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Do ponto de vista metodológico e dos seus procedimentos, esta pesquisa buscou combinar elementos quantitativos aos qualitativos; e no sentido de melhor analisar a

forma de distribuição de recursos e os impactos causados pelas políticas de C&T na Região Nordeste, respaldamo-nos nos seguintes procedimentos de campo:

a) aplicação de questionários - enviados pela internet - junto a pesquisadores(as) que estudam o tema ambiental, em especial aqueles(as) vinculados(as) ao Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), que é a rede mais expressiva e orgânica de acadêmicos da área ambiental em universidades no Nordeste do Brasil, especialmente por agregar cientistas - com formações variadas - das Universidades Federais do Ceará (UFC), da Paraíba (UFPB), de Pernambuco (UFPE), do Piauí (UFPI), do Rio Grande do Norte (UFRN) e de Sergipe (UFS), além daqueles(as) ligados(as) às Estaduais de Santa Cruz, na Bahia (UESC), e da Paraíba (UEPB). Vale sublinhar que o questionário foi enviado também para pesquisadores que trabalham com o tema do Meio Ambiente na Universidade de Pernambuco (UPE), mesmo sem vínculo com o Prodema, pelos seguintes critérios: são estudiosos reconhecidos na área ambiental em temos regionais, nacionais e/ou, em alguns casos, internacionais; são profissionais de uma instituição estadual de ensino e pesquisa da referida região; e pelo fato de que o estado pernambucano dispor do maior número de pesquisadores dentre os demais estados da Região. Motivo pelo qual a UFRPE também foi incluída, que mesmo sem integrar a rede Prodema, há um número significativo de pesquisas na área de Meio Ambiente.

As indagações feitas aos pesquisadores considerou a Política Científica implementada entre 2005 a 2015. A utilização de questionários possibilitou uma análise do perfil dos pesquisadores e suas respectivas áreas do conhecimento, o que nos permitiu também compreender as formas de acesso da comunidade científica, dos estados nordestinos, aos recursos financeiros disponibilizados pelo CNPq, os temas privilegiados, as áreas mais atendidas, etc.. Sempre considerando que há priorização dos recursos ofertado pelo Poder Público no âmbito dos editais via agências de fomento. Também foi realizada uma análise da Política Científica Ambiental na Região Nordeste, levando em conta os editais que foram lançados pelas FAPs.

A partir dos critérios estabelecidos, os questionários foram enviados para pesquisadores de 10 instituições diferentes situadas na Região Nordeste com exceção do estado de Alagoas, onde não há instituição vinculada à Rede Prodema (tal fato dificultou as informações sobre os pesquisadores que trabalham com o Meio Ambiente, embora tenhamos encaminhado o questionário, para alguns, a partir da busca efetivada junto ao Currículo Lattes):

TABELA 02: NÚMERO DE QUESTIONÁRIOS ENVIADOS

INSTITUIÇÃO ESTADO Nº DE QUESTIONÁRIOS

ENVIADOS UESC Bahia 6 UFC Ceará 21 UFMA Maranhão 9 UFPB Paraíba 29 UFPE Pernambuco 12 UFPI Piauí 14

UFRN Rio Grande do Norte 22 UFRPE Pernambuco 2

UFS Sergipe 11

UPE Pernambuco 4

TOTAL 130

FONTE: Pesquisa Direta – Agosto a Dezembro de 2016

Apesar desse esforço, com o reenvio do e-mail em diversas oportunidades (2 ao menos) para aqueles(as) pesquisadores(as) que não tinham respondido à primeira mensagem encaminhada com o questionário na primeira semana de agosto de 2016, conseguimos obter a resposta de 14 acadêmicos(as), ou seja, cerca de 10% do público a quem encaminhamos a solicitação, fato que explicita a dificuldade de pesquisar os que pesquisam. Todavia, esse universo, de questionários respondidos, apresentou aspectos relevantes, visto que, ao menos, 1 docente vinculado à Rede Prodema, exceto a do Maranhão, de cada Universidade que a integra, o respondeu, havendo uma distribuição entre as áreas de conhecimento.

TABELA 03: NÚMERO DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS

INSTITUIÇÃO ESTADO Nº DE QUESTIONÁRIOS

ENVIADOS UESC Bahia 00 UFC Ceará 04 UFMA Maranhão 00 UFPB Paraíba 03 UFPE Pernambuco 01 UFPI Piauí 01

UFRN Rio Grande do Norte 02

UFS Sergipe 01

UPE Pernambuco 02

TOTAL 14

Ademais, é importante mencionar o que Quivy (2008, p.188) discutiu sobre a utilização de questionários:

[...] consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma população, uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções ou questões humanas e sociais, às expectativas, ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema,ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os investigadores.

