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CAPÍTULO 3 A POLÍTICA CIENTÍFICA E O MEIO AMBIENTE NO NORDESTE

3. As Faps da Região Nordeste e a questão ambiental

4.2. Os editais, o campo científico e o campo político

De modo geral, o edital ou chamada pública94 é um regulamento, uma norma

oficial e de caráter público, que define as regras direcionadas ao seu público-alvo, para um determinado fim (concursos públicos, seleções de natureza diversa etc), almejando uma igualdade de oportunidade entre aqueles que se enquadram nos critérios estabelecidos. Fundamentam-se em dispositivos jurídicos, sendo, em síntese, é um instrumento legal.

No caso daqueles publicados pelo CNPq, além das características gerais, os editais (re)produzem e determinam as regras do jogo, regras específicas e inerentes ao campo científico - e também do campo político (a depender de temas de interesse da sociedade, em geral e de algum segmento em particular) - no que diz respeito ao perfil de pesquisador: titulação de doutor, produção científica qualificada (publicação de artigos em revistas e livros), formação de recursos humanos (orientações de mestrado, doutorado, iniciação científica, etc), participação em comitês e eventos, formação de redes e parcerias com outras instituições e pesquisadores de outras regiões e países; etc. É através de sua atuação no campo (detalhada no em seu currículo acadêmico) que se pode alcançar o reconhecimento, a partir de sua condição de pesquisador(a) junto aos seus pares concorrentes, entre outros elementos distintivos na disputa por recursos financeiros entre os pares.

Assim, o Currículo Lattes95 (currículo acadêmico) ocupa papel significativo, visto que ele se encontra relacionado, diretamente, com a produção científica/acadêmica do(a) pesquisador(a), representando sua capacidade de produzir conhecimento através dos resultados de pesquisa, ou seja, todo investimento na sua qualificação (econômico, social, cultural) realizado em sua trajetória acadêmica e profissional, objetivamente. O Currículo Lattes acabou, em larga medida, tornando-se a referência que confere maior

94 De acordo com GOMES, V. et al, (2015, p. 356) a definição de Editais e Chamadas Públicas: Editais Públicos

– também nomeados de chamada pública, essa demanda é utilizada quando se define uma ou mais áreas temáticas ou setores estratégicos de interesse dos programas de pesquisa cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e setor produtivo. A convocação das propostas é pública e são selecionados os projetos que melhor atendam às especificações da chamada.

95 Baseado em informações do site do CNPq, o Currículo Lattes é um banco de dados no qual estão registradas as

informações profissionais de cientistas, professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, etc. que atuam, de modo geral no Brasil. Dentre as informações registradas no Currículo Lattes encontramos: formação educacional, publicações, atividades exercidas, vínculos institucionais atuais e passados, participações em congressos e eventos, bolsas e financiamentos obtidos etc. Podendo ser acessado através da Plataforma Lattes do CNPq (www.cnpq.br).

ou menor legitimidade ao sujeito acadêmico. Esses elementos dão aos agentes do campo científico o que Bourdieu classificou como autoridade científica, que é “uma espécie particular de capital que pode ser acumulado, transmitido e até mesmo, em certas condições, reconvertido em outras espécies” (BOURDIEU, 1983, p.130) de capitais simbólicos.

Isso também pode ser compreendido como acumulação de capitais, que é “fazer um “nome” próprio, conhecido e reconhecido, marca que o distingue imediatamente de seu portador, arrancando-o como forma visível do fundo indiferenciado, despercebido e obscuro no qual se perde o homem comum” (BOURDIEU, 2003, p. 121-122). São esses capitais simbólicos que pesam na disputa e na avaliação entre os pares concorrentes no âmbito do edital, para que alguém seja ou não contemplado.

Pelos e nos editais do CNPq estão presentes lutas pela concorrência, buscas por reconhecimento, possibilidades de melhor se colocar no campo, capitais simbólicos em jogo, que são concretizadas em condições para realizar pesquisa. Constituem e são constituídos por um habitus.

Eles, os editais do CNPq, instruem quanto aos princípios que norteiam as formas de concessão de recursos públicos para pesquisa, refletindo um conjunto de demandas da sociedade, do Poder Público (campo político) e da própria comunidade acadêmica (campo científico), decorrendo, portanto, da Política Científica. E isso não é diferente com os editais do CNPq direcionados para as pesquisas ambientais (campo científico ambiental) e que foram ampliados entre os anos de 2005 a 2015.

