar a situação do superendividamento dos consumidores (MARQUES, 2010, p. 26).

O projeto de lei traz uma exposição de motivos constitucionais e inicia listando princípios (art. 6°) e os "direitos do consumidor superendividado de boa-fé (art. 8°) e esclarecendo tratar-se de uma lei de ordem pública (art. 2°), isto é, que deve ser usada ex-offício pelo julgador (em contrário, a atual Súmula 381 do. STD. Mesmo que o consumidor atue sem advogado ou que seu advogado não requeira exatamente um direito dessa lei Essa lei nova seria complementar ao CDC não revogando nenhum artigo do Código, mas sim especificando os direitos do consumidor (MARQUES, 2010, p. 27).

Efetivamente, o Código de Defesa do Consumidor foi tímido e previu apenas o art. 52 sobre informações obrigatórias ao consumidor de crédito. Daí o Anteprojeto de Lei trazer um artigo sobre o diálogo das fontes (uso da lei mais favorável ao consumidor) semelhante ao art. 7." do CDC: assim, sempre que outra lei (CC/2002 ou outra lei) assegurar um direito mais forte ao consumidor endividado, esta lei mais favorável terá prevalência (art. 7." do Anteprojeto de Lei) (MARQUES, 2010, p. 28).

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acréscimos legalmente previstos;IV - número e periodicidade das prestações;V - soma total a pagar, com e sem financiamento[...].

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

O maior instrumento de prevenção do superendividamento dos consumidores é a informação, que combate o que o Anteprojeto chama de promoção do endividamento. Informação detalhada ao consumidor é um dever de boa-fé, dever de informar os elementos principais e mesmo dever de esclarecer sobre os riscos do crédito e o comprometimento futuro de sua renda (MARQUES, 2010, p. 28).

Reforçando a ideia de que seria abusiva a publicidade de crédito que explore a situação de necessidade, inexperiência, estado mental, fraqueza ou ignorância do consumidor tendo em vista a sua idade, a saúde, e a condição social capar de induzir o consumidor a contrair créditos de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde patrimonial e de crédito, mas para prevenir de forma eficaz o superendividamento, uma das formas seria efetivar os contratos de forma escrita cuja cópia nas mãos do consumidor se explicitaria de forma clara as taxas e e periodicidade das prestações (MARQUES, 2010, p. 29).

Com o projeto de lei vai-se prevenir o superendividamento e incluir uma sanção ao fornecedor que descumprir as regras sobre a publicidade, o dever de conselho, a informação, a oferta prévia e a concessão responsável de crédito, poderá, a critério do julgador, e conforme a gravidade do descumprimento perder o todo ou a parte do direito aos juros de forma deliberada pelo magistrado. Outra sanção necessária seria a inversão do ônus da prova em matéria de contratos de crédito, assim competiria ao fornecedor de crédito fazer prova do cumprimento de suas obrigações e a negativa deste de apresentar o contrato de crédito presumiria o descumprimento dos deveres previstos na lei (MARQUES, 2010, p. 31).

O projeto de lei poderia autorizar expressamente a criação de um fundo de prevenção do superendividamento, que poderia inclusive ajudar o Judiciário a realizar o tratamento nos casos crônicos de superendividamento, permitindo a negociação de dívidas, respeitando o percentual necessário o mínimo familiar existencial (MARQUES, 2010, p. 31).

Analisando o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contratos de crédito de consumo, se faz essencial a presença judicial para sua eficácia a fim de manter a norma mais favorável ao consumidor, de forma a repactuar juros de forma acessível dando ao consumidor a possibilidade de manter o mínimo existencial. Diante da eficácia temporal da dívida, a nova norma deve agir diante do consumidor de boa-fé, ensejando soluções administrativas e um plano de pagamento para o consumidor antes de passar pela fase judicial (MARQUES, 2010, p. 35).

