• Nenhum resultado encontrado

A partir dos anos 80 ocorrem diversos fatos que influenciaram o desenvolvimento global, há uma fragmentação política, um ciclo de reformas neoliberais, o surgimento de

41 estados nacionais soberanos. A globalização é outro marco, a qual conseguiu ser capaz de intensificar processos de internacionalização das economias capitalistas. As características que se destacaram com a globalização foram o intenso crescimento do comércio internacional, a inviabilidade de barreiras protecionistas, provocando o declínio generalizado das mesmas. A mudança nas relações do mercado financeiro mundial sendo cada vez mais integrado e consequentemente a crescente presença de empresas transnacionais (DUPAS, 2005; VIGEVANI et.al., 2009).

A descoberta de que a terra se tornou mundo, de que o globo não é mais apenas uma figura astronômica, e sim o território no qual todos encontram-se relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos - essa descoberta surpreende, encanta e atemoriza. Trata-se de uma ruptura drástica nos modos de ser, sentir, agir, pensar e fabular. Um evento heurístico de amplas proporções, abalando não só as convicções, mas também as visões do mundo.(IANNI, 2002, p. 13)

Em vista disso o mundo foi caminhando para um fenômeno mundial capaz de criar uma nova ordem econômica, a globalização. Este acontecimento é percebido pela crescente concorrência no mercado, o que acabou provocando inovações no sistema produtivo de territórios, regiões e estados. Com esta tendência a novos sistemas produtivos houve a necessidade de empresas buscarem o desenvolvimento em seu entorno, podendo ser local ou regional, com a finalidade de promover o progresso tecnológico e um maior acúmulo de capital, que são avaliados como elementos que promovem o desenvolvimento econômico local e melhorando também a concorrência com outros mercados (BARQUERO, 2002).

Segundo Clemente e Higachi (2000), dois fatores atraíram os elementos necessários para o processo de globalização. O primeiro deles é o movimento crescente na desregulação dos mercados, dos sistemas financeiros e dos mercados de capitais, que consentiram uma versatilidade no fluxo de capitais de curto e de longo prazo. O segundo foi a criação e difusão do novo paradigma tecnoeconômico2, que requer uma dinâmica diferenciada entre as empresas, com uma maior colaboração entre as mesmas, favorecendo mudanças nas estruturas de pesquisa, produção e comercialização.

2 Tecnoeconômico – Segundo Visconti o grande diferencial introduzido por este paradigma refere-se à natureza das tecnologias a ele associadas, denominadas tecnologias da informação.

Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/ revista/rev1610.pdf Acesso em: 20 de junho de 2015.

42 Dessarte Ianni (2002, p. 159) expõe a nova aldeia global "[...] afinal, formou-se a comunidade mundial, concretizada com as realizações e as possibilidades de comunicação, informação e fabulação abertas pela eletrônica. [...] Nesse sentido é que a aldeia global envolve a idéia de comunidade mundial, mundo sem fronteiras, shopping center global, Disneylândia global”. Com essa afirmação, pode-se concluir que com a globalização não se tem mais fronteiras, passando-se a concorrer com qualquer empresa do mundo.

Este novo olhar para o mundo não apaga o passado ou como ocorreu a dinâmica do mundo até então. Mas modifica fortemente o padrão utilizado nas relações econômicas, muda seu significado e acrescenta ao já existente, criando assim novos elementos, objetos e ações características do efeito da globalização. Com estas novas relações influenciadas pelo novo dinamismo, onde o entorno impacta em custos aumentam as disparidades entre as regiões. Com isso a indústria “motriz” leva o papel motor, e suas formas de comando e dominação entram entre os elementos influenciadores do desenvolvimento da região (SANTOS, SILVEIRA, 2006).

Dois fenômenos correlacionados à globalização se revelam e se alastram em todo o mundo, sendo eles os novos modelos de produção flexível e o setor financeiro globalizado. Desse modo o modelo fordista com sua rígida separação entre o pensar e o fazer dá lugar à flexibilização generalizada. A capacidade de inovar e se adaptar as mudanças passam a ser essenciais para a indústria se manter no mercado. Consequentemente, o capital social e produtivo necessita acompanhar esta tendência e atender as mudanças, de forma rápida e cada vez mais versátil, buscando atingir melhor relação custo-benefício entre baixo custo, quantidade e qualidade dos produtos (CLEMENTE, HIGACHI, 2000).

