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OS DIREITOS HUMANOS NA EDUCAÇÃO

3 A APLICABILIDADE DA DUDH NO BRASIL

3.2 OS DIREITOS HUMANOS NA EDUCAÇÃO

A DUDH, na sua apresentação, diz que a Assembleia Geral solicitou a todos os países-membros que publicassem o texto da declaração para que fosse divulgado, mostrado, lido e explicado, principalmente nas escolas e em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma baseada na situação política ou econômica dos países ou estados. (DUDH, 1948, grifo nosso). Depois, no preâmbulo, aparece o objetivo, de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente a declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades [...] (DUDH, 1948, grifo nosso)

Fernandes e Paludeto lembram que, após a CF/88:

houve em 1989 a ratificação da Convenção de Haia, dos Direitos da Criança e dos Adolescentes e, em 1990, foi aprovado o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n. 9.394/1996). O ECA (Lei n. 8.069 de julho de 1990), em suas disposições preliminares, afirma que esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. (2010, p. 236)

Assegurar o acesso à educação, para Fernandes e Paludeto, significa:

não só o acesso e permanência, mas a qualidade de ensino, estruturas escolares adequadas, condições básicas de trabalho aos profissionais da escola, enfim, sair do texto e se direcionar para o contexto. Sendo assim, o acesso e permanência se configuram como sendo uma das discussões que permeiam os direitos humanos voltados à educação. (2010, p. 238)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) estabelecem as diretrizes a serem seguidas pelas escolas públicas, quais devem ser os temas e assuntos tratados em cada ano letivo; Os PCN, em sua introdução, ressaltam a importância da conquista da cidadania, conhecendo e exercendo direitos civis, sociais, políticos e econômicos.

Outro ponto importante, é o Plano Nacional de Educação (PNE), que determina as diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos próximos dez anos. Através desse projeto, surgiu o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), em 2006. Os objetivos gerais do PNEDH são os seguintes (BRASIL, 2006):

a) destacar o papel estratégico da educação em direitos humanos para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito;

b) enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de uma sociedade justa, equitativa e democrática;

c) encorajar o desenvolvimento de ações de educação em direitos humanos pelo poder público e a sociedade civil por meio de ações conjuntas;

d) contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais e nacionais com a educação em direitos humanos;

e) estimular a cooperação nacional e internacional na implementação de ações de educação em direitos humanos;

f) propor a transversalidade da educação em direitos humanos nas políticas públicas, estimulando o desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações previstas no PNEDH nos mais diversos setores (educação, saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e lazer, dentre outros); g) avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos

(PNDH) no que se refere às questões da educação em direitos humanos; cultura de direitos humanos;

i) estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a elaboração de programas e projetos na área da educação em direitos humanos;

j) estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para a educação em direitos humanos;

k) incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e organizações nacionais, estaduais e municipais na perspectiva da educação em direitos humanos;

l) balizar a elaboração, implementação, monitoramento, avaliação e atualização dos Planos de Educação em Direitos Humanos dos estados e municípios;

m) incentivar formas de acesso às ações de educação em direitos humanos a pessoas com deficiência.

Conforme as autoras Fernandes e Paludeto (2010) afirmaram, é preciso sair do texto e se direcionar para o contexto, ou seja, as propostas e orientações para inserir a educação em direitos humanos existem, agora basta colocá-las em prática. Tem de se levar em conta todo o contexto, talvez inserir o conhecimento sobre direitos humanos já na formação inicial do professor ou até mesmo na educação continuada. Depois, elaborar propostas para a educação em direitos humanos funcionar na prática, dentro das salas de aula.

Além disso, existem algumas medidas como a Lei nº 9.394/96 que dispõe no artigo 26-A: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. E a lei nº 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Índigena. (Brasil, Ministério da Educação, 2018)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Incialmente, buscamos entender o que são e para quem servem os direitos humanos, realizando leituras e revisando literaturas referentes a este tema, para obter um conhecimento prévio e posteriormente aprofundar-se nos aspectos desses direitos no Brasil.

Posteriormente, elencamos alguns problemas existentes no país, tendo em vista uma legislação que protege os direitos humanos, mas que apresenta certa dificuldade na prática. Relembramos períodos como a escravidão e o regime militar, que foram tempos onde os direitos humanos foram violados.

Através desse contexto podemos identificar a necessidade do conhecimento sobre os direitos humanos, a importância de entendê-los em sua totalidade para finalmente poder assegurá-los. Observando que a educação começa no ambiente familiar, daí a importância de um conhecimento básico acerca desses direitos, em todas as faixas etárias e em todas as escolas.

No âmbito escolar, tendo em vista a formação do intelecto dos educandos, observa-se extremamente importante um prévio conhecimento acerca de seu país e suas leis, para que possam tornar-se seres humanos críticos, conscientes de seus direitos e deveres, preparados para a vida adulta, capazes de uma reflexão mínima de política, preparando-se também para fazer suas escolhas de forma consciente.

