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Os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA)

6. Políticas de educação de adultos em Portugal 21

6.2. Os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA)

Como já tivemos oportunidade de referir, os Cursos EFA surgem em Portugal num contexto em que as qualificações e as competências são cada vez mais reconhecidas como sendo decisivas, seja do ponto de vista dos indivíduos, seja do ponto de vista das organizações ou, sobretudo, das possibilidades reais de desenvolvimento dos países.

De acordo com Leitão (2003, p.8), os cursos EFA de dupla certificação pretendem atingir os seguintes objetivos:

• Proporcionar uma oferta integrada de educação e formação destinada a públicos adultos maiores de 18 anos, pouco qualificados.

• Contribuir para a redução do défice de qualificação escolar e profissional da população portuguesa, potenciando as suas condições de empregabilidade.

• Promover a construção de uma rede local de Educação e Formação de Adultos. • Constituir-se como um campo de aplicação de um modelo inovador de educação e formação de adultos, nomeadamente de dispositivos como:

ü o referencial de competências-chave para a Educação e Formação de Adultos;

ü o Processo de Reconhecimento e Validação de Competências adquiridas em situações não formais e informais de aprendizagem;

ü os Percursos de Formação personalizados, modulares, flexíveis e integrados.

Com base nesta definição geral, têm prioridade os adultos que se encontrem em situação de desemprego e que estejam inscritos nos Centros de Emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP); os adultos que sejam indicados por outras entidades, como por exemplo pela Instituto da Segurança Social, e ativos empregados, que sejam detentores de baixa escolarização e qualificação profissional.

Estes cursos podem ser de iniciativa de diferentes entidades promotoras e formadoras. Estas entidades podem ser autarquias, empresas, sindicatos, associações de âmbito cultural, empresarial, municipal e de desenvolvimento local, ou estabelecimentos de ensino, instituições particulares de solidariedade social e centros de formação profissional, desde que preencham os requisitos e sejam acreditadas pelo Instituto para a Inovação na Formação (INOFOR), atual Instituto para a Qualidade da Formação (IQF).

O desenvolvimento dos cursos EFA acontece mediante o parecer favorável da ANQ, dispondo de orçamento próprio ou de apoio financeiro do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH), ou ainda de outros fundos nacionais ou comunitários.

O modelo de formação dos cursos EFA assenta em quatro princípios fundamentais, sendo eles:

1. A operacionalização de um processo de Reconhecimento e Validação de Competências (RVC) previamente adquiridas, formal ou informalmente pelos adultos, em diversos contextos e ao longo da vida.

2. Num modelo de formação organizado em módulos de competências, permitindo a construção de percursos formativos abertos e flexíveis que se adequem às necessidades e características de cada grupo.

3. Na combinação da formação de base e da formação profissionalizante, estruturadas de modo articulado, em termos de competências-chave a adquirir, visando a certificação escolar e profissional.

4. A inclusão de um módulo Aprender com Autonomia (nível Básico) ou Portefólio Reflexivo das Aprendizagens (nível Secundário), definido como espaço específico destinado a uma pedagogia baseada na autoformação e na reflexão constante sobre a ação, permitindo aos adultos manter uma participação ativa na definição dos seus projetos pessoais e profissionais, assim como, na construção do seu percurso formativo. (Leitão, 2003, p.13).

Os percurso de formação dos cursos EFA são definidos após um diagnóstico inicial avaliativo das competências do adulto, efetuado pela entidade promotora dos cursos EFA,

  29   ou seja, todo o processo começa pelo reconhecimento e validação das competências que o adulto foi adquirindo ao longo da vida, permitindo-lhe refletir sobre o seu percurso passado, fazendo um balanço sobre o seu trajeto social, profissional, económico e até mesmo familiar.

