• Nenhum resultado encontrado

5 A CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO

5.2 Os direitos reais

Os direitos reais ou os direitos das coisas possui uma delimitação árdua, visto sua abrangência. De maneira geral, o direito das coisas se configura como um conjunto de regras, estipuladas de modo obrigatório, que regulam os direitos que o indivíduo possui sobre seus móveis, imóveis ou bens corpóreos. Esses direitos reais acontecem por imposição legislativa.

ele aparece em duas diferentes classificações: jus in re própria e a jus in re alínea. No primeiro caso, é o direito que se resume na propriedade e no segundo caso, é o direito real exercido sobre a coisa alheia.

De acordo com Costa (1999):

A) Direitos reais na coisa própria: I – domínio pleno ou plena in re potestas ou síntese de todos os direitos reais; II – domínio direto, nua propriedade, propriedade limitada, gravada ou onerada: substância jurídica da propriedade esvaziada do conteúdo econômico ou limitada por um ônus ou gravame. B) Direitos reais na coisa alheia: I – de gozo ou fruição: enfiteuse, usufruto, uso, habitação, servidão predial, concessão de uso; II – de garantia: penhor, hipoteca, anticrese, alienação fiduciária e constituição de renda imobiliária; III – de aquisição: promessa de compra e venda irrevogável e sua cessão, inscritas no registro imobiliário (arts. 5º, 16 e 22 do DL 58/37); compra e venda com cláusula de retrovenda (art. 1.140 do CCB); direito de preferência do condômino na venda de coisa indivisível (arts. 632, 1.139 e 1.777 do CCB); direito de preferência do locatário e do arrendatário rural (art. 33 da Lei 8.245/91 e art. 92, §§ 3º e 4º, da Lei 4.504/64; direito de preferência na enfiteuse (arts. 685 e 689 CCB). (COSTA, 1999, p. 75)

Ainda, segundo o autor, além dos direitos reais na coisa própria e dos direitos reais na coisa alheia, existe, também, a classificação do direito real de posse. Consoante suas ideias, a posse

está mais para o direito real do que para o direito obrigacional, embora seja condição da utilização das coisas em ambos esses direitos. A posse pura ou natural, independente de contrato e de direito real, é um fato juridicamente relevante e, portanto, um direito amparado pelos interditos e capaz de se transformar em domínio, se atendidos os demais requisitos do usucapião. A posse contratual, objeto de direito obrigacional, é protegida pelos interditos, inclusive contra o dono, embora não seja objeto de usucapião. Mas sobretudo os direitos reais de gozo dependem da posse, como instrumento indispensável ao uso direto ou à fruição da coisa. Por isso o nosso código a incluiu no Livro do Direito das Coisas, embora não prevista no artigo 674 como direito real típico. Seria direito real especial. (COSTA, 1999, p.75)

Apesar das áreas abrangentes dos direitos reais, o direito real mais completo é o direito de propriedade, visto que todos os outros direitos foram constituídos tendo o direito de propriedade como referência.

A partir disso, notamos que, atualmente, existe um pensamento acerca da prevalência do bem coletivo em detrimento ao bem individual, dado a importância da estabilidade da vida em sociedade. Por meio disso, inicia-se as discussões modernas sobre a supremacia dos interesses públicos sobre os

direitos privados.

5.2.1 A supremacia dos interesses públicos face aos interesses privados

Considerando as relativas mudanças impostas por meio da Constituição de 1988, o Direito Administrativo no Brasil passou por diferentes postulados que fizeram com que se tornassem especiais as condições públicas e o interesse público.

Consoante às ideias de Mello (1994), a supremacia do interesse público sobre o interesse privado é um tipo de ordem jurídica que não está representada em qualquer texto normativo no país. No entanto, apesar do pressuposto não estar oficialmente escrito nos documentos oficiais, de acordo com o autor, esse pensamento é uma lógica que deve ser levada em consideração; visto que a prevalência dos interesses públicos auxilia na construção de uma sociedade estável, tendo, então, como consequência, o bem-estar em sociedade.

A supremacia do interesse público sobre o privado começou a ser marcante no Brasil por causa das discussões de diversos teóricos da área, demonstrando que o interesse público precisa prevalecer sobre o interesse privado, tendo sempre em vista a estabilidade da sociedade.

Apesar desses debates e publicações de obras acerca do tema, ainda existem diversos autores que discordam sobre esse princípio e grafam que, como não há menções acerca dessa prevalência nos textos oficiais, não deve existir o princípio de supremacia do interesse público.

Oliveira e Oliveira (2014, p. 7) grafam que:

Acrescente-se: sendo esse motivo para se negar o status jurídico de princípio à supremacia do interesse público sobre o particular, o mesmo raciocínio não poderia ser feito para se recusar qualquer vitória de antemão, ou maior peso atribuído em favor dos direitos fundamentais? Isso porque para que a descoberta de qualquer princípio seja metodicamente sustentável, qualquer interesse (seja público ou particular) só pode assumir uma relação de condicionada prioridade in concreto, não antes. 29 Logo, para que a crítica seja na sua inteireza coerente, a lógica tem de ser a mesma diante de qualquer caso: interesse público ou privado.

interesse público sobre o interesse particular, de acordo com os autores, é passível entender que ambos os interesses precisam ser tratados da mesma forma, sem a prevalência de um sobre o outro.

Esse tema é muito debatido nos anais de direito administrativo, visto que, muitas vezes, deixar prevalecer o interesse privado pode desestabilizar toda uma comunidade e é por isso que é preciso pensar no conjunto de boas práticas relacionadas ao interesse privado face ao interesse público.

5.2.2 Política Urbana

A questão da política urbana no Brasil foi introduzida pela constituição de 1988, quando no seu Art. 182, fica definida como será implantada a política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. A implementação de uma política urbana vigorosa depende de uma quantidade expressiva de recursos públicos e de diretrizes da política pública estruturada e com continuidades ao longo do tempo. A eficácia da política não se estabelece apenas no interior do aparato estatal, mas na interseção de interesses e projetos com a sociedade civil.

A nova orientação influenciou as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios, obrigatórias para os com mais de 20 mil habitantes. Concretamente, a nova orientação constitucional aponta para o abandono da ideia de planejamento urbano e substitui-a pela concepção de gestão, mostrando quais os elementos que as prefeituras dispõem para gerir recursos, no sentido de uma maior equidade.

Documentos relacionados