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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 GRANEL SÓLIDO

3.3.1 Os fluxos no transporte de cabotagem

O segundo perfil de carga a ser analisado é o granel sólido. A análise dos fluxos pelo transporte de cabotagem mostra que, em 2019, os terminais presentes especialmente nos estados de Pará (PA) e Maranhão (MA) estão entre as principais origens da navegação, enquanto que os próprios estados citados, juntamente com os terminais presentes nos estados de Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE) e Espírito Santos (ES), configuram como os principais destinos de tal perfil de carga.

Ao se comparar com o ano de 2010, nota-se que o principal fluxo tinha origem em PA e destino em MA e em PA, sendo que tais fluxos também estão presentes em 2019. A diferença verificada está no fato de que, no ano de 2019, também ocorreram fluxos com origem em MA e destinando aos estados de RJ, CE e ES.

Embora a relevância do principal fluxo de granel sólido tenha permanecido constante nessa década (cerca de 42% do total de granel sólido em 2019 e em 2010 tiveram o fluxo com origem em PA e destino em MA), ele continua como o mais representativo e merece destaque: 11,6 milhões de toneladas tiveram origem em PA 2019 e, desses, 9 milhões de toneladas se destinaram ao estado do MA, ou seja, 78% do total de mercadorias com origem no PA se destinaram ao MA.

A Figura 11 ilustra os fluxos de granel sólido por cabotagem ocorridos nos anos de 2010 e 2019.

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Figura 11 – Os fluxos de granel sólido entre os estados do Brasil.

Fonte: elaborado usando SankeyMATIC com base em dados ANTAQ (2020).

3.3.2 Os terminais no transporte de cabotagem

No transporte de granel sólido, três terminais respondem por 79% do total de carga embarcada, a saber: Trombetas, na região Norte, Juruti e Ponta da Madeira, no Nordeste. Vale destacar a elevada contribuição do terminal de Ponta da Madeira em 2019, o qual chegou a embarcar 5,2 milhões de toneladas e passou a ser o terceiro terminal que mais originou transporte de graneis sólidos. Este mesmo terminal, em 2010, movimentou apenas 100 mil toneladas, contribuindo para o aumento do transporte de granel sólido na cabotagem. Já o Terminal de Trombetas continua configurando como o principal terminal de granel sólido em termos de origem das mercadorias, entretanto, seu valor caiu cerca de 5 milhões de toneladas entre os anos de 2010 e 2019, passando de 11,1 milhões no início da série analisada para 6,3 milhões no final.

Quanto ao destino do transporte do perfil de carga, destacam-se o Terminal da Alumar e do Pecém, que juntos receberam 13,5 milhões de toneladas do perfil de carga (63% do total transportado). Não foi registrado em 2010 transporte de granel sólido com destino ao Terminal Portuário do Pecém, indicando o recente uso do terminal para destinação das mercadorias. Os terminais que originaram e se destinaram as

mercadorias de granel sólido podem ser visualizados na Figura 12 e na Figura 13.

Figura 12 - Principais terminais de origem do transporte de granel sólido

Fonte: elaborado com base nos dados da ANTAQ (2020). Figura 13 - Principais terminais de destino do transporte de granel sólido

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Quanto aos principais fluxos das mercadorias, cabe destaque aos terminais da região norte e nordeste tanto no ano de 2010 quanto em 2019. A maior diferença percebida entre os dois anos está no fato de que o Terminal de Ponta da Madeira passou a ser utilizado para originar o transporte e o Terminal do Pecém passou a ser destino das mercadorias, ambos na região nordeste, no qual o fluxo foi o terceiro mais representativo no ano de 2019. Outro ponto a ser notado foi a queda de quase 5 milhões de toneladas no fluxo entre os terminais Trombetas e Vila do Conde, justificando boa parte da diminuição das mercadorias originárias no Terminal Trombetas citado anteriormente: 66% das mercadorias originárias em 2010 de Trombetas se destinavam a Vila do Conde, enquanto que toda a mercadoria recebida em Vila do Conde no ano de 2010 foi advinda de Trombetas.

Os principais fluxos de granel sólido para 2010 e 2019 podem ser verificados, respectivamente, na Tabela 4 e na Tabela 5.

Tabela 4 - Granel sólido transportado entre os principais terminais no ano de 2010

Origem Destino

Total transportado (t) Porto/Terminal Porto/Terminal

Trombetas Vila do Conde 7.407.990

Alumar 3.716.216 Juruti 2.577.348 Não identificado Cubatão 685.969 Ponta Ubu 637.233 Não identificado Santos 592.876 Areia Branca 478.397 Paranaguá 183.831

Angra dos Reis Oleoplan 148.229

Areia Branca Portocel 136.310

Outros 1.692.336

Total 18.256.735

Tabela 5 - Granel sólido transportado entre os principais terminais no ano de 2019 Origem Destino Total transportado (t) Porto/Terminal Porto/Terminal Juruti Alumar 5.284.960 Trombetas 3.750.465

Ponta da Madeira Pecém 3.273.026

Trombetas Vila do Conde 2.518.240

Ponta da Madeira Praia Mole 1.932.841

Vitória Pecém 1.230.778

Ternium 736.979

Itaqui 614.964

Areia Branca Santos 448.308

Tmib Cimento Vencemos 246.580

Outros 1.196.754

Total 21.233.895

Fonte: ANTAQ (2020). Elaboração própria.

3.3.3 As embarcações e as linhas de navegação no transporte de cabotagem

Os graneis sólidos, frequentemente transportados pelas embarcações do tipo graneleiro, balsas e barcaças, apresentam como principais responsáveis pelo transporte a empresa Norsul, com doze barcaças e um graneleiro, e a empresa Locar, com sete barcaças e quatro balsas, totalizando treze e onze embarcações possíveis de serem transportados graneis sólidos respectivamente. Verifica-se também que o maior número de embarcações para transporte é do tipo barcaça, com um total de 40. O número de embarcações, segundo o tipo, das empresas operadoras de graneis sólidos pode ser visualizado na Figura 14.

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Figura 14 - Número de embarcações, segundo o tipo, das empresas operadoras de cabotagem: granel sólido

Fonte: elaborado com base em Teixeira et al. (2018) usando dados da ANTAQ (2020).

Os granéis sólidos, como descritos no tópico 3.3.2, apresentam maiores fluxos de mercadoras entre os terminais da região norte e nordeste do Brasil, tendo como principais origens os Terminais de Juruti, Trombetas e Ponta da Madeira, e principais destinos Alumar e Pecém.

Segundo dados da ANTAQ (2020), todas as mercadorias transportadas por cabotagem com origem em Juruti (PA) e que se destinam a Alumar (MA) são minérios de alumínio (bauxita), totalizando em 2019 5,3 milhões de toneladas. Já com origem no Terminal Trombetas, também localizado no estado do Pará, o transporte da bauxita foi de 3,7 milhões de toneladas.

A extração da bauxita na região oeste do Pará se iniciou em 2009 pelo grupo norte-americano Alcoa, maior grupo produtor de alumínio primário do mundo. Além disso, a Alcoa é sócia das empresas BHP Billiton e Alcan no Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), uma refinaria localizada na cidade de São Luís (MA) que produz lingotes de alumínio. Os Terminais de Juruti, Trombetas e de Alumar são, portanto, responsáveis pelo escoamento da produção da bauxita (CETEM, 2013).

No caso do fluxo envolvendo os terminais de Juruti e Alumar, ambos pertencentes a Alcoa, a extração na mina de bauxita é realizada e o transporte ao terminal de Juruti se dá por meio da Estrada de Fero Juruti, a qual interliga a unidade produtora ao terminal portuário, com extensão de 55 km e contando com três locomotivas. Quanto ao transporte que envolve como terminal de origem Trombetas, a interligação entre a mina de extração e o terminal portuário se dá pela Estrada de Ferro Trombetas, sendo essa pertencente a Companhia Vale S.A (LABTRANS, 2018).

Uma vez transportado por cabotagem ao Terminal da Alumar, a bauxita é encaminhada para a refinaria da própria empresa para transformação em alumina, sendo o produto integralmente destinado à exportação, tendo como principais destinos Canadá, Emirados Arábes, Islândia e Argentina, onde então será produzido o alumínio (LABTRANS, 2018).

Ainda, o Brasil e a Alumar possuem vantagens competitivas que colocam o país como quarto maior exportador mundial de alumina, respondendo por cerca de 10% do total de exportações globais. Um deles é possuir a terceira maior reserva de bauxita do mundo, estando a maior parte concentrada na região Amazônica; e o outro é a integração presente entre as minas de bauxita, unidades de refino e infraestrutura de transporte, sendo especialmente beneficiado pelo fato de a Alcoa ser a detentora desses processos (EPE, 2016).

A empresa transportadora responsável pelo fluxo de bauxita na região é a Posidonia Shipping, que afretou recentemente um navio de capacidade de 80 mil toneladas para viabilizar o transporte até o Terminal da Alumar, tendo como origem tanto o Terminal de Juruti quanto de Trombetas (OLIVEIRA, 2020).

Vale ressaltar que em 2010, o maior fluxo de transporte de bauxita (e também de granel sólido de forma geral) se deu entre os Terminais de Trombetas e Vila do Conde, também localizado no estado do Pará. (7,4 milhões de toneladas transportadas). Entretanto, Vila do Conde foi perdendo gradualmente sua contribuição na última década e dando espaço ao Terminal da Alumar, uma vez que em 2009 houve um elevado investimento de U$ 2,7 bilhões na refinaria de alumínio, localizado na área do Terminal da Alumar, elevando sua capacidade anual de 1,5 milhões para 3,7 milhões de toneladas, tornando a logística da bauxita mais viável (ALUMAR, 2019).

Quanto ao transporte de granel sólido com origem no Terminal de Ponta da Madeira e destino no Terminal do Pecém, ambos da região nordeste do Brasil, a mercadoria que movimentou os 3,3 milhões de toneladas em 2019 foi o minério de ferro.

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O Terminal de Ponta da Madeira é pertencente à Companhia Vale S.A., antiga estatal Vale do Rio Doce e maior produtora mundial de ferro (VALE, 2020). A principal reserva de minério ferro brasileira está localizada na Floresta Nacional de Carajás, uma área de conservação ambiental localizada ao sul do estado do Pará, na qual parte das minas operadas pela Vale estão presentes na região, sendo tal área conhecida pelo alto teor de minério de ferro presente nas rochas: cerca de 67%, o teor mais alto do planeta (VALE, 2020a).

O Terminal de Ponta da Madeira recebe o minério de ferro advindo de Carajás através da estrada de ferro Carajás, sendo armazenados nos 11 pátios de estocagem. Após serem estocados, os navios são carregados para ocorrer o transporte dos produtos via cabotagem (VALE, 2020).

A Vale tem uma rede logística que integra as minas de ferro, ferrovias e terminais. Para atender à demanda, além de um calado em seus portos que é apto a receber navios de maior calado, como os do tipo Valemax, ela conta também com navios próprios e fretados, sendo parte dos minérios escoados para o Porto de Pecém (VALE, 2020a).

Segundo Labtrans (2015), o Terminal Portuário do Pecém dispõe de um pátio exclusivo para receber minérios, com uma área aproximada de 21.600 m² destinadas à exportação do produto especialmente para Indonésia e China. Ainda, de acordo com a Tribuna do Ceará (2020), o terminal bateu recorde na quantidade de cargas transportadas por conta dos investimentos atuais realizados, tendo como exemplo a construção de um novo portão de acesso, ponte e berço de atracação para atender às crescentes demandas.

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