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OS ESTATUTOS DA OFICINA

No documento A oficina de São José : 1880-1909 (páginas 34-50)

CAPÍTULO II A OFICINA DE SÃO JOSÉ NO PORTO

II.2. OS ESTATUTOS DA OFICINA

O estudo da Oficina de São José tornou-se mais completo pela análise dos respectivos estatutos. Sendo assim, optamos pela sua transcrição com anotações sobre as principais ilações que retiramos da referida análise.

No Governo Civil do Porto, sob o selo do mesmo, tendo ouvido o Tribunal Administrativo e usando da faculdade conferida pelo artigo 217º nº 13º do Código Administrativo, Albino Pinto de Miranda Montenegro, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, Governador Civil do Distrito do Porto, aprovou os estatutos da Oficina de São José no Porto, a 8 de Setembro de 1887.

“Os estatutos constam de vinte e quatro artigos escriptos em quatro meias folhas de papel, devidamente selladas, e numeradas e rubricadas pelo pelo official maior, servindo de Secretario Geral deste Governo Civil”.

“Não pagou direitos de mercê nem sêllos por os não dever em vista das respectivas leis”.

Passemos à transcrição e à análise dos referidos estatutos:

Artigo 1º- A Oficina de São José, fundada pelo presbítero Sebastião Leite de Vasconcelos, tem por fim primário o ensino profissional de artes e ofícios, juntamente com a educação moral e religiosa, de expostos e menores abandonados; e, quando haja lugar, o de filhos menores de pessoas miseráveis, precedendo autorização de seus legítimos representantes.

O primeiro artigo destes estatutos remete-nos para a importância coeva do ensino profissional e religioso dos menores em risco, numa sociedade que se debatia com os problemas decorrentes de um elevado número de jovens ao abandono. Assim, só a preparação moral e laboral para a vida activa poderia funcionar como um “travão” ao crescente número de jovens marginais.

Artigo 2º- Estabelecer-se-ão na Oficina as artes e ofícios que suas forças e recursos permitirem; desde já, porém, são ensinados, pela sua ordem de antiguidade, os de sapateiro, alfaiate, carpinteiro, encadernador e serralheiro.

Todos os jovens da Oficina, além de uma arte ou ofício, aprenderão desenho que lhes for apropriado e a instrução primária elementar.

O segundo artigo dos estatutos especifica o tipo de instrução/preparação profissional facultada aos jovens acolhidos na oficina. As profissões para as quais eram encaminhados os jovens que estudavam na oficina eram profissões bastante usuais na época. Esta realidade pode ser explicada, quer pela não exigência de grandes investimentos em máquinas e ferramentas, quer pela não obrigatoriedade de uma aptidão específica pelos educandos, facilitando-se a própria empregabilidade.

Artigo 3º- Propondo-se esta instituição educar e regenerar os menores, para que de futuro cada um deles seja homem temente a Deus, dedicado à sua família e ao trabalho, e proveitoso à sociedade e a si próprio, haverá sempre a mais assídua vigilância pela boa moral dos educandos, e o mais constante cuidado pela sua educação religiosa.

O terceiro artigo dos estatutos realça a importância de um rigoroso regime disciplinar nesta instituição de modo a salvaguardarem-se os princípios morais básicos de uma educação religiosa.

Artigo 4º- Todos os alunos serão internos; poderá haver externos, quando a Oficina tiver casa apropriada, de modo que uma das classes fique inteiramente isolada da outra, e em ambas se mantenha sua respectiva disciplina.

O quarto artigo dos estatutos estipula o regime de internato dos alunos apontando como principal causa o espaço físico disponível para o funcionamento desta instituição, evitando-se o contacto entre alunos internos e alunos externos.

Artigo 5º- Somente serão admitidos como internos, os expostos e menores abandonados, que não tenham família, nem protecção alguma; e, quando haja lugar, os filhos menores de pessoas miseráveis.

 1º Na concorrência de dois menores, dos quais um seja pervertido e totalmente abandonado, e o outro filho de família muito pobre, terá o primeiro a preferência na admissão.

 2º Pela mesma razão de maior necessidade moral, os jovens de mau proceder, que tenham tido a infelicidade de haver estado na cadeia,

serão preferidos para admissão a outros quaisquer, salvo sempre o bom credito da Oficina, e sua regular disciplina e andamento.