Uma das mudanças que potencializou essa expansão pode ser encontrada no que afirmou a entrevistada, Maria do Carmo Sobral, sobre a área de Ciências Ambientais nos órgãos de fomento federais: “o CNPq criou um comitê de assessoramento na área de Ciências Ambientais, enquanto a Capes uma Área entre as 48 existentes, o que vislumbra a importância do tema”, adicionando que:

Mais do que recursos, as linhas de pesquisa dos programas de pós- graduação na área em ciências ambientais podem ser classificadas em 4 agrupamentos: (1) Desenvolvimento e Meio Ambiente; (2) Políticas, Gestão e Planejamento ambiental; (3) Recursos Naturais; e (4) Tecnologias ambientais.

Sobre os editais para o campo científico e, consequentemente, o campo científico ambiental, urge refletir sobre o valor desse regulamento - via edital na Política Científica:

As regras estabelecidas nos editais dão legitimidade às normas do campo científico, porque é nele que a política pública se estabelece e direciona os recursos públicos para as áreas e os temas que serão beneficiados, além de reconhecer as normas e condições de existência do próprio campo, legitimando-as e as fortalecendo. Isso reflete diretamente num determinado perfil de pesquisador que o campo científico exige: titulação de doutor, vinculação à instituição de ensino e/ou pesquisa, produção científica relevante, experiência em execução de projetos, formação de recursos humanos, entre outros. Dessa forma, cada particularidade e cada exigência presente nos editais é uma forma de inserir ou de excluir um determinado tipo de pesquisador no campo da disputa (SANTOS, 2012, p. 161).

Os editais são um reflexo do que é, também, o Poder Público, isto é, o que o campo político definiu como prioridade, o tipo de pesquisa que deve ser financiada ou aquela que passa a ser uma demanda da sociedade (saúde pública, segurança pública, etc.). Porém, em muitas oportunidades, varia de governo para governo, porque, embora o apoio à pesquisa seja uma determinação constitucional, não há uma Política Científica de Estado estabelecida com recursos assegurados, fixos, o que torna o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil ainda em desenvolvimento, quando comparado a outros países que investem na área com a devida prioridade.

Nesse sentido, o depoimento abaixo apresenta a ideia do que o Edital representa para o tema do Meio Ambiente, bem como a dificuldade ainda vivenciada pelos pesquisadores vinculados às Ciências Ambientais:

Muitos dos Editais ainda induzem o que se pesquisar no Brasil, por o governo determinar o que será prioritário nas pesquisas. A questão ambiental ainda não é prioritária em nosso país. Editais pontuais continuam sendo lançados, basicamente sobre recursos hídricos e, mais recentemente, mudanças climáticas, mas sem pontuar os avanços metodológicos existentes ou de aplicação. Outro fator complicador é por a questão ambiental ser ampla, muldimensional e melhor trabalhada na área interdisciplinar ou de Ciências Ambientais, inexistentes em agências de fomento como CNPq ou na maioria das FAPs, encontradas apenas na CAPES, fomento que não “conversa” com o CNPq. Por os recursos serem distribuídos por áreas de conhecimento, ao inexistir a área interdisciplinar ou de Ciências Ambientais, os projetos referentes a questões ambientais ou intensões de fomentos são geralmente analisados pelas câmaras de Ciências Biológicas ou Outros (que é tudo e nada) (Professora Doutora do

Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará, 29/09/2016.)

Mais uma vez sob a perspectiva do fomento à pesquisa científica desenvolvida para as questões ambientais, o argumento de mais uma das entrevistadas oferta-nos uma interessante análise sobre o tema mencionado, sua relação com o fomento à pesquisa e as influências do campo econômico:

