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4 O MUSEU AO AR LIVRE PRINCESA ISABEL E AS

4.2 OS CONCEITOS DE MUSEU E O MALPI

No primeiro capítulo deste estudo apresentei de forma geral o conceito de museu na contemporaneidade. Os museus são espaços de memória que conduzem à reflexão, às lembranças, ressignificam situações vividas, provocam emoções. É um lugar onde guardamos coisas que não usamos mais, mas que mostra criatividade para a resolução de problemas de uma determinada época. Para Varine (2000), “os museus são processos” que contribuem para criar uma realidade menos reprimida. Encontramos nesses espaços de memória a “cultura material que pode ser comunicada e interpretada” (BREFE, 1998, p. 286). Os saberes e fazeres que são comunicados e interpretados nestes lugares, fazem parte da memória coletiva e individual e representam a heterogeneidade dos povos.

Veremos aqui o que falaram os professores e professoras sobre o conceito de museu que compreende a terceira categoria deste estudo. “Um lugar bem organizado e bem receptivo, “que resgata” [grifo meu] bem a história e a imigração da cultura italiana no Brasil. Um “verdadeiro resgate” [grifo meu] da cultura e identidade italiana”. (Professor A).

“Um lugar onde preserva a memória de um lugar, cidade, enfim onde se guarda histórias”. (Professora B).

“Um lugar riquíssimo em cultura do município”. (Professora C). “Algo de grande valor cultural, onde podemos “vivenciar a história” [grifo meu] de nosso país”. (Professora D).

“Um lugar onde ficam conservados [grifo meu] objetos, incutindo neles a História de um povo”. (Professora E).

A pergunta era: Como você define “museu”? Talvez por ter sido feita em forma de questionário fechado, alguns professores misturaram o entendimento de museu enquanto instituição geral e o que percebiam do Malpi. Por exemplo, o Professor A que afirma ser “um lugar bem organizado e bem receptivo” e que “resgata bem a história e a cultura italiana”.

Nesse questionamento, os professores mostraram reconhecer os museus como lugares importantes para a preservação da cultura. Observa- se na escrita certa admiração por esses espaços quando dizem: “lugar bem organizado”, “lugar riquíssimo”, “algo de grande valor”. No entanto, talvez por falta de discussão teórica, ainda pensam que museu “conserva” o passado, resgata a cultura e faz “vivenciar a história”. Guardar, cuidar, não significa conservar, pois quando se conserva algo se congela e mesmo artefatos, objetos, prédios estão sujeitos ao tempo, precisam ser preservados, mas não se pode congelá-los, pois a cada olhar interpretações diversas se apresenta. Assim, é impossível resgatar a cultura ou a história, mesmo diante de evocadores de memórias, pois o passado é sempre visto pelo olhar do presente. A história, então, não é revivida, mas refeita. “Uma vez que o passado não mais existe, nenhum relato pode ser comparado a ele, mas apenas a outros relatos do passado [...]. A narrativa histórica não é um retrato do que aconteceu, mas uma história sobre o que aconteceu (LOWENTHAL, 1998, p. 111). Lowenthal (1998, p. 103) também lembra que “a função da memória, não é preservar o passado, mas sim adaptá-lo a fim de enriquecer e manipular o presente”. Portanto, as lembranças e memórias não podem ser resgatadas, nem conservadas, elas não permanecem intactas, nem o passado pode ser revivido, o próprio nome diz, passado é porque já passou.

Nesse sentido, a professora B apresentou um conceito que vai ao encontro das reflexões atuais, para ela: “um lugar onde preserva a memória de um lugar, cidade, enfim onde se guarda histórias”.

A junção da teoria com o concreto torna o assunto a ser trabalhado mais atraente e significativo. Os museus têm esse potencial são um campo de possibilidades que leva o ensino de História e de outras áreas a terem mais sentido, mais relevância. Estudar a historicidade dos objetos pressupõe conhecer mais sobre a história dos povos. Julião (2015, p. 88) argumenta que o museu transforma os objetos em símbolos, e “confere a eles novos significados”. São lugares que guardam não apenas objetos utilizados pelos antepassados, mas também a cultura, as lembranças, a história de um povo, registros materiais que refletem a forma de vida de um grupo social.

As escolas ainda buscam os espaços museológicos de forma esporádica, usando esses lugares para comprovar, ilustrar ou complementar aspectos envolvidos com os conteúdos trabalhados em sala de aula. Os museus, por sua vez, precisam mostrar, por meio de programas próprios, que, além de serem espaços de complementação, são espaços que podem promover a educação, o conhecimento e o aprendizado, por serem lugar de pesquisas, de relação, de diálogo e reflexão.

Antes de passar para outra questão, que se refere ao planejamento, objetivos e conteúdos trabalhados na visita, listo as atividades que o Malpi oferece atualmente às escolas e grupos que visitam seu espaço.

4.2.1 O que o Malpi oferece às escolas atualmente

O Museu ao Ar Livre Princesa Isabel atualmente realiza visitas guiadas que são agendadas com antecedência. A entrada no Museu custa R$ 3,00 por estudante. O guia faz a apresentação do Museu no início da visita e passa orientações sobre cuidados que todos devem ter ao se aproximarem das máquinas. A visita acontece seguindo um roteiro, passando por todas as unidades, e em cada uma delas é feita uma explicação falando da função daquele espaço. Ao encerrar o roteiro, os visitantes fazem o passeio de balsa orientados e acompanhados pelo guia. Em seguida, as crianças fazem o lanche e se encerra a visitação.

No mês de abril, há vários anos o Malpi oferece uma programação voltada à cultura indígena. Desenvolve atividades como palestras, exposições, interações e oficinas, durante três a cinco dias para estudantes

dos ensinos Infantil, Fundamental, Médio e Superior. As atividades são realizadas com escolas que agendam para participar naquele período. A programação é divulgada de forma impressa e virtual para todas as escolas da região.

Outra atividade que o Malpi tem desenvolvido anualmente é no mês de maio, quando se comemora a “Semana dos Museus” e, em setembro, a “Primavera de Museus”, ambas as comemorações são sugeridas pelo IPHAN em todos os anos, instituindo um tema específico para cada evento. Nesses períodos também acontecem as visitas guiadas, mas são oferecidas de forma gratuita e por meio de agendamento.

Anexo ao Malpi está localizado o Campus Universitário, alguns cursos superiores citam o espaço em seus projetos pedagógicos, como o laboratório de estudos e pesquisa. As atividades planejadas pelos docentes da graduação junto ao pessoal do Malpi acontecem no espaço do Museu quando o (a) professor (a) insere em seu plano de ensino um tema relacionado ao acervo/temática da Instituição. A atividade é acompanhada e direcionada pelo (a) professor (a) responsável pela disciplina e também por guias do museu, que as planejam com antecedência de acordo com o cronograma estabelecido na disciplina. Exemplos de atividades: visitas noturnas à luz de lamparina, visitas de observação, pesquisas no Centro de Documentação Histórica, encenações seguidas de debates a respeito do tema abordado, dentre outras.

Quando os professores agendam suas visitas, sabem que no Malpi encontrarão uma programação educativa, como então, será que o grupo que participou do estudo planejou a ida ao Museu?

4.3 ANTES DA VISITA: O PLANEJAMENTO DO ESTUDO, SEUS