Este quinto artigo revela a preocupação prioritária com a prevenção de situações de marginalidade/criminalidade dos menores em risco pelo que se dá prioridade à admissão dos menores mais abandonados e vulneráveis a comportamentos de risco.

Artigo 6º- Nunca serão admitidos alunos pensionistas, por isso que esta casa, pela sua instituição, não pertence a outrem, senão ao jovem pobre, o qual procura salvaguardar do vício, ou regenerá-lo quando infelizmente caído.

O sexto artigo reporta-se aos jovens pobres, muito mais susceptíveis de cair nas malhas da marginalidade/criminalidade.

Artigo 7º- A admissão dos alunos será feita mediante requerimento em papel não selado, dirigido ao Presidente, que, ouvido o parecer e informação por escrito do Visitador, deferirá como for de justiça.

Artigo 8º- Para a admissão, porém, de algum, que tenha estado preso na cadeia, bastará simples proposta informada do Visitador apresentada ao Presidente.

Comparando os artigos número 7 e 8, confirmamos a ideia já referida de uma preocupação prioritária com a regeneração de jovens caídos nas “teias” da delinquência, preocupação essa evidente na desburocratização das condições de admissão de jovens com cadastro (…simples proposta ao Presidente, sem requerimento em papel…).

Artigo 9º- A idade para admissão é desde os 12 anos até aos 17; e a saída não deverá ser, em regra, antes dos 21 anos, guardadas as prescrições legais, e salvo o caso de despedida por incorrigibilidade, ou de emancipação legal. No respeitante ao artigo nono, foram encontradas várias excepções a este artigo no livro de registo de matrículas analisado; ou se tratava de jovens que eram admitidos precocemente pela situação de abandono total em que se encontravam, ou se tratava de jovens que permaneciam na Oficina, para além da idade limite definida pelos estatutos, uma vez que não tinham colocação no exterior para poderem trabalhar (ganhar a vida). Além destas excepções, também detectamos casos de jovens que saíam

mais cedo para beneficiarem do surgimento de oportunidades de uma “boa colocação” (emprego) ou de jovens que ficavam na Oficina a exercer a função de monitores.

A título de exemplo, podemos referir alguns educandos. Armindo Dias Baptista que se despediu para se estabelecer; José Lourenço Soares que, com o dinheiro que juntou e um modesto enxoval, saiu para contrair matrimónio com Felismina Rosa Soares, em 11 Abril de 1891; João Pinto que foi colocado numa sapataria como “gaspiador”, a 10 de Julho de 1897; o caso de Bernardino Gomes da Silva que foi enviado para o lugar de mestre sapateiro para a Oficina do Asilo do Menino Deus, em Barcelos; o percurso de Viriato da Cunha Magalhães que não tinha idade regulamentar mas foi para casa de Luíz de Azevedo, dono da “Soberania do Povo”, em Águeda, como tipógrafo habilitado, em 7 de Março de 1904. Artigo 10º- Quando a administração da Oficina julgar um educando já habilitado antes da maioridade, ou emancipação legal, poderá colocá-lo em casas, onde exerça a sua arte ou ofício, sem prejuízo dos direitos de seus legítimos representantes.

O décimo artigo faculta à direcção da oficina, a possibilidade de empregar menores já habilitados para exercer a profissão para que foram preparados.

Artigo 11º- O número dos educandos não é fixo; mas será regulado segundo os recursos da Oficina, a qual poderá no distrito abrir casas sucursais regidas pelos mesmos estatutos, e com igual disciplina.

O décimo primeiro artigo revela uma tendência “expansionista” da Oficina pelo distrito do Porto.

Artigo 12º- A oficina de São José toda se entrega à Divina Providência para sua sustentação. Consiste, pois, sua dotação: nos parcos proventos de que o seu fundador possa dispor, no “obolo” da caridade cristã voluntariamente ofertado, nos legados com que seus benfeitores em testamento ou por outra qualquer forma contemplarem esta obra de regeneração social, e no produto dos artefactos provenientes do trabalho dos educandos.

O artigo doze revela a proveniência dos rendimentos ou fontes de sustento dos educandos desta instituição, destacando o recurso à caridade pública e particular bem como o “lucro” resultante da comercialização dos artefactos produzidos.

Artigo 13º- Este Instituto será administrado por uma comissão, que servirá por tempo de dois anos, e será composta de cinco Vogais nomeados pelo Prelado Diocesano, seu Presidente honorário perpétuo.