O percurso formativo será delineado após a identificação das competências previamente adquiridas pelos formandos, mediante a análise da experiência pessoal e profissional que possuem, assim como dos diversos contextos em que se inserem. Todo o percurso formativo se processa em torno de duas grandes componentes:

1. A formação de base é organizada a partir de temas de vida, nas áreas correspondentes ao Referencial de Competências-Chave, nomeadamente: Linguagem e Comunicação (LC), Matemática para a Vida (MV), Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), Cidadania e Empregabilidade (CE), no que respeita ao nível básico, sendo ainda proposta ao adulto a aprendizagem de uma Língua Estrangeira. No nível secundário, as áreas-chave abordadas são Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC), Cultura, Língua e Comunicação (CLC) e Cidadania e Profissionalidade (CP), sendo igualmente facultada a aprendizagem de uma Língua Estrangeira. Ambos os níveis estão organizados em Unidades de Competência (cada uma com a duração de 50 horas).

2. Formação Tecnológica, em áreas profissionais definidas de acordo com o grupo a que se destinam, sendo orientadas de acordo com os referenciais de qualificação que integram o Catálogo Nacional de Qualificações, estando estruturada em Unidades de Formação de Curta Duração (entre 25 e 50 horas).

Quadro 9 – Organização Modular dos Cursos EFA de nível Básico e de nível Secundário

Fonte:ANQ (cursos  EFA,  linhas  de  orientação,  2008)

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reflectir sobre o seu percurso passado, e fazer um balanço sobre o seu trajecto social,

profissional, económico e até mesmo familiar.

Neste sentido, o plano curricular de cada curso deverá ser constituído após a

identificação das competências previamente adquirida pelos formandos, da experiência

pessoal e profissional que possuem, assim como dos diversos contextos em que se

inserem. Todo o percurso formativo se processa em torno de duas componentes:

1. A formação de Base, organizado a partir de temas de vida, nas áreas

correspondentes ao Referencial de Competências-Chave, nomeadamente:

Linguagem e Comunicação (LC), Matemática para a Vida (MV), Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC), Cidadania e Empregabilidade (CE) no Nível

Básico. No ensino Secundário, as áreas abordadas são Sociedade, Tecnologia e

Ciência (STC), Cultura, Língua e Comunicação (CLC) e Cidadania e

Profissionalidade (CP). Em ambos os níveis estão organizadas em Unidades de

Competências.

2. Formação Tecnológica, em áreas profissionais definidas de acordo com o grupo

a que se destinam, sendo orientadas de acordo com os referenciais de

qualificações que integram o Catálogo Nacional de Qualificações, estando

estruturada em Unidades de Formação de Curta Duração.

Figura 1 ± Organização Modular dos Cursos EFA de nível Básico e de nível Secundário5

Após os resultados obtidos com o processo de Reconhecimento e Validação de

Competências, e atendendo aos mesmos, irá proceder-se à definição da situação de

partida relativamente ao Referencial de Competências-Chave, calculando o número de

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Após os resultados obtidos com o processo de RVCC, irá proceder-se à definição da situação de partida relativamente ao Referencial de Competências-Chave, tendo em conta o desenho curricular dos cursos EFA.

Quadro 10 – Desenho Curricular dos Cursos de Educação e Formação de Adultos de nível Básico

Percurso Formativo

Condições mínimas de acesso

Componentes da Formação total

Aprender com Autonomia Formação de Base (a) Formação Tecnológica(a) Nível 1 de Formação Básico 1 <1º ciclo do ensino básico 40 400 350 790 Básico 2 1º ciclo do ensino básico 40 450 (b) 350 840 Básico 1+2 <1º ciclo do ensino básico 40 850 (b) 350 1240 Nível 2 de Formação Básico 3 2º ciclo do ensino básico 40 900 (b) 1000 (c) 1940 Básico 2+3 1º ciclo do ensino básico 40 1350 (b) 1000 (c) 2390   Legenda::

(a) A Duração mínima da formação de base bem como da tecnologia é de 100 horas

(b) Inclusão obrigatória de uma língua estrangeira com carga horária máxima de 50 horas para o nível 1 e de 100 horas para o nível 2.

(c) Inclui, obrigatoriamente, pelo menos 120 horas de formação prática em contexto de trabalho.