Durante alguns anos o Brasil prosperou economicamente. Foram destinados muitos investimentos em infraestrutura o que estimulou pesquisas aplicadas para o setor. Subsídios para pesquisas voltadas para Mudanças Climáticas foram criadas, incidindo diretamente sobre as questões ambientais. Porém, não se pode afirmar que para a conservação da biodiversidade houve avanços notórios, acredito que as pesquisas para a conservação “surfaram” a boa fase da economia brasileira. No passado os recursos eram destinados para projetos individuais e pesava muito a instituição para sua aprovação. Apesar de não ter mudado muito esta realidade, a conjuntura atual, pré-crise, forçou os pesquisadores a se gabaritarem em seus curriculum (Lattes), gerando uma competitividade por produção, afunilando o desembolso por parte das agências. Com a crise instalada, e as exigências das instituições de pesquisa, prevê-se dias tenebrosos. Menor recurso, para uma elite. Bem, nos dias de hoje, e mais precisamente hoje, há um colapso na pesquisa conservacionista, ausência de investimento e principalmente cortes nos orçamentos dos institutos (Professor Doutor vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade de Pernambuco. 27/12/2016).

E ainda é relevante considerar a visão da entrevistada, considerando a interdisciplinaridade do tema ambiental:

Uma maior compreensão das questões ambientais como eminentemente interdisciplinar, como tema transversal que perpassa por muitas ciências que, aliás, nem sequer deveriam ser particionadas. Há evidências de indução para que os projetos sejam compostos por grupos de pesquisas interinstitucionais e internacionais (Professora doutora do Departamento

de Engenharia Civil e do Prodema da UFPE, atuou como coordenadora da CACIAmb de 2011 a 2016).

No período de 2005 a 2015, o CNPq lançou vários editais na área dos Recursos Naturais e Meio Ambiente pelo Ministério. Em geral, todos os temas da referida área foram contemplados diretamente, em editais/chamadas específicas ou mesmo inseridas em assuntos vigentes no âmbito dos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, como exemplo Ciência e Tecnologia para o Agronegócio (CT-Agronegócio) e Ciência e

Tecnologia para Amazônia (CT-Amazônia).

É interessante mencionar também que os Editais/Chamadas Públicas do CNPq guardam associação com os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia (FSC&T), cuja criação deu-se em 1999 e pertencem ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sendo considerados como uma estratégia, através de uma setorização do financiamento de projetos de pesquisa voltados para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Eles integram diversas instituições públicas e privadas (GOMES, et.al, 2015) e foi planejado para representar a política científica e tecnológica no Brasil baseado em conceitos da área de Inovação.

TABELA 26: Fundos Setoriais de C&T do MCTI CT - Aeronáutico CT - Info/Cati CT - Agronegócio CT - Infra CT - Amazônia CT - Mineral CT - Aquaviário CT - Petro CT - Biotecnologia CT - Saúde CT - Energ CT - Transporte CT - Espacial CT - Verde Amarelo

CT - Hidro Funttel96

Fonte: MCTI

Os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia apresentam importante característica para o desenvolvimento científico, tecnológico e inovação com a finalidade de atenuar as desigualdades regionais em C,T&I existentes no Brasil: “obrigatoriedade de, no mínimo, 30% dos recursos serem destinados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste” (GOMES, V. et.al, 2015, p. 355). No entanto, isso nem sempre é cumprido, quanto à relação entre Política Científica e as questões regionais

[...] ainda que o CNPQ e a FINEP se preocupem em contemplar essa exigência legal da regionalização dos recursos, muitos dos fundos não conseguem projetos o suficiente para atingir os percentuais almejados. Essa situação ocorre por diversas razões, seja devido a problemas no julgamento dos editais, atraso ou cancelamento na contratação dos projetos, seja pela própria configuração dos setores, como no caso do CT- Aeronáutico, em que a maior parte das empresas de ciência e tecnologia desse setor estão localizadas na região Sudeste do País (GOMES, V. et.al, 2015, p. 355).

Além disso, os Fundos Setoriais são voltados para criar condições de constituir e ampliar o sistema de CT&I, de modo consistente e sustentável através da: “implementação de programas integrados e de redes cooperativas envolvendo o setor empresarial” e do “fortalecimento das relações entre universidades – empresas – centros de pesquisa” (GOMES, V. et.al, 2015, p. 355).

Quanto à origem dos recursos financeiros dos Fundos Setoriais, argumentamos que:

Os recursos gerados pela arrecadação de cada fundo são destinados a diversos instrumentos de política de CT&I, entre eles projetos específicos de cada Fundo Setorial, Subvenção Econômica, Ações Transversais e Recursos sob supervisão do FNDCT. Vale destacar que, após a instituição de ações transversais, 50% dos recursos arrecadados por fundo deveriam ter esse destino.