A nova lei brasileira traria, além da parte de prevenção e tratamento, procedimentos para restruturação do passivo do consumidor superendividado como pessoa física de boa-fé, num plano de acordo consensual com os credores ou no plano judicial de pagamento. Na futura lei o procedimento seria proposto perante o Poder Judiciário Estadual, após o preenchimento de formulário-petição que estaria a disposição dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do consumidor (MARQUES, 2010, p. 37).

No caso de o consumidor ter dificuldades de fornecer os dados relativos aos créditos o juiz poderá requisitar informação no banco de dados para ser utilizado como parâmetro de outras futuras incursões na aquisição de crédito. Esse procedimento tem como objetivo colocar em igualdade o consumidor e o fornecedor para que não haja má-fé nos contratos por ambas as partes a partir de cientificar as condições dos contratantes (MARQUES, 2010, p. 37).

Assim como na fase conciliatória, dentro desse plano piloto, a audiência de conciliação deveria ser conduzida por juiz de direito ou por conciliador selecionado preferencialmente entre os bacharéis em direito, nomeado e orientado por esse juiz. Diante das partes abre-se a audiência esclarecendo sobre as vantagens da conciliação e os objetivos da lei que analisará o ativo e o passivo do devedor propondo planos de pagamento de acordo com o orçamento do devedor a fim de promover a pacificação social e o diálogo entre as partes (MARQUES, 2010, p. 38).

Diante disso, sugerindo as medidas de conciliação pertinentes e acordados as partes, se resolveria com a aprovação do plano e a eficácia saneadora da situação patrimonial ou do superendividamento do devedor, e sua restruturação econômica a fim de retornar a manutenção de sua família tendo a suspensão e ou a extinção de todas as medidas desfavoráveis ao consumidor (MARQUES, 2010, p. 38).

Diante do exposto, Marques (2010, p. 41), num comparativo do art. 6º do código de defesa do consumidor e da nova lei, os direitos do consumidor seriam:

I - receber informações e aconselhamento em relação à adequação do crédito pretendido e do crédito anexo ao contrato principal de

consumo; assim como ter acesso prévio à cópia dos contratos e, a qualquer momento, à cópia escrita dos contratos de consumo, em especial os envolvendo crédito;

II - receber uma oferta escrita, na qual deverão constar a identidade partes, o montante do credito, a natureza, o objeto, a modalidade do contrato, o número de prestações, a taxa de juros anual e o custo total do crédito. A oferta deverá permitir uma reflexão sobre a necessidade do crédito e a comparação com outras ofertas no mercado;

III - arrepender-se nos contratos de crédito ao consumo, na forma desta lei, em período determinado, possibilitando-lhe desistir do contrato o sem necessidade de justificar o motivo e sem qualquer ônus -prevenir o superendividamento;

IV - ser protegido contra toda publicidade abusiva e enganosa, em especial aquela que oculte, de alguma forma, os riscos e os ônus da -contratação do crédito, ou que faça alusão a "crédito gratuito"; V- ser protegido contra a concessão irresponsável de crédito, o marketing agressivo e o tratamento irresponsável dos dados do consumidor;

VI - ter facilitada a renegociação global de suas dívidas, em especial das parcelas mensais a pagar e dos contratos de crédito, para ter preservado o seu mínimo existencial;

VII - encaminhar pedido de reestruturação de seu passivo global, em caso de inexitosa fase conciliatória com um ou mais de seus credores;

VIII- receber estas e outras ações e políticas de prevenção e trata- situação de superendividamento, de educação para o consumo consciente, de educação financeira e de organização do orçamento- familiar. [...] do projeto de lei 283/2012.

Com essa norma empreendedora permitindo o arrependimento nos contratos de crédito de consumo a eficácia nas relações consumeristas tem como escopo a construção de uma sociedade mais consciente de suas responsabilidades na solução dos conflitos para uma reestruturação

3.2 Possíveis soluções ao consumidor a partir da aplicação do Projeto de Lei

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