 No caso de recusa ou falta de nomeação, por parte do Prelado, será devolvida esta faculdade ao Governador Civil do Distrito.

 Feita a nomeação, entrará a comissão em exercício no princípio do mês de Julho do respectivo biénio, e o Prelado participará ao Governador Civil o nome dos Vogais que a constituem, podendo reconduzir os mesmos ou alguns mais do que uma vez.

 O Prelado, como Presidente honorário, pode assistir às sessões da comissão, e nesse caso tem voto deliberativo e outro de qualidade quando necessário.

Nota: Este artigo destaca a importância da Diocese e do Governo Civil do Porto na administração da Oficina. O presidente honorário perpétuo da comissão administrativa da instituição era o Prelado Diocesano que poderia ser substituído pelo Governador Civil do Distrito nas respectivas atribuições.

Artigo 14º- A comissão será composta de um Director, que será Presidente efectivo, de um Visitador, e mais três Vogais, um dos quais será o Secretário e outro o Tesoureiro, e compete-lhe resolver todos os assuntos que não estejam cometidos especialmente ao seu Presidente.

Artigo 15º - O Director será sempre um presbítero, e terá a seu cargo a superintendência em todo o serviço da Oficina: representá-la-á em juízo ou fora dele; assinará toda a correspondência, ordens e mandados de pagamentos ou de cobrança de receita; e pertence-lhe a escolha dos mestres e de todo o mais pessoal do estabelecimento, bem como resolver acerca da admissão ou expulsão de quaisquer menores.

Os artigos décimo quarto e décimo quinto estipulam a organização administrativa da Oficina e o último artigo mencionado reforça a ideia destacada no artigo 13º quando se reporta à obrigatoriedade do Director ser um presbítero.

Artigo 16º- O Visitador terá a seu cargo fiscalizar a escrituração; verificar as contas que “hão-de” ser pagas pelo tesoureiro; informar as admissões dos alunos, e vigiar pelo seu progressivo aproveitamento e adiantamento moral, civil e religioso.

Artigo 17º- Ao Secretário competirá fazer toda a escrituração, conservando-a sempre em dia, com a máxima regularidade, e conforme as instruções regulamentares.

Artigo 18º- Ao Tesoureiro pertencerá cobrar toda a receita e efectuar as despesas, segundo as ordens e mandados escriturados pelo Secretário e assinados pelo Director.

Artigo 19º- Enquanto Deus for servido conservar a vida e forças ao actual fundador desta Oficina, propõe-se ele a ser o seu Director, assumindo nesta qualidade toda a responsabilidade, e gozando de todos os direitos que como tal lhe possam competir de presente ou de futuro.

Os artigos 16º, 17º, 18º e 19º definem as atribuições do visitador, do secretário e do tesoureiro, legitimando a atribuição do cargo de direcção desta instituição ao Padre Sebastião Leite de Vasconcelos, fundador da Oficina, que assumiu tal função enquanto viveu em Portugal, não obstante as polémicas geradas em torno da sua figura.

Artigo 20º- A gerência financeira da Oficina será feita por anos económicos, e a eles serão referidos orçamentos ordinários e suplementares, e as respectivas contas.

O vigésimo artigo reporta-se à gestão financeira da Oficina que era efectuada por anos económicos e através de orçamentos ordinários e suplementares.

Artigo 21º- Conquanto este Instituto, para sua conservação e prosperidade, confie mais que tudo na Divina Providência movendo as almas caritativas a beneficiá-lo; todavia, se Deus permitir que a Oficina de São José obtenha mais

meios do que os actualmente possuídos, a comissão administrativa, na aceitação de heranças ou legados, na aquisição de bens imobiliários indispensáveis e desamortização dos outros, bem como em quaisquer escrituras, empréstimos, ou alienações, conformar-se-á sempre em tudo com as leis vigentes.

O artigo 21º procura legitimar a proveniência das receitas da Oficina e a compra, arrendamento ou venda de bens, de acordo com as necessidades do momento.

Artigo 22º- Se nalgum tempo, por falta de recursos ou outra qualquer circunstância esta pia instituição, Oficina de São José - se não puder sustentar, passarão todos os seus haveres e legados, salvo os direitos de terceiro, para o “Asylo de Villar”, desta cidade, fundado pelo arcediago Ricardo Van-Zeller, de saudosa memoria, com os encargos pios a eles anexos.

