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OS ESTÍMULOS NA CRECHE, QUANDO E POR QUÊ?

Os bebês na creche apesar de não terem a linguagem oral desenvolvida, comunicam- se com os adultos de forma intensa, sendo uma comunicação singular em que gestos, balbucios, choros, risos servem como forma de contato social.

Desta forma os profissionais da educação infantil, necessitam se aprimorar desta linguagem dos bebês, buscando compreende-las e de certo modo ouvi-las e atribuí-las, comunicando-se com estes pequenos seres. Como afirma Freire (1996, pág. 131-132) “é preciso que quem tem o que dizer saiba, sem dúvida nenhuma, que sem escutar o que quem escuta tem igualmente a dizer, termina por esgotar a sua capacidade de dizer por muito ter dito sem nada ou quase nada ter escutado”.

Portanto parte do educar a busca por aperfeiçoamento, a partir de estudos sobre a faixa etária a qual será desenvolvido os estímulos, buscando significá-los, no decorrer das atividades.

O contato direto do educador com o bebê se faz mais do que apenas um contato, torna-se um vínculo, um dependente do outro para que as atividades cotidianas ocorram de forma tranquila, harmoniosa e produtiva. Ou seja, é necessário que os profissionais os quais trabalham com as crianças estejam preparados para se relacionar, no sentido de que possa haver confiança no

decorrer da rotina diária por parte da criança pelo seu professor. E desta forma são observados os resultados, as aprendizagens a partir dos estímulos propostos.

A base biológica do desenvolvimento e a estrutura neurológica não evoluem por si só, mas também pela influência do meio. Nesse sentido, o estimulo, além de contribuir com a construção da rede neural, capacita a criança a usar o que ela aprendeu para criar coisas e usá-las em situações inéditas. A estimulação tem que fazer parte da educação infantil (JAHNKE, MARQUES, 2011, pág.24).

A criança recebe o que lhe é proposto, portanto os estímulos oferecidos por parte de um adulto são atribuídos pela criança como ensinamentos e os mesmos para que sejam adquiridos pela criança, necessitam ser adequados à sua faixa etária e desenvolvidos.

Na escola da rede privada relata Maria (35 anos) “aos bebês a partir de quatro meses são fornecidos acompanhamento especializado de profissionais da educação e da saúde, como exemplo, o professor de Educação Física.” Este profissional, portanto, com a pedagoga e as docentes analisa individualmente cada criança, suas limitações e seu desenvolvimento, a fim de que sejam realizadas atividades que viabilizem seu avanço.

Percebe- se a importância dada ao desenvolvimento individual da criança, pois são direcionados estímulos específicos para cada criança, assim como os estímulos coletivos os quais podem ser desenvolvidos no geral com qualquer criança.

O desenvolvimento é parte da vida e está profundamente marcado pelo contexto do qual a criança participa. Os comportamentos que cada uma apresenta e as respostas que dá relacionam-se às questões mais amplas que lhe são colocadas cotidianamente. Consequentemente, crianças diferentes, com vidas diferentes, recebendo estímulos diferentes, estão expostas a problemas e a formas de solucioná-las diferentes e constroem padrões de referencia e de comportamento igualmente diferentes (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil, 2002. pág.45). Nessa perspectiva os estímulos estão diretamente ligados ao processo de ensino aprendizagem de cada criança. Na qual a uma comunicação vital em que os sujeitos são seres individuais cada um com seu tempo de crescimento e desenvolvimento. E ao mesmo tempo o conhecimento passa a ser construído e

compartilhado entre educador e educandos, através dos estímulos desenvolvidos.

A educação na creche remete a uma educação lúdica, que resgate brincadeiras e permita desfrutar do ser criança da magia do faz de conta, da fantasia. Portanto as atividades desenvolvidas na Educação Infantil necessitam ser lúdicas, com o contato físico, visual, com a oralidade do docente, com músicas educativas, com brincadeiras na troca das fraldas, na hora do banho, sendo estas atividades estímulos.

Através da brincadeira simples com a criança, na faixa etária de zero a três anos sua linguagem oral e corporal é estimulada. O adulto é visto como exemplo, e será imitado, transformar a hora da brincadeira como algo prazeroso e de aprendizagens, pois a criança não brinca simplesmente, ao brincar a criança está conhecendo o mundo a sua volta e o significando.

A criança encontra na brincadeira, meios de transformar objetos e cenas do faz de conta em fatos reais de seu cotidiano, representando o que a mesma vive.

As diferentes formas de linguagem verbal, corporal, plástica e musical e todas as formas de comunicação e expressão são básicas para que as crianças compreendam, compartilham e se estruturem na cultura e na sociedade.

Assim, é preciso propor atividades diárias que possibilitem o desenvolvimento da fala, do corpo, das artes, da música, da dança, da leitura, da escrita, da tecnologia. A apropriação desses

conhecimentos pelas crianças acontece o tempo todo

(ABRAMOWICZ, WAJSKOP, 1999, pág. 14).

Portanto nessa fase de vida da criança entre zero e três anos, os estímulos serão oferecidos durante o decorrer da rotina, será necessária a atenção do educador para distinguir momentos para que sejam desenvolvidos os estímulos. Os mesmos podem ser desenvolvidos individualmente, ou no coletivo. Destacando sempre que os estímulos necessitam ser curtos, que possam atrair a atenção da criança para o desenvolvimento da atividade proposta.

Trago alguns exemplos de estímulos, ou seja, os mais usados nesta faixa etária: a música, na qual a educadora pode cantar e encenar para e com as crianças, possibilitando a interação entre a turma, exposição e exploração de

instrumentos musicais diversos para que a criança observe suas diferenças em ritmo, som, assim como a estética dos instrumentos.

Brincadeiras com bolas de diferentes tamanhos e texturas. Atividade no colchão, de rolar, pular, engatinha, além de massagens relaxantes, e conversas continuas e estas se fazem de suma importância na realização de qualquer estímulo, para que a criança compreenda o que o profissional está realizando com ele no momento.

Portanto os estímulos são muitos, compete aos profissionais da educação, a escolha das atividades e estímulos adequados para as diferentes turmas desta faixa etária. Além da criatividade e inovação que podem ser usufruídas pelos profissionais da educação a fim de que novas atividades sejam utilizadas para a aprendizagem das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho que teve como objetivo analisar a atuação do pedagogo no espaço escolar da creche, articulando o educar e o cuidar no cotidiano com as crianças. Para que fosse possível a realização do mesmo foi realizada uma entrevista com as duas educadoras e uma pedagoga, assim como as observações do cotidiano escolar foram fundamentais para o estudo da temática.

A partir das leituras e reflexões a cerca da criança de zero e três anos, assim como da análise sobre a organização do espaço destinado à educação e cuidados com estas crianças é possível constatar que o trabalho desenvolvido pelo profissional da educação, sendo este o pedagogo se faz necessário, para que neste espaço sejam priorizadas as aprendizagens das crianças.

Portanto, vê-se a primeira infância como etapa mais importante do desenvolvimento infantil, pois nesta faixa etária a criança inicia os primeiros contatos com o outro, sendo este a integração com o meio escolar, colegas e docentes, assim como é nessa fase que é formada sua personalidade.

Desta forma, destaco que, a atuação do adulto com e para esta criança na creche se faz de tal importância que a qualificação destes profissionais é imprescindível. Pois parte deste profissional, sendo este o pedagogo, a organização e planejamento da rotina e atividades desenvolvidas na escola, visando aproveitamento do espaço e tempo, destacando o educar e o cuidar, a fim de que haja por parte das crianças aprendizagens qualificadas.

REFERÊNCIAS

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