A partir dessa função mais geral atribuída ao questionário, o autor registrou a seguinte definição e que interessa a esta pesquisa: „[...] o inquérito por questionário de perspectiva sociológica distingue-se da simples sondagem de opinião pelo facto de visar a verificação de hipóteses teóricas e a análise das correlações que essas hipóteses sugerem” (Idem, 2008, p. 188).

b) realização de entrevistas semi-estruturadas com 2 pesquisadores(as) no período

de outubro a novembro de 2016, ambos radicados nos estados do Pará e São Paulo, cabe frisar que foram incluídos em virtude da valiosa participação dos mesmos nos Comitês de Assessoramento e Avaliação do CNPq e CAPES25, o que foi ressaltado por inúmeros pesquisadores respectivamente, na área de Meio Ambiente. Sobre esse tipo de entrevistas, Quivy (2003, p. 192-193) acentuou que, na entrevista semi-estruturada ou semi-dirigida, “[...] o investigador dispõe de perguntas-guias, relativamente abertas,” com a finalidade de obter informações a partir dos depoimentos do(a) pesquisado(a). No total de entrevistas (semi-estruturada e questionários), os informantes são das diversas áreas do conhecimento relacionadas à temática ambiental, vinculados ao Prodema, membros da Coordenação da Área de Ciências Ambientais da CAPES, bem como bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq, que atuam no campo científico ambiental, estando ligados à instituições no Nordeste brasileiro. As entrevistas colaboraram para a compreensão das políticas de C&T para o meio ambiente de acordo com as priorizações do Governo Federal e das particularidades dos estados nordestinos.

TABELA 04 - RELAÇÃO DOS ENTREVISTADOS, SUAS REGIÕES, ÁREAS DE CONHECIMENTO Informante Instituição Sigla Grande Área Sub-área Bolsa de

Produtividade

Informante 1 Universidade Federal do Rio Grande do

Norte UFRN Biológicas Ecologia Não

Informante 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Humanas Sociologia Não Informante 3 Universidade de Pernambuco UPE Biológicas Biologia Não Informante 4 Universidade Federal da Paraíba UFPB Exatas Geologia/Geografia 2

Informante 5 Universidade Federal do Ceará UFC Exatas Geologia Não

Informante 6 Universidade Federal do Ceará UFC Engenharias Engenharia Agrícola 1C Informante 7 Universidade Federal do Piauí UFPI C. Ambientais Desen. e Meio Ambiente 2 Informante 8 Universidade Federal do Ceará UFC C. Ambientais Desen. e Meio Ambiente Não Informante 9 Museu Paraense Emílio Goeldi MPEG Humanas Sociologia Não Informante 10 Universidade Federal da Paraíba UFPB Biológicas Sistemática e Ecologia Não Informante 11 Universidade Federal da Paraíba UFPB Humanas Educação Não Informante 12 Universidade Federal de Pernambuco UFPE Engenharias Engen. Civil/Ambiental 2 Informante 13 Universidade Federal do Piauí UFPI Sociais Aplicadas Economia Não Informante 14 Universidade Federal do Ceará UFC Exatas Geologia Não Informante 15 Universidade de Pernambuco UPE Exatas Oceanografia Não Informante 16 Universidade de São Paulo USP Saúde Saúde

Pública/Ambiental 2 Fonte: Pesquisa Direta - Agosto a Novembro de 2016.

c) foram consultados documentos diversos, a exemplo dos editais e relatórios de

gestão (recursos aplicados), sites de diversos órgãos/instituições, bem como livros e artigos sobre ciência, fomento à pesquisa, políticas públicas e, principalmente sobre o meio ambiente e Política Científica Ambiental, e;

d) fundamentalmente, foram analisados os editais do CNPq e das FAPs

localizadas na Região Nordeste para o tema ambiental, seus critérios, objetivos e temas. Diante do que foi apresentado acima, a escolha teórica e metodológica explicita, sem dúvida, que fazer pesquisa é fazer escolhas, cabendo ao estudioso, também, nesse processo, revelar a importância da sua opção e o modo como constrói seu objeto de pesquisa, o empenho conceitual para lapidá-lo no ato, inclusive, de deixar-se influenciar pelas dinâmicas postas pelas questões empíricas, o que é considerado por Wright Mills (1975) como um ofício artesanal (artesanato intelectual), um exercício necessário para a imaginação sociológica, para a imaginação científica do cientista. Assim, cabe adicionar que as categorias que dão suporte à análise não são tomadas como entes inquestionáveis, mas sim como passos importantes estabelecidos a partir dos diálogos com a realidade estudada. Nesse sentido, conforme frisou Becker (2007, p. 167), “[...] os conceitos são generalizações empíricas que cabe testar e refinar com base nos resultados empíricos da pesquisa – isto é, no conhecimento do mundo”. Além disso, é interessante evidenciar que, conforme as ideias apontadas pelo autor, o conceito nunca é a realidade. Por isso, ele será sempre questionado, por ser uma aproximação da

realidade e nunca a própria realidade em si. Isso corresponde também ao que Weber já havia escrito tempos atrás sobre os tipos-ideais (WEBER, 2001).

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