Com estas evidências de que a globalização modificou os modelos existentes precisa- se avaliar “[...] a presença do período nas regiões que estão à margem dos centros de modernidades, afinal elas também fazem parte do todo e são funcionalizações do mundo. Vale lembrar que a região está no todo e o todo está na região” (VASCONCELOS, 2011, p. 2).

A necessidade de atender os requisitos indispensáveis para a versatilidade e adaptação a mudanças começa a ocorrer uma nova forma de seleção na decisão de instalação da indústria, na medida em que diferentes locais apresentam recursos próprios e variáveis. Esta clara tendência do mercado neste processo crescente de globalização produtiva e financeira possibilita uma redução de custos significativa o que ocasiona uma possibilidade de preço

43 melhor para enfrentar a concorrência e/ou maiores lucros. Forças políticas, sociais, econômicas, éticas e até religiosas que, acabam remodelando a divisão escalar e espacial do trabalho, beneficiando os mais fortes em sua acumulação de capital, gerando a homogeneização de consumos e comportamentos independente da região do mundo, desde que integradas na globalização. Com esta nova formação de mercado a partir da globalização os atores locais e regionais tem um novo desafio, pois devem proporcionar recursos e formas de trabalho a fim de atrair novas empresas para promover o crescimento da região necessitando assim de um novo olhar para estes modelos (MOREIRA, 2006; CLEMENTE, HIGACHI, 2000).

Neste contexto, Colpo (2006, p. 33) expõe as responsabilidades desta sociedade pós- moderna em constantes mudanças, pois as divisas dos países se deslocam e o que prevalece são os “espaços financeiros, gerando novas cadeias hegemônicas que tentam disseminar sua forma de trabalho e buscam para si os maiores valores econômicos, dentro da dinâmica de acumulação capitalista”. E nesta nova forma de crescimento a exportação é uma necessidade, que propicia uma concorrência acirrada entre forças e empresas globais, gerando um desenvolvimento concentrado dependente da estabilidade da economia entre outros fatores (SANTOS, SILVEIRA, 2006).

Por este motivo alguns autores se preocupam com as formas de desenvolvimento sem depender diretamente de indústria “motriz” ou de capital de empresas globais. Para Boisier (1996), o desenvolvimento de uma região dependerá da sua capacidade de organização social, sendo que este movimento depende da formação de uma complexa malha entre instituições, atores e agentes de desenvolvimento, articulados dentro de uma cultura local e por um modelo político que deve ser esquematizado adequadamente. Contudo, nos dias atuais, esta articulação não é mais suficiente, pois as empresas precisam estar integradas nesta malha global.

Indiscutivelmente, a globalização acaba se tornando assunto no dia a dia das empresas, pois pode encontrar seu concorrente no outro lado do planeta, e por este motivo precisa adaptar-se constantemente, sendo que isso não deve ocorrer somente nas empresas, mas também em todo território, revelando, com isso, uma conjuntura econômica diferenciada, que necessita de modelos cada vez mais flexíveis desde a produção até a organização para ocorrer o acúmulo de capital necessário em toda empresa e/ou território. Contudo, é necessário

44 assegurar um espaço favorável ao desenvolvimento, dependendo de diferentes itens, entre eles: a qualificação dos atores locais, de infraestrutura, do ensino e da pesquisa, principalmente no campo tecnológico (BOISIER, 1996).

Neste cenário aliam-se como elementos do desenvolvimento, a inovação e novas organizações no sistema produtivo acentuado pela agilidade e pela competitividade como consequências da globalização. Neste contexto, Barquero (2002) defende que a globalização é afetada pelos modelos vinculados ao território, onde a conduta dos atores sociais influencia as condições econômicas de toda região. E esta conduta ética social acaba por afetar as decisões quanto aos investimentos, que por sua vez afetam a produtividade e competitividade local, a qual consolida ou não o desenvolvimento do território em um ambiente cada vez mais globalizado.