O artigo 22º refere-se à eventualidade da instituição encerrar e dos respectivos bens transitarem para o Asilo de Vilar.4

Artigo 23º- A comissão administrativa poderá organizar os regulamentos que entender necessários para o regime e desenvolvimento do estabelecimento, e para a boa disciplina, educação e conservação do espírito religioso dos menores, devendo esses regulamentos ser submetidos à aprovação do Governador Civil do distrito.

Este 23º artigo reforça a importância do Governo Civil do Porto na aprovação dos regulamentos da Oficina de São José deste distrito.

Artigo 24º- Sem essa aprovação não terá validade qualquer alteração que de futuro se pretendia introduzir nestes Estatutos.

A 8 de Maio de 1908, Adolpho da Cunha Pimentel, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra e Governador Civil do Distrito Administrativo do Porto, aprovou novos estatutos pelo artigo 252nº8 do código administrativo (…)

4

O Asilo de Vilar foi fundado por Ricardo Van-Zeller, tratando-se de um organismo que recolhia crianças e que beneficiava de donativos particulares.

Passaremos a transcrever os artigos mencionados, redigindo a itálico negrito, os que apresentam uma nova redacção:

Artigo 1º- A Oficina de São José, fundada em 1880 pelo actual bispo de Beja, Dom Sebastião Leite de Vasconcelos, tem por fim primário o ensino profissional de artes e ofícios juntamente com a educação moral e religiosa de expostos e menores abandonados; e quando haja lugar, o de filhos menores de pessoas miseráveis, precedendo autorização de seus legítimos representantes. Artigo 2º- Estabelecer-se-ão na Oficina as artes e ofícios, que suas forças e recursos permitirem; desde já, porém, são ensinados, pela sua ordem de antiguidade os de sapateiro, alfaiate, encadernador, marceneiro, torneiro, tipógrafo e impressor.

Todos os internados, além de uma arte ou ofício, aprenderão o desenho que lhes for apropriado, instrução primária e música.

Artigo 3º- Propondo-se esta instituição educar e regenerar os menores, para que de futuro cada um deles seja homem temente a Deus, dedicado à sua família e ao trabalho e proveitoso à sociedade e a si próprio, haverá sempre a mais assídua vigilância pela boa moral dos educandos, e o mais constante cuidado pela sua educação religiosa.

Artigo 4º- Todos os alunos serão internados; podê-los-á, porém, haver externos quando a Oficina tiver casa apropriada, de modo que uma das classes fique inteiramente isolada da outra, e em ambos se mantenham uma respectiva disciplina.

Artigo 5º- Somente serão admitidos como internos os expostos e menores abandonados, que não tenham família, nem protecção alguma, e quando haja lugar, os filhos menores de pessoas miseráveis.

 1º- Na concorrência de dois menores dos quais um seja pervertido e totalmente abandonado, e o outro filho de família muito pobre, terá a primeira preferência na admissão.

 2º- Pela mesma razão de maior necessidade moral, os menores de mau proceder, que tenham tido a infelicidade de haver estado na cadeia, serão preferidos para admissão a outros quaisquer, salvo sempre o bom crédito da Oficina e sua regular disciplina e andamento.

Artigo 6º- Nunca serão admitidos alunos pensionistas, por isso que esta casa pela sua instituição não pertence a outrem senão ao menor pobre, ao qual procura salvaguardar do vício ou regenerá-lo, quando infelizmente caído.

Artigo 7º- A admissão dos alunos será feita mediante requerimento em papel não selado, dirigido ao Presidente, acompanhado da certidão de idade, certidão de óbito de pai e mãe, ou informação de completo abandono, ou do estado miserável dos pais, atestado de um médico, que mostre não ter doença contagiosa e não sofra enfermidade mental que o torne incapaz para o trabalho. Entregue na Secretaria o requerimento será despachado, mediante informação escrita do “Vice-Presidente-Visitador”, pela comissão reunida em sessão ordinária. Os requerimentos serão numerados pelo Secretário e conservados na repartição respectiva, não havendo outra preferência para o despacho a não ser o número de ordem. As únicas excepções à admissão pelo número de ordem só podem ser motivadas pelas circunstâncias do menor já estar preso na cadeia, ficar completamente abandonado e em extrema miséria, no caso de incêndio, naufrágio, inundação, ou de ser a sua admissão indicada pelo fundador desta instituição.

Artigo 8º- Os membros da Comissão Administrativa poderão afiançar nos termos legais algum menor detido, recolhendo-o na Oficina até ao julgamento, e conservando-o se for absolvido.

Artigo 9º- A idade para admissão é desde os 12 até aos 16, e a saída não deverá ser em regra antes dos 18 anos; salvo o caso de despedida por incorrigibilidade, ou de emancipação legal quando exposto.

 1º- Poderão ser admitidos menores antes dos 12 anos mas só depois dos 10, quando tiverem estado na Cadeia ou ficarem em extrema miséria e abandono dos seus, no caso de incêndio, naufrágio e inundação.

 2º- Também poderão ser conservados além dos 19 anos os menores que não tenham obtido a necessária instrução profissional, e não sejam julgados, por informação do Director e restante pessoal, moralmente regenerados até a obter; e bem assim

poderá demorar-se mais algum tempo aquele que ainda não tenha arranjado colocação certa.

Artigo 10º- Quando a comissão administrativa da Oficina julgar um educando já habilitado antes de ter completado o tempo marcado por estes estatutos para a sua educação poderá colocá-lo em casa onde exercer a sua arte ou ofício sem prejuízo dos direitos dos seus legítimos representantes ou tutores.

Artigo 11º- O número dos educandos não é fixo; mas será regulado segundo os recursos da Oficina, a qual poderá no Distrito do Porto abrir casas sucursais regidas pelos mesmos estatutos e com igual disciplina.

Artigo 12º- A Oficina de São José confia na Divina Providência para mais larga e intensamente continuar ainda a exercer a sua acção. A sua dotação consiste no seguinte:

1º- Nos bens imóveis que compreendem um edifício próprio e a capela adjacente;

2º- Rendimentos provenientes do capital que possui;

3º- Produto dos artefactos manufacturados pelos educandos;

4º-As doações, legados ou heranças, com que esta obra seja contemplada pelos seus benfeitores.

Artigo 13º- Este instituto será administrado por uma comissão que servirá pelo tempo de três anos e que será composta além do seu Presidente de três Vogais nomeados pelo seu fundador enquanto vivo for.

Artigo 14º- A comissão será composta de um Presidente, de um Vice- Presidente que será Visitador, e de mais dois vogais, um dos quais será Secretário e o outro o Tesoureiro, e compete-lhe resolver todos os assuntos que não estejam especialmente cometidos ao Director do estabelecimento.

Artigo 15º- O Director será sempre um presbítero e terá a seu cargo a superintendência em todo o serviço da Oficina; assinará toda a correspondência de expediente; escolherá os mestres e todo o mais pessoal, devendo informar das suas resoluções a comissão.

Artigo 16º- O Vice-Presidente como Visitador terá a seu cargo fiscalizar a escrituração; verificar as contas que “hão-de” ser pagas pelo Tesoureiro; informar as admissões dos alunos, e vigiar pelo seu progressivo aproveitamento, e adiantamento moral, civil e religioso;

Artigo 17º- Ao Secretário competirá fazer toda a escrituração conservando-a sempre em dia com a máxima regularidade e conforme as instruções regulamentares.

Artigo 18º- Ao Tesoureiro pertencerá cobrar toda a receita e efectuar os assinados pelo Presidente ou Vice-Presidente.

Artigo 19º- Enquanto Deus for servido conservar a vida ao seu fundador propõe-se ele como Presidente efectivo nomear em sua vida os membros da comissão, passando tal atribuição depois da sua morte para o Presidente nato, que será o Prelado Diocesano.

O Presidente tem voto de qualidade nos casos de empate.

Artigo 20º- A gerência financeira da Oficina será feita por anos económicos e a eles serão referidos os orçamentos ordinários e suplementares e as respectivas contas.

Artigo 21º- Conquanto este instituto para sua conservação e prosperidade confie mais que tudo na Divina Providência movendo as almas caritativas a beneficia-lo; todavia, se Deus permitir que a Oficina de São José obtenha mais meios do que os actualmente possuídos, a Comissão Administrativa, na aceitação das heranças ou legados, aquisição de bens imobiliários indispensáveis e desamortização de outros, bem como em quaisquer escrituras, empréstimos, ou alienações, conformar-se-á sempre em tudo com as leis regentes.

Artigo 22º- Se em algum tempo por falta de recursos ou outra qualquer

No documento A oficina de São José : 1880-1909 (páginas 34-50)

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