Fonte: www.anq.gov.pt, / (cursos EFA, linhas de orientação, 2008)

O módulo Aprender com Autonomia, com um total de 40 horas, orientado pelo mediador – o formador que acompanha todo o percurso formativo do adulto –, dá início à formação de base, e encontra-se organizado em três unidades de competência: Consolidar a Integração no Grupo, Trabalhar em equipa, Aprender a Aprender. Estas três unidades de competência estão centradas, essencialmente, no recurso a metodologias capazes de proporcionar aos formandos técnicas e instrumentos de autoformação, bem como o desenvolvimento de hábitos de trabalho em grupo (Canelas, 2008).

Os cursos EFA de nível secundário de dupla certificação compreendem uma componente de formação base e uma componente de formação tecnológica, e podem desenvolver-se segundo três tipos de formação, de acordo com o nível de escolaridade dos adultos no início da formação, como podemos verificar no quadro 11.

Quadro 11 – Desenho Curricular dos Cursos de Educação e Formação de Adultos de nível Secundário Percurso Formativo Condições mínimas de acesso

Componentes da Formação total

Formação de Base (a) Formação Tecnológica (a) Formação Prática em Contexto de Trabalho (b) Portfólio Reflexivo das Aprendizagens S3 – Tipo A 9ª ano 550 1200 210 85 2045 S3 – Tipo B 10ª ano 200 (b) 1200 210 70 1680 S3 – Tipo C 11ª ano 100 (b) 1200 210 65 1575 Legenda:

(a) A duração mínima da formação de base bem como da tecnológica é de 100 horas.

(b) As 210 horas de formação prática em contexto de trabalho são obrigatórias para as situações em que os adultos estejam a frequentar um curso de nível secundário e nível 3 de formação que não exerçam atividades correspondentes à saída profissional do curso frequentado ou um atividade profissional numa área afim

Fonte: www.anq.gov.pt, cursos EFA, linhas de orientação, 2008

De salientar, ainda, que o percurso formativo, bem como o número de horas de formação dependerá do ano de escolaridade alcançado pelo adulto.

A Formação Prática em Contexto de Trabalho assume um carácter obrigatório para os adultos que não exerçam qualquer atividade correspondente às saídas profissionais do curso frequentado ou uma atividade profissional numa área afim.

Os cursos de nível secundário, em vez do módulo Aprender com Autonomia, integram uma área de Portefólio Reflexivo das Aprendizagens (PRA).  

O ser humano aprende ao longo de toda a sua vida, quer em termos profissionais, quer em termos pessoais, no entanto, essas experiências só se transformam em competências se forem compreendidas e refletidas. O PRA é uma coleção planeada e organizada dos trabalhos, experiências e aprendizagens significativas que o adulto foi adquirindo, que permite ilustrar os seus progressos e os resultados que alcançou em diferentes áreas. A articulação entre as áreas de competências (articulação horizontal) é um dos aspetos sublinhados no referencial, como podemos observar no quadro seguinte.

Quadro 12 - Desenho Curricular dos Cursos EFA de nível Básico e Secundário

Nível Básico Nível Secundário

Fonte: www.anq.gov.pt, 2008, cursos EFA, linhas de orientação,(composição adaptado)

Em conformidade com o exposto, e em jeito de síntese, podemos concluir que a educação e formação de adultos assume contornos particulares, em virtude do atual contexto em que nos movemos e inserimos. Como tivemos oportunidade de verificar, o abandono escolar precoce, a conclusão do ensino secundário, bem como a aquisição de competências básicas revelam-se, ainda, dimensões problemáticas do nosso país, em virtude de Portugal não apresentar ainda progressos suficientes neste campo, tal como exigido pelos quadros de referência europeus. A somar a isto, constata-se, também, que as baixas qualificações se encontram fortemente correlacionadas com a exclusão, verificando- se que as taxas de desemprego são muito maiores nos ativos com escolaridade até ao nível básico.

 

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

1. Problemática e questões orientadoras da investigação