Uma sugestão para essa proposta seria trabalhar os direitos humanos na disciplina de história, ressaltando esses direitos e relacionando-os com a Constituição Federal de 1988. Poderia ainda ser incluído nesse estudo o funcionamento da sociedade, suas classes sociais e relações que estabelecem, buscando formas de colocar os direitos humanos na prática e propostas para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ZARTH, Paulo Afonso; GERHARDT, Marcos; TRENNEPOHL, Vera (Org.). História

ANEXOS

ANEXO A – O CILINDRO DE CIRO

Em 539 a.C., Ciro, conhecido como primeiro rei da antiga Pérsia, provocou algumas ações que marcaram um avanço muito importante para o homem. Libertou vários escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião e estabeleceu a igualdade racial. Estes e outros decretos foram registrados num cilindro de argila na língua acádica com a escritura cuneiforme. Conhecido como Cilindro de Ciro, este registro antigo foi agora reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos no mundo. Está traduzido nas seis línguas oficiais das Nações Unidas e as suas estipulações são análogas aos quatro primeiros artigos da DUDH.

ANEXO B – SETE SÍMBOLOS NA LUTA PELOS DIREITOS HUMANOS

1 – Mahatma Gandhi

“Olho por olho e o mundo acabará cego”

Mohandas Karamchand Gandhi (1869 – 1948) foi um líder pacifista indiano e lutou pela independência da Índia. Gandhi também ficou conhecido por sua política de desobediência civil, seu projeto de não-violência e o uso de jejum como protesto. Seu nome, Mahatma, em sânscrito, significa “grande alma”. Apesar de ter sido indicado cinco vezes ao Nobel da Paz entre 1937 e 1948, Gandhi nunca recebeu o prêmio.

2 – Eleanor Roosevelt

“Não basta falar de paz. É preciso acreditar nela. E não basta acreditar nela. É preciso trabalhar por ela”

Anna Eleanor Roosevelt (1884-1962) foi a primeira-dama dos Estados Unidos entre os anos de 1933 e 1945. Eleanor ficou conhecida como uma grande defensora dos direitos humanos e pelo seu esforço em prol da melhoria da situação das mulheres trabalhadoras.

Na década de 1940, ela apoiou a criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante o seu tempo na ONU, Eleanor presidiu a comissão que elaborou e aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

3 – Nelson Mandela

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”

Nelson Rolihlahla Mandela (1918 – 2013) foi um líder político da África do Sul, que lutou contra o sistema de apartheid no país. O apartheid (“vida separada” em tradução livre) foi um regime de segregação racial na África do Sul no qual os brancos controlavam o poder e obrigavam os povos negros a viverem sem diversos direitos políticos, econômicos e sociais.

Mandela ficou preso entre 1964 e 1990. Após sua libertação em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu esforço em acabar com a segregação racial na África do Sul, e em 1994 ele se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul.

4 – Martin Luther King Jr.

“Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter”

Martin Luther King Jr. (1929 – 1968) foi um líder e ativista dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, lutando pela lei de Direitos Civis, que proibiu a discriminação racial nos EUA. Em 1964, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial por meio da não-violência.

5 – Zilda Arns

“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, cada um é uma célula de transformação do país”

Zilda Arns Neumann (1934 – 2010) foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira. Em 1983, ela fundou a Pastoral da Criança, um programa de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A iniciativa começou na pequena cidade de Florestópolis, no Paraná, e tinha como objetivo ajudar famílias pobres e evitar a mortalidade infantil com a disseminação do uso do soro caseiro.

Após 25 anos, o programa alcançou 72% do território brasileiro, além de se expandir em 20 países na América Latina, Ásia e África. Em 2006, Arns foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

6 – Kailash Satyarthi

“Foi duro, para mim, perceber que algumas pessoas nasciam para trabalhar e outras tinham direito de estudar”

Kailash Satyarthi (1954 – ) é um ativista indiano que luta pelo direitos das crianças. Nos anos 80, Satyarthi criou a organização Bachpan Bachao Andolan (BBA), que desde 2001 já libertou mais de 80 mil crianças de diversas formas de escravidão e as ajudou na reintegração, reabilitação e educação. Em 2014, o ativista ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela sua determinação contra o trabalho e a exploração infantil e juvenil, e por lutar pelo direito de todas as crianças à educação.

7 – Malala Yousafzai

“Vamos travar uma gloriosa luta contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Vamos pegar nossos livros e nossas canetas, pois são as armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. ”

Malala Yousafzai (1997 – ) é uma ativista paquistanesa. A jovem se tornou conhecida por lutar pelo direito das meninas de acesso à educação no nordeste do Paquistão, região dominada pelo Regime Talibã. Em outubro de 2012, enquanto voltava da escola, Malala foi vítima de um ataque e foi baleada na cabeça.

Nove meses após o ocorrido, ela afirmou que não seria silenciada por terroristas e pediu mais esforços globais para permitir que as crianças tenham acesso à educação. Seu engajamento fez com que ela se tornasse, aos 17 anos, a pessoa mais jovem a ganhar o Nobel da Paz, em 2014.

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