96

Ao discutir o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, especialmente aquele produzido pela comunidade científica, logo o associamos ao fomento à pesquisa, a partir das ações do Poder Público. Como exemplo dessas ações, os Fundos Setoriais, que por sua vez estão estreitamente relacionados com Política Científica efetuada pelo CNPq expressas em seus editais, em especial aquela voltada para as questões ambientais lançados pelo CNPq no período de 2005 a 2015, a saber, centralmente aqueles que incorporaram a Área Temática: Ciência e Tecnologia para os Recursos Naturais e Meio Ambiente estabelecida pelo MCTI.

Os temas dessa Área também no editais/chamadas públicas do CNPq foram os seguintes:

1) Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR): apoio à pesquisa com objetivo de

ampliar os conhecimentos dos fenômenos antárticos e suas influências sobre questões de relevância global e regional. Esse Programa foi instituido em 1982 pela Marinha Brasileira e coube ao CNPq o financiamento das pesquisas científicas na Antártida, com base nas seguintes linhas de pesquisa: a) biodiversidade e impactos

ambientais na Antártica; b) geologia e geoquímica na Antártica e oceano Sul; c) Monitoramento ambiental, do clima e da atmosfera da região Antártica e; d) Aspectos tecnológicos, culturais e sócio-econômicos na Antártica.

2) Biodiversidade: voltado para “ampliar o conhecimento cientifico sobre os

ecossistemas brasileiros e a biodiversidade associada e apoiar o desenvolvimento tecnológico e inovação para agregação de valor aos bens e serviços provenientes desse recurso natural”, considerando que “o Brasil é o País com a maior diversidade biológica do planeta, abrigando cerca de 13% de toda biodiversidade mundial conhecida e quatro dos biomas com maior biodiversidade (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal)”. Engloba também a “proteção aos solos e às bacias hidrográficas, polinização, dispersão de sementes, distribuição de chuvas, sequestro de carbono, manutenção dos processos ecológicos e a contribuição para manutenção das condições climáticas do Planeta” (BRASIL, 2011, p.78). Vale mencionar ainda que:

Estudos sobre a biodiversidade, a partir de enfoques botânicos ou zoológicos, por exemplo, são insumos fundamentais ao entendimento

dos problemas e à formulação de estratégias de ação reguladora. Mas devem ser considerados no âmbito de outras dimensões, como a sociodiversidade, as políticas públicas, os padrões comportamentais, as atividades produtivas, o clima, o solo, os recursos hídricos e outros elementos que afetam e são afetados pela biodiversidade em questão (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013, p. 43).

A Biodiversidade é uma linha de grande relevância, devido à multiplicidade de questões, pois está, para além do cunho biológico e zoológico, da pesquisa científica laboratorial ou no campo, ao integrar variáveis de outros campos “sociodiversidade, as políticas públicas, os padrões comportamentais, as atividades produtivas, o clima, o solo, os recursos hídricos e outros elementos que afetam e são afetados pela biodiversidade em questão”.

3) Biotecnologia Marinha (BIOMAR): foi estabelecida com a “finalidade de

investigar potenciais usos de bioativos obtidos de organismos marinhos presentes na Zona Costeira e no Oceano Atlântico Sul e Tropical, bem como em águas internacionais de interesse nacional”, além disso, tem como objetivo “promover e fomentar o estudo e a exploração sustentável do potencial biotecnológico da biodiversidade marinha existente nas águas jurisdicionais brasileiras e em outras áreas de interesse nacional” (BRASIL, 2011, p.78). Como resultado, a presente linha de pesquisa deu suporte para a formação de recursos humanos sobre essa problemática, bem como estímulou à produção científica, tecnológica e inovação, direcionando, assim, os recursos para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país.

4) Desastres Naturais: o foco centrou-se na ação de somar esforços para aumentar a

capacidade de previsão e controle de desastres ocasionados por fenômenos da natureza. Nesse sentido, o MCTI articulou junto às instituições federais, estaduais, municipais, órgãos de Defesa Civil e as Forças Armadas no intuito de constituirem um Sistema Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais para combater catástrofes naturais, a fim de diminuir a quatidade de vítimas e dos prejuízos sociais e econômicos causados por tais fenômenos. Assim, “contribuindo para diminuição da pobreza e aumento da qualidade de vida”. Como resultado desses esforços, em 2011 criou-se o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), objetivando “realizar o monitoramento e emitir

alertas de desastres naturais que subsidiem salvaguardar vidas e diminuir a vulnerabilidade social, ambiental e econômica decorrente desses eventos (CEMADEN, 2017)97” nas áreas de riscos relacionadas a escorregamento de encostas, enxurradas e inundações em municípios nas regiões sul e sudeste.

5) Meteorologia, Climatologia e Hidrografia: essa linha de pesquisa teve como

finalidade colaborar com o desenvolvimento científico e tecnológico, por meio do “aumento da capacidade brasileira de previsão de tempo e de clima, em especial a previsão de eventos extremos, visando a prevenção dos desastres naturais”, (CNPq, 2013, p. 07). A ideia é que as atividades de pesquisa fossem descentralizadas, e isso permitiu que se fortalecessem os Centros de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia das unidades federativas, considerando que o país possui uma diversidade nessa questão.

6) Mudanças Climáticas: teve origem, de modo geral, no debate sobre a destruição

da camada de ozônio, importante na prevenção contra a radiação ultravioleta que vem do sol e alcança a superfície da terra. Assim, a preocupação com essa questão vem desde 1973, e “em 1987 foi feita a primeira Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, que levou à assinatura do Protocolo de Montreal”, tendo em vista que os países produtores de clorofluorcarbonos (CFC 11 triclorofluorometano e CFC 12 diclorodifluorometano), em especial aqueles considerados como Primeiro Mundo: "[...] começaram a reagir politicamente para eliminar o uso industrial, juntamente com outros gases que também destroem a camada de ozônio (tetracloreto de carbono, clorofórmio de metilo e composto que utilizam bromo, conhecidos como halocabornos)" (SAAVEDRA, 2014, p.49).

Sobre a temática, Mudanças Climáticas, cabe destacar a importância desse assunto para atender às demandas globais, no sentido de dar respostas mais rápidas e confiáveis para o enfretamento aos desafios impostos pelas mudanças do clima no planeta. Ademais, “a dimensão continental do território brasileiro dificulta o monitoramento dos fenômenos climáticos e hidrometeorológicos capazes de produzir danos em grandes proporções e o mapeamento das regiõescom maior potencial de ocorrência de desastres naturais” (BRASIL, 2011, p.79), por isso, a urgência de investir-se em pesquisa,

principalmente para o desenvolvimento. A sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil está fortemente relacionada à capacidade de resposta às oportunidades e aos desafios associados às mudanças do clima. Portanto, é necessário fortalecer as instituições e grupos de pesquisa que trabalham na área para que sejam capazes de responder às demandas por informações precisas e confiáveis. Para tanto, será necessário investir em pesquisa e desenvolvimento “da modelagem numérica de altíssima resolução, na ampliação das redes de observação e no treinamento de profissionais para desenvolver e aplicar corretamente os produtos para os diferentes segmentos dos setores usuários” (BRASIL, 2011, p.79).

7) Oceanos e Zonas Costeiras: objetivou “colocar a pesquisa oceanográfica brasileira

no patamar internacional e compreender o papel do Atlântico Sul nas mudanças climáticas projetadas para o final deste século” (BRASIL, 2011, p.79). A importância dessa linha é vinculada à extensão do litoral brasileiro, aproximadamente, 8.500 km, representando um desafio constante face “à diversidade de pressões incidentes nessa dimensão territorial”, inclusive prevista na Constituição de 1988, que trata do tema como "patrimônio nacional", e "cuja utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais" (Idem, 2011, p. 81). Assim, “é fundamental adotar abordagens sistêmicas na gestão integrada dessa faixa de transição entre ambientes terrestre e marinho com aproveitamento sustentável de seus recursos naturais”, levando em consideração o ponto de vista econômico e a questão ecológica de longo prazo (Idem, 2011, p. 81).

8) Recursos Hídricos: é considerada uma temática estratégica ao possuir como alvo a

“prevenção de doenças veiculadas pela água e provocadas pelo uso da água contaminada, contemplando as especificidades regionais e promovendo a melhoria da qualidade de vida da população carente do País, em particular do Semi-Árido”. Esse problema é de grande valor, ao se entender que o acesso à água potável é cada vez mais escasso, pois a “disponibilidade de água para consumo humano está cada

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