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OS FREQÜENTADORES DO CEAI

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A assistência é constituída de jovens, adultos e crianças que estão em busca de orientações para problemas existenciais. No CEAI a assistência está dividida assim como o congá, por sexo. Para esta pesquisa foram entrevistados apenas os jovens e adultos entre 20 e 60 anos de idade. Desses, 73% são mulheres e 26% são homens. GRÁFICO-01 Genero 26% 74% Masculino Feminino

Fonte: dados coletados com os freqüentadores do CEAI-2007

No gráfico-02 que se refere à cor da pele, observa-se que a maioria dessas pessoas, com um percentual de 61%, são brancas, 35% são pardas e apenas 4% são negras.

Cor da Pele 61% 35% 4% Brancas Pardas Negras

Fonte: dados coletados com os freqüentadores do CEAI-2007

A Umbanda apesar de ser uma religião afro-brasileira conta com uma grande participação dos brancos em seu culto e sua formação. Ortiz (1999) explica esta situação dizendo que na formação da religião umbandista ocorreu um processo simbólico de embranquecimento das tradições afro-brasileiras, ou seja, uma aceitação das crenças tradicionais afro-brasileiras por parte dos brancos. Outra explicação poderia ser que os negros por estarem nas condições de marginalização acabam por freqüentarem os terreiros mais pobres, ou seja, os mais próximos de suas residências. Ortiz (1999) afirma que “há uma tendência à reprodução das contradições sociais no nível da freqüência religiosa, neste sentido pode-se afirmar que o negro se agrupa de acordo com sua posição de classe e de cor” (Ortiz, 1999, p. 98).

No geral os adeptos da Umbanda são pobres, com baixa escolaridade marginalizados e excluídos da sociedade. Mas no CEAI percebe-se o inverso. O grau de escolaridade é considerado bom, e quando analisados vê-se que 39% têm o segundo grau completo, 22% o curso superior completo, 22% o superior incompleto e 17% têm o primeiro grau. Não se constatou entre os entrevistados nenhum analfabeto.

Escolaridade 39% 22% 22% 17% Segundo Grau Superior Completo Superior incompleto Primeiro Grau

Fonte: dados coletados com os freqüentadores do CEAI-2007

Sob esse aspecto os estudos mostram que a religião umbandista é quase que exclusiva para os marginalizados, mas sua formação conta com a participação maior dos intelectuais brancos e mulatos. Hoje a Umbanda conta com a presença cada vez mais forte das camadas médias da população. No CEAI, por exemplo, ao analisar os depoimentos dos freqüentadores, vê-se que são pessoas que moram em bairros privilegiados. Não se constatou pessoas que moram no bairro em que está localizado o CEAI, mas vindos das mais diversas regiões de Goiânia e até mesmo de outros municípios como Senador Canedo e a maioria de regiões nobres.

De acordo com Victoriano (2005) a Umbanda se apresenta como

um culto religioso tipicamente urbano, que contempla as camadas médias, ofertando aos membros “ativos” uma gama variada de bens simbólicos e de produtos “mágicos”, através dos quais se dá uma resposta rápida a suas necessidades (Victoriano, 2005, p. 64).

Com os dados relacionados já se percebe que os participantes13 do CEAI são

de classe privilegiada, e esse dado pode estar relacionado ao local onde o terreiro se encontra. De acordo com Maggie (2002), os participantes de um terreiro se agrupam de acordo com sua posição social, assim o terreiro é freqüentado de acordo com a região em que está inserido. Como já foi colocado o CEAI está localizado numa região privilegiada de Goiânia, seguindo o pensamento de Maggie

(2002), e conseqüentemente os seus participantes serão de uma classe mais elevada. Este dado se confirma também pela análise em relação à moradia, e considera-se que há um número bem maior de pessoas que têm casa própria.

Nas análises percebe-se que 74% das pessoas possuem casas próprias e 26% das pessoas moram em casas alugadas, confirmando assim os estudos de Maggie (2002). GRÁFICO-04 Moradia 74% 26% Casa Propria Casa Alugada

Fonte: dados coletados com os freqüentadores do CEAI-2007

Ainda em relação à situação socioeconômica dos participantes do CEAI, constata-se que o centro é freqüentado por pessoas de diversas categorias como: estudantes, cozinheiras, gerentes de alimento, técnicos em magistério, manicures, funcionários públicos federais, autônomos, mecânicos industriais, auxiliares de produção, bancários, vendedores autônomos, comerciantes, biomédicos, secretárias, advogadas e cabeleireiras. A pesquisa mostra que estes contam com uma renda familiar considerada razoável, pois mais de 50% dos participantes contam com uma renda acima de três salários mínimos. No Brasil este dado foge à margem da classe dos marginalizados, das pessoas com vulnerabilidade

econômica, dos que estão nos estratos inferiores da sociedade para qual a Umbanda foi formada.

A analise detalhada do gráfico-05 demonstra que 48% dos participantes recebem de um a três salários mínimos; 13% recebem de três a cinco salários mínimos; 22% recebem de cinco a dez salários mínimos e17% recebem mais de dez salários mínimos. Ao somar os índices percentuais dos três últimos obtém-se um resultado de 52% dos participantes que recebem acima de três salários mínimos.

GRÁFICO -05 Renda Familiar 48% 13% 22% 17% 01 a 03 Salarios Mininos 03 a 05 Salarios Mininos 05 a 10 Salarios Mininos Mais de 10 Salarios Mininos

Fonte: dados coletados com os freqüentadores do CEAI-2007

Pode-se concluir a partir desse quadro sócio-econômico que os freqüentadores do CEAI são diferenciados por profissão, renda familiar, moradia, cor da pele e nível de instrução. Mas essas diferenças estão de acordo com os ideais da Umbanda, pois esta Religião desde sua formação, procura atender as diferenças e os diferentes interesses, por ser uma religião autenticamente brasileira e por seu próprio panteão retratar a diversidade social, as diferentes raças, como está citado no segundo capítulo. Seu panteão é formado por espíritos de índios escravos, marinheiros, prostitutas, e outros que retratam a formação da sociedade brasileira.

Os terreiros de Umbanda diante das preocupações e problemas que lhes são apresentados pelas pessoas que os freqüentam, tendem a ser um dos locais de compreensão e explicação mítica e individual, para os indivíduos de camadas médias, com um alto ou baixos status social (Victoriano, 2005